terça-feira, 30 de setembro de 2008

50 anos de prisão para duplo homicida



Foi confirmada a expectativa de que Jorge dos Santos Cunha, o Jorge do Có, 24 anos, seria castigado com uma pena rigorosa por haver matado por motivo fútil e sem dar chances de defesa a seu sogro, Francisco Pereira da Silva, 52 anos, e seu enteado, Anderson da Silva Boles Filho, o "Tadeuzinho, de apenas 4 anos de idade. Por unanimidade os 7 jurados atenderam aos pedidos da acusação e condenaram o réu que foi sentenciado pelo juiz Anastácio Lima de Menezes Filho a 50 anos de prisão pelos dois assassinatos.

O julgamento, aguardado com muita ansiedade, foi um dos mais rápidos ocorridos nos últimos tempos na comarca de Xapuri. Em menos de seis horas a sessão do Tribunal do Juri foi encerrada com a leitura da sentença. Sem argumentos para defender um réu confesso de um crime tão brutal o defensor público Rodrigo de Almeida muito pouco falou em defesa do acusado. O promotor Mariano Jeorge de Souza Melo emocionou o público ao simular o depoimento de Anderson, o Tadeuzinho.

"Um julgamento justo, diferente daquele em que Jorge foi juiz e executor de uma sentença injusta de morte", disse o promotor.


Com colete à prova de balas, Jorge do Có ouve, de cabeça baixa, a sentença: 50 anos.

Clique aqui para ler todas as postagens sobre o caso Jorge do Có.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo

Por determinação do juiz eleitoral da segunda zona de Xapuri, Anastácio Lima de Menezes Filho, retirei do blog quase uma dezena de postagens relacionadas à disputa eleitoral em que o magistrado e o Ministério Público Eleitoral entendem que ofendo, desprestigio e prejudico, com minhas opiniões, o candidato da coligação Visão de Águia, Vanderley Viana de Lima, ao mesmo tempo em que enalteço a candidatura de Ubiracy Vasconcelos, da Frente Popular de Xapuri, liderada pelo Partido dos Trabalhadores, do qual sou - pública e notoriamente - filiado e militante.

Não constesto a decisão do juiz, reconheço as opiniões parciais quanto a este pleito, mas esclareço que não as emiti em desrespeito à legislação eleitoral e sim por entender que um blog fosse um diário pessoal na internet que não correspondesse, propriamente, a um veículo de comunicação formal, submetido às mesmas regras e normas que a mídia tradicional. Quero deixar claro também que essa postura é restrita ao que publico no blog e nada tem a ver com a linha editorial da emissora de rádio para qual trabalho bem como do sistema de comunicação a que ela está integrada.

Além de suprimir as postagens, o juiz determina ainda que eu me abstenha de emitir, de forma verbal ou escrita, opiniões favoráveis ou contrárias a candidatos envolvidos na disputa de Xapuri até o dia da eleição. No meu entendimento, após o fim do período eleitoral, as mesmas podem ser restituídas ao seu devido lugar, uma vez que, com o resultado das eleições consumado, não haverão mais motivos para tal impedimento.

Jorge do Có no banco dos réus

Jorge Santos Cunha, Jorge do Có ou simplesmente "Monstro do Seringal", trucidou sogro e enteado em junho deste ano.



Com um forte esquema de segurança e uma grande multidão disputando uma das poucas cadeiras da pequena sala das sessões do Fórum de Xapuri teve início na manhã desta terça-feira (30) o julgamento de um dos casos de homicídio mais brutais e repercutidos dos últimos anos no município. No dia 5 de junho deste ano, na colocação Vai-quem-quer, seringal Boa Vista, Jorge Santos da Cunha, 24 anos, o “Jorge do Có”, assassinou com requintes de crueldade o seu sogro, Francisco Pereira da Silva, de 52 anos, a tiros de espingarda calibre 20, e o seu enteado Anderson da Silva Boles Filho, o “Tadeuzinho”, de apenas 4 anos, a golpes de facão. A fúria do assassino foi tanta que o garoto foi degolado e teve uma das mãos decepada, comportamento que lhe rendeu a alcunha de “Monstro do Seringal”.

De acordo com informações da polícia, problemas familiares foram as causas do crime brutal que abalou a cidade. Uma separação mal resolvida e a negativa da esposa, Lenira Marques da Silva, em reatar a relação foi o estopim para a tragédia. Jorge do Có era tido pela família das vítimas como um homem violento e já havia feito ameaças de morte contra o sogro há algum tempo. A violência do crime chocou até mesmo os policiais que se dirigiram ao local na época para resgatar as vítimas. Ao ser preso, Jorge do Có afirmou que vinha sendo ameaçado pelo sogro e que matou para não morrer. Sobre o que justificaria matar uma criança de apenas quatro anos, que ele criou desde pequena, segundo ele, como se fosse seu próprio filho, respondeu: "Eu não sei, acho que perdi o controle e depois não sei mais de nada".

