sábado, 28 de fevereiro de 2015

VAZANTE

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Com a chegada da vazante, o trabalho de limpeza já começou em alguns pontos alagados pela cheia histórica que atingiu Xapuri. No entanto, a maior parte da área central da cidade continua inundada, com o nível do Rio Acre ainda superior à última grande enchente, ocorrida em 2012, que chegou a 15,57 metros.

RIO ACRE BAIXA DOS 18 METROS EM XAPURI

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Na manhã deste sábado, 28, o nível do Rio Acre desceu da casa dos 18 metros em Xapuri. Às 11:25 da manhã, a medição registrava 17,47 metros, ainda 1,90 metros acima da cota da última grande enchente, ocorrida em 2012, que foi de 15,57 metros.

Nas imediações da igreja de São Sebastião, o trabalho de limpeza já foi iniciado. No entanto, a maior parte da área central ainda continua inundada. Clientes do Banco do Brasil estão impossibilitados de sacar dinheiro e a agência dos Correios também não funciona.

A cidade também passa por uma séria crise de desabastecimento de água, em razão de a principal estação de tratamento do Depasa – Departamento de Pavimentação e Saneamento – ter sido gravemente atingida pela enchente. Paliativamente, o órgão está abastecendo a população com quatro caminhões-pipa.

O último boletim divulgado pela Coordenação de Defesa Civil informa que Xapuri tem 791 famílias atendidas, entre desabrigadas e desalojadas, um total de 2.363 pessoas. Desse total, 405 são crianças com idade entre 0 e 8 anos. 237 têm entre 9 e 18 anos e 271 são idosos. Os adultos são 1.448. Os desabrigados estão em 14 abrigos públicos.

Além da Prefeitura, que teve alagados os setores de administração, finanças, planejamento e  assistência social, mais 24 órgãos públicos das esferas municipal, estadual e federal foram atingidos pelas águas. 

Outros pontos de referência que não escaparam da enchente foram a igreja de São Sebastião, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, a loja maçônica Bandeirantes do Acre nº 01 e a Cooperativa Mãos de Mulher.

Também foi duramente atingido pelas águas o centro de memórias que reúne a Fundação Chico Mendes e a casa em que ele viveu os últimos anos de sua vida, que foi tombada como patrimônio histórico nacional em 13 de fevereiro de 2008.

As áreas afetadas pela maior alagação da história de Xapuri incluem, além do centro da cidade, mais 6 bairros e várias localidades da zona rural. A Coordenação de Defesa Civil estima que 40% da área urbana de Xapuri foi atingida e que os transtornos causados pelo desastre natural foi sentido por quase a totalidade da população.

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Umas das situações mais dramáticas causadas pela enchente foi retratada pelo fotojornalista Sérgio Vale, da Agência de Notícias do Acre, nas imagens que ilustram o post. Dezenas de casas foram arrancadas do solo pela força das águas e algumas foram levadas inteiras pelo rio.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

ENFIM, A VAZANTE

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Depois de atingir a marca histórica de 18,28 metros em Xapuri, o Rio Acre apresentou sinal de estabilização na manhã desta sexta-feira, 27, e começou a vazar no começo da tarde. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o nível das águas se encontrava em 18,24 metros às 14 horas, o que representa uma baixa de 4 centímetros.

Até o último boletim divulgado pela Coordenação de Defesa Civil, o município tinha mais de 700 famílias atendidas. O número de pessoas atingidas pela enchente é superior a dois mil viventes. Desse total, 350 eram crianças com idade entre 0 e 8 anos. 153 tinham entre 9 e 18 e 236 eram idosos. Os desabrigados estão em 14 abrigos públicos.

Na medição das 17 horas, o nível do rio baixou para 18,19 metros.

MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NO ACRE

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O ministro da Integração Nacional. Gilberto Occhi, chegou a Xapuri na manhã desta sexta-feira, 27, para inspecionar os estragos causados pela maior enchente da história da cidade. Junto com ele estavam o governador Tião Viana e a bancada federal acreana.

A comitiva foi recepcionada pela prefeito Marcinho Miranda, que expôs a situação do município e recebeu a garantia do representante do governo federal de que todos os esforços serão feitos para que a cidade enfrente o momento difícil que vem passando.

Gilberto Occhi garantiu que a ajuda emergencial chegará através dos kits de medicamentos, do Ministério da Saúde; e com cestas básicas, água, colchões e kits de limpeza, do Ministério da Integração, e também através do aluguel social.

“O que eu posso trazer para essas famílias, para a cidade de Xapuri e as outras cidades também, é que o governo federal vai se empenhar para trazer toda a ajuda possível para que a vida dessas pessoas possa ser reconstruídas”, afirmou o ministro.

Occhi informou ao governador Tião Viana e o prefeito Marcinho Miranda que uma equipe do Ministério da Integração Nacional vai permanecer no Acre até as águas baixarem para começar a fazer o levantamento das casas atingidas que serão reconstruídas com o apoio do programa Minha casa, minha vida.

De Xapuri, o ministro se dirigiu aos municípios de Epitaciolândia e Brasiléia. De lá retornou para Rio Branco, onde se reuniu com o governador Tião Viana  e equipes da Defesa Civil local. Às 12h45, concedeu entrevista coletiva no Hangar Centro Integrado de Operações Aéreas do Governo do Acre (Ciopaer), no aeroporto da capital.

GOVERNO ENTREGA MEDICAMENTOS EM XAPURI

Márcia Moreira, da Agência de Notícias do Acre.

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Foto: Sérgio Vale/Secom

O governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde (Sesacre), realizou na madrugada desta sexta-feira, 27, a entrega de medicamentos em Xapuri. Ao todo, foram enviados mais de 300 itens, entre eles insumos laboratoriais, como seringas e luvas, e kits de medicamentos para primeiros socorros, como vermífugo, analgésicos, antitérmicos e soro fisiológico.

O objetivo é atender o município que, no momento, passa por uma das maiores cheias já registradas. A Sesacre enviará também remédios para Brasileia e  Assis Brasil, também atingidas pela cheia do rio.

“Estamos levando estes medicamentos para que neste período haja todo o abastecimento necessário ao atendimento à população atingida pela enchente”, explica o secretário Adjunto de Administração e Finanças da Sesacre, Kleiber Guimarães.

O governo, em parceria com todas as secretarias, presta apoio e assistência às prefeituras e à população atingida pelas cheias. “Esse apoio é imprescindível, pois é justamente para atender as pessoas que estão no abrigo em situação emergencial”, diz Jocires Ângelo, coordenador da Defesa Civil de Xapuri.

MINISTRO VERÁ ESTRAGOS DA ENCHENTE

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O ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, virá ao Acre nesta sexta-feira, 27, para inspecionar os estragos causados pelas enchentes e discutir com as autoridades locais um conjunto de medidas de socorro e assistência às vítimas.

Occhi estará acompanhado de técnicos dos ministérios da Defesa, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Educação, da Saúde e da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) do Ministério da Integração.

O ministro chegará a Rio Branco na manhã desta sexta-feira e voará até Xapuri. Em seguida, se deslocará para Brasiléia, onde percorrerá as ruas do município em barcos do Corpo de Bombeiros. A Sedec reconheceu situação de emergência nas três cidades, além de Assis Brasil e Epitaciolândia, nesta quinta-feira (26/2).

No final da manhã, de volta a Rio Branco, Occhi se reunirá com o governador Tião Viana, e equipes da defesa civil local. O ministro concederá entrevista coletiva às 12h45 no Hangar Centro Integrado de Operações Aéreas do Governo do Acre (Ciopaer), no aeroporto da capital.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO

PORTARIA N° 17, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2015

Reconhece situação de emergência por procedimento sumário em municípios do Estado do Acre.

O SECRETÁRIO NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL, com base no Decreto nº 7.257, de 04 de agosto de 2010, Art. 7º, § 3º, no uso da competência que lhe foi delegada pela Portaria Ministerial nº 1.763-A, de 07 de novembro de 2008, publicada no Diário Oficial da União, Seção 2, de 23 de dezembro de 2008, e Considerando o Decreto nº 1425, de 23 de fevereiro de 2015, do Estado do Acre, Considerando ainda as demais informações constantes no processo nº 59050.000203/2015-48, R E S O LV E:

Art. 1º Reconhecer, em decorrência de inundações, COBRADE: 1.2.1.0.0, a situação de emergência por procedimento sumário nos Municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Rio Branco e Xapuri.

