quinta-feira, 17 de abril de 2014

Boato sobre ebola no Acre

Do G1 Acre

O Ministério Público do Acre (MP-AC) requisitou à Polícia Civil, por meio de um ofício encaminhado na quarta-feira (16) que um inquérito fosse instaurado para apurar a autoria da divulgação da notícia sobre a suposta contaminação de imigrantes pelo vírus Ebola. O boato foi espalhado no município de Brasiléia, distante 232 km de Rio Branco, onde se localizava o antigo abrigo.

De acordo com o MP-AC, o motivo da investigação é para averiguar se ocorreu contravenção penal de falso alarme e/ou crime de incitação da discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

A secretária de Saúde do Acre, Suely Melo, falou ao G1 que o boato surgiu em um jornal de Brasiléia, em que o autor teria utilizado informações de outra reportagem.

“Ele [o jornalista responsável] viu uma reportagem com a organização humanitária ‘Médicos Sem Fronteiras’ falando sobre a distribuição do ebola no mundo. Aí tirou o que interessava para ele e publicou como se fosse a entidade falando que os haitianos têm o vírus ebola”, afirma.

sábado, 12 de abril de 2014

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A imponderável caça ao bicho-homem perfeito

CLÁUDIO MOTTA*

Dias se sucediam longamente, tal e qual as paineiras à beira do barranco escorregadio, de inverno a verão, em vista da existência perpétua de uma fonte de densa água cristalina que, a seguir, já era um arroio e, depois, um igarapé. A vegetação comprimia-se numa diversidade de folhas e cipós enleados, como vidas que se procuram e nunca se acham, porque a estupidez lhes dá o tom. Pássaros de todos os matizes cantarolavam numa mistura densa de sons de primavera. Ali, tudo era perfeito, segundo a ordem da natureza. Só um coração é que batia em desalinho e em descompasso com a harmonia geral.

Certamente, eu teria a licença do Marcelo D2, cantor de hip-hop, para parafrasear o título da música dele, porque a causa em pauta vale muito a pena. Lá existe a busca da batia perfeita. Já aqui, nada é bem assim. A mulata derretida e mimada andava na ponta dos cascos à procura do homem perfeito, algo inexistente desde que o mundo é mundo e que o Adão jogou a culpa em Eva e em Deus por tudo de ruim que lhe aconteceu. Vá-se!

Lembro ter a Zuleidinha dito, um dia, que estava nesta vida à procura do relacionamento perfeito, com um homem no pretérito-mais-que-perfeito. De toda a prosa, enquanto o analista que não sou, consegui gravar, de forma chamuscada, algumas das frases conexas da nossa bela sonolenta, adormecida de tanto esperar por quem não ficou de vir.

- Eu quero um sujeito macho, pagador de impostos, super viril, pegador e cortês que me chame de linda em vez de gostosa ou gastosa. Peço a Deus que sempre ele me ligue de volta quando eu desligar o telefone na cara dele. Que, feito um basbaque irremediável, deite embaixo das estrelas e escute as batidas do meu coração traiçoeiro ou leal, dependendo da ocasião; ou que permaneça acordado só para me observar dormindo. Anseio pelo homem que me beije na testa. Que queira me mostrar para todo mundo, mesmo quando eu esteja suando na beira do tanque ou esquentando a barriga no fogão de lenha. Um ser dócil que segure a minha mão na frente dos amigos dele. Que me ache a mulher mais bonita do mundo, mesmo quando estiver sem nenhuma maquiagem; e que insista em me segurar pela cintura. Busco aquele que me lembre constantemente o quanto ele se preocupa comigo e o quanto sortudo é por estar ao meu lado. Aquele que esperará por mim. Aquele que vire para os amigos e diga: ela é, sim, a mulher da minha vida!

Na literatura, ela estaria num patamar acima do realismo e do romantismo. Só louca para pensar a perfeição de um ser humano criado à imagem e semelhança de Deus, na teoria, porque, na prática, o Criador é reto e as criaturas todas são tortas e obtusas, quando não amalucadas, como a Zuleidinha que tinha delírios como os acima relatados.

E foi com a alma nesses trajes em frangalhos que ela deixou as divagações teóricas sobre o amor e os homens, e partiu para a prática contundente, mais nua que crua.

Foi quando, numa época obscura da vida, eu e os lá de casa estávamos sem uma secretária de forno e fogão que fomentasse a butuca do meu povo guloso.

Ela apareceu. Negra, bem apanhada, trajes modernos, saltos plataforma, bunda arrebitada, saias mínimas, bustiê de tricô, cabelos espichados e tesos, assim mantidos pela força da brilhantina. Enfim, parecia que acabara de sair de um desfile na Sapucaí. Ô mulata graciosa!

Ficou por ali um ano e pouco... E se foi.

Um tarde, então, não mais que de uma hora para a outra, ela passou a relatar as ocorrências da vida amorosa que até aquele dia experimentara, já aos três ponto quatro em termos de janeiros. Foram muitos os seus projetos de casamentos felizes e carnavais suarentos.

