domingo, 30 de setembro de 2012

Lugar comum

Arte/UOL

Como é praticamente impossível para a imprensa de fora captar com exatidão a realidade das cidades amazônicas numa visita de alguns dias, a equipe do projeto Uol pelo Brasil - série de reportagens multimídia que percorre municípios em todo o país durante a campanha eleitoral – foi mais uma a cair na mesmice das muitas reportagens que já foram feitas sobre a política, a sociedade e a economia do município de Xapuri, a “terra de Chico Mendes”.

A equipe que esteve em Xapuri, composta por Denis Armelini, Noelle Marques e Rodrigo Bertolotto, entrou em contato comigo há cerca de três semanas solicitando auxílio na indicação de pautas e possíveis entrevistados. Chegariam à cidade no dia seguinte, mas não voltaram a me telefonar como ficara combinado. Centraram as entrevistas em figuras já carimbadas da comunidade local e o resultado foi uma reportagem chocha e surreal.

Entre os entrevistados estão as quituteiras Maria Cosson e Carmen Veloso, além da cozinheira Vicência Bezerra. Com todo respeito a essas personagens históricas e queridas da cidade, os relatos não fogem do lugar comum, da opinião superficial e desprovida de análise. Não que as amáveis senhoras não devessem ser consultadas, mas as entrevistas não poderiam ficar restritas a pessoas que fazem parte de uma mesma geração, que desenvolvem a mesma atividade e que observam a realidade tendo como marco referencial uma época já perdida no tempo.

Carmen Veloso disse que Xapuri está uma bosta porque não há dinheiro para o povo comer; Maria Cosson disse que Xapuri está se acabando junto com a sua cajuína; e tia Vicência afirmou que tempo bom era o do seringal porque o patrão cuidava de tudo. A velha e enfadonha cantilena que originou os famosos bordões “a princesa que virou plebeia” e “a cidade do já teve” continua a ser ouvida e valorizada em detrimento de opiniões mais coerentes com a realidade local, que a reportagem de certa maneira distorceu.

Dona Carmen apenas repetiu o que já havia dito ao jornalista Altino Machado no ano passado. “Xapuri está uma merda”, afirmou reclamando da falta de movimento em seu restaurante que há 20 anos só tem um freguês, o João Soares. A nonagenária tem toda a autoridade e liberdade para dizer o que quiser da cidade, mas suas palavras, apesar de representarem o sentimento de parte da população, não reproduzem a verdade real, aquela não apenas se escuta, mas que também se avista no cotidiano da cidade.

Os repórteres do Uol começaram afirmando que a cidade acreana revive a velha rixa de pecuaristas e seringueiros na atual campanha eleitoral. Ora, todos sabem que essa rixa é uma coisa do passado que já não existe em Xapuri. Prova disso é que alguns dos pecuaristas mais influentes no município estão entre os apoiadores mais confessos do candidato à reeleição, Bira Vasconcelos, do PT. O próprio candidato do PSDB, Marcinho Miranda, recusa de maneira veemente o rótulo de representante do segmento dos pecuaristas.

A reportagem focou a crise econômica e o marasmo eleitoral que imperam na cidade, mas não constatou, por exemplo, que Xapuri nunca teve tanta gente formalmente empregada como na atualidade e que o lugarejo respira uma das eleições mais disputadas dos últimos tempos. Não que esses dois fatos desmintam que o município tenha uma economia capenga ou que a população já não acredita tanto nos políticos, mas essas duas realidades não fazem de Xapuri uma “bosta”, como afirma a doceira Carmen Veloso.

Eles poderiam ter entrevistado comerciantes que estão prosperando e gerando empregos na cidade, como é o caso dos proprietários das lojas de material de construção, que nos últimos anos têm se expandido e até atraído concorrência de outros municípios, como foi o caso da loja Ronsy, que se instalou em Xapuri no ano passado. Deveriam ter visitado a propriedade do paranaense Alexandre Carvalho, que desenvolve umas das mais interessantes experiências de cultivo protegido de hortaliças do Acre.

Deixaram de andar pelas “Ruas do Povo”, programa governamental que tem promovido inclusão social e melhoria na qualidade de vida da população. Também não entrevistaram os estudantes que cursam o nível superior no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Acre (IFAC), onde se restringiram a fotografar urubus no telhado, sobre o que eles acham do atual momento da cidade e o que esperam do futuro político do município.

Certamente ouviriam opiniões diferentes, favoráveis e contrárias ao modelo de gestão governamental que possuímos; mas também é certo que obteriam um retrato mais fiel, mais isento e mais justo da realidade xapuriense que, é óbvio, está muito longe de ser aquela que a população espera e merece, mas que também não está a “bosta” decretada por dona Carmen.

Repito, a imprensa do centro-sul do país não entende nada de Amazônia e não consegue captar minimamente a essência dos grotões abandonados do Brasil. Repórteres viajam milhares de quilômetros quase sempre com a intenção deliberada de ressaltar nossas mazelas sem se importar com o mínimo de ações positivas que possam ou não existir. Continuamos a ser tratados como bichos exóticos, seres que habitam um mundo inferior e que são culpados por isso. Para eles, realmente, o Acre não existe.

sábado, 29 de setembro de 2012

Boá

Rubens Santana de Menezes

Foi batizado por padre Felipe Gallerani com o nome de Maurício, mas um colega de infância, gozador e que atendia por Ernesto Abuache, deu-lhe o apelido de Boá.

Segundo a versão de Ernesto, a mãe de Boá, tinha problemas com a fala e consequentemente uma dicção prá lá de horrorosa. E como não conseguia articular corretamente a palavra Maurício, o máximo que saía era:

- Boarício! Acabou a água.

- Boarício! Vem prá casa.

E assim, por obra da insistência do gozador Ernesto, ficou conhecido um dos melhores jogadores do futebol acreano de todos os tempos.

Segundo o próprio, órfão de pai aos sete anos de idade, vivia sendo levado ao Fórum por Seu Sabino, sob ordens de Dr. Gondim. Tido por todos da época como uma fera, pior que o Gogão.

Numa das vezes, escondido num matagal próximo, armado de uma baladeira, Boá foi à forra: disparava pelotas de barro sobre a cobertura do Fórum, bem onde ficava enjaulada a fera. Quero dizer onde despachava o Meritíssimo Juiz da Comarca de Xapuri.

- Sabino! Vá ver quem está atirando pedras sobre o telhado. Ordenava ele.

E lá saía o pobre Oficial de Justiça a fazer papel de investigador policial.
A diligência resultava infrutífera, já que o Boá, embrenhado no matagal, ficava quieto até a ameaça passar. Após isto, novos pelotaços caíam sobre o teto do Gondim.

Um dia, por excesso de confiança, eis que o Sabino dá-lhe o flagrante. Levado à frente do Juiz, recebeu a pena:

- Montar o jardim do Fórum!

O adubo seria retirado dos currais da fazenda Monte Líbano. Segundo o Boá, tarefa prá mais de um mês. Era afilhado de Dr. Eugênio Raulino, segundo os mais antigos: advogado, promotor, professor, jornalista, escritor, poeta e putanheiro.

Num dos arraiais, o padrinho arrematou uma bandeja de pastéis e chamando a Boá, incumbiu-o de levá-los à casa de uma de suas muitas amantes; no caso a que estaria escalada para aquela noite.

Boá recebeu a bandeja, chamou sua turma e comeram todos os pastéis até ser necessário mantê-los na boca com o auxílio dos dedos. A bandeja, de papelão, ficou jogada por ali mesmo.

Quando o padrinho chegou ao local escolhido para o pernoite e perguntou pelas guloseimas, ouviu:

- Que pastéis?!

No dia seguinte, lá estava o Boá, mais uma vez, frente a frente com o Gondim.
Ao encontrar o carrossel montado em frente à igreja sem vigilância, Boá e Zé Bacu resolveram divertir-se sem o devido pagamento. Descoberta a travessura por frei Tomás, foi punido com uma lambada de cinto desferida pelo religioso.

Tanto aprontou que, aos catorze anos, sua mãe resolveu mudar-se para Rio Branco.
Diz Boá que nunca gostou de jogar futebol. O que ele queria mesmo era lutar boxe. E foi ao praticar o nobre esporte que recebeu um direto no queixo. Apagou na hora! E o futebol, por vias tortas, ganhou mais um adepto.

Sem gostar, jogava tudo aquilo. Imaginem se gostasse!

Rubens Santana de Menezes, o Rubinho, é professor aposentado e contador de muitas histórias.

Poderio petista

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O resultado da eleição em Xapuri é incerto, a voz das urnas será ouvida no próximo dia 7, mas a carreata realizada pela Frente Popular de Xapuri na tarde dessa sexta-feira (28) mostrou que o poderio petista no município continua a ser uma realidade incontestável.

Reportagem do “Uol pelo Brasil”

Berço do ambientalismo, cidade acreana revive rixa de pecuaristas e seringueiros na eleição

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Denis Armelini, Noelle Marques e Rodrigo Bertolotto, do UOL, em Xapuri (AC)

A eleição municipal de 2012 em Xapuri é uma reedição da rivalidade local entre seringalistas (representados pelo PT) e pecuaristas (pelo PSDB). Contudo, nenhum dos dois setores econômicos antagônicos consegue garantir prosperidade para uma cidade que foi rica no ciclo da borracha e agora vive da “cultura do contracheque público” como tantas outras localidades brasileiras.