Art. 2º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

ADRIANO PEREIRA JÚNIOR – Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Clique aqui para visitar a página do DOU em que está publicada a portaria.

RIO ACRE DIMINUI RITMO, MAS AINDA SOBE

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O Rio Acre ainda não deu sinal de vazante, como era esperado para o dia de hoje após a baixa de mais de um metro ocorrida em Brasiléia nas últimas 24 horas. Em Xapuri, as águas estão acima dos 18,20 metros e mais de 600 famílias estão distribuídas por 14 abrigos da Defesa Civil. O número de pessoas atingidas pela cheia é superior a 1600.

De onde surgiram tantos idiotas no Acre?

Alice Cunha Rodrigues

Olhando sites de notícias me deparo com a manchete “Por medo da cheia do Madeira, líder de igreja no Acre ensina ovelhas a armazenarem alimentos”. Para além do lastimável texto, carregado de lugares comuns e imbecilidades diversas, o fato é que o Kit Dilúvio sugerido pelo pastor Ivanilson Cavalcante, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, é a prova mais que final do tipo de fundamentalismo que vivemos por esses dias. Mas não é isso o foco deste texto, estamos entrando na Era dos Imbecis!

Não contente em interpretar de modo caricatural o texto bíblico, o dito pastor montou um pequeno cardápio para seus seguidores comprarem, no caso do Rio Madeira vir produzir a era diluviana anunciada por ele.

Prova incontestável de como o Acre esta cheio de idiotas, surgidos não se sabe de onde. Os conselhos do pastor nos remete a perda da razão, essa luminária que herdamos dos séculos passados. Em seu lugar, estamos vendo vicejar um mar de superficialidades, pensamento maroto e um sem numero de gentes sem noção.

Vamos repassar algumas pérolas dos “cinquenta tons de cinza do pensamento acreano”:

– “Preparados para o dilúvio”? É a matéria com os conselhos do reverendo Ivanilson;

– “Vai ser muito selfie”. Longo esforço do escriba Ray Melo sobre implante capilar do governador. Talvez seja a prova que podemos ir ainda bem mais fundo no poço das ações desinformativas; O mesmo rapaz, concorrente forte ao posto de desinformante do ano, ”previu” que Jorge Viana sairá do PT e irá para a Rede, aquele aglomerado de hipócritas neopentecostais. Esse Cordeiro vai longe, conta piadas ruins, mas se estudar, quem sabe?

-Coluna da Gina Menezes: “A situação da demissão dos 11 mil servidores é irreversível”. O erro não é nosso, apenas atesta que o vírus da imbecilidade linguística já pode estar em avançada mutação, Isto já é a próxima fase. Entendeu, Abestanildo?

-Diário Oficial: Por falta de espaço as pérolas do DO ficarão para a próxima versão, mas são muitos “causos”.

-Jéssica Sales oferece auxílio aos alagados do Alto Acre: Vai ajudar seu pai a (in)governar Cruzeiro do Sul deputada, por favor!

-Senador Sérgio Petecão subindo o tom e cobrando menos selfie. O nobre parlamentar é um bom carnavalesco, já como senador…

Mas, o que falar dos milhares de zumbis, imbecis de todo quilate que consomem essas noticias diariamente, via redes sociais? Para mim só tem uma explicação plausível: Ou o Acre está sofrendo uma invasão do gênero homo idioticus, ou é mesmo a degeneração da espécie. Difícil decidir qual a mais trágica.

Vou ficar por aqui; O leitor já está ciente do espancamento mental a que somos submetidos diariamente, mas deixo registrado neste matutino o quanto o pensamento, essa atividade de criação e da imaginação humana, está sob ataques.

Ah! A única coisa boa do kit do pastor Ivanilson é que o “sacolão” sugerido por ele vem com feijão, tapioca e até um vidro de molho. Quem sabe, ao nos livrarmos das hordas de idiotas comemoramos com esse kit?

Alice Cunha Rodrigues é acreana de Porto Acre, formada em Ciências Sociais e Letras.

*Artigo publicado originalmente no Página20.net.

Resposta ao desastre

Governo amplia ações de Defesa Civil na enchente histórica de Xapuri

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Em razão do agravamento da enchente do Rio Acre em Xapuri, o governo do Estado resolveu reforçar, em parceria com a prefeitura, as ações de Defesa Civil no município que enfrenta a maior alagação de sua história. O nível das águas alcançou, na manhã desta quinta-feira, 18 metros e 08 centímetros.

A cidade tem um total de 611 famílias retiradas de suas casas, sendo 133 desabrigadas e 478 desalojadas. 1.655 é o número de pessoas diretamente atingidas pelo desastre natural. O número de bairros alagados chegou a sete. Várias localidades na zona rural do município estão isoladas pela enchente.

Para coordenar as ações da Defesa Civil Estadual na cidade, durante o período de crise, o governador Tião Viana enviou para Xapuri o secretário de Segurança Pública, Emylson Farias. Sob a responsabilidade de Farias está o funcionamento de 11 equipes compostas por policiais militares, bombeiros, soldados do Exército e voluntários civis. De acordo com o secretário, o grande objetivo do governo é prestar auxílio e solidariedade à população de Xapuri.

“Nosso papel aqui é conduzir de maneira eficiente e objetiva, juntamente com a prefeitura, todos os movimentos da Defesa Civil Estadual no sentido de minimizar o sofrimento das pessoas afetadas por essa tragédia. A determinação do governador Tião Viana é de que não meçamos esforços para ajudar e confortar essa gente”, afirmou Emylson Farias.

Atendendo solicitação do governador, o 7º Batalhão de Engenharia e Construção – 7º BEC - enviou a Xapuri 11 caminhões traçados e um efetivo de 48 soldados para reforçar o trabalho de socorro às vítimas. No total, 159 homens estão à disposição da Defesa Civil. Além de fazer o resgate de pessoas nas áreas alagadas e de transportar os bens materiais, o trabalho também consiste em viabilizar os abrigos e coordenar a oferta de água potável e alimentação.

O Instituto de Ciência e Tecnologia do Acre – IFAC – está arrecadando donativos para os desabrigados da enchente. Os 16 abrigos disponibilizados aos desabrigados de Xapuri já receberam do governo 300 sacolões e 150 colchões. Da Assembleia Legislativa do Acre chegaram mais 100 sacolões.

Histórico

Águas do Rio Acre entram na igreja de São Sebastião

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O Rio Acre segue subindo. Águas entraram na igreja de São Sebastião por volta das 2h da manhã desta quinta-feira, 26. Xapuri tem um total de 611 famílias retiradas de suas casas, sendo 133 desabrigadas e 478 desalojadas. 1.655 é o número de pessoas diretamente afetadas pelo desastre natural. O número de bairros atingidos chegou a sete, além de várias localidades na zona rural do município. Nível atinge 17,75 metros.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Rua 17 de Novembro

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Depois da Rua 6 de Agosto, a Rua 17 de Novembro, também foi inundada na tarde desta quarta-feira, 25. As duas ruas, que se encontram numa curva onde já existiu o porto da Praia do Zaire, formam o que chamamos de “Centro Comercial de Xapuri”.

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Incrédulos quanto à possibilidade de a enchente os atingir, muitos comerciantes retiraram seus produtos quase que ao mesmo tempo em que a água invadia as lojas. Na primeira imagem, a famosa Casa Portuguesa sendo inundada pelo Rio Acre.

À porta da igreja

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O nível do Rio Acre continua a subir em Xapuri chegando aos 17,20 metros de profundidade na tarde desta quarta-feira, 25, proporcionando uma imagem que talvez jamais tenha sido vista: canoas atracando em frente à igreja de São Sebastião.

Desabrigados

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O último relatório da Coordenação de Defesa Civil, divulgado por volta de meia-noite dessa terça-feira, 24, indicava um total geral de 350 famílias desabrigadas e desalojadas em Xapuri. O número de pessoas atingidas pela enchente histórica somava 861. No entanto, o Corpo de Bombeiros do Acre estima que a quantidade de pessoas afetadas pela alagação já avança na casa dos milhares.