Segundo a Zuleidinha, o primeiro marido era um carnavalesco caciqueano empedernido. Tinha idade compatível e trajes emblemáticos, além de uns certos trejeitos ou hábitos incomuns em meio aos machões de Latino América. Por isto, partiu. Diziam-no, lá no Beco das Garrafas, ser meio maricas, com um pé na gafieira e o outro em tamancos rosáceos. Certo é que o seu macho transviado achou por bem arranjar namoro semi-secreto com um rapazola com quem findou casando e hoje são muito felizes até trocarem tiros.

Numa madrugada de suor, samba e pagode, na Estudantina  -  a gafieira mais romântica do velho Rio de Janeiro  -  eis que lhe apareceu o segundo projeto de homem perfeito.

De certa idade, mais pra lá que pra cá, vinha de Itaquaquecetuba, interior de São Paulo, e vivia nas adjacências da Rua Uruguaiana, isto, há alguns anos ou talvez década. Tinha muitos bens, inclusive um supermercado, uma loja de jóias e uma papelaria na zona da Saara.

Era descendente de libaneses, logo, dado e certo como mão fechada. Todavia, talvez apaixonado, de pronto e surpreendentemente, já a presenteou com alguns mimos um pouco caros, como um apêzinho na Glória e um Fiat uno prata com bancos de couro.

Viveram idílio efervescente por uns dois ou três anos, entre o piscinão de Ramos e as noitadas da Lapa, mas ela o largou em seguida  -  não esquecendo de se apoderar dos presentinhos  -  porque havia duas pedras no meio da sua avenida, como sejam, uma ex-esposa ambiciosa e uma amante insatisfeita, anteriores àquele romance de fim de tarde. As duas, em conluio, passaram a infernizar a vida da pobre coitada.

O terceiro marido lhe apareceu como quem vem do florista e trouxe um bicho de pelúcia e broche de ametista, numa alusão ao bolero do Chico. Em pouco tempo, ela não mais o quis porque ele poderia ser o ideal, em termos de idade  -  tinha vinte e poucos anos  -  mas era violento e, por algumas vezes, em plena Rua do Passeio, andou estapeando a Zuleidinha, esta, entre humilde e exigente.

Ela ficou decepcionada, posto que não gostava de velhos e sempre sonhara ter na cama um sujeito de pouca idade,muita libido e nenhum ciúme. Impossível!

Com a renda que ainda tinha e pelo fato de gostar de empreender, fez sociedade com um ás do jogo do bicho e montou uma casa de shows de bom tamanho, na Rua Riachuelo, Lapa. Um sucesso em vista da qualidade dos dois grupos de samba, um dali mesmo de Santa Tereza, e o outro da Serrinha, em Madureira.

Foi numa noite primaveril de muito movimento de ancas e de caixa, que o marido da vezchegou como quem chega do nada, ele não lhe trouxe nada, também nada perguntou... De meia idade e viúvo, passadas algumas luas do início da pegação, ela o mandou catar coquinhos, pois, segundo a própria, faltava-lhe a famosa pegada.

As décadas foram fugindo, sorrateiramente, escapando por entre os dedos feito banana amassada e, de mulher da vida fácil, por anos a fio, virou matrona de vida difícil, apesar da fortuna amealhada e em seguida gasta com os garotos de programa que lhe saciavam a libido ainda afoita em noitadas a perder de vista.

Anos depois, em diálogo maduro e desinteressado, chegamos a uma conclusão supimpa segundo a qual você pode adquirir tudo na solidão, menos o caráter.

Não mais tardou qualquer mês e a Zuleidinha morreu só, sim, porque, se o raper achou abatida perfeita, ela não encontrou o homem ideal.

__________

*Autor de Janelas do tempo, livro de crônicas; e O inverno dos anjos do sol poente, romance de viagem cujo foco maior é o Acre dos anos 40 e 50, a ser lançado em julho próximo. Cronista do jornal A Gazeta, de Rio Branco, Acre: www.claudioxapuri.blog.uol.com.br  ...

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Prefeituras têm até final de abril para prestar conta de gastos com Educação

Os municípios têm pouco menos de 20 dias para repassar à União dados sobre a aplicação dos recursos aplicados na área da Educação durante o ano de 2013, por meio do Siope – Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação.

“Os municípios que deixarem de declarar seus gastos até o prazo estipulado, 30 de abril, ficarão impossibilitados de receber repasses da União, celebrar convênios e também termos de cooperação com órgãos do Governo Federal durante o ano de 2014. Um auxílio importantíssimo para a pasta”, alerta Walter Penninck Caetano, diretor da Conam – Consultoria em Administração Municipal.

No entanto, para o consultor, chama a atenção os números levantados pela Federação Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE): até agora, apenas 10% dos municípios já prestaram contas ao Siope.

