Rubens Santana de Menezes
Lá pelos anos 80, Zequinha Amorim, tecladista dos bons e com muitos contatos em função de seu ofício de Agente dos Correios de Xapuri, elegeu-se vereador.
Em busca da reeleição, como era usual naquela época de pouca ideologia e muito pragmatismo, resolveu basear sua campanha no mais deslavado assistencialismo: pagava contas de luz em atraso, passagens, remédios e o que mais se lhe pedissem e tivesse possibilidades.
Uma de suas possíveis eleitoras – voto certo! – manifestou o desejo de voltar a sorrir sem precisar cobrir a boca com a mão.
Zequinha, solícito, encaminhou a “comadre” a Rui Pires para que uma vistosa dentadura fosse providenciada.
Após a apuração dos votos, resultou que Zequinha, apesar de toda “campanha”, não conseguiu os votos necessários para sua reeleição, tida como certa.
Ainda meio chateado, certa vez, após o almoço no restaurante de D. Vicência, ouviu alguém comentar, do lado de fora, que apesar de ter sido agraciado com um novo sorriso, não teria votado no “seu Zequinha do Correio”.
Zequinha levantou-se da mesa e aproximou-se do local da conversa.
- Bom dia, “comadre Maria”.
- Bom dia, seu Zequinha.
- Comadre, a dentadura ficou boa?
- Sim, seu Zequinha...uma beleza! Muito obrigada, seu Zequinha.
- Mas ficou boa mesmo? Não está apertando?
- Tá não, seu Zequinha. Dr. Rui Pires é um craque!
- Posso ver? Insistiu Zequinha.
A comadre Maria empurrou a dentadura com a ponta da língua, enfiou dois dedos e sacou a “perereca” da boca.
Zequinha recebeu a “perereca” que dali mesmo foi jogada imediatamente no chão.
Pulando com os dois pés sobre a mesma, entrecortava:
- Agora...TUM!
- ...Peça outra... CREEC!
- ...Ao seu... PLAC!
- ...Vereador!... RIIIC!
Rubens Menezes de Santana, o Rubinho, é ex-goleiro, professor aposentado e presidente da Associação Filhos e Amigos de Xapuri.
2 comentários:
Essa é boa!!
Rapaz eu estou dividido entre o trágico x cômico, kkkkk. Só na minha terra abençoada para acontecer um negócio desse. E o interessante que essa prática política ainda é muito forte nos dias atuais. Só não sei se os candidatos teram a mesma "sorte" que o senhor Zequinha teve. Um abraço a todos.
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