A Defesa Civil está trabalhando com um efetivo de 93 pessoas, entre militares (bombeiros, PM’s e soldados do Exército) e voluntários civis. Esse efetivo está dividido em 8 equipes que contam com o suporte de 19 viaturas, entre caminhonetes, caminhões e caçambas, e 5 barcos a motor. A coordenação desse trabalho está sendo feita pelo tenente Lenio César, do Corpo de Bombeiros Militar do Acre.

Centro de Xapuri sucumbe ao Rio Acre

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O nível do Rio Acre continua subindo em Xapuri e atingiu nível muito próximo dos 17 metros na manhã desta quarta-feira, 25. A Defesa Civil passou a ter dificuldades em fazer a medição da profundidade do rio em razão de a região onde ficam localizadas as réguas do Sistema de Monitoramento e Prevenção de Enchentes estar completamente inundada. Metade do chamado centro histórico da cidade está alagado e grande parte dos comerciantes locais foram obrigadas a abandonar seus estabelecimentos.

Rio Acre avança sobre Xapuri

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Na madrugada desta quarta-feira, 25, a água terminou de invadir as praças São Gabriel e Barão do Rio Branco, em frente à igreja de São Sebastião. A estação rodoviária da cidade também foi alagada. Pela manhã, a água se aproximou do salão paroquial, obrigando a Defesa Civil a remover do local quem ali já estava abrigado da enchente. A Agência dos Correios e a Secretaria Municipal de Assistência Social também suspenderam os serviços para fazer a remoção dos equipamentos.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

“Hora de união”

Tião Viana retorna a Xapuri e reforça apoio ao município no enfrentamento à enchente

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O governador Tião Viana voltou ao Alto Acre nesta terça-feira, 24. Depois de verificar a situação de Brasileia e Epitaciolândia, o chefe do Executivo acreano se dirigiu a Xapuri, onde se reuniu com o prefeito Marcinho Miranda e membros da Coordenação de Defesa Civil para definir detalhes da assistência a ser prestada aos desabrigados.

O governador garantiu a entrega de 300 cestas básicas e de 110 colchões para os abrigos públicos, além do fornecimento de água potável para as famílias desabrigadas. Tião Viana também afirmou que pedirá o auxílio do Exército Brasileiro para ampliar o apoio ao trabalho da Defesa Civil no município. 

“Solidariedade, trazendo apoio e atendendo a todas as necessidades da Prefeitura, da Defesa Civil, do corpo de bombeiros e ao serviço de saúde, da água a todo serviço de mobilidade para diminuir a dor e a perda dessas famílias. É uma hora de união, prefeitura ajudando governo e governo ajudando prefeitura”.

Marcinho Miranda, que havia decretado situação de emergência no município na noite anterior, agradeceu o apoio trazido pelo governador. De acordo com o prefeito de Xapuri, a ajuda do governo é fundamental para para que o município possa garantir às famílias desabrigadas o mínimo de dignidade durante o período que ficarem fora de suas casas.

“O apoio do governo, neste momento, é primordial. O governador veio aqui no domingo esteve de novo aqui e está cumprindo o que foi prometido. Acredito que até amanhã, tudo esteja encaminhado. Sem essa ajuda, não teríamos como garantir às pessoas atingidas por esse desastre as condições mínimas de dignidade e esperança”, disse o prefeito.

Em Xapuri, até o momento, mais de duas centenas de famílias já foram forçadas pela enchente a deixar seus lares por uma das maiores alagações da história. Na última grande cheia, em 2012, o Rio Acre subiu a 15,58 metros de profundidade. No evento atual, o nível das águas supera os 16,76 metros, em medição feita no começo da noite desta terça-feira.

Barqueiro

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Balseiro

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Drama xapuriense

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Alheio ao drama de milhares de pessoas, o rio Acre continua a subir nesta terça-feira, 24, ultrapassando a marca dos 16,50m. Esta é a histórica Rua 6 de Agosto, onde o combalido comércio local ficou bastante avariado. Ao centro, o tradicional Forró do Juvenal. Já se fala ser essa a maior enchente de que se tem conhecimento na história de Xapuri. Será?

Emergência em Xapuri

Imagens do centro de Xapuri na manhã desta terça-feira, 24 de fevereiro. A situação se agrava a cada momento em decorrência da subida contínua do nível do Rio Acre, que alcançou às 8 horas da manhã o patamar de 16,35.

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A Coordenação de Defesa Civil faz apelo para que voluntários se apresentem para ajudar no trabalho de atendimento às vítimas. O atendimento do hospital de Xapuri foi deslocado para o Centro de Saúde do bairro do Pantanal.

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A sede da Polícia Militar de Xapuri foi transferida para a escola Divina Providência. Estima-se que entre famílias desabrigadas e desalojadas, o número supere 250. Xapuri já tem mais de mil pessoas afetadas por uma das maiores enchentes da história.

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A imagem acima é emblemática do drama que Xapuri está enfrentando. Poucos acreditavam que um dia veriam os pés da imagem de São Sebastião, localizada na praça que leva nome do padroeiro da cidade, sob as águas do Rio Acre.

Xapuri decreta Situação de Emergência

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Ainda que os efeitos da enchente histórica que afeta Xapuri neste ano de 2015 estejam causando danos inferiores aos que a vizinha Brasileia está enfrentando, o panorama não deixa de ser desolador na terra de Chico Mendes, onde a própria casa do ícone da cidade e a imagem de seu santo padroeiro não escapam do avanço das águas impiedosas do Rio Acre.

Não é exagero dizer que Xapuri vive um dos momentos mais dramáticos da sua história. O nível das águas chegou a 16,16 a 01h desta terça-feira. A Coordenação de Defesa Civil discute nesse momento a remoção da estrutura da hospital Epaminondas Jácome. Não se sabe ainda para onde transferir a unidade de saúde. As opções são o prédio do IFAC e um posto de saúde recém-construído mas ainda não inaugurado. O quartel da Polícia Militar já começou a ser transferido para a escola estadual Divina Providência.

A Coordenação Municipal de Defesa Civil estima que cerca de 200 famílias foram removidas de suas residências. Destas, 90 estão nos 10 abrigos preparados até o momento para receber vítimas da enchente. O restante foi acolhido por parentes e amigos. Nos bairros, a situação mais grave é a do Braga Sobrinho (Bolívia), que é separado do centro da cidade pelo igarapé Santa Rosa. A rápida subida das águas já cobriu a ponte que dá acesso ao local e ameaça deixar a comunidade isolada.

Diante do agravamento da enchente, a prefeitura resolveu decretar a Situação de Emergência nas áreas do município de Xapuri afetadas pela inundação. O decreto considera a quebra da situação de normalidade e da rotina da população atingida pela enchente, bem como o impacto negativo causado aos sistemas de transporte, saúde pública e segurança global, afetando a integridade e a incolumidade da população, além do exaurimento da capacidade de o município arcar com o imenso ônus causado pela ocorrência e magnitude do evento.

Para atender a crescente demanda de remoções a Defesa Civil está contando com um efetivo de oito equipes compostas por 22 policiais, entre Bombeiros e PM’s, e 36 voluntários civis. Essas equipes estão dispondo de 4 caminhonetes, 9 caminhões e 3 barcos a motor. A secretária de Estado de Comunicação, Andréa Zílio, está mantendo contato neste momento com o Cel. Gondim, comandante do Corpo de Bombeiros do Acre, que deverá enviar mais uma equipe para dar suporte ao trabalho que já está sendo desenvolvido.


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A água se aproxima dos pés da imagem de São Sebastião, na praça que leva o seu nome.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Rio Acre supera cheia histórica de 2012

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A atual cheia do rio Acre já supera a enchente histórica de 2012 em Xapuri e Brasileia. No município vizinho, o nível das águas alcançou o patamar de 14,84 metros na tarde desta segunda-feira, 23, contra os 14,72 atingidos há 3 anos.

Em Xapuri, as réguas do Sistema de Alerta e Controle de Enchentes foram todas cobertas pela água, o que fez com uma nova estaca, na casa dos 15 metros, fosse instalada pela Defesa Civil. A última medição oficial informada por volta das 18 horas, apontou o nível de 15,65 metros, também ultrapassando a cota atingida em 2012, que foi de 15,58m.