“Educação deve ser a prioridade de qualquer administração. Não é possível que 90%, ou seja, mais de 5 mil municípios, ainda estejam devendo essas informações à União, com o prazo tão perto do fim”, diz Caetano. Para enviar os dados ao Siope, basta entrar no site da FNDE (www.fnde.gov.br) e baixar versão 2013 do sistema.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Apelo ao bom senso

Alguma coisa está fora de lugar na escola Divina Providência, que já foi uma das maiores referências educacionais da Amazônia, quando administrada pelas freiras, as Irmãs Servas de Maria Reparadoras. Minha crítica possui caráter construtivo e se refere, neste caso específico, ao calendário de treinos para a formação das equipes que disputarão os próximos jogos escolares.

Empolgadas com a possibilidade de representar a escola na competição, algumas crianças estão sendo submetidas a um calendário que as obriga a treinar no horário de meio-dia, sendo que aquelas que estudam no período matutino saem das aulas às 11h15. Em anos anteriores, presenciei alunos levando o material esportivo para a escola pela impossibilidade de ir em casa e retornar para os treinos dentro do horário.

Pergunto-me e direciono a mesma indagação aos gestores da escola se é saudável para uma criança na faixa etária dos 11-12 anos ter um intervalo de apenas 45 minutos para que saia da escola, banhe-se e almoce para em seguida se vestir e novamente retornar à escola para praticar atividades físicas. A mim parece haver nesse caso uma bruta falta de bom senso por parte da gestão escolar.

Além disso, como a quantidade de professores de Educação Física (eles são apenas 2, segundo a escola) não é suficiente para atender às várias modalidades e categorias existentes, em determinados horários as crianças treinam sozinhas ou, no máximo, são monitoradas por um aluno mais velho designado pelo professor de Educação Física.

Nesta quarta-feira, 9, meu filho mais novo, de 11 anos, depois de enfrentar essa maratona de sair e retornar à escola no intervalo de um meio tempo de uma partida de futebol, foi agredidos a pontapés por um desses tais alunos mais velhos indicados para "treinar" as crianças menores. No momento da agressão, apenas alunos se encontravam na quadra de esportes da escola. Não havia nenhum responsável no local.

Recorri à escola e ouvi do professor João Ribeiro, meu colega dos tempos da faculdade de Geografia e hoje coordenador pedagógico da instituição, que infelizmente não existe a possibilidade de todos os treinos contarem com a presença de uma pessoa que se responsabilize pelos alunos. Afinal de contas que espécie de treinos são esses em que não existe a figura do treinador/orientador?

Minha opinião como pai de aluno é de que a escola deva abolir imediatamente as atividades para as quais não possui condições de manter um profissional habilitado. Prosseguindo com essas atividades da maneira como estão, a instituição estará assumindo um enorme risco de responder pelos incidentes que venham ocorrer durante os “treinos”.

Sugiro isto como maneira de se evitar que um problema mais grave termine por manchar o renome que a instituição ainda possui, apesar dos pesares, que não são poucos. Longe de querer polemizar ou demonizar a gestão escolar, faço esta crítica com o sincero intuito de contribuir. Como pai, como profissional da imprensa local e como cidadão.

terça-feira, 8 de abril de 2014

O bullying sempre existiu

Nonato Cruz

Lembro-me, quando menino, que estudava na escola Adib Jatene, que ficava entre o entrocamento e Xapuri, na estrada da borracha de hoje, digo ficava porque não existe mais.

Pois bem, dentre os colegas também estudava uma menina por nome de Núbia e que poderia ser como uma das tantas meninas que ali estudavam se não fosse por um motivo: Núbia tinha hanseníase.

Os sinais da doença já eram bem visíveis, principalmente pela falta de cuidados e de responsabilidade do estado, naquele tempo, com a saúde da população com relação a esta doença e outras tantas.

Núbia seguia sua vida precariamente, e o pior: tratada com desprezo, com medo e desconfiança.

A ignorância predominava nesta época com relação a hanseníase e a pessoa atingida era rejeitada pela sociedade.

Lembro-me da tarde em que Núbia foi expulsa da escola justamente por este motivo.

A professora, Dona Loa, atirou suas coisas no pátio e aos gritos dava ordem para que ela se retirasse.

Núbia saiu puxando de uma perna, apanhou o saco plástico com seus cadernos, mas não chorava.

Isso eu lembro muito bem. Núbia não chorou, pelo contrário, levantou a voz e gritou seus protestos contra aquela mulher que lhe expulsava.

Ela sabia por que estava sendo expulsa: a hanseníase.

As marcas na pele. Os pés tortos. Não tinha como esconder e pagava o preço por isso.

A década era a de 1970 e o bullying era prática comum por este motivo e por vários outros.

Núbia, o rosto zangado e revoltado pelos maus tratos a ponto de ser expulsa da escola. Uma das coisas mais tristes que presenciei em minha infância e na vida escolar.

Do portão, o grito de Núbia: "sua desgraçada" - e foi embora para nunca mais voltar.

Detalhe: Núbia mora hoje aqui em Rio Branco. Casou-se, teve filhos. E - como sempre -segue firme tocando sua vida. Tive, dia desses, a oportunidade de conversar com ela, mas não toquei neste assunto, com receio de magoá-la.

Deus lhe dê toda força, sempre.