O UOL visitou Xapuri  (a 174 km de Rio Branco) dentro do projeto UOL pelo Brasil --série de reportagens multimídia que percorre municípios em todos os Estados da federação durante a campanha eleitoral.

Nesse contexto, é revelador que a sede dos servidores municipais tenha servido de palco para a convenção que lançou a candidatura à reeleição do atual prefeito, o petista Bira Vasconcelos, um agrônomo que trabalhou muito tempo nas reservas extrativistas locais. Seu principal rival é o tucano Marcinho Miranda, um proprietário de pastagens e 150 cabeças de gado.

Um pessimismo geral ronda o futuro político e econômico na cidade. “É muita zoada aqui com tanto carro de som passando na rua. Para que quatro candidatos para prefeito em uma cidade pequena como esta?”, se queixa a doceira aposentada Maria Cosson. “E ninguém cuida da saúde aqui. Se ficar doente, tem que entrar em uma ambulância e ir para Rio Branco.”

Isso acontece na cidade onde nasceu Adib Jatene, emérito cardiologista e duas vezes ministro da Saúde. Lá vieram ao mundo também o ex-ministro e senador Jarbas Passarinho e o ex-jornalista Armando Nogueira (1927-2010). Mas era uma época em a região vivia da riqueza da extração do látex e a fabricação da borracha.

O próprio Acre se acoplou ao mapa nacional em 1904 graças aos seringueiros brasileiros que foram se internando nas florestas bolivianas. Até 1912, a região viveu o primeiro auge da borracha. A economia local voltou a ter novo auge na década de 1940, quando o país entra na Segunda Guerra Mundial (1939-45) e os “soldados da borracha” tiravam a seiva necessária em equipamentos bélicos.

“A vida na mata é a melhor que tem no mundo. A gente não sabia o que era rua e para se comunicar com o vizinho era só na base do tiro para o ar. Minha família tinha um roçado, e havia muita caça, mas o motor daquilo tudo era a borracha”, relembra Vicência da Costa, que hoje tem um restaurante em Xapuri. Ela recebe pensão por seu pai e seu marido terem sido “soldados da borracha” e foi a Brasília na cerimônia no início de setembro para a entrada dos seringueiros no panteão de heróis nacionais.

A história de Xapuri deu nova guinada durante o último regime militar (1964-1985) quando houve um esforço de povoamento das fronteiras brasileiras, com o deslocamento de colonos para derrubar a mata e cultivar a área. O problema é que a selva já era povoada por famílias seringalistas. Dali surgiu o conflito que até hoje é embate político-econômico por lá.

“Veio mais gente para matar do que para se apoderar da terra. Formamos mais matadores que trabalhadores”, resume Maria de Lourdes Santos, que foi assistente social do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na época da colonização da região.

Foi nesse cenário que surgiu o filho mais ilustre da terra, Chico Mendes, líder seringalista que foi assassinado em 1988 por sua luta para que a floresta amazônica continuasse em pé e virou um símbolo pela preservação da natureza. Ele foi vereador pelo MDB até 1980, ano em que fundou junto com Lula o PT, partido em que tentou, sem sucesso, se eleger deputado estadual em 1982 e 1986.

“O pessoal no seringal é 80% do PT. Foi o Chico que ensinou isso. Ele já avisava que ninguém come capim e que a vinda da pecuária ia ser uma desgraça para aqui”, afirma Sebastião Mendes, primo dele, que mora no Seringal Cachoeira, reserva extrativista que custou a vida de Chico Mendes (o fazendeiro Darly Alves da Silva tinha a área em seu nome, ameaçou o sindicalista após a desapropriação e foi condenado como mandante de sua morte).

O PT é atualmente situação em Xapuri e venceu três das últimas quatro eleições municipais. Melhor para o partido só no governo estadual: os petistas detêm desde 1999 sua maior hegemonia regional no país. As supremacias estadual e municipal têm seus impactos. Uma delas é a implantação de indústrias estatais para alavancar a economia.

Um exemplo é a indústria de preservativos Natex, que compra o látex dos produtores locais, emprega 160 funcionários e vende praticamente toda a produção para o ministério da Saúde. Outro caso é a fábrica de pisos de madeira, que utiliza troncos vindos do manejo florestal de reservas extrativistas. A unidade retomou sua produção recentemente graças a um parceiro privado.

“Essas fábricas só ajudam o bolso deles. Aqui na cidade continua tudo parado”, sentencia a doceira Carmem Veloso, que vende desde biscoitos de castanhas a cremes de cupuaçu na rua principal. A atividade econômica dos opositores também não ajuda muito a mudar isso, afinal, a pecuária não emprega muita gente. À beira da BR-317, que leva à fronteira com o Peru, o que mais se vê são pastagens pontilhadas de zebus deitados. Mas peão não se avista.

A juventude costuma sair da cidade para estudar e não mais voltar para viver por lá. Já os seringueiros que deixaram a mata e tentaram a sorte em Xapuri e outras cidades tentam voltar. “Conheço muita gente que quer voltar, porque estão vivendo embaixo de lona. Pobre vive melhor aqui na floresta”, diz Sebastião Mendes.

Um indício da estagnação econômica de cidade é que nenhum dos centos de haitianos que migraram para o Brasil via a fronteira acreana com a Bolívia e o Peru foi visto por lá. A porta de entrada ao país foi a vizinha Brasiléia (apenas 60 km de distância de Xapuri). Para os imigrantes haitianos, Xapuri foi apenas um dos tantos nomes nas placas rodoviárias no caminho para São Paulo e outras cidades mais ao sul.

Meu comentário: Como é praticamente impossível para a imprensa de fora captar com exatidão a realidade das cidades amazônicas numa visita de alguns dias, a equipe do Uol pelo Brasil - série de reportagens multimídia que percorre municípios em todo o país durante a campanha eleitoral - caiu na mesmice das muitas reportagens que já foram feitas sobre a política, a sociedade e a economia do município de Xapuri, a “terra de Chico Mendes”.

A equipe que esteve em Xapuri, composta por Denis Armelini, Noelle Marques e Rodrigo Bertolotto, começa afirmando que a cidade acreana revive a velha rixa de pecuaristas e seringueiros na atual campanha eleitoral. Ora, todos sabem que essa rixa já não existe. Prova disso é que alguns pecuaristas de peso no município estão entre os apoiadores mais confessos do candidato à reeleição, Bira Vasconcelos, do PT. O próprio candidato do PSDB, Marcinho Miranda, recusa de maneira veemente o rótulo de representante do segmento dos pecuaristas.

O principal foco da reportagem foi a crise econômica e o marasmo eleitoral que imperam na cidade. Não constataram, no entanto, que Xapuri nunca teve tanta gente formalmente empregada como na atualidade e que o lugarejo respira uma das eleições mais disputadas dos últimos tempos. Não que esses dois fatos desmintam que o município tenha uma economia capenga ou que a população já não acredite tanto nos políticos, mas essas duas realidades já são tão arraigadas e duradouras que se tornaram paisagem.

A imprensa do centro-sul do país não entende nada de Amazônia e não consegue captar a essência dos grotões abandonados do Brasil. Repórteres viajam milhares de quilômetros quase sempre com a intenção deliberada de ressaltar nossas mazelas sem se importar com o mínimo de ações positivas que possam ou não existir. Continuamos a ser tratados como bichos exóticos, seres que habitam um mundo inferior e que são culpados por isso.

Jogo sujo

Tucanos lançam mão de mentira deslavada para levar vantagem em Xapuri

Representantes da coligação Juntos Para Mudar Xapuri, liderada pelo PSDB, se utilizaram de um site denominado Acre Alerta para propagar uma informação caluniosa contra o governo do Estado. A tentativa de engodo se deu nesta sexta-feira (28) depois que se tornaram públicas as informações sobre a mudança de endereço do parque de transmissores da Rádio Educadora de Xapuri, componente do Sistema Público de Comunicação do Acre.

Os tucanos acusam o governo de mandar retirar do ar a única emissora de rádio existente no município com o objetivo de prejudicar o candidato do PSDB à prefeitura, Marcinho Miranda, quando nada do que se afirma corresponde minimamente à verdade. O fato é que se baseiam em informações propositadamente mal interpretadas para criar um clima de denuncismo barato e tumultuar uma eleição que aparenta começar a lhes escorrer pelos dedos como grãos de areia.

Eis a nota a la Pinóquio, na íntegra:

“Numa tentativa de fragilizar o candidato do PSDB em Xapuri, na última semana de campanha eleitoral, o governo do PT vai tirar do ar a principal rádio da cidade. O tucano Marcinho Miranda é apontado como o favorito para comandar uma das principais cidade do Acre e berço político do PT. Como na cidade não há emissoras de TV, as rádios são o principal meio de divulgação da propaganda eleitoral obrigatória.

Segundo o governo, a rádio vai ficar fora do ar por problemas técnicos, para a troca dos transmissores. O PSDB considera a retirada da rádio do ar uma sabotagem do governo, para prejudicar Marcinho. Segundo integrantes do partido, os eleitores da zona rural serão os principais prejudicados. Além disso, a saída brusca da emissora atrapalhará os trabalho do TRE na emissão de comunicados ou avisos para os eleitores”.

Nada disso é verdade, a Rádio Educadora 6 de Agosto não foi e não será retirada do ar antes das eleições. Tudo não passa de um velho jogo da vitimização, de enganação e de falta de caráter.