Com relação aos desabrigados, a Defesa Civil está trabalhando com dois dados diferentes. Um contabiliza apenas as famílias alojadas nos abrigos. Outro é a soma do primeiro com o número de famílias que foram removidas para casas de parentes. No total, até o começo da noite desta segunda-feira, haviam 156 famílias (cerca 657 pessoas) fora de seus domicílios por força da enchente. Nos abrigos, a quantidade de famílias era de 86 famílias (cerca de 286 pessoas).

A previsão é de que a água continuará a subir nas próximas horas e o clima em Xapuri é de mobilização total. Depois de se reunir com representantes da Defesa Civil Estadual e Municipal, além do comandante do Corpo de Bombeiros do Acre, Cel. Carlos Gondim, o prefeito Marcinho Miranda acaba de informar através de sua assessoria que o decreto de situação de emergência já foi redigido e que será assinado ainda nesta noite.

Decretada a situação de emergência, o município ou estado atingido declara exauridos os recursos para dar resposta à situação estabelecida, e caso o pedido seja reconhecido pelo governo federal, o ente administrativo poderá solitar recursos ao próprio governo federal para reparar os estragos e complementar o atendimento ás vítimas.

Rio Acre chega a 15,42 metros

 

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Com mais de 2 metros acima da cota de transbordamento, rio Acre inunda ruas na área central da cidade. 150 famílias já foram removidas para abrigos e casas de parentes, de acordo com as informações da Defesa Civil. Enchente se aproxima da marca de 3 anos atrás, quando mais de mil pessoas foram desalojadas de suas casas.

Rio Acre supera 15 metros em Xapuri

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A enchente do rio Acre em Xapuri já se aproxima dos níveis atingidos na última maior inundação, ocorrida no ano de 2012. Na manhã desta segunda-feira, 23, a água alcançou os 15 metros e 22 centímetros. 45 famílias já deixaram suas residências, segundo dados da Defesa Civil, mas esse número pode ser maior em razão de muita gente ter se antecipado e saído de casa por conta própria.

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Os locais mais afetados são as ruas Major Salinas e Dom Giocondo, no centro da cidade, e o bairro Braga Sobrinho, mais conhecido como bairro da Bolívia. Pontos das Benjamin Constant e Floriano Peixoto, também já estão sendo atingidos pelas águas. De acordo com a Defesa Civil a situação está se complicando também na zona rural, onde a demanda de atendimentos tem crescido a cada momento.

A Polícia Militar de Xapuri está apoiando efetivamente as ações da Defesa Civil desde que a situação começou a se agravar no município.

"Estamos apreensivos com a situação da cheia do Rio Acre e solidários com as famílias atingidas. A PM em Xapuri foi colocada a disposição da Defesa Civil com materiais e pessoal para apoiar as ações de remoção dos atingidos e outras ações" relata o Cap Silvio, Comandante da 2ª Cia PM de Xapuri.

Mais informações em instantes.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Apoio e solidariedade

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Após acompanhar a situação da enchente do rio Acre nas cidades de Brasileia e Epitaciolândia, o governador Tião Viana se dirigiu a Xapuri, na tarde deste domingo, 22,  para auxiliar e prestar solidariedade às famílias que tiveram suas casas invadidas pelas águas que continuam a subir no município.

Ao chegar ao município, o governador se encontrou com membros da Defesa civil e com o prefeito Marcinho Miranda. Em seguida se dirigiu aos locais da cidade mais afetados pela enchente. Solicitou a moradores que deixassem as casas ameaçadas com antecedência e falou a respeito da delicadeza da situação.

“É uma situação delicada, mas o governo do Estado está integrado com o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e a Defesa Civil para somar esforços no auxílio à população. O importante é que estamos preparados e o resultado que buscamos é que a população sinta a solidariedade, a confiança, as mãos dadas, para que possamos superar esse ciclo da natureza que afeta o Acre e a Amazônia”, afirmou.

O governador também informou que são mais de dez secretarias de Estado envolvidas no atendimento aos desabrigados e que a partir desta segunda-feira,23, estará tratando com o Ministério da Integração e a Defesa Civil Nacional a respeito das medidas complementares de apoio à população.

O prefeito Marcinho Miranda afirmou que o município está empenhando todos os esforços e utilizando toda a estrutura necessária para atender às famílias atingidas. De acordo com ele, abrigos estão sendo preparados em diversos pontos da cidade para receber com as condições mais dignas possíveis para que a cidade possa enfrentar unida a situação.

Até o último boletim informado pela Defesa Civil em Xapuri, haviam 36 famílias retiradas de suas residências, sendo que 24 estão em casas de parentes e 12 em abrigos. O nível das águas às 19 horas deste domingo marcava 14,88 metros. A prefeitura deverá decretar estado de emergência no município no decorrer desta segunda-feira, 23.

Enchente se agrava em Xapuri

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O nível do rio Acre continua a subir em ritmo constante em Xapuri e se aproxima rapidamente dos 15 metros. Com quase um metro e meio acima da cota de transbordamento, as águas já desabrigaram quase 40 famílias na zona urbana do município, segundo os últimos dados informados pela Defesa Civil.

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As pessoas que estão deixando suas casas estão se dirigindo principalmente para residências de parentes. No entanto, vários locais estão recebendo famílias que não têm para aonde ir. A recomendação da Defesa Civil é para que a decisão de sair das casas ameaçadas pelas águas seja tomada o quanto antes. A previsão é de que o rio continue a encher nas próximas horas.

Segurança na travessia do Rio Acre

Responsabilidade de todos

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Depois de receber críticas e ser tachado de hipócrita por chamar a atenção para a desobediência à norma relativa ao uso de coletes salva-vidas na travessia feita pelas catraias entre o centro de Xapuri e o bairro Sibéria, resolvi conversar sobre o assunto com alguns moradores da comunidade localizada na outra margem do rio Acre. 

Não foi necessário ouvir uma dezena de pessoas para que ficasse sustentado aquilo que não é de hoje venho denunciando neste blog: impera no serviço oferecido à população a regra da imprudência, do descaso e até mesmo da irresponsabilidade. O uso obrigatório do item de segurança tem, em vários momentos, negligenciado por usuários e condutores.

É necessário deixar claro que sempre há exceções, mas os relatos denunciam inclusive que alguns condutores de catraias se recusam a entregar os coletes salva-vidas aos passageiros quando está chovendo sob a inacreditável justificativa de que os mesmos ficarão molhados. É exatamente isso o que afirma o leitor João Pereira, morador do bairro Sibéria, em comentário feito na postagem A imprudência persiste:

“Todos os dias eu tenho que fazer essa travessia para ir trabalhar, e sempre quando chove os responsáveis das catraias não deixam as pessoas usarem coletes pois ele falam que vai molhar. Eu sei bem dos perigos que corremos todos os dias nessas travessias!”

Questionado a respeito da reclamação dos usuários do serviço, o condutor da catraia batizada Atlantis, João Cambão, não negou nem confirmou a denúncia de João Pereira, mas disse que já ocorreu de quase ser espancado por um passageiro por ter exigido dele o uso do colete salva-vidas. Observem na imagem que ilustra o post, que a catraia conduzida por Cambão na manhã deste domingo, 22, fazia a travessia dentro das normas exigidas.

Vou ressaltar que essa simples medida de segurança  - o uso do colete salva-vidas – deve ser rigorosamente obedecida por passageiros e condutores de catraias. Sugiro até que diante da negativa do barqueiro em oferecer o colete, o passageiro chame a polícia para que tenha garantido o seu direito de atravessar o rio com um pouco mais de segurança.

Quero ainda aproveitar o post para enfatizar que a cobrança pelo respeito às medidas mínimas de segurança na travessia das catraias não pode ser misturada com a justa reivindicação por uma ponte ligando os dois lados do rio. São duas questões completamente diferentes, apesar de uma se fazer tão necessária quanto a outra.

É fato incontestável que onde houver a possibilidade, por ínfima que seja, da perda de vidas humanas, devem haver medidas preventivas exacerbadas, permanentes e eficazes.  O velho clichê que diz ser melhor pecar por excesso que por omissão nunca foi tão correto e jamais necessitou ser tão levado a efeito. E essa responsabilidade pertence a todos nós.