Nonato Cruz é radialista.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

No Dia Mundial da Saúde, Comissão apresenta situação dos hospitais públicos do Brasil

Entidades médicas, parlamentares e membros do Ministério Público e OAB apresentam relatório sobre a situação de oito grandes hospitais de emergências

Assessoria do Conselho Federal de Medicina

Pacientes internados em macas pelos corredores ou em colchões sobre o chão e casos que se assemelham aos de uma enfermaria de guerra. Esta é a face cruel da assistência oferecida à população nos principais hospitais públicos de urgência e emergência visitados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), numa ação desenvolvida em parceria com a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). O relatório final das visitas foi apresentado à imprensa no Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, em evento realizado na sede do Conselho, em Brasília. O encontro reuniu autoridades, parlamentares e representantes da sociedade, que chamaram a atenção da sociedade para a necessidade imediata de tomada de decisões para evitar a penalização de pacientes e profissionais.

O conselheiro do CFM pelo estado de Mato Grosso do Sul e coordenador da Câmara Técnica de Urgência e Emergência, Mauro Ribeiro, acompanhou de perto os trabalhos do Grupo de Trabalho e relata que muitos dos problemas encontrados devem-se a questões estruturais, ainda não adequadamente resolvidas pelo SUS. “A crise das urgências e emergências é sistêmica. Faltam leitos de Unidade de Terapia Intensiva São problemas que estão ferindo a dignidade e os direitos dos cidadãos brasileiros, previstos na Constituição Federal”, disse.

As informações coletadas relatam a situação de oito hospitais de urgências médicas do SUS: Arthur Ribeiro de Saboya em São Paulo (SP), Souza Aguiar no Rio de Janeiro (RJ); Hospital Geral Roberto Santos em Salvador (BA); Pronto Socorro João Paulo II em Porto Velho (RO); Pronto Socorro Municipal Mario Pinotti em Belém (PA); Hospital de Base em Brasília (DF); Hospital Nossa Senhora da Conceição em Porto Alegre (RS); e Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande (MT). As visitas contaram com o apoio de Conselhos e Sindicatos de profissionais da saúde, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que selecionaram os hospitais visitados a partir do consenso entre as os membros do Grupo de Trabalho constituído na CDHM.

“Foram observados extremos em que a atenção à urgência e emergência apresentava um nível satisfatório, embora ainda com problemas a solucionar, até degradante caso que se assemelhava a uma ‘enfermaria de guerra’, em que além de pacientes internados em macas nos corredores da emergência, havia aqueles internados em colchões sobre o chão”, destaca o documento. Para os membros do GT, em todas as situações ficou evidente que muitos dos problemas compartilhados estão relacionados a questões estruturais do Sistema Único de Saúde (SUS) e que “ferem a dignidade e os direitos dos cidadãos brasileiros, previstos na Constituição Federal”.

Segundo o deputado federal Arnaldo Jordy (PPS/PA), coordenador do Grupo da CDHM, “o resultado é um relatório em que reputamos relevante para a compreensão do drama da superlotação, da falta de pessoal especializado, doentes sem atendimento, sintomas vistos com frequência em reportagens da imprensa e visitas aos hospitais”. A expectativa é que o relatório contribua para tentar resolver os problemas enfrentados por setores de atendimento de urgência e emergências de hospitais do país, pois a situação em muitos Estados, de acordo com o documento, é de verdadeiro caos.

RECOMENDAÇÕES – A partir dos resultados do relatório, a Comissão recomendará ao Executivo Federal, aos estados e municípios que, dentre outras providências, adotem efetivamente a Política Nacional de Atenção às Urgências, ampliando a participação no financiamento do SUS; ampliem a abrangência do programa ‘SOS Emergência’, para incluir todos os serviços públicos do país; reduzam a carência de quase 200 mil leitos hospitalares no País e crie mais leitos de apoio e de retaguarda; revisem os valores da Tabela SUS para remunerar a prestação de serviços com dignidade; e evitem a contratação provisória de recursos humanos, privilegiando o concurso público e a contratação pelo regime estatutário.

A CDHM deve ainda requisitar ao Tribunal de Contas da União (TCU) que realize auditorias nos serviços de urgência de todo o país. Em paralelo, a Comissão deverá apoiar a tramitação de proposições que buscam modificar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – para permitir a contratação de mais profissionais da saúde –, além daquelas que buscam a criação de planos de carreira no serviço público de saúde e que ampliem a participação da União no financiamento do setor, como o Projeto de Lei do Saúde+10, que prevê a destinação de 10% da receita bruta da União para a saúde.

GARGALOS DO SUS – De acordo com o relatório preliminar do GT, os serviços de urgência e emergência enfrentam um duplo gargalo, sendo o primeiro deles o congestionado atendimento e o desconforto na porta de entrada dos serviços. Para esse gargalo, segundo o documento, também contribui a excessiva centralização do atendimento de emergência em poucos serviços, em relação ao tamanho da população e da área territorial de cobertura. Esses mesmos elementos também estão envolvidos no segundo gargalo, que, segundo a Comissão, é a dificuldade em dar solução aos casos de usuários que conseguem ser atendidos. “O resultado é que se gera uma ‘fila’ também para sair do serviço, retroalimentando a situação de carência, pois novos usuários, em princípio, não poderiam ser admitidos até que os outros tivessem seus casos resolvidos”, destaca o documento.