O que ocorre é que nesta semana desembarcou em Xapuri uma equipe do Deracre – Departamento de Estradas de Rodagem, Infraestrutura Hidroviária e Aeroportuária do Acre – para dar início às obras de transferência de local das torres de transmissão da referida emissora de rádio por exigência da Aeronáutica, que não aceita mais a presença das estruturas metálicas nas proximidades da pista de pouso da cidade, uma pendenga que se arrasta há anos.

Ao ser informado da iminência dos trabalhos, este blogueiro, que por acaso é o atual responsável pela emissora, entrou em contato com o gerente administrativo da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), Luc Lima, comunicando que a rádio não poderia sair do ar para a realização das obras em decorrência do período eleitoral. Solicitei a ele que ofício fosse encaminhado à direção do Deracre dando ciência do impedimento. Em seguida, deixei o secretário Leonildo Rosas a par das informações via Facebook (clique na imagem abaixo e leia).

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Em diálogo com o engenheiro responsável pelos serviços, ponderei que apesar do impedimento de a emissora ser retirada do ar de maneira permanente, os procedimentos prévios para a remoção das torres poderiam ter andamento, com a possibilidade de ocorrerem alguns desligamentos da rede de alta tensão, por medida de segurança, o que resultaria na desativação momentânea dos transmissores, desde que o Horário Eleitoral Gratuito não fosse prejudicado.

Os serviços começariam a ser executados na próxima segunda-feira (1), mas alegando temer haver algum prejuízo para a propaganda eleitoral no rádio, o advogado da coligação Juntos para Mudar Xapuri, Edinei Muniz, entrou em contato com a direção da emissora para se informar melhor dos fatos e considerou a possibilidade de fazer uma representação para que nenhum serviço que pudesse colocar em risco o funcionamento da emissora fosse realizado no período que antecede a eleição.

Concordando com a argumentação do assessor jurídico da aliança política encabeçada pelo PSDB, me comprometi em não permitir que qualquer serviço fosse efetuado nas imediações dos transmissores. Antes disso, porém, o advogado havia me consultado sobre a situação, também via Facebook, como o leitor pode confirmar clicando na imagem abaixo. De maneira honesta e transparente, neguei que a emissora seria retirada do ar e ofereci explicações sobre os procedimentos relacionados à transferência das torres.

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Comprometi-me também em encaminhar ao advogado uma cópia do ofício enviado pela Secom ao Deracre. No entanto, a julgar pela pressa com que levaram ao ar uma versão mentirosa, é quase certo que nenhuma explicação seja suficiente para aplacar a sede de se criar um factoide em plena reta final das eleições. Infelizmente, o jogo sujo, o vale tudo e a falta de senso de justiça continuam a dar as cartas na política local.

Maria Cosson prevê o fim da cajuína

Da equipe do UOL pelo Brasil.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Uol pelo Brasil

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Uma equipe do projeto UOL pelo Brasil - série de reportagens multimídia que percorre municípios em todos os Estados da federação durante a campanha eleitoral - esteve em Xapuri recentemente e a reportagem respectiva à visita será publicada neste sábado (29).

No entanto, as imagens feitas pelos repórteres Rodrigo Bertolotto, Denis Armelini e Noelle Marques já estão na página do UOL. Moradoras antigas e ilustres como a doceira Maria Cosson e a dona de restaurante Vicência Bezerra, estão entre os entrevistados.

O UOL pelo Brasil visa dar voz ao eleitor de cidades que normalmente não entram no foco principal da mídia nacional durante a campanha eleitoral, prometendo mostrar um grande retrato das diferenças culturais do país, da diversidade de ideias e das expectativas do povo brasileiro.

“Eleitores, moradores, cidadãos, de norte a sul do país, dizem o que esperam dos próximos prefeitos, que melhorias querem para suas cidades, o que pensam da política, que valor dão para a escolha de seus candidatos”, diz a página do projeto.

Reproduzirei a reportagem aqui no blog.

Um restaurante chamado Xapuri

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Chama-se Xapuri um dos melhores restaurantes de comida mineira de Belo Horizonte, aberto há 20 anos no bairro da Pampulha. No começo, o restaurante ficou conhecido pelo nome de "Atrás da Moita" por causa de uma moita na entrada do local.

O nome definitivo surgiu graças a uma viagem de um tio da dona do restaurante, Nelsa Trombino, a Xapuri. Dona Nelsa gostou muito do nome, porque na língua indígena tupi guarani, segundo a página do restaurante na internet, a palavra quer dizer: “lugar bom”.

Clique aqui para ler mais.

Coluna Poronga

Elogio à realização

O professor de matemática e blogueiro Haroldo Zaine Sarkis, do blog Xapuri em Destaque, publicou ontem uma fotografia que vale por mil palavras. Trata-se do asfaltamento de um quilômetro de rua na chamada “Variante”.  

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Nunca antes na história...

No local moram pessoas que nunca antes tinham visto um único metro quadrado de asfalto. No inverno enfrentavam a lama, e no verão ficavam à mercê da poeira e suas consequências daninhas. 

Outra cara

Sarkis fez questão de ressaltar em seu blog que o asfalto que enche os olhos dos moradores é fruto do programa Ruas do Povo, que “tem mudado a cara da nossa Princesinha do Acre”.

Tratamento especial

O blogueiro ressaltou ainda que o Ruas do Povo é o projeto que recebe tratamento especial na administração do governador Tião Viana.

Parceria

Sarkis lembrou ainda que a parceria com o prefeito Bira Vasconcelos fez de Xapuri o município com o maior número de ruas proporcionalmente pavimentadas do Estado.

Caminho do futuro

A rua pavimentada na “Variante”, segundo ele, contempla uma dezena de casas que nunca tinham usufruído pavimentação, além do fato de na área se localizar o Sesc Ler, onde se realizam vários projetos educacionais.

Blog também é serviço

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A agência do Banco do Brasil em Xapuri informa que no período entre as 18 horas desta sexta-feira (28) e as 22 horas de domingo (30) não haverá funcionamento dos terminais de autoatendimento, os populares caixas eletrônicos, em razão da execução de serviços de manutenção do sistema programados para este fim de semana.

É possível, porém, que o autoatendimento já esteja disponível na manhã de domingo, segundo informa a gerência local, que não forneceu maiores detalhes sobre os reparos a serem feitos. No início de setembro, uma pane no sistema ocasionada por queda de energia deixou os clientes do banco sem dinheiro em pleno feriadão da semana da pátria.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fogo de palha

O deputado Manoel Moraes (PSB) resolveu mostrar que na coligação liderada por seu partido manda quem pode e obedece quem não tem juízo.

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Não durou mais que uma semana o arroubo separatista do ex-prefeito Vanderley Viana contra seus colegas de coligação Unidos para Vencer (PSB-PSC). O fogo de palha iniciado quando foi instado a moderar a língua contra os adversários e alguns aliados, entre outras exigências, se apagou logo que seus mentores se viram obrigados a lhe aparar as asinhas.

Depois de chutar o pau da barraca e quase enfartar algumas lideranças, o candidato a vereador nas atuais eleições borrou os nomes dos candidatos majoritários Wágner e Oséias em um muro localizado à Rua Floriano Peixoto. Também demoliu as placas que ali estavam e anunciou que dali em diante faria sua campanha de maneira independente.

Bravateou ainda que faria comícios por iniciativa própria e que apontaria seus canhões contra os – até aquele momento – ex-aliados. Pura potoca. O surto de rebeldia cessou diante de ultimato recebido do cacique-mor da aliança, segundo fonte ligada à coligação. Foi convidado a se enquadrar nos rigores aos quais - ledo engano - se julgava imune.

Como, segundo diz o velho provérbio, “burro puxado pelas ventas vai para aonde o dono quer”, quem passa hoje pela mesma rua daquele velho e conhecido muro, avista, repintada, toda a propaganda que havia sido apagada. O deputado Manoel Moraes resolveu mostrar que na coligação liderada por seu partido manda quem pode e obedece até quem não tem juízo.

Variante

Variante

Leia no blog Xapuri em Destaque.

Fábrica de Tacos retoma funcionamento

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Aos poucos, a Fábrica de Tacos de Xapuri está retomando o funcionamento depois de meses de inoperância. O empreendimento de quase 40 milhões de reais foi incorporado, no ano passado, com a autorização da Assembleia Legislativa, ao patrimônio da  Agência de Negócios do Acre (ANAC), uma sociedade de economia mista da qual o governo do Estado também é acionista.

A nova responsável pela fábrica, que agora se chama Complexo Industrial Florestal, é a empresa Hevea, que já firmou contrato de comercialização de madeira manejada, através da Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários (Cooperfloresta), com a Associação de Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes (Amoprex).

A Amoprex acaba de ser autorizada a colocar em prática cerva de 60 planos de manejo na Resex-CM. É a primeira área de conservação no Brasil a ser licenciada para a exploração de recursos madeireiros. A autorização foi emitida pelo ICMBio depois de um processo que se arrastou por mais de oito anos, tendo como interessados a população extrativista e o governo do Acre.

A nova gestão da fábrica, segundo o representante da Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens) em Xapuri, Renato Farias, estabelecerá uma cadeia entre vários setores da economia florestal. “É um projeto do governo que precisa continuar funcionando e gerando empregos no município”. 

Além de produzir e comercializar madeira para pisos, a Hevea também fornecerá matéria-prima proveniente dos planos de manejo aos marceneiros do município que passarão a desenvolver suas atividades no Polo Industrial de Xapuri. Atualmente, a fábrica está funcionando com 70 funcionários, mas deve chegar à casa dos 140 a partir do ano que vem.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Greve dos bancários

Comando recomenda fim do movimento após nova proposta

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Com informações do G1.