Nível do Rio Acre continua subindo em Xapuri

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O nível das águas atingiu o nível de 14,49 metros no começo da manhã deste domingo. 16 residências já foram interditadas pela Defesa Civil e as famílias atingidas estão sendo removidas para casa de parentes, para algumas escolas da rede municipal de ensino e para o ginásio de esportes Álvaro da Silva Mota.

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Quase a metade da praça de São Sebastião, localizada no centro de Xapuri, já está submersa. População teme repetição da enchente ocorrida em fevereiro de 2012, quando o nível do Rio Acre ultrapassou os 15 metros e afetou 1.194 pessoas no município.

Navegar é Preciso

Fernando Pessoa

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Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Rio Acre transbordando

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Em Xapuri, o rio Acre ultrapassou a cota de transbordamento, que é de 13,40 metros, no meio da tarde deste sábado, 21. Por volta das 15h as águas alcançaram o patamar de 13,50 metros. Há a previsão de que a situação se agrave nas próximas horas.

De acordo com a Defesa Civil, três famílias já estão sendo afetadas pela enchente e os trabalhos de remoção devem começar a qualquer momento. Os locais mais suscetíveis a enchentes em Xapuri são a rua Major Salinas e o bairro Braga Sobrinho.

Na manhã deste sábado, o CEMADEN – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais alterou o alerta de risco MODERADO para risco ALTO de INUNDAÇÃO para o município de Xapuri.

O CEMADEN informou ainda que a precipitação acumulada nas últimas 96 horas estimada por satélite – Hidroestimador – ilustrou volumes de chuva superiores a 100 mm na maior parte da bacia hidrográfica.

Adicionalmente, a previsão meteorológica para os próximos 7 dias, pelo ETA-15km do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) é de chuva acima de 200 mm na bacia hidrográfica do rio Acre. Esperando-se que o rio Acre atinja a cota de inundação no município de Xapuri nos próximos dias.

Em fevereiro de 2012, o nível do Rio Acre ultrapassou os 15 metros e afetou 1.194 pessoas em Xapuri. O número de desalojados e desabrigados somou 497. Na zona rural, 40 casas foram atingidas desalojando um total de 132 pessoas.

Em todo o Acre foram mais de 120 mil pessoas atingidas pela enchente de 2012.

Atualização: 21h22 da noite de sábado: nível do rio chegou a 13,75 metros.

Enchente

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O nível das águas do rio Acre se aproximou bastante da cota de transbordamento em Xapuri durante a manhã deste sábado, 21. As réguas do Sistema de Monitoramento e Prevenção de Enchentes mediam no começo do dia o nível de 13 metros. Por volta do meio-dia a água já marcava 13,17 metros, apenas 23 centímetros abaixo da cota de transbordo que é de 13,40 metros. No começo da manhã de ontem, sexta-feira, 20, o nível das águas em Xapuri era de 11 metros. Em menos de 24 horas houve uma subida superior a dois metros.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A imprudência persiste

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A definição da imagem feita na manhã desta sexta-feira, 20, não é tão boa, mas permite observar que passados quase três anos do fatídico naufrágio de uma catraia, que resultou na morte de 3 pessoas na travessia do rio Acre entre o centro de Xapuri e o bairro Sibéria, a imprudência e o descaso com normas básicas de segurança continuam a ser regra. 

Contando com o catraieiro, a pequena embarcação transportava 11 pessoas, sem que ninguém fizesse o uso de colete salva-vidas, uma obrigatoriedade no tráfego fluvial. Naquele momento, chovia fino e o rio, com nível próximo dos 11 metros, carregava bastante balseiros, que representam um grande perigo à navegação.

Relembro que após a tragédia de 2012, o acidente foi atribuído à falta de uma ponte entre as duas partes da cidade. Considero-me um dos entusiastas da construção da tão sonhada ponte sobre o rio Acre em Xapuri, mas penso que a falta dela nada teve a ver com aquela tragédia e nem terá com outras que, infelizmente, não estão livres do risco de acontecer. O que motivou a tragédia foi a imprudência pura e simples.

Todos os dias, um sem número de embarcações transportam milhares de pessoas, rios abaixo, rios acima em toda a Amazônia. O transporte fluvial é uma necessidade e sempre existirá. O problema está na resistência à adoção das medidas de seguranças, que já são obrigatórias, mas que devem ser observadas por todos e fiscalizadas pelas autoridades.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A alegria segundo Francisco

João Baptista Herkenhoff

O maior anseio das pessoas, individualmente, e dos povos, coletivamente, é encontrar, nesta vida transitória, a felicidade e a alegria.

No mundo capitalista, onde tudo se transforma em mercadoria, pretende-se fazer da felicidade um objeto de consumo e, por consequência, submetido a operações de compra e venda.

Na contramão do pensamento circulante, marcado pelos desvalores, o Papa Francisco começa sua encíclica “Evangelii Gaudium” (A Alegria do Evangelho) denunciando a falsa alegria:

“O grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho.”

Em oposição à enganosa proposta de felicidade fundada no egocentrismo, Francisco aponta uma outra rota para conduzir nossas vidas:

“Chegamos a ser plenamente humanos, quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para além de nós mesmos a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro.”

As exortações do Papa não devem merecer ausculta apenas dos crentes e dos cristãos, e muito menos receber a restrita atenção dos católicos.

O texto é ecumênico, aberto aos múltiplos pensares contemporâneos. Não pretende, de modo algum, converter quem quer que seja ao redil confessional de Roma.

Numa época em que se faz da mulher um objeto, de forma explícita ou sub-reptícia, Bergoglio exalta a dignidade do feminino e não utiliza meias palavras para profligar o machismo e a violência doméstica.

Segundo prognostico, durante a permanência de Francisco no Vaticano a mulher será admitida ao sacerdócio católico, com lamentável atraso, pois em outras igrejas evangélicas já temos mulheres exercendo, em plenitude, o pastoreio e ocupando as sedes episcopais.

Na Missa do Galo do último Natal, o Papa disse que o mundo precisa de ternura. Papas anteriores doutrinaram que o mundo precisa de Justiça, Solidariedade, melhor distribuição dos bens, convivência harmônica entre as nações. Nunca tinha ouvido um Papa dizer que o mundo precisa de ternura.

O que é essa ternura que o Papa argentino deseja que habite o coração da Humanidade? Essa ternura não resume todos os valores, todas as metas, todos os sonhos?

Parece que, naquele momento, São Francisco de Assis habitou o espírito do seu homônimo: ”Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz.”

A ternura não tem rótulo de um credo religioso, nem está enclausurada nos domínios da Fé. Foi resumida, não por um filósofo, na academia, mas por um cantor argentino, num cabaré: “Tenemos que abrirnos, no hay otro remédio.” (Carlos Cardel).

João Baptista Herkenhoff é magistrado aposentado (ES), professor e escritor.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Na volta às aulas, lição de casa para os pais

Francisca Paris

Início de mais um ano letivo. Aos poucos, milhões de alunos em todo o Brasil, nas redes pública e privada de ensino, começam a encarar o desafio de entrar no ritmo de mais um ano escolar. Se para alguns este desafio parece mais fácil, para muitos o processo é bem mais complicado. E, principalmente para estes alunos que enfrentam maior dificuldade, o envolvimento e a participação dos pais são fundamentais para ajuda-los a se adaptarem à rotina escolar e a conseguirem melhores resultados em seu desempenho pedagógico.

Mas, nos dias de hoje, é comum que aqueles pais que trabalham fora acabem se afastando dos fazeres escolares dos filhos, com a justificativa de estarem muito atarefados. Porém, vale ressaltar que a missão de educar a criança para viver em sociedade, o que vai além de somente ensinar e transmitir conhecimentos, não é exclusiva da escola, é também da família. Logo, é indispensável (e possível) que o núcleo familiar se integre a esse processo de diversas maneiras.

O pai e a mãe podem, por exemplo, auxiliar nas lições e nos trabalhos escolares em um local sossegado da casa, dando dicas, indicando pesquisas, relendo e comentando as atividades realizadas ou mesmo resolvendo alguma dúvida. Porém, eles devem evitar a tentação de fazer o trabalho pelo estudante, uma vez que a tarefa é de responsabilidade do aluno, que deve estar apto a realizá-la com autonomia.