O subfinanciamento do setor também foi apontado pelo Grupo como “a expressão maior da falta de prioridade” dada ao setor, o que obriga as políticas específicas a se adaptarem aos recursos que são disponibilizados. Para expor esse quadro, o GT recorreu a uma recente análise do CFM que, com base em dados do próprio governo, observou que o Ministério da Saúde deixou de aplicar mais de R$ 100 bilhões no SUS ao longo dos últimos 13 anos. Também cita recente análise do Conselho sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), no qual apenas 11% das ações previstas para a área da saúde foram concluídas desde 2011. Das 24.066 ações sob responsabilidade do Ministério da Saúde ou da Fundação Nacional de Saúde, pouco mais de 2.500 foram finalizadas até dezembro de 2013.

Íntegra do relatório disponível em http://portal.cfm.org.br/images/PDF/relatoriourgencias2014.pdf.

domingo, 6 de abril de 2014

O que é ser Avô?

João Baptista Herkenhoff

O título de Avô é sumamente democrático. Podem ser avô o ministro, o embaixador, o industrial, o funcionário público, o comerciário, o gari. Quando o netinho ou a netinha sorri, o avô, seja rei ou súdito, rico ou pobre, brasileiro ou portador de outra nacionalidade, se desmancha de alegria. Quando o pequenino faz uma arte criativa, o avô e a avó batem palmas incondicionais.

Dizem que avós deseducam, mas não concordo com esta tese. Por que uma criança não tem direito de dar mel ao gatinho, jogar pela janela os selos que o avô ciosamente colecionava, tirar do armário a grinalda que lembra à avó o dia do casamento para desfilar garbosamente pela casa com aquela coroa na cabeça? Os adultos comuns, adultos ordinários, estabelecem regras autoritárias que os avós, adultos especiais, adultos extraordinários, com muita sabedoria, revogam.

Como será o mundo que a netinha que me fez avô encontrará, quando se tornar adulta? Será um mundo civilizado, um mundo de Paz? Ou será um mundo que governantes imbecis, financiados por fabricantes de armas, transformarão em cenário de guerra? Como será o Brasil do amanhã? Um Brasil regido por padrões de Justiça Social, onde Mães deem filhos à luz com segurança, em hospitais públicos de excelente qualidade, confiantes do futuro, ou um país onde a Mãe, para livrar a criança da fome, aborta a vida nascente?

Os avós não são importantes apenas no círculo da família. Exercem também um papel relevante na sociedade. Transmitem às gerações seguintes a experiência que a vida proporcionou. A experiência não é para ser guardada como bem individual. É patrimônio coletivo, como muito bem colocou o filósofo inglês Alfred Whitehead

A aposentadoria é um direito assegurado por anos de trabalho, mas não tem de implicar, necessariamente, em encerramento de atividades. Pode apenas sinalizar redução de compromissos exigentes. São múltiplas as novas experiências possíveis. Que cada um encontre seu caminho. Que a sociedade não cometa o desatino de desprezar a sabedoria dos mais velhos.

Quando me aposentei, por tempo de serviço, na magistratura e no magistério, fui tomado por uma crise de identidade. O vazio manifestou-se forte quando tive de preencher a ficha de entrada num hotel. Se estava aposentado como juiz e como professor, qual profissão me identificaria? "Ser ou não ser", eis a questão.  Shakespeare, pela boca de Hamlet, percebeu a tragédia humana antes de Freud.

Ah, sim. Já sei. E escrevi na ficha do hotel, resolutamente: Professor itinerante, autodefinição que me fixou um itinerário de vida pós-aposentadoria.

João Baptista Herkenhoff é magistrado aposentado, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo e escritor. Autor, dentre outros livros, de: Encontro do Direito com a Poesia (GZ Editora, Rio de Janeiro).

E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2197242784380520

sábado, 5 de abril de 2014

A jornada de trabalho diante da fúria do Madeira

Andréa Zílio

Não, definitivamente não conseguimos ter total noção dos resultados que a cheia do Rio Madeira causou, como também não conseguimos mensurar o que está sendo feito no local por homens do Corpo de Bombeiros, Deracre e de outras instituições do governo do Acre. Afinal, nosso estado está isolado via terrestre do resto do país e precisou buscar soluções.

Aventurei-me nessa jornada acompanhando colegas da imprensa, para tentar mostrar mais do que está acontecendo nos trechos que foram comprometidos e levou a estrada à interdição. A aventura começou às 2 horas de terça-feira, quando saímos rumo à Vila Abunã e conseguimos retornar somente por volta das 19 horas, utilizando carro, balsa e barco.