O comando de greve dos bancários decidiu, nesta terça-feira (25), orientar os sindicatos da categoria a aceitarem a nova proposta de reajuste apresentada pelos bancos. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), os sindicatos deverão realizar assembleias nesta quarta e quinta para avaliar a proposta.

"Essa orientação estamos soltando para os sindicatos. A maioria fará amanhã (26) suas assembleias. Tem alguns que só poderão fazer na quinta", afirmou o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, que considerou o resultado da negociação satisfatório.

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) elevou a 7,5% a proposta de reajuste dos salários dos trabalhadores, um aumento real de 2%. A proposta também prevê aumento de 8,5% no piso salarial e no valor dos auxílios-refeição e alimentação; e uma alta de 10% na parcela fixa da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

A proposta anterior previa reajuste de 6% nos salários. Já os bancários reivindicavam reajuste de 10,25% nos salários (aumento real de 5%), uma participação nos resultados equivalente a três salários mais R$ 4.961,25 fixos, piso salarial de R$ 2.416,38, criação do 13º auxílio-refeição e aumento dos benefícios já existentes para R$ 622, fim da rotatividade e das metas "abusivas", melhores condições de saúde e trabalho e mais segurança nas agências.

Procurada pelo G1, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), confirmou ter proposto uma correção de 7,5% dos salários nos bancários, com percentuais superiores para os pisos salariais, a cesta de alimentação e o vale-refeição.

Coelho enjeitado

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Apesar dos esforços, infelizmente não sobreviveu.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Primavera dos Museus

6ª Primavera dos museus

Clenes Guerreiro

Com a chegada da primavera as flores ganham destaque nas cidades brasileiras, mas não só elas. Milhares de atrações em museus também chamam a atenção e florescem na 6ª edição da Primavera dos Museus, temporada anual de eventos coordenada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), instituição vinculada ao Ministério da Cultura. Durante a semana de 24 a 30 de setembro, mais de 800 museus e outras instituições culturais participam da primavera em 364 municípios do País.

Neste ano, o tema da Primavera dos Museus é A Função Social dos Museus, em uma homenagem aos 40 anos da Declaração da Mesa Redonda de Santiago do Chile. A partir da assinatura da declaração, em 1972, os museus passaram a ser entendidos como instituições a serviço da sociedade com importante papel na formação da consciência das comunidades.

É com este intuito que as 803 instituições organizaram suas programações, que somam 2.405 eventos nos 26 estados e no Distrito Federal. São exposições, seminários, oficinas, palestras, instalações, mostras de filmes, dentre outras atividades. Em comparação à edição do ano passado – que teve como tema Mulheres, Museus e Memórias -, houve aumento de 36% no número de instituições cadastradas. Já o número de eventos teve acréscimo de 35%, em 201.

A Primavera em Xapuri

Xapuri participa da Programação Nacional da Primavera dos Museus desde as edições iniciais, envolvendo diferentes camadas da sociedade da Princesinha do Acre em diversificados eventos culturais.

Tais eventos são uma oportunidade de abrir o Museu do Xapury e os Espaços de Memória Chico Mendes para um público mais diversificado que, muitas vezes, nem costuma visitar esses ambientes museológicos.

Também representa uma oportunidade de diálogo entre museu, grupos artísticos locais e comunidade, fazendo valer o tema da Primavera desse ano: “A função social dos museus”.

Em Xapuri a programação acontecerá nos dias 26 e 27 de setembro e conta com os seguintes destaques:

MUSEU DO XAPURY

De 24 a 29/09/2012

Visita Guiada ao acervo do Museu do Xapury

Com os guias Cleilson Alves e Taiane Cristina Feitosa

Das 08h às 18h

Dia 26/09/2012 – Quarta-feira

EnContos & Encontros

Grupo Fuxico de Contadores de Histórias de Xapuri

Direção de Clenes Guerreiro e Álder Jarede D'Ávila

Às 9h e às 15h

Exibição de filmes

O homem da cabeça de papelão – de Luís da Matta Almeida e Pedro Lino

Menina da Chuva – de Rosaria

Às 9h30

Tembiara - de Jackson Abacatu

O céu no andar de baixo - de Leonardo Catapreta

Às 15h

27/09/2012 – Quinta-feira

Espetáculo Teatral

O seringueiro que não sabia assobiar

Grupo Fuxico de Contadores de Histórias de Xapuri & Cia. Arte na Ruína

Direção de Clenes Guerreiro

Às 09h30 e às 15h30

ESPAÇOS DE MEMÓRIA CHICO MENDES

Casa de Chico Mendes, Memorial do Seringueiro e Centro de Memória Chico Mendes

De 24 a 29/09/2012

Visita Guiada

Com os guias Marianne Buriti, Paula Janini Menezes, Jorge Pereira Jr., Géssica Albuquerque e Elaine Queirós.

A história

História

Foto postada em meu mural no Facebook por Carlos Estevão Ferreira Castelo com a mensagem:

“Olha aí, Raimari Cardoso. É a história. Viu os dizeres na camisa do Vanderley...”.

Impensável uma imagem como essa nos dias atuais, apesar de nossa política não ter avançado muita coisa da época desta fotografia para cá.

Além de Viana, aparecem na foto Raimundo Mendes de Barros, Júlio Barbosa, Chico Mendes e, salvo engano do blogueiro, José da Silva Cunha, o “Zé Menezes”, com o cigarro na boca. As outras duas caras, nos cantos da imagem, não reconheço.

Tudo indica que é uma reunião na Câmara de Xapuri no começo dos anos de 1980. Vanderley, Raimundão, Chico Mendes e Zé Menezes foram vereadores. O primeiro e o último foram prefeitos, assim como Júlio Barbosa.

É sintomático que três dos personagens acima, passados mais de trinta anos, ainda sejam figuras marcantes da política local. 

domingo, 23 de setembro de 2012

Doutor Advogado e Doutor Médico

Até quando?

Eliane Brum

Sei muito bem que a língua, como coisa viva que é, só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma como lidam com o mundo. Poucas expressões humanas são tão avessas a imposições por decreto como a língua. Tão indomável que até mesmo nós, mais vezes do que gostaríamos, acabamos deixando escapar palavras que faríamos de tudo para recolher no segundo seguinte. E talvez mais vezes ainda pretendêssemos usar determinado sujeito, verbo, substantivo ou adjetivo e usamos outro bem diferente, que revela muito mais de nossas intenções e sentimentos do que desejaríamos. Afinal, a psicanálise foi construída com os tijolos de nossos atos falhos. Exerço, porém, um pequeno ato quixotesco no meu uso pessoal da língua: esforço-me para jamais usar a palavra “doutor” antes do nome de um médico ou de um advogado. 

Travo minha pequena batalha com a consciência de que a língua nada tem de inocente. Se usamos as palavras para embates profundos no campo das ideias, é também na própria escolha delas, no corpo das palavras em si, que se expressam relações de poder, de abuso e de submissão. Cada vocábulo de um idioma carrega uma teia de sentidos que vai se alterando ao longo da História, alterando-se no próprio fazer-se do homem na História. E, no meu modo de ver o mundo, “doutor” é uma praga persistente que fala muito sobre o Brasil. Como toda palavra, algumas mais do que outras, “doutor” desvela muito do que somos – e é preciso estranhá-lo para conseguirmos escutar o que diz.

Assim, minha recusa ao “doutor” é um ato político. Um ato de resistência cotidiana, exercido de forma solitária na esperança de que um dia os bons dicionários digam algo assim, ao final das várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo: no passado, era usado pelos mais pobres para tratar os mais ricos e também para marcar a superioridade de médicos e advogados, mas, com a queda da desigualdade socioeconômica e a ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção caiu em desuso”. 

Em minhas aspirações, o sentido da palavra perderia sua força não por proibição, o que seria nada além de um ato tão inútil como arbitrário, na qual às vezes resvalam alguns legisladores, mas porque o Brasil mudou. A língua, obviamente, só muda quando muda a complexa realidade que ela expressa. Só muda quando mudamos nós.

Historicamente, o “doutor” se entranhou na sociedade brasileira como uma forma de tratar os superiores na hierarquia socioeconômica – e também como expressão de racismo. Ou como a forma de os mais pobres tratarem os mais ricos, de os que não puderam estudar tratarem os que puderam, dos que nunca tiveram privilégios tratarem aqueles que sempre os tiveram. O “doutor” não se estabeleceu na língua portuguesa como uma palavra inocente, mas como um fosso, ao expressar no idioma uma diferença vivida na concretude do cotidiano que deveria ter nos envergonhado desde sempre. 

Lembro-me de, em 1999, entrevistar Adail José da Silva, um carregador de malas do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para a coluna semanal de reportagem que eu mantinha aos sábados no jornal Zero Hora, intitulada “A Vida Que Ninguém Vê”. Um trecho de nosso diálogo foi este:

- E como os fregueses o chamam?
- Os doutor me chamam assim, ó: “Ô, negão!” Eu acho até que é carinhoso.

- O senhor chama eles de doutor?
- Pra mim todo mundo é doutor. Pisou no aeroporto é doutor. É ó, doutor, como vai, doutor, é pra já, doutor....

- É esse o segredo do serviço?
- Tem que ter humildade. Não adianta ser arrogante. Porque, se eu fosse um cara importante, não ia tá carregando a mala dos outros, né? Sou pé de chinelo. Então, tenho que me botar no meu lugar.