Incentivar a leitura e o gosto por programas culturais desde cedo e participar dos eventos que acontecem na escola, como reuniões de pais e mestres e festas, são outras ações importantes para conhecimento e integração com os professores e demais famílias daquela comunidade escolar. Também vale explorar o novo universo que se abre aos filhos e aprender – ou relembrar – assuntos relacionados a números, plantas, animais, história e geografia, entre outros.

Ao perceber que é acompanhada nesse processo de desenvolvimento educacional, a criança se sente valorizada e importante na vida familiar. Já que os progenitores têm um tempo limitado, devido à correria do dia a dia, eles devem investir em um relacionamento de qualidade, e não de quantidade, no qual os aspectos específicos da escola sejam também contemplados.

Muitas vezes, ajudar os filhos a ter um bom desempenho na escola é uma questão apenas de ouvir seus problemas – mesmo os que parecem irrelevantes –, elogiá-los e repreendê-los quando necessário, orientando-os em cada situação. Para os estudantes obterem bons resultados na escola, algumas palavras-chave são fundamentais, como: estrutura, disciplina, desafios, reconhecimento, motivação, limites, escolhas, segunda chance, compreensão, respeito e muito amor.

Outra dica importante é os pais não esperarem nota máxima em todas as áreas de conhecimento, mesmo que seus filhos sejam ótimos alunos. O importante é que eles tenham bom desempenho, independentemente do ranking da sua turma. Quando os pais têm expectativas muito rígidas em relação às crianças, elas podem se frustrar por imaginarem que precisam alcançar padrões inatingíveis para conseguir aprovação dos adultos. Contudo, é preciso que os responsáveis vejam os grandes esforços dos filhos como boas atuações, mostrando a eles a importância de se esforçar para aprender, aceitando suas limitações.

Também vale ressaltar que um bom desempenho escolar não deve ser condicionado à entrega de mesadas ou presentes em função das boas notas ou após o término do dever de casa. Desse modo, os responsáveis ajudam as crianças a se tornarem independentes e preparadas para as obrigações da vida adulta.

Francisca Paris é pedagoga, mestre em Educação e diretora de serviços educacionais da Editora Saraiva.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A maldição do samba

Hoje é terça-feira de Carnaval e dia de pagode no “Ninho do Urubu” do professor Julinho Figueiredo. O ex-atleta, além de professor de educação física, é dono de letras de sambas de enredo que já fizeram sucesso nos bons tempos da festa de Momo em Xapuri.

Reza, no entanto, uma lenda de que as letras do professor Julinho trazem consigo uma espécie de maldição: os homenageados pelas composições costumam passar dessa para melhor logo que os sambas ganham o gosto popular.

Logo, inexiste por essas bandas quem deseje ser homenageado pelo compositor.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Crise e carnaval no Acre

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Sérgio Roberto Gomes de Souza

No dia 02 de março de 1922 o jornal Folha do Acre publicou uma interessante e curta matéria sobre a realização do carnaval na cidade de Rio Branco, capital do Território do Acre. No período a situação financeira não era das melhores, ainda repercutia fortemente na região a crise econômica que tivera início no ano de 1912, quando a borracha nativa, produzida nos seringais amazônicos, perdeu a supremacia no mercado internacional para os seringais de cultivo do sudeste asiático, o que acarretou na falência de vários seringalistas e comerciantes da região. Percebe-se então que, pelo menos aparentemente, o momento não era lá muito propício para festa, principalmente para as elites locais, as voltas com infindáveis notas promissórias que não tinham como pagar, atolados em dívidas e, como disse Márcio Souza em “A Expressão Amazonense”, tendo que empenhar suas cuecas inglesas para não morrer de fome (SOUZA, 1977).

Para minimizar tanto desânimo, o governador do Território a época, Sr. Epaminondas Jácome, decidiu entregar-se as tentações “momescas” e terminou por propiciar um pequeno entretenimento para a “decadente elite tupiniquim”. O fato foi registrado com regozijo pelo jornal Folha do Acre, que afirmou: “não fora o Sr. Epaminondas Jácome ter aberto os portões do palacete de sua residência e ali, numa alegria comunicativa comparecerem muitas famílias, terça-feira, improvisando-se um baile, passava-se friamente os três dias de carnaval em Rio Branco”. Pelo menos algumas poucas horas de alegria foram propiciadas para os mais abastados, afinal, o sofrimento por terem de dispor-se de patrimônios construídos através da exploração de milhares de seringueiros os angustiava.

Mas e o povo? O que faziam os comuns? Já que o carnaval “oficial” terminou por ficar restrito aos mais próximos de Epaminondas Jácome? O povo foi comemorar, ao seu modo, no segundo distrito, ou Distrito de Empresa como era conhecido o lugar. O ambiente de Empresa não era muito bem visto pela “vitoriana” e hipócrita elite de Rio Branco. Abguar Bastos na obra Certos Caminhos do Mundo descreveu o lugar e seus habitantes a partir da seguinte perspectiva:

Empresa é o lado do comércio. Antigo seringal elevado ao poderio de parte oriental da cidade. Pedaço de terra livre, não se apega a preconceitos. Uma excitante vida noturna. Aos domingos funciona um cinema. Vêm-se marafonas enchapeladas nos camarotes e senhoras honestas, afrontadas, timidamente, nas cadeiras de fila. Cruzam-se nas ruas o rebanho e a matula, profissionais do jogo, “camelots”, ganadeiros, marítimos, contratadores de seringa, contrabandistas, vendedores de coca. Ferozes malsinações escapam dos becos e nas vielas há um crescente rumor de escândalo e vícios. (BASTOS, 1936, p. 66).

O lugar escolhido para homenagear “momo” foi o clube “O Rio Branco”, clube popular situado próximo ao “beco do mijo” e que não deve ser confundido com o “aristocrático clube de cores vermelho e branco cuja sede fica situada no primeiro distrito de Rio Branco. O Folha do Acre descreveu a “festa popular” da seguinte maneira:

O Rio Branco foi o ponto procurado pelos foliões que, conservando ainda as ilusões da brincadeira, mal grado o arrocho de “D. Flagelo”, prepararam suas máscaras e, ajustando a face esses pedaços de papelão pintados, vestidos de ganga, fazenda muito usada em tempos passados, quando Adão ainda era rapaz, ao som da música deliciaram-se dançando chorosos tangos.

Como o período era de crise, champagne e “cerveja fria”, bebidas comumente consumidas durante o período de ápice da borracha, foram substituídas por alternativas, digamos, mais regionais: “A rapaziada chupa algumas frasqueiras de aluá, que com muita honra foi eleito substituto local da champagne e da cerveja, destronadas nesta paragem do inferno verde”.

A espontaneidade do “populacho”, que mesmo sem ser convidado para a festa do Epaminondas resolveu, por conta e risco, mas com muita criatividade criar a sua própria, não foi bem vista pelo jornal que sapecou: “Rapazes assentes junto às bancas dos botequins deixavam ver, no meio de suas boemias, as tristezas que lhes iam a alma”, em uma clara discordância com os festejos populares. Para o jornal, bom mesmo foi o carnaval do Epaminondas; “o baile do palacete do governador correu-se animadíssimo, dançou-se a valer”.

O pequeno artigo, se é que pode ser assim denominado, não procura fazer juízo de valor sobre o poder público organizar ou não o carnaval, apenas ressaltar o caráter popular da festa e dizer que, muito provavelmente, ela ocorrerá com o sem patrocínio oficial, mesmo que com muito aluá e em algum botequim de “caráter duvidoso”.

Sérgio Roberto Gomes de Souza é professor da UFAC.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Carnaval é alegria

Carnaval é uma festa como qualquer outra. Carnaval não têm nada de diabólico ou satânico. A maldade está dentro da cabeça das pessoas. Das supersticiosas, principalmente. Não podemos negar que eventos como esse levam as pessoas a exagerar no consumo do álcool e cometer excessos, mas isso é problema da polícia e da justiça, que estarão lá para conter os ânimos e punir os exageros.