Primeiro o espanto em ver um rio grandioso e assustador dominar aquele espaço. Não se trata de qualquer rio: o Madeira é um dos mais extensos do mundo, e toda sua força e fúria pôde ser vista nesse episódio.

O primeiro sinal do trabalho feito pela turma do Acre é exatamente um trecho comprometido da estrada, que ganhou uma nova base a partir de um imenso e alto tapete de pedras e sinalização improvisada, até o último domingo todo embaixo d’água. O segundo é a balsa que leva até Vila Abunã. Antes seu trajeto durava de 25 a 30 minutos, mas, com o desvio, mudou para quase três horas rio acima e 40 a 50 minutos rio abaixo.

Na simples e simpática vila, um ritmo pacato e olhares curiosos. Sentar em algum canto por ali é um convite automático a uma conversa com os moradores, sobre a situação que vivem. E sim, o Acre está olhando para eles. O sentimento é expressado no tratamento que dão aos homens que trabalham dia e noite na missão, afinal, esse pequeno depende deles.

Adiante, os sinais da vazante do Rio Madeira são vistos nas marcas deixadas pela água na vegetação, casas que foram quase todas cobertas e nos trechos em que precisaram colocar mais pedras e sinalizar para os caminhões passarem. Até hoje, o rio baixou mais de 40 centímetros.

Ver os caminhões na estrada também gera um enorme sentimento de desolação. Imaginar a agonia dessa gente que está de 15 a 20 dias ali é muito aflitivo. Também não é tarefa simples lidar com pessoas que estão no limite do estresse, pois cada um tem sua prioridade e achar o bom senso nem sempre é fácil, mas o respeito tem sido mantido. Há também depoimentos de revolta pelo isolamento e reconhecimento: “O único que olhou por nós foi o governador lá do Acre, Tião Viana, senão a gente estaria muito pior”, afirmou um morador de Vila Abunã, José Francisco, que diz estar há 54 dias isolado.

O empresário José Carlos, do Acre, estava com 22 carretas na estrada e quando viu a possibilidade do cenário mudar, tratou de ajudar os homens enviados para trabalharem em uma solução. Enviou trator e prancha para contribuir com a operação que não era só sua esperança, mas a de muitos outros homens, alguns acompanhados de esposa e filhos. Desde que o trabalho iniciou, há exatamente duas semanas, ele conseguiu passar 15 carretas. “Se o governo do Acre não estivesse aqui dando apoio, a situação estaria muito complicada, muito pior”, comenta.

Assim como demonstra a atitude do empresário, outro fator determinante nesse trabalho é a união dos caminhoneiros, solitários das estradas que não medem esforços para superar o desafio, ajudando também a equipe no que é possível.

De Porto Velho a Rio Branco, é em Jaci-Paraná um dos trechos críticos em que se atravessa dois quilômetros por balsa e 40 adiante se chega a Palmeiral, onde outro porto de atracar foi improvisado para fazer uma travessia de 17 km de balsa até o Velho Mutum. De lá, são 7 km que parecem não ter fim, em que é preciso enfrentar muita água em uma estrada que só sabemos que existe graças aos marcadores colocados um a um pelos homens que ali trabalham e para passar, só com ajuda de caminhão prancha e outras máquinas.  Foi até esse ponto que foi possível chegarmos, mas foi o suficiente para vermos que se trata de uma grande operação que exige esforços e recursos, afinal, são máquinas, homens, alimentação, alojamento, água, combustível.

Ali está a concentração maior do trabalho depois que os pontos de atracagem foram feitos em vários trechos  problemáticos da estrada, amenizados com pedras. Durante o dia, que começa às 5 da manhã, os homens trabalham incansavelmente na passagem de cada caminhão, e cada travessia realizada é uma vitória comemorada com gritos e abraços. Além disso, manualmente fazem o balizamento e medição diários desses trechos da estrada, utilizando varas com marcadores nas pontas. A jornada se encerra entre 20 e 22 horas. Os perigos são muitos, principalmente a correnteza do rio e as cobras, que tiveram seu habitat alterado e surgem o tempo todo, exigindo atenção e mais cuidado.

Determinação e coragem são as palavras que movem esses homens. A missão é fazer os caminhões passarem com tanta segurança quanto possível, e sabemos que é árdua. O desgaste físico e mental é imenso. Só muito humor e espírito humanitário superam e renovam cada um desses homens a cada nascer do sol.

Andréa Zílio é jornalista e atualmene exerce o cargo de secretária adjunta de Comunicação do governo do Acre.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

George Orwell

“Jornalismo de verdade é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade. E publicidade não é mais do que o ruído de um pau a bater na caldeira”.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Também já fui brasileiro

Carlos Drummond de Andrade

Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.

Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.

Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

No tempo em que o Amor morreu

CLÁUDIO MOTTA*

Quando a última folha outonal do galho se desprendeu, um vaso grego ou chinês do armário desabou. Na lápide marmórea, a estátua monótona de um anjo torto tombou de lado. Do teto de gesso antigo, um alabastro se soltou e no chão virou mil pedaços. Da montanha milenar, a geleira, antes eterna, soltou o suspiro derradeiro e alimentou o último rio. Mas Deus não havia esquecido o mundo. Naquele instante, ficava gravada a mensagem segundo a qual o Criador estava a se esquecer da sua mais cruel e deprimente criatura, o humano.