O réu chegou ao Fórum de Xapuri por volta das 09h30m da manhã, depois de o veículo da penitenciária de Rio Branco haver tido problemas por duas vezes no trajeto até Xapuri. O atraso só aumentou a expectativa do público para acompanhar o julgamento. A sala das sessões ficou imediatamente lotada e muita gente do lado de fora à espera de uma oportunidade para assistir pelo menos uma parte da sessão do júri. Com um forte aparato policial e usando colete à prova de balas e bem mais gordo que quando foi preso há quatro meses, Jorge do Có, permanece de cabeça baixa, sem olhar para o público. Foram arroladas no processo apenas 3 testemunhas, dois dos quais policiais militares que participaram das buscas ao criminoso, e há a expectativa de que o julgamento não entre pela noite.
Familiares das vítimas estão presentes no Fórum e pediram punição para Jorge do Có pelo duplo homicídio cometido. Lenira, ex-esposa do acusado e filha de Francisco e mãe de Anderson, as duas vítimas, aguarda que Jorge seja condenado à pena máxima pela brutalidade que cometeu. O defensor público Rodrigo de Almeida Chaves, que faz a defesa do acusado, disse que aguardará o posicionamento da acusação para definir que estratégia adotar para os debates que ocorrerão logo mais. Já o promotor Mariano Jeorge de Souza Melo garante que o acusado sairá do julgamento com uma sentença próxima à pena máxima. O juiz Anastácio Lima de Menezes Filho, da vara criminal de Xapuri, preside o julgamento.
Atualização: 13h05m - O julgamento de Jorge do Có aproxima-se do fim. Neste momento, os jurados estão na sala secreta procedendo a votação dos quesitos. A previsão é de que em menos de uma hora o veredito seja anunciado e a sentença proferida pelo juiz Anastácio Lima de Menezes Filho.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cartunista Braga



O cartunista Francisco Braga, 44 anos, é cearense radicado atualmente no Rio de Janeiro, de onde assina o seu Bragger, blog através do qual expressa sua opinião sobre o cotidiano brasileiro por meio da sua arte. Residiu no Acre por 14 anos. Em 2006, venceu a 7ª edição do prêmio José Chalub Leite de jornalismo com a charge Oh, Xapuri, sobre a polêmica poda feita naquele ano pelo prefeito Vanderley Viana nas árvores da praça de São Sebastião, que resultou em denúncia por crime ambiental.



Visitar o blog do Braga é garantia de informação mesclada com uma boa dose de diversão. Confira mais algumas charges.

Lula sobe



Agência Estado

A aprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva subiu de 72% em junho de 2008, para 80% em setembro, divulgou hoje a pesquisa CNI/Ibope. Por outro lado, a desaprovação caiu de 24% para 17% no mesmo período. O documento informou que o índice de aprovação é o mais alto já obtido pelo presidente Lula.

A avaliação do governo Lula em ótimo ou bom subiu de 58% para 69%, o melhor resultado para o atual governo e o segundo melhor desempenho de um governo desde o início da série histórica CNI/Ibope. Em setembro de 1986, na vigência do Plano Cruzado, o governo do presidente José Sarney obteve 72% de avaliação positiva.

Já a avaliação ruim ou péssima recuou de 12% em junho para 8% em setembro e a avaliação regular do governo caiu de 29% para 23%. A CNI/Ibope também revelou que o governo Lula alcançou a nota média mais alta desde que teve início, atingindo 7,4 numa escala de 0 a dez.

Puro talento xapuriense



A xapuriense Rannife Augusta Carvalho de Oliveira, vencedora do prêmio Garibaldi Brasil de Literatura na categoria romance, recebeu, no último sábado, em Rio Branco, o cheque-prêmio de R$ 1.250,00 pela importante conquista. Não encontrei nos jornais nenhuma informação sobre o evento, mas o importante é registrar aqui, mesmo que somente em imagem, esse momento especial para a jovem autora da obra "O homem da rua Sadala Koury".



Outros dois xapurienses também foram premiados na 1ª edição do prêmio Garibaldi Brasil. José Cláudio Mota Porfiro (de chapéu) e Elenckey Barbosa Pimentel, que posam na foto com Rannife Augusta.

Puro talento xapuriense.

Xapuri merece respeito




O slogan de campanha do candidato Bira Vasconcelos (PT/PC do B) foi incorporado pelo discurso do governador Binho Marques, na última sexta-feira, em mais um ato político de peso da Frente Popular de Xapuri, quando as cerca de 600 pessoas presentes deram um abraço na praça da igreja de São Sebastião. Binho garantiu que no dia 1º de janeiro coloca tapumes na praça para que a próxima festa do santo padroeiro, que acontece em 20 de janeiro, já ocorra com aquele espaço de "cara nova". A atividade foi considerada altamente positiva, pela coordenação de campanha do 13, para um sábado à tarde. Mais uma vez a militância se fez presente com suas faixas e bandeiras. O clima é de confiança e de muito trabalho no comitê majoritário.

sábado, 27 de setembro de 2008

Abraço no coração de Xapuri



O governador Binho Marques chegará logo mais a Xapuri para participar do grande abraço no coração da cidade, mais uma atividade de impacto, que está sendo cuidadosamente organizada pela coordenação da campanha do 13, depois da gigantesca passeata que tomou as ruas, no último dia 19.



A concentração acontecerá na praça da igreja de São Sebastião e toda a quadra compreendida pelas ruas 24 de janeiro, Benjamin Constant, Dr. Batista de Moraes e Pio Nazário será circulada pelas pessoas de mãos dadas, num ato simbólico de um grande abraço.



Será mais uma oportunidade para se ver a força e a beleza que a militância petista está esbanjando nestas eleições. Nesta campanha, a Frente ganhou a adesão de crianças, idosos e, é claro, das belas mulheres desta terra.

Passeata do 23


Vanderley e Iara Melo

Não surpreendeu positivamente, mas também não foi ruim a passeata da coligação Visão de Águia (PPS/DEM), que tenta a reeleição do prefeito Vanderley Viana no município de Xapuri. Menos de mil pessoas participaram do evento realizado na tarde desta sexta-feira (26) nas ruas centrais da cidade. Muita criança, cavalos e uma bandeira gigante em verde e amarelo deram um efeito especial à atividade.



No ato que se seguiu à caminhada, a certeza da vitória e os costumeiros ataques contra os adversários. Vanderley e Iara parecem tomar um fôlego extra nesta reta final e talvez não se saiam tão mal quanto muitos esperavam. Quanto às chances de vitória, considero mínimas. O imprevisível