O sofrido povo brasileiro tem todo o direito de aproveitar o momento de festa para extravasar a felicidade. É remédio contra o estresse da batalha cotidiana. Depois, na quarta-feira, deve ir à igreja receber as cinzas na cabeça.

Quanto aos evangélicos, que se recolham aos seus retiros ou façam o que achar conveniente para si, mas respeitando o direito de escolha dos outros, que gostam de carnaval, e que por isso não se tornam menos filhos de Deus.

Dito.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Carnaval sem preconceito

Bom carnaval pra quem é de carnaval. Bom retiro pra quem é de retiro. Cada um na sua, respeitando a liberdade do outro de fazer o que bem entende da vida. E que Deus esteja do lado de todos. Amém.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O amor, o amor materno e o Direito

Gerivaldo Neiva

Certa vez, há muitos anos, um camponês disse à sua amada: - O que quer que eu faça para provar meu amor por você? A amada, em tom de brincadeira, respondeu: -Se é verdade tua louca paixão, corre e vá buscar de tua mãe o coração. O camponês partiu rapidamente e sua amada não teve tempo de lhe explicar que tudo não passava de uma brincadeira. Cego de paixão, o camponês encontrou a mãe ajoelhada e rezando, mas mesmo assim rasgou-lhe o peito e arrancou-lhe o coração.

No retorno, cantando vitória, o camponês caiu e quebrou uma perna, lançando o coração de sua mãe a uma certa distância. Enquanto agonizava de dor, ouviu uma voz: - "Magoou-se, pobre filho meu? Vem buscar-me filho, aqui estou, vem buscar-me que ainda sou teu!"

Em resumo, este é o enredo dramático de uma canção de Vicente Celestino que fez muito sucesso nos anos 30, inclusive servindo de inspiração para um filme, em 1951, com o mesmo nome: Coração Materno.[1]

Como se explica racionalmente, se é que sentimentos tão profundos possam ser explicados pela razão, que um homem, para demonstrar seu amor por uma mulher, arranque o coração do peito da própria mãe e este coração, mesmo assim, compadece-se do filho algoz que cai e quebra a perna: - Magoou-se, pobre filho meu?

Ausente a razão, portanto, pode se concluir que não há lugar para interpretações jurídicas desse fato. O direito não alcança a tragédia humana, seja movida pelo ódio ou pelo amor. Para o Direito, resta a interpretação criminológica do fenômeno que resulta em uma conduta típica. O amor, o ódio e a paixão de nada servem para o Direito.

De outro lado, são esses sentimentos que movem a vida das pessoas e o mundo. Sim, o mundo move-se pela força do amor, do ódio e da paixão. Sendo assim, então, por que o Direito não alcança esses sentimentos quando lida com as tragédias humanas? Pode o Direito, ou qualquer outra ciência, interpretar apenas criminologicamente fenômenos perpassados por sentimentos que só a alma humana pode entender? Enfim, que lugar teria para o Direito as razões de um homem que arranca o coração da mãe para provar seu amor e o amor dessa mãe ao perdoar o filho?

Na verdade, o amor é algo que muito se sente e pouco se explica. Utilizando-se da primeira epístola de Paulo aos Coríntios, o cantor e poeta Renato Russo (Legião Urbana) traduziu muito bem: “O amor é o fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente. É dor que desatina sem doer. [...]É um não querer mais que bem querer. É solitário andar por entre a gente. É um não contentar-se de contente. É cuidar que se ganha em se perder. É um estar-se preso por vontade. É servir a quem vence, o vencedor. É um ter com quem nos mata a lealdade. Tão contrário a si é o mesmo amor”.

Na legislação brasileira, o Código Penal prevê a hipótese do perdão do ofendido para os crimes que se procedem mediante Queixa, extinguindo-se a punibilidade, conforme dispõem os artigos 105 e 107, V, do citado diploma legal. A figura do perdão judicial é prevista no artigo 121, §, do Código Penal, apenas para os crimes de homicídio culposo: Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. Assim, por exemplo, o pai que atropela culposamente o próprio filho ao manobrar o carro na garagem pode não sofrer punição, tendo-se em vista a grave consequência de atropelar e matar o próprio filho.

Por fim, utilizando-se do recurso Ctrl+f, busquei na Constituição Brasileira palavras como amor, abraço, amigo, amizade, beijo, beleza, carinho, dedicação, gostar, música, paixão, poesia, saudade, traição etc. Para minha decepção, só encontreiamor em amortização no artigo 234, Que decepção! Por que estas palavras não estão na Constituição? Será que não pode? Sei que não pode: lei é lei e poesia é poesia! Basta!

Prá não dizer que não falei de flores, na legislação brasileira existe hipótese em que a ausência do amor ou a traição são punidos severamente. Aliás, é a única hipótese de pena de morte no Brasil. De fato, o artigo 355, do Código Penal Militar, prevê a pena de morte para o crime de traição à pátria: “Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil”.

Como se vê, finalmente, estamos muito distantes ainda de construirmos um direito para a vida plena, feliz e abundante. Um Direito que tenha como objetivo proporcionar a felicidade e que tenha a capacidade de entender o amor como o combustível para as relações humanas e das pessoas para com o planeta. Fora disso, a pena de morte continuará em vigor para o crime militar de “traição” e, mesmo que não prevista em lei, para os jovens negros e excluídos das periferias, mortos em tantas chacinas estampadas diariamente nos jornais do país e no choro incontido de suas mães, que lhes perdoarão sempre: - Magoou-se, pobre filho meu?

Gerivaldo Neiva é Juiz de Direito (Ba), membro da Associação Juízes para a Democracia (AJD) e Porta-Voz no Brasil do movimento Law Enforcement Against Prohibition (Leap-Brasil).

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Eletrobrás

A conta de luz vence no dia 19 de cada mês. Aí o cidadão assalariado paga a despesa pelo péssimo serviço de energia no dia 30, tendo em vista que no dia 19 a maior parte desta categoria de trabalhador brasileiro está mais lisa que quiabo. O intervalo de 11 dias é tempo de sobra para que Eletrobrás Distribuição Acre solicite à Serasa a inclusão do nome do consumidor em sua obscura lista de maus pagadores. Cabe aí aquele velho provérbio que apregoa que "todo mau pagador é bom cobrador", considerando que a famigerada empresa que vende a luz nossa de cada dia está longe, muito longe de cumprir com a sua parte no que diz respeito a entregar ao cliente um produto condizente com o preço cobrado. E sim, o cidadão a que me refiro acima é mesmo este blogueiro.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Utopia siberiana

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Pegando carona no movimento pela construção da sonhada ponte que um dia ligará o bairro Sibéria ao centro da cidade de Xapuri, posto fotografia não de muito boa qualidade feita no ano de 2010. Era uma quarta-feira, dia 3 de março. Sob um sol causticante, alunos aguardavam a vez de fazer a travessia através das pachorrentas catraias. Não havia, ainda, o uso dos coletes salva-vidas, só adotados depois que um naufrágio ocorrido em 2012 ceifou a vida de três moradores da margem de lá do rio Acre. Releia aqui.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Ponte Xapuri-Sibéria, apoie essa ideia!

#ponte

Ângela Rodrigues, da redação do ac24horas.

Um movimento social em prol da construção da ponte que ligará a comunidade da Sibéria, em Xapuri, distante distante 180 quilômetros de Rio Branco, tem ganhado força nas redes sociais (Facebook, WatsApp e Youtube).

A campanha intitulada: Ponte Xapuri/Sibéria, apoie essa ideia! reúne toda população: crianças, jovens, adultos e idosos. A ideia de usar a língua de sinais nas fotos e vídeos nasceu da necessidade de inserir um grupo de jovens portadores de deficiência auditiva, residentes na comunidade a participarem do movimento.

A campanha que circula nas redes já reúne milhares de pessoas, de forma individual ou coletiva, posando para foto com as mãos e braços sincronizados formando a palavra: Ponte. Assim, todos pedem de forma universal a construção da ponte, que tem isolado a comunidade do resto do município há pelo menos 50 ano.