Foi justamente naquele tempo que o Amor se apagou no leito de morte. E, se tal aconteceu, foi porque o homem esqueceu a humanidade perdida em meio a um tempo de delírios e devaneios próprios de quem já não sabe o que fazer em meio ao caos.

Naquela época marcante, ademais, o amor em letras minúsculas perdeu o sentido mínimo que antes tinha, e o acasalamento se fez bem mais importante que o afeto.

Numa segunda-feira de orgia inominável, o inventor de palavras criou o termo tesão; quando, antes, a denominação era libido. Esta, sim, em época anterior, poderia estar em alta ou em baixa, dependendo da situação que faz o cidadão e conforme a quantidade de dólares de que se podia dispor para o bem dos entes desfrutáveis ao redor. 

A prostituição, antes afeta a um grupo de perdidos que se completavam e acoplavam com as mulheres da vida fácil em alcovas suarentas, passou, enfim, a freqüentar os salões dos mais requintados grupos sociais tomando petit gateau, em saias mínimas, bustiês de renda e frufru em derrières descomunais.

Numas dessas ocasiões de pecado arraigado, gentil cavalheiro de boa procedência, bem pensar e grande inteligência, ao chegar à entrada de um clube de famílias tradicionais e muita castidade escondida não sei onde, tinha ao seu lado uma moçoila de pouca idade e vida mundana, apanhada ali mesmo pelas adjacências da praça pública. Ela tinha o arzinho de quem fazia barba, cabelo e bigode desde a mais tenra infância. Mas foi ele quem, corajosamente, olhou para o porteiro e disse:

- Mermão! Onde eu entro, também entra a minha namorada.

Ao que o homem guarnecedor da porta falou escolhendo cuidadosamente as palavras:

- Ora, doutor! Essa moça não pode entrar aqui. Ela é suspeita.

E veio a resposta mais sacana de que tenho notícia desde que o mundo é mundo, se é que eu não me chamo raimundo:

- Ainda mais essa. Preste atenção. Suspeitas são as que estão aí dentro. Essa aqui é quenga mesmo.

E o homem entrou no clube, dançou bolero, rodopiou no samba, fez firula ao som do foxtrot e foi feliz para o resto da vida em meio à sociedade e ao lado da sua esposinha tirada do beco das mariposas. Havia amor, sim, em menor medida, e libido em alta octanagem. A Marietinha era algo indescritível em termos de artes marciais e nas manhas do amor.

Os donos da sociedade jogaram fora a cartola. As mulheres de alta padronagem passaram a ver que as suas filhas tinham algumas manias um tanto parecidas, lá fora, debaixo da escada da mansão, com o namorado Alfredinho, posto que, na época, ainda não havia sequer um Ricardão.

Estava decretada a legitimidade de um tempo em que a baderna social e sexual se abateu por sobre os cavalheiros e damas dos trópicos mais ocidentais da civilização judaico-cristã.

Não, minha senhora. Um pouco depois, já em século posterior, da mesma forma que no anterior, as mocinhas pobres, naquela maldita era de permissividade, já não estavam sozinhas a defender o estandarte das garotas de programa. Também as riquinhas, em mesas de bares e restaurantes da moda, negociavam o prazer carnal com amigos de infância ou até mesmo com desconhecidos, em troca de apenas uma noite frugal no calor do uísque, nas névoas dos cigarros do diabo, à beira da piscina ou à sombra da lua sob pérgula florida.

As casas de exceção, os prostíbulos travestidos de clubes familiares e os motéis de alta voltagem vendiam energéticos sintéticos para homens que já não tinham nenhuma energia. Estes, em carrões prateados trazidos do extremo oriente ou da terra do sol que nasce todos os dias, apesar de pais de filhos barbados e avôs de netos insones, embarcavam na moda moderninha segundo a qual um cidadão grisalho  -  dito coroa  -  com inteligência relacionada ao número de cartões de crédito, podia e ainda pode patrocinar dias de licenciosidade em Dallas ou Luxemburgo, em New York ou no Liechtenstein, do paraíso recuperado ao paraíso perdido. Ah! Coroa rico nunca caiu da moda.

À tardinha, ou mais ou menos às seis, ou até mesmo às nove da noite, a novela da hora mostrava menininhas que eram aconselhadas a acasalar bem cedo, a exemplo do que faziam as artistas pré adolescentes da televisão.

A cama era o anteparo da queda doce e fatal que obrigatoriamente ocorria. Beijos de número um a três, pescoço abaixo, e já se iam às vias de fato em busca do gozo perpétuo atingido em aulas de sexo tântrico ou nas práticas relativas à kama sutra em edição ilustrada. Ô tempo doido!