A forma como Adail via o mundo e o seu lugar no mundo – a partir da forma como os outros viam tanto ele quanto seu lugar no mundo – contam-nos séculos de História do Brasil. Penso, porém, que temos avançado nas últimas décadas – e especialmente nessa última. O “doutor” usado pelo porteiro para tratar o condômino, pela empregada doméstica para tratar o patrão, pelo engraxate para tratar o cliente, pelo negro para tratar o branco não desapareceu – mas pelo menos está arrefecendo.

Se alguém, especialmente nas grandes cidades, chamar hoje o outro de “doutor”, é legítimo desconfiar de que o interlocutor está brincando ou ironizando, porque parte das pessoas já tem noção da camada de ridículo que a forma de tratamento adquiriu ao longo dos anos. Essa mudança, é importante assinalar, reflete também a mudança de um país no qual o presidente mais popular da história recente é chamado pelo nome/apelido. Essa contribuição – mais sutil, mais subjetiva, mais simbólica – que se dá explicitamente pelo nome, contida na eleição de Lula, ainda merece um olhar mais atento, independentemente das críticas que se possa fazer ao ex-presidente e seu legado.

Se o “doutor” genérico, usado para tratar os mais ricos, está perdendo seu prazo de validade, o “doutor” que anuncia médicos e advogados parece se manter tão vigoroso e atual quanto sempre. Por quê? Com tantas mudanças na sociedade brasileira, refletidas também no cinema e na literatura, não era de se esperar um declínio também deste doutor?

Ao pesquisar o uso do “doutor” para escrever esta coluna, deparei-me com artigos de advogados defendendo que, pelo menos com relação à sua própria categoria, o uso do “doutor” seguia legítimo e referendado na lei e na tradição. O principal argumento apresentado para defender essa tese estaria num alvará régio no qual D. Maria, de Portugal, mais conhecida como “a louca”, teria outorgado o título de “doutor” aos advogados. Mais tarde, em 1827, o título de “doutor” teria sido assegurado aos bacharéis de Direito por um decreto de Dom Pedro I, ao criar os primeiros cursos de Ciências Jurídicas e Sociais no Brasil. Como o decreto imperial jamais teria sido revogado, ser “doutor” seria parte do “direito” dos advogados. E o título teria sido “naturalmente” estendido para os médicos em décadas posteriores.

Há, porém, controvérsias. Em consulta à própria fonte, o artigo 9 do decreto de D. Pedro I diz o seguinte: “Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bacharéis formados. Haverá também o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos, que devem formar-se, e só os que o obtiverem, poderão ser escolhidos para Lentes”. Tomei a liberdade de atualizar a ortografia, mas o texto original pode ser conferido aqui. “Lente” seria o equivalente hoje à livre-docente.

Mesmo que Dom Pedro I tivesse concedido a bacharéis de Direito o título de “doutor”, o que me causa espanto é o mesmo que, para alguns membros do Direito, garantiria a legitimidade do título: como é que um decreto do Império sobreviveria não só à própria queda do próprio, mas também a tudo o que veio depois?

O fato é que o título de “doutor”, com ou sem decreto imperial, permanece em vigor na vida do país. Existe não por decreto, mas enraizado na vida vivida, o que torna tudo mais sério. A resposta para a atualidade do “doutor” pode estar na evidência de que, se a sociedade brasileira mudou bastante, também mudou pouco. A resposta pode ser encontrada na enorme desigualdade que persiste até hoje. E na forma como essas relações desiguais moldam a vida cotidiana.

É no dia a dia das delegacias de polícia, dos corredores do Fórum, dos pequenos julgamentos que o “doutor” se impõe com todo o seu poder sobre o cidadão “comum”. Como repórter, assisti à humilhação e ao desamparo tanto das vítimas quanto dos suspeitos mais pobres à mercê desses doutores, no qual o título era uma expressão importante da desigualdade no acesso à lei. No início, ficava estarrecida com o tratamento usado por delegados, advogados, promotores e juízes, falando de si e entre si como “doutor fulano” e “doutor beltrano”. Será que não percebem o quanto se tornam patéticos ao fazer isso?, pensava. Aos poucos, percebi a minha ingenuidade. O “doutor”, nesses espaços, tinha uma função fundamental: a de garantir o reconhecimento entre os pares e assegurar a submissão daqueles que precisavam da Justiça e rapidamente compreendiam que a Justiça ali era encarnada e, mais do que isso, era pessoal, no amplo sentido do termo.

No caso dos médicos, a atualidade e a persistência do título de “doutor” precisam ser compreendidas no contexto de uma sociedade patologizada, na qual as pessoas se definem em grande parte por seu diagnóstico ou por suas patologias. Hoje, são os médicos que dizem o que cada um de nós é: depressivo, hiperativo, bipolar, obeso, anoréxico, bulímico, cardíaco, impotente, etc. Do mesmo modo, numa época histórica em que juventude e potência se tornaram valores – e é o corpo que expressa ambas – faz todo sentido que o poder médico seja enorme. É o médico, como manipulador das drogas legais e das intervenções cirúrgicas, que supostamente pode ampliar tanto potência quanto juventude. E, de novo supostamente, deter o controle sobre a longevidade e a morte. A ponto de alguns profissionais terem começado a defender que a velhice é uma “doença” que poderá ser eliminada com o avanço tecnológico. 

O “doutor” médico e o “doutor” advogado, juiz, promotor, delegado têm cada um suas causas e particularidades na história das mentalidades e dos costumes. Em comum, o doutor médico e o doutor advogado, juiz, promotor, delegado têm algo significativo: a autoridade sobre os corpos. Um pela lei, o outro pela medicina, eles normatizam a vida de todos os outros. Não apenas como representantes de um poder que pertence à instituição e não a eles, mas que a transcende para encarnar na própria pessoa que usa o título. 

Se olharmos a partir das relações de mercado e de consumo, a medicina e o direito são os únicos espaços em que o cliente, ao entrar pela porta do escritório ou do consultório, em geral já está automaticamente numa posição de submissão. Em ambos os casos, o cliente não tem razão, nem sabe o que é melhor para ele. Seja como vítima de uma violação da lei ou como autor de uma violação da lei, o cliente é sujeito passivo diante do advogado, promotor, juiz, delegado. E, como “paciente” diante do médico, como abordei na coluna anterior, deixa de ser pessoa para tornar-se objeto de intervenção.

Num país no qual o acesso à Justiça e o acesso à Saúde são deficientes, como o Brasil, é previsível que tanto o título de “doutor” permaneça atual e vigoroso quanto o que ele representa também como viés de classe. Apesar dos avanços e da própria Constituição, tanto o acesso à Justiça quanto o acesso à Saúde permanecem, na prática, como privilégios dos mais ricos. As fragilidades do SUS, de um lado, e o número insuficiente de defensores públicos de outro são expressões dessa desigualdade. Quando o direito de acesso tanto a um quanto a outro não é assegurado, a situação de desamparo se estabelece, assim como a subordinação do cidadão àquele que pode garantir – ou retirar – tanto um quanto outro no cotidiano. Sem contar que a cidadania ainda é um conceito mais teórico do que concreto na vida brasileira.

Infelizmente, a maioria dos “doutores” médicos e dos “doutores” advogados, juízes, promotores, delegados etc. estimulam e até exigem o título no dia a dia. E talvez o exemplo público mais contundente seja o do juiz de Niterói (RJ) que, em 2004, entrou na Justiça para exigir que os empregados do condomínio onde vivia o chamassem de “doutor”. Como consta nos autos, diante da sua exigência, o zelador retrucava: “Fala sério....” Não conheço em profundidade os fatos que motivaram as desavenças no condomínio – mas é muito significativo que, como solução, o juiz tenha buscado a Justiça para exigir um tratamento que começava a lhe faltar no território da vida cotidiana.

É importante reconhecer que há uma pequena parcela de médicos e advogados, juízes, promotores, delegados etc. que tem se esforçado para eliminar essa distorção. Estes tratam de avisar logo que devem ser chamados pelo nome. Ou por senhor ou senhora, caso o interlocutor prefira a formalidade – ou o contexto a exija. Sabem que essa mudança tem grande força simbólica na luta por um país mais igualitário e pela ampliação da cidadania e dos direitos. A estes, meu respeito. 

Resta ainda o “doutor” como título acadêmico, conquistado por aqueles que fizeram doutorado nas mais diversas áreas. No Brasil, em geral isso significa, entre o mestrado e o doutorado, cerca de seis anos de estudo além da graduação. Para se doutorar, é preciso escrever uma tese e defendê-la diante de uma banca. Neste caso, o título é – ou deveria ser – resultado de muito estudo e da produção de conhecimento em sua área de atuação. É também requisito para uma carreira acadêmica bem sucedida – e, em muitas universidades, uma exigência para se candidatar ao cargo de professor.

Em geral, o título só é citado nas comunicações por escrito no âmbito acadêmico e nos órgãos de financiamento de pesquisas, no currículo e na publicação de artigos em revistas científicas e/ou especializadas. Em geral, nenhum destes doutores é assim chamado na vida cotidiana, seja na sala de aula ou na padaria. E, pelo menos os que eu conheço, caso o fossem, oscilariam entre o completo constrangimento e um riso descontrolado. Não são estes, com certeza, os doutores que alimentam também na expressão simbólica a abissal desigualdade da sociedade brasileira.

Estou bem longe de esgotar o assunto aqui nesta coluna. Faço apenas uma provocação para que, pelo menos, comecemos a estranhar o que parece soar tão natural, eterno e imutável – mas é resultado do processo histórico e de nossa atuação nele. Estranhar é o verbo que precede o gesto de mudança. Infelizmente, suspeito de que “doutor fulano” e “doutor beltrano” terão ainda uma longa vida entre nós. Quando partirem desta para o nunca mais, será demasiado tarde. Porque já é demasiado tarde – sempre foi.

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Eliane Brum é jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada. Ela escreve semanalmente para a revista Época.

Além da Linha Vermelha…

www.varaldeideias.com

Quando Terrence Malick, discreto e renomado diretor de cinema, anunciou no final dos anos 1990 que voltaria a filmar vinte anos depois de “Cinzas do Paraíso”, vários atores consagrados se ofereceram gratuitamente para suas lentes. Sabiam que viria um grande filme. Malick preferiu atores novos e apenas alguns outros mais conhecidos.

Assim nasceu “Além da Linha Vermelha” (1998, sete indicações ao Oscar). Um denso e profundo filme psicofilosófico, assustador e realista, sobre o caos militar e moral que ocorreu no Pacífico entre agosto de 1942 a fevereiro de 1943 na ilha de Guadalcanal, palco de uma das maiores batalhas terrestre e aeronaval que envolveu norte-americanos, australianos e japoneses.

Terrence Malick, além de diretor, é filósofo e grande conhecedor de Heidegger, pensador existencialista alemão que deu aulas à Hannah Arendt e influenciou Sartre. É visível a presença das ideias de Heidegger em “Além da Linha Vermelha”.  A imagem do homem sendo medida por suas realizações anteriores, onde seu ser é um “ser que caminha para a morte”, pondo toda a visão e prática de mundo num diálogo permanente entre preocupação, angústia, conhecimento e complexo de culpa na sua existência.  Para Heidegger, o homem está sempre impulsionado a dar um salto qualitativo para atingir seu verdadeiro “eu”, libertando-se das aparências cotidianas. “Além da Linha Vermelha” é um exemplo de busca desse “salto”.  Um grupo se soldados precisa vencer a qualquer custo uma linha inimiga e também seus dilemas. Ultrapassá-la é o fim do caminho do fim. 

Com atuações brilhantes (Sean Penn, Jim Caviezel, Nick Nolte e outros), o filme leva a uma interação quieta e comovente entre o espectador e as reflexões em “off”, subjetivas, dos soldados que sintetizam seus dramas no pandemônio das trincheiras. Após assisti-lo, ficamos numa mística sobre a volatilidade de nossa existência. Mesmo assim, ao invés de vazio, saímos dando uma luz diferenciada, mais intensa, à vida.

Todos nós temos nossas linhas vermelhas a ultrapassar. Elas surgem de vez em quando no amor, na família, no trabalho, na política e em algumas decisões. É quando a prática vem como consequência de um pensar filosófico para a mudança.

Outro dia, conversava com uma universitária sobre ideias importantes de Karl Marx. Naturalmente veio à tona sua célebre frase escrita em 1845 nas Teses sobre Feuerbach: “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo.” Marx estava, na sua época, em uma digladiação de fundo sobre pensamento e práxis. Mas sua ideia leva à confiança que devemos ter em colocar o que analisamos em favor das modificações no tempo e no espaço.

Daqui a duas semanas estaremos votando e decidindo sobre o destino de nossas cidades. Que rumos elas tomarão? Quais as linhas que devemos ultrapassar para alcançar mais cidadania, justiça, bem-estar, saúde, educação, cultura e trabalho?

A linha vermelha do filme é de um episódio histórico do passado e com algumas licenças poéticas. Mas a que eu quero ultrapassar no dia da eleição é real, presente, palpável e vai ao encontro de ideias a serem fortalecidas e construídas para mais além.

No dia 7 de outubro eu irei dar continuidade aos nossos sonhos de ter uma cidade cada vez melhor e mais justa levando nas mãos uma bandeira sorridente e, obviamente, vermelha…

sábado, 22 de setembro de 2012

Xapuri das saudades

José Claudio Mota Porfiro

 

Receber cartas é sempre muito bom. Hoje, é claro, a singeleza da missiva escrita à mão, em caligrafia às vezes tortuosa, clássica ou em garranchos, já não existe. Já não se leem aqueles preâmbulos que rogam a Deus que esta te encontre gozando de saúde plena. Nem aqueles que pedem desculpas pelas mal traçadas linhas. Já ninguém sabe sequer o que vem a ser uma missiva... Nem mais caligrafamos, nem mais datilografamos. Agora, digitamos e, amanhã, talvez, nem isso.

Todavia, mesmo pelos meios eletrônicos mais modernos, ser correspondido, em palavras escritas, continua sendo algo extremamente agradável, prazeroso, alentador, pelo menos para os de mais sensibilidade, como este parco e vão poeta que vos alinhava estas algaravias toscas. Crê-se, piamente, que a humanidade ainda não está a deixar de existir. Pelo menos é o que ocorre comigo, logo eu, uma espécie de humanista apaixonado em extinção no terceiro milênio.

Aí, é conveniente lembrar, mais uma vez, o Kennedy  -  da Jackeline que também (ela) foi do Onassis. Num dos seus fantásticos discursos, ele registrou que o laço essencial a nos unir é que todos nós habitamos este pequeno planeta. Todos nós respiramos o mesmo ar. Todos nos preocupamos com o futuro dos nossos filhos. E todos somos mortais. Eis, em resumo, a humanidade do homem dos nossos dias.

Mais, bem mais, mais que demais, muito mais interessante é este esteta das letras mal-acabadas receber uma carta bastante carinhosa de alguém que nunca viu. E lembrar que, há pouco tempo, muitos de nós modernos pensávamos ser imponderável tal possibilidade.

Correspondo-me com alguns ilustres desconhecidos que me são muito gratos, e eu também o sou para com eles, considerando a felicidade que é tê-los por perto, pelo menos em espírito. Destes, destaco Dona Eulália Ventura, seis ponto quatro, de Portugal, que me envia poesias demonstrativas de uma inspiração incomum, notadamente, com as coisas e os fatos do Brasil.

Mas há o meu velho amigo, leitor assíduo, de oito ponto quatro outonos, Fábio Lima que, num certo dia de 2004, me enviou e-mail dizendo ter nascido em Xapuri e haver residido por alguns anos com a família de Eurico e Linda Gomes Fonseca, na Rua 24 de Janeiro, a mesma onde nasci. Hoje, este meu correspondente em São Paulo, quase semanalmente me envia dicas e recados que vão desde os perigos do câncer via celular, à última cura do diabetes pelo uso de abóbora ou de alpiste... É muito bom tê-lo como um amigo a quem nunca vi, mas de quem sempre gostei. Fico grato. Por Deus!

E tem razão o poeta quando assevera que nunca te vi, mas sempre te amei... Sim! É amor de fato pela terra saudosa, cá distante - a Xapuri memorial dos anos 40 e 50 do século passado.

Também é um afeto muito especial que sinto por este meu mais recente amigo cibernético, velho xapuriense, o Advogado Leônidas Nogueira de Souza.

Observe, minha cara senhora, um espírito cativante que fala por meio de palavras tão bem escritas. Há um gosto de saudade, sim, e quase um cheiro de lágrimas nas páginas seguintes que apanho do correio eletrônico, endereçadas a mim há alguns meses.

Prezado José Cláudio Mota Porfiro. Não imagina a felicidade e a emoção que senti ao ler a sua crônica Encantamento e surpresa, de 8 de janeiro de 2012. Viajei em pensamento mais de seis mil quilômetros, de Fortaleza, Ceará, à minha querida e amada Xapuri.

Nascido à Rua Pio Nazário, dessa cidade histórica, há 71 anos, revivi momentos memoráveis na sua andança (do seu personagem) com os senhores e irmãos Eurico e Tomás Fonseca, portugueses de fibra.
O imóvel que hoje abriga a Câmara de Vereadores foi, por muito tempo, a minha terceira e última residência nessa cidade e, claro, dos meus pais e irmão, até janeiro de 1959, quando passamos a residir em Rio Branco. Na capital, cursei o Ensino Médio, em Contabilidade, juntamente com os colegas Luiz Gonzaga, do Cartório de Registro de Imóveis, Chico Fontenele, Jair Gouveia e outros. Entrei no Curso de Direito, formando-me em dezembro de 1971, tendo como colegas Edmir Gadelha, Ciro Facundo, Manoel Araripe, Marluce Costa, Kina Cruz, Aquileu José da Silva, Marciliano Fleming, Oded Moreno, Suzuky, Hélio Saraiva e outros.

Em Xapuri, morei, por longo tempo, na Rua Major Salinas, época de minha infância.  A Casa Branca, como hoje é chamada, foi o primeiro grupo escolar que frequentei. Construído o atual Grupo Escolar Plácido de Castro, obra majestosa, passei a estudar ali, quando já estava residindo na Rua 24 de Janeiro, prédio, hoje, da Câmara Municipal. Minha saudosa mãe era afilhada de fogueira de Dona Linda, esposa do Seu Eurico.

Feita essa pequena digressão, volto ao nosso passeio turístico. Não sei se por esquecimento, mas o Amigo - permita-me assim chamá-lo - ao descrever aquelas passagens, deixou de lado: 1 - a casa do Seu Antonino, também português e sócio da loja A Limitada; 2 - a residência do Seu Zé Rodrigues, homem simples; 3 - a morada do Seu Guilherme Ferreira, mais conhecido por Guilhermão, sócio da loja Zaire, de Guilherme Zaire, e filho de dona Venilha e Seu Tufic; 4 - a casa do Seu Homero Araújo, chefe de máquinas da lancha A Limitada; 5 - o quartel da Polícia e Cadeia Pública; 6 - a residência do Seu Rosendo Alves, seringalista e padrinho de meu irmão caçula, isto, do lado direito de quem vem lá do início, onde está o novo Quartel da Polícia; do lado esquerdo, a partir do grupo escolar, temos: 7 - a casa do Seu Aziz, ou para ser mais claro, dos genitores do ex-prefeito Jorge Akel Hadad, meu amigo de infância e de peladas no campinho do grupo escolar Plácido de Castro; 8 - a mercearia da Badia Fadul; 9 - a residência de José Maciel; 10 - a seguinte era de um turco, cujo nome me falha a memória, comerciante da loja na esquina desta mesma rua Dr. Batista de Morais, nas confluências do antigo Palanque; 11 - e aí, temos o antigo colégio Divina Providência, onde fiz o curso ginasial, tendo como professores, dentre outros, os seguintes: Euri Figueiredo, Carmem Magalhães Assef, Rosa Hadad, Elaís Meira Eluan, José Hadad, Adauto Brito da Frota, Francisco Lima, Fábio Araújo, afora as Irmãs do próprio colégio. Ainda do lado direito da rua, tínhamos um conjunto de casas conjugadas, dentre as quais, uma de meu tio barbeiro José Nogueira, que também foi vereador; depois o posto de Puericultura, até o Mercado Público; ao lado do Palanque, existia um pequeno restaurante da tia de minha mãe, que eu também a chamava de tia  Nazaré, que era tia também da Erato Castelo, funcionária da Prefeitura.

Porfiro, não quero me alongar mais, pois com esse seu passeio ao qual também estive em pensamento, revivi toda a minha vida nessa cidade. Os passeios aos domingos ao Laranjal do Jofre Koury, ao Mirassol, onde morava um tio meu, os banhos no Rio Acre, na época da seca, as pescarias que fazia com meu irmão, e, algumas vezes com meu pai, que possuía uma rede de pesca, além das peladas de futebol no campo do grupo escolar; e os banhos de chuva! Tudo isso fluiu, abundantemente, em minha memória com o seu passeio. Mas, como disse, não quero alongar-me mais, e aqui me despeço com um forte abraço. Leônidas Nogueira de Souza.

Meu bom amigo Leônidas. Apenas o que de mais interessante havia na Batista de Morais, em 1942, é que foi descrito pelo personagem, que é fruto da minha ficção atual, um romance em fase de conclusão denominado O INVERNO DOS ANJOS DO SOL POENTE. Já não sou tão moço e ainda não experienciei tanto da vida. Estudei também no Plácido de Castro e no novo Colégio Divina Providência, das freiras católicas. Sou um tanto jovem aos cinco ponto cinco e as informações que trago me foram repassadas pelos meus pais e avós  -  especialmente a minha matriarca, Dona Mariinha, falecida desde 1991  -  e por uma certa Professora Euri, filha de Eurico e Linda Fonseca. Diria ser esta uma espécie de segunda mãe e queridíssima amiga, hoje, aos oito ponto dois em número de primaveras.

Com os agradecimentos pela atenção dispensada à leitura das minhas crônicas e com uma afoita recomendação: acesse, por gentileza, o www.claudioxapuri.blog.uol.com.br – aí, nas estradas de seringa desta vida, você vai me conhecer muito melhor. Um afetuoso abraço!

José Cláudio Mota Porfiro é escritor…

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pianinhos

Estou sentindo falta – da parte de alguns colunistas políticos acreanos -  de comentários sobre o último faniquito do ex-prefeito e candidato a vereador por Xapuri, Vanderley Viana de Lima, que recentemente deixou as cúpulas de PSB e PSC no município mais baixas que cloaca de rã.

Estes mesmos “conhecedores” da política acreana, não faz tempo, enalteciam os ataques contra a honra de várias pessoas desferidos pelo candidato no palanque da coligação denominada Unidos para Vencer, que tem como slogan de campanha a frase “Sem ódio e sem perseguição”.

Em política, como na vida, nada melhor que um dia após o outro. Mas não fico feliz com o infortúnio de quem sentiu na pele o que é ser escalpelado moralmente. Desejo apenas que aprendam a lição de que arrastar cobra com cambito é igual a cutucar onça com vara curta.

Riqueza de argumento

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Observem a lógica do raciocínio de uma coligação partidária de Xapuri em panfleto espalhado pelas ruas da cidade:

“Eleitor, não se deixe enganar pelas obras que estão sendo realizadas no município pelo governo do Estado, não há mérito da prefeitura”.

Mais embaixo, no mesmo panfleto, vem a explosão de incoerência que tem predominado nos discursos desta campanha:

“Vamos transformar a realidade de Xapuri através de parcerias que serão efetivadas com os governos estadual e federal”.

É de brochar mesmo, não?

Retrovisor da ditadura

Comentário do jornalista Beneilton Damasceno no Facebook sobre post desse blog sobre o “do pescoço pra baixo é canela” que impera nas eleições de Xapuri: 

“Desde "tresantonte" até o pôr-do-sol de 7 de outubro próximo, seja em Xapuri, Brasília ou em Pauini, nas profundezas do Amazonas, no campo (minado) da política dedo no olho e falso testemunho terão o mesmo efeito de uma cantiga de ninar, ao menos na visão de quem está batendo. Você é testemunha direta, mais do que muitos, dessa rotina do vale-tudo que envolve a avidez mórbida pela fama, pela fortuna, um desejo que, se concretizado, pode ter vida útil (ou inútil)l de até oito anos, incluída a possível recondução ao cargo ocupado. São as baixarias típicas - e naturais, infelizmente - de uma nação que almeja ingressar no Primeiro Mundo, mas com os olhos ainda vidrados no retrovisor do regime militar, extinto há quase trinta anos”.

Meu comentário: Beneilton disse tudo. É inacreditável como o partidarismo cego impele as pessoas a fugir do bom senso e da autocrítica. Lutou-se tanto pela democracia para que hoje ela seja chutada e pisoteada. É o Brasil.

Cidadania para a mulher do campo

Mutirão de documentação no Acre será neste fim de semana em Sena Madureira

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O município acreano de Sena Madureira recebe, neste sábado (22) e domingo (23), mais um mutirão de documentação para mulheres rurais. O evento ocorrerá na reserva extrativista Cazumbá-Iracema, ocasião em que a equipe coordenada por técnicos da Delegacia do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) emitirá, gratuitamente, documentos como carteiras de identidade e de trabalho, além de Cadastro de Pessoa Física (CPF).

Desde 2004, quando o MDA deu início aos mutirões, até este ano, já foram realizados no estado do Acre 81 ações em 77 municípios. Nesse período, os técnicos emitiram 89.009 documentos e atenderam 26.840 mulheres.

A expectativa da coordenadora do Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural (PNDTR) do MDA, Márcia Riva, é de que até o fim de 2012, cerca de 900 mil trabalhadoras rurais tenham sido beneficiadas com, aproximadamente, dois milhões de documentos e outros serviços prestados pelo Programa Nacional de Documentação em todo o País. “Dos quase 5,6 mil municípios brasileiros, o MDA já realizou mutirões em 3.775. Ou seja, 2/3 de todos eles já receberam mutirões de documentação”, ressalta Márcia, ao destacar a importância da documentação para as mulheres do campo.

“As trabalhadoras rurais poderão se dirigir aos locais de mutirão e acessar sua documentação civil, como certidão de nascimento, carteira de trabalho e carteira de identidade. Esses mutirões também oferecem atendimento previdenciário. Então, o INSS sempre acompanha as agendas dos mutirões e, a partir daí, é possível fazer tanto o cadastramento das trabalhadoras rurais na previdência social, como requerer alguns benefícios, como auxílio-maternidade, auxílio-doença e aposentadoria”, explica.

Márcia Riva alerta que, sem essa documentação, as trabalhadoras rurais são impedidas de exercer sua cidadania e, também, de acessar qualquer política pública do governo federal. “Desde 2011, o PNDTR está fazendo emissão da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que é um instrumento identificador das trabalhadoras rurais e das famílias da agricultura familiar. Somente com o DAP é possível acessar programas como o de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar (Pnae)”, pontua.

A coordenadora realçou, ainda, que o fato de, também desde 2011, o PNDTR integrar o Plano Brasil Sem Miséria possibilita que as famílias atendidas nos mutirões passem pelo processo de inclusão social e produtiva, garantindo a elas acesso aos programas de combate à pobreza rural.

Fonte: Ascom/MDA.

“Acidente de trabalho”

Máquina

Procurei informações junto à prefeitura sobre a situação desta máquina, uma moto niveladora que, segundo foi comentado na rede social Facebook, estaria abandonada pela atual administração de Xapuri no “Ramal do Carlinhos”, no Recanto do Equador.

A explicação que obtive foi de que o equipamento pertence a uma empresa de nome Oliveira, que executa serviços referentes a um convênio do Incra com o governo do Estado na região do Projeto de Assentamento Agroextrativista do seringal Equador.

Ou seja, a prefeitura, apesar de ser grande interessada nos serviços que estão sendo executados, não tem nada a ver com a queda da máquina numa ribanceira durante a operação de melhoria de ramais naquela localidade há cerca de uma semana.

Segundo as informações que obtive, a empresa Oliveira estaria aguardando a chegada de uma escavadeira hidráulica do tipo PC para fazer a retirada da moto niveladora. A própria imagem, feita com a câmera de um telefone celular, deixa claro que o incidente foi recente.

O “acidente de trabalho”, como foi classificado o episódio, tem sido eleitoreiramente utilizado como maneira de atribuir desleixo com o patrimônio público à atual administração. Exemplo da paupérrima argumentação que tem sido vista nos palanques da oposição nestas eleições.

É público e notório, no entanto, que equipamentos como esse estão abandonados em alguns locais da zona rural de Xapuri. As últimas administrações, especialmente a do ex-prefeito Vanderley Viana, deixaram várias máquinas jogadas aos deus dará.

É claro e evidente que qualquer administrador público tem responsabilidade sobre o patrimônio deixado em estado de penúria por seu antecessor. Tem a obrigação de recuperar o bem, colocá-lo em operação ou tomar os procedimentos para que seja decretada a sua inviabilidade.

O que não me parece ético para quem aspira administrar o município é que se lance mão de argumentos tão frágeis para depreciar o adversário. Não é admissível que se condene quem dá continuidade ao descaso com a coisa pública inocentando quem o originou.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Tá chegando!

Faltam 17 dias.

Acre receberá R$ 242,2 mil para capacitação

Valor será destinado à formação de técnicos. Gestores têm 60 dias para enviar projetos

Por Wesley Lopes Kuhn, da Agência Saúde

O Ministério da Saúde repassará R$ 242,2 mil ao Acre para capacitar profissionais na área de prótese dentária, por meio da Portaria 2010. A iniciativa faz parte do Programa de Formação Profissional de Nível Técnico (Profaps). A meta é que, com os recursos, seja possível qualificar, em um ano, cerca de dois mil novos técnicos em prótese dentária, em todo o país, ao custo de R$ 6 milhões.

A carga horária do curso será de, no mínimo, 1,2 mil horas, que serão distribuídas entre carga horária teórica e prática. Além disso, o curso contará com estágio supervisionado complementar. As secretarias estaduais de saúde poderão utilizar suas escolas técnicas que tenham curso na área e, na ausência destas, contratará escola técnica que tenha este curso reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação.

“A ampliação de vagas vem contribuir para o programa Brasil Sorridente e permitirá que tenhamos mais profissionais capacitados a prestar um serviço de qualidade em saúde bucal à população”, afirma o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, Mozart Sales.

Os projetos devem ser encaminhados ao Ministério da Saúde em até 60 dias a partir da publicação da Portaria 2010 (da última segunda-feira, 17) a para liberação dos recursos. O projeto apresentado deve seguir as diretrizes da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e as orientações para a elaboração dos projetos constam do anexo da portaria.

Os recursos repassados a cada estado foram definidos com base na Portaria 3189, de 18 de dezembro de 2009.

BRASIL SORRIDENTE - A Política Nacional de Saúde Bucal – Programa Brasil Sorridente, constitui-se de uma série de medidas que têm como objetivo garantir as ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal dos brasileiros, entendendo que esta é fundamental para a saúde geral e qualidade de vida da população. Sua principal meta é a reorganização da prática e a qualificação dos serviços oferecidos, reunindo uma série de ações em Saúde Bucal voltada para os cidadãos de todas as idades, com ampliação do acesso ao tratamento odontológico gratuito aos brasileiros.

Atualmente, existem 21.602 Equipes de Saúde Bucal (ESB) no Brasil, um aumento de 388% em relação a 2002. Elas estão distribuídas em 4.886 municípios, sendo que em 2002 eram apenas 2.302 municípios cobertos.

Os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) servem de referência para as ESB, que encaminham os casos que necessitam de tratamento especializado. Existem hoje 907 centros em todo o País, distribuídos em 752 municípios. E 1.304 municípios possuem Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias credenciados – um investimento do Ministério da Saúde de R$ 102,8 milhões/ano.

Em 2011, o país produziu 300 mil próteses dentárias, número 65% superior à produção de 2010. Até maio de 2012, a produção já foi de 102 mil próteses e a estimativa é que sejam produzidas 400 mil próteses em 2012.

Veja mais: Saúde vai repassar R$ 6 milhões para capacitação.

Acre recebe R$ 425 mil para Projeto Vida no Trânsito

Recursos liberados pelo Ministério da Saúde deverão ajudar o estado a desenvolver ações e programas que melhorem a segurança no trânsito

Por Samuel Bessa, da Agência Saúde

Para fortalecer as ações de segurança no trânsito e reduzir os índices de óbitos em acidentes, o Ministério da Saúde autorizou novos repasses para o Acre, referentes ao Projeto Vida no Trânsito. Serão destinados R$ 250 mil para o estado, mais R$ 175 mil para Rio Branco, o que resulta em R$ 425 mil no total. O recurso faz parte dos R$ 12,8 milhões que vão para todos os 26 estados, o Distrito Federal e as respectivas capitais. A medida visa modificar a cultura de segurança no trânsito a partir da melhora da informação, da conscientização e mobilização da sociedade.

Ao todo, considerando os recursos já enviados desde o início do projeto e os novos repasses, o total destinado para o Acre chega a R$ 800 mil, somando os investimentos direcionados para Rio Branco. Um dos pontos principais do Projeto Vida no Trânsito é qualificação das informações. As secretarias estaduais e municipais de saúde deverão implantar o projeto por meio de articulação com outros setores governamentais e não-governamentais. Eles farão a integração das informações sobre acidentes de trânsito e vítimas (como feridos graves e mortes). Os gestores de saúde deverão, ainda, identificar os fatores de risco e grupos de vítimas mais importantes nos respectivos municípios. A partir desta verificação, os municípios deverão desenvolver programas e projetos de intervenção que reduzam esses fatores e os pontos críticos de ocorrência de acidentes.

“A iniciativa mostra a preocupação do Ministério da Saúde com a violência no trânsito. Uma das prioridades é intervir nos principais fatores de risco, que são responsáveis pelas causas e pela gravidade dos acidentes de trânsito, como o excesso de velocidade e a associação entre álcool e direção. Essas intervenções são desenvolvidas em articulação com outros setores, como educação, trânsito, transporte e segurança pública, dentre outros setores governamentais e da sociedade civil.  Nosso objetivo principal é reduzir a grande quantidade de óbitos e lesões no trânsito, que poderiam ser evitados com medidas preventivas”, observa Marta Maria Alves da Silva, coordenadora da Área Técnica de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes do Ministério da Saúde.

PRIMEIROS PASSOS – Uma capital de cada região brasileira havia sido definida inicialmente, em 2010, para o reforço das ações de vigilância e prevenção de acidentes no trânsito: Palmas (TO), Teresina (PI), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS) e Curitiba (PR). Além dessas cidades pioneiras, o Ministério da Saúde incluiu, em 2011, as outras 22 capitais e mais os estados.

O Projeto Vida no Trânsito resulta também da participação do Brasil num esforço internacional iniciado em 2010 com o Projeto Road Safety in 10 Countries (RS 10), coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Fundação Bloomberg.

Um poema em cada árvore

Mobilização Nacional

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Clenes Guerreiro

No dia 21 de setembro de 2012, data em que se comemora o Dia da árvore, uma rede poetas, educadores, agentes culturais e sociais estarão mobilizados em levar a poesia onde o povo está. É nesse dia que será realizado uma Mobilização Nacional, viabilizando em diversas cidades brasileiras uma edição simultânea do Um poema em cada árvore.

Um poema em cada árvore é uma iniciativa de incentivo à leitura realizada desde agosto de 2010 na cidade de Governador Valadares, Minas Gerais.

Idealizada pelo poeta Marcelo Rocha e realizada pelo Instituto Psia, a iniciativa caracteriza-se por utilizar as árvores como suporte para a leitura, pendurando mensalmente poemas de poetas desconhecidos do grande público nos oitis valadarenses.

Esta foi uma forma encontrada para construir novos espaços de fruição poética, ampliar o acesso da população à poesia e colocar o trabalho de poetas anônimos em contato com novos públicos.

Um poema em cada árvore foi uma das iniciativas premiadas com o Prêmio Viva Leitura 2011, concedido pela OEI - Organização dos Estados Ibero-Americanos, Ministério da Cultura, Ministério da Educação e Fundação Santillana.

A repercussão nacional do projeto somada à sua característica pioneira e de fácil replicação permitiu que diversos poetas, educadores, agentes culturais e sociais brasileiros manifestassem interesse em realizar o Um poema em cada árvore em suas cidades.

E Xapuri, cidade que está sempre inserida nas mobilizações culturais replicadas em todo o país, será um dos municípios que abrigará em suas árvores os poemas de artistas nacionais, ampliando as ações do projeto.

Os articuladores da ação na Princesinha do Acre são os artistas do Grupo Fuxico de Contadores de Histórias de Xapuri e da Cia. Arte na Ruína, que pendurarão os poemas em árvores de locais de grande circulação.

Ao todo serão 25 poemas, onde 10 pertencem a poetas da terrinha.

É a arte da multiplicação e da mobilização social e cultural desse país chamado Brasil.

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Mais informações no site: http://www.institutopsia.org.

Clenes Guerreiro é um dos últimos moicanos da agitação cultural em Xapuri.