Continue lendo em Ac24horas.com

domingo, 8 de fevereiro de 2015

A louvação do Santo nosso de cada dia

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CLÁUDIO MOTTA PORFIRO*

Raras são as vezes em que a nostalgia faz barulho no meu peito, até porque quase nenhuma amargura me persegue, a não ser a do café que nunca tomei desde sempre, a da bílis que não me torna um venal, ou a do boldo que tenho ingerido há tanto tempo que até as contas perdi. Sou feliz de graça. Bebo chopes. Tive uma infância cujas dificuldades foram eficientemente dribladas por pais que usaram dos mais diversos artifícios honestos, em cumprimento da missão árdua que é dar de comer a cinco moleques glutões, fora os filhos de criação que iam aparecendo e que nos faziam os dias serem mais felizes.

Estou no Acre. Sou do Acre. Tenho berço. Isso se chama origem. Orgulhosamente, nasci em Xapuri e um certo amigo um dia deixou escrito em letras garrafais que os itens que mais chamam a atenção no meu currículo não são os acadêmicos, mas o fato de vir de onde venho e ser filho de quem sou. Em verdade, a retidão de caráter e o espírito amistoso reinante na minha família original, e em muitos da cidade princesa, fizeram de mim uma pessoa agradecida a tudo e a todos quantos colaboraram com a minha parca e irresistível ascensão, na graça de Deus.

São Gregório de Nissa, Papa nosso dos primeiros tempos do Cristianismo, anotou que o único dever do homem é agradecer sempre, inclusive por estar vivo. Daí eu remendo com um clichê saltitante, conforme a saudação feita aos meus amigos no Ano Novo de 2015: saúde e paz; o resto a gente corre atrás.

Por estes últimos dias, tenho andado, junto com os irmãos  -  gente de mais de cinquenta voltas ao redor do sol  -  pela cidade princesa observando como o burburinho de agiganta ao redor da festa do padroeiro. Tudo por aqui ainda é bem parecido com a minha época de menino e moleque nos anos sessenta e setenta.

É claro que parte dos nossos amigos daquele tempo já se foram para outros mundos, prestar serviços na Cochinchina ou em Bamako, enquanto enviados de Deus, mas as gerações que os sucedem nos acolhem muito bem e chegam a fazer festa. De passagem pelas antigas vivendas, vamos lembrando os que ali residiam há quarenta ou mais anos. Depois, em contato com pessoas da nossa idade, ou até algumas mais velhas que nós, vamos falando das recordações de um tempo já tão longínquo, o que é muito natural.

Um veio do Rio de Janeiro e está na cidade há quatro dias. Uns cinco vieram de Brasília e estão de hóspedes da irmã mais velha. Mais um que veio de São Paulo e vem tanto que até fez reerguer, no lugar da antiga vivenda, casa bonita na esquina da rua das castanholas com a rua dos jambos brancos. Vieram alguns de Fortaleza. Milhares vieram de Rio Branco. De repente, alguém contou quinze mil pessoas ao todo andando, penitentes, agradecidos, como eu, atrás do Santo.

Mas um, muito especialmente, veio de Belém. Trata-se de um rapaz a quem todos tratam por Zé Linguiça, o que me leva a recordar ainda que no tempo em que jogava futebol  -  ou destratava a bola, como queiram  -  todo um time tinha apelidos os mais esdrúxulos possíveis, mas todos muito engraçados, como é o caso do puxa encrenca, do curica, do malhadeira, do vasquerê, do joão penca, do otário, do pixé-de-galinha, do cu-de-ouro, do mói-de-ferro, do pipiúna, do lata velha, do sola, do tripa, do pirruchinha, do capote, do pomba-de-defunto, do trepa-moleque, dentre outros muitos.

No meu romance, O inverno dos anjos do sol poente, descrevo uma procissão em homenagem a São Sebastião ocorrida, provavelmente, em 1952. É claro que a visão que tenho é a da minha infância participante, a partir, mais ou menos, de sete anos de idade, quando eu já fazia parte das obrigações dos católicos para com a Paróquia, isto, no tempo do Padre Carlos Zuchinni e Padre João Palmieri.

É claro que era um tanto diferente aquela época. Havia, principalmente, uma maioria maciça de seringueiros vindos de todos os rincões do alto e baixo Acre.

A nossa vivenda, então, ficava cheia de redes atadas em todos os lugares. Abrigávamos umas cinco famílias, dentre os parentes do seringal Albrácia e mais uns conhecidos de papai que o recebiam nas suas colocações quando das caçadas em busca da carne de caça com a qual nos provia de proteínas e nutrientes básicos, posto que os carboidratos eram garantidos pela padaria onde o estivador também trabalhava de manhãzinha, entre cinco e sete e meia da matina.

Dentre todos, hospedávamos umas quinze crianças. Estas dormiam no chão mesmo, de qualquer jeito. Em compensação, a farra era eletrizante. Mais da metade era composta por mocinhas e meninas, o que arregalava os olhos dos mais velhos lá de casa, principalmente, umas três da família do Seu Paraíba, do seringal Vista Alegre, muito bonitas, sim.

E o que vejo hoje...

São quatro da tarde do dia vinte de janeiro. Há pouquíssimos seringueiros. Entretanto, contaria mais de mil carros estacionados, basicamente, nas ruas onde o cortejo não passará. A procissão é um mar de gente bem calçada nos seus tênis importados, bem vestida nos seusjeans de luxo e perfumada em herreras e ferraris, ao contrário do que ocorria anteriormente, quando homens e mulheres tinham no suor aquele cheiro enjoativo da seringa verde com a qual produziam os seus sacos de encauchado utilizados para o transporte das roupas de chita pobre.

Ao meu lado uma moça da paróquia faz malabarismo fotográfico usando um pau do selfie. Um amigo já não bate um retrato, mas tira uma foto a partir de um telefone celular de última geração, aquela de ontem à tardinha. Lá estão estampados três josés bafejados pela fortuna que é ter nascido neste rincão amado. O Zé Cláudio, o Zé Maria e o Zé Linguiça, quase irmãos e até parecidos, porque os une o sangue espesso vestígio da herança deixada pelos pioneiros que vieram de muito, muito distante, em fins do século dezenove e inícios do vinte... Uns chegaram do nordeste brasileiro. Outros eram oriundos de Portugal, na Europa. Outros tinham por pátria a Síria e o Líbano, na Ásia. Quanta bravura! Aqui de novo rendo as minhas homenagens a estes homens e mulheres que em muito contribuíram para o erguimento desta civilização de gente de bem.

Xapuri, minha terra querida

O teu solo é também brasileiro

Os teus gritos e glórias passadas

Percorrem o Brasil Inteiro.

Minha risonha cidade

Cheia de encantos sem par

Quisera aqui nestes versos

A tua beleza cantar. [...]

A melodia do hino de Xapuri é uma peça valiosíssima que nos foi legada pelo Maestro Zeca Torres, um xapuriense de valor reconhecido nacionalmente.

Venho de uma família católica. Nasci em meio à movimentação de uma comunidade voltada para a construção da sua Igreja. Sou extremamente grato ao santo guerreiro por todas as coisas boas que me acontecem desde o dia em que houve por bem ser dado ao sol de um abril qualquer na cidade princesa.

30 de janeiro. E eu cá estou, de férias na belacap, com os olhos plantados no mar atlântico e o coração voltado para Xapuri, onde enterrei o umbigo e toda a primeira dentição.

Louvado seja São Sebastião! Para sempre seja louvado!... Amém! 

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*Autor de Janelas do tempo, livro de crônicas, de 2008; e O inverno dos anjos do sol poente, romance, de 2014, à venda na Livraria Nobel do Via Verde Shopping.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Ponte da Sibéria

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No dia 7 de outubro de 2011, ocorria pela primeira vez na história uma audiência pública reunindo todos os segmentos sociais de Xapuri em torno de um sonho comum: a construção de uma ponte. Seringueiros, pecuaristas, comerciantes, donas de casa, estudantes, religiosos e políticos das mais diversas correntes. Eles estavam todos lá, unidos por um sonho que nasceu há quase 30 anos a partir do anseio dos moradores de uma pequena comunidade chamada Sibéria, separada do restante da cidade pelo rio Acre, isolamento que para a quase totalidade de seus moradores, gente oriunda da floresta ou descendente de quem nas matas viveu e morreu, representa, numa síntese de muitos sofrimentos e dificuldades, a limitação da própria condição de cidadania.

Clique aqui para relembrar o que aconteceu naquele dia.