Um domingão, então, à tarde. Uma estrela quenga de um programa pornô de nome Big Brother foi entrevistada ao vivo na televisão. Ela falou por intermédio de uma língua tão tosca que pouca gente entendeu o que realmente queria dizer. Pior foi falar mal da arte divina do balé:

- Estou saindo do BBB. Tentarei ser modelo, ou atriz, ou puta. Mas, se disso tudo eu nada conseguir, virei ser dançarina do Faustão.

Quase ela apanha da japonesa que, inclusive, taxou a doida de mais inculta que menos bela.

Os mais velhos e os mais inteligentes já há muito viam que esse tal BBB era apenas a formação de um covil onde se reuniam rapazes caça dotes e garotas de programa, ambos a alto custo ou a peso de ouro. Já naquela época diziam tratar-se  -  o programa  -  de uma espécie de lixo cultural inservível e não reciclável. E havia razão em vista dos milhões de basbaques que gostam mais da vida alheia que de arte pela arte.

Era também o fim da inteligência que, já magra e escassa, sucumbiu no choque com a tesão e a alta da libido alimentada pelos energéticos de procedência alemã estilo merck.

Em noite enluarada de um inverno qualquer, então, fui fechar e passar correntes nas janelas que me separavam da vida pregressa. Não apenas saltei o obstáculo e caí na calçada, como também me tornei um modernoso de altíssimo quilate.

Varei a noite de sexta numa orgia em seções de sexo a perder de vista e de fôlego. Atravessei o sábado a chamuscar-me num fogaréu impetuoso da libido saltitante. Fui guindado a herói de mim mesmo e de umas tantas quantas vivem a vida em eterno êxtase que significa gozo.

Foi aí que virei poeta, pois descobri que só o amor, o sexo e a arte tornam a existência tolerável.

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*Autor de Janelas do tempo, livro de crônicas; e O inverno dos anjos do sol poente, romance de viagem cujo foco maior é o Acre dos anos 40 e 50, a ser lançado em julho próximo. Cronista do jornal A Gazeta, de Rio Branco, Acre: www.claudioxapuri.blog.uol.com.br.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Escola Rita Maia

Governador Tião Viana assina ordem de serviço para construção de novo prédio

Foto: Gleilson Miranda/SecomBrasileia, Epitaciolandia Xapuri (Acre)A semana começou com boas notícias para a Educação na região do Alto Acre. O governador Tião Viana assinou duas ordens de serviço para construção de novas escolas, uma em Brasileia e outra em Xapuri, e inaugurou a Escola Estadual de Ensino Médio Belo Povir, em Epitaciolândia.Em Xapuri, a Escola de Ensino Fundamental Rita Maia, do 1º ao 5º ano, após construída, será repassada para a administração municipal, cumprindo um acordo feito com o município, que repassou um prédio para o funcionamento do Instituto Federal de Educação do Acre (Ifac). O valor da obra será de R$ 2,6 milhões.A ordem de serviço assinada em Brasileia, para a construção de uma escola estadual de ensino médio, modelo, foi no valor de R$ 3, 4 milhões. O prédio abrigará 12 salas de aula, laboratório, pátio, sala de recursos, quadra poliesportiva, refeitório. Já a Escola Belo Povir, entregue em Epitaciolândia, custou R$ 3,4 milhões.

O governador Tião Viana assinou na última segunda-feira, 31, em Xapuri, a ordem de serviço para a construção do novo prédio da escola municipal de ensino fundamental Rita Maia, que atualmente divide o mesmo espaço com o Instituto de Ciência e Tecnologia do Acre (IFAC).

No ano de 1990, o governo construiu a estrutura conhecida como “Escola Padrão”, que foi cedida ao município que ali instalou a escola Rita Maia. Em 2010, um acordo feito entre os governos federal, estadual e municipal efetivou a implantação do campus do IFAC no município e o prédio da escola padrão foi doado ao instituto federal através da Lei nº 2.394 de 17/12/2010.

Entre os termos da negociação constava a construção de um novo prédio para acomodar a escola municipal, que permaneceria funcionando no mesmo local até a concretização da obra. A convivência entre o IFAC e a escola Rita Maia no mesmo prédio tem sido pacífica e o local se tornou nos últimos anos a maior referência educacional da regional do Alto Acre.

O IFAC atende atualmente a cerca de 400 alunos com cursos de nível médio e superior e a escola municipal Rita Maia oferta a educação básica a mais de 300 alunos, tendo conquistado no ano de 2012 o melhor resultado do ENEM entre todas as escolas de Xapuri.

As dificuldades começaram quando o IFAC anunciou as obras de reforma e ampliação do prédio, que depois de executadas darão à instituição a capacidade para receber 1.200 alunos e de ampliar a gama de cursos oferecidos.

Com o início das obras, o ano letivo dos alunos da escola Rita Maia chegou a ficar ameaçado em 2012 (leia aqui). Uma cantina precisou se improvisada no meio do pátio do prédio em obras para que as aulas prosseguissem.

Na imagem, o governador Tião Viana posa para fotografia junto com alunos da escola Divina Providência, onde a ordem de serviço foi assinada. A foto é de Gleílson Miranda da Secom-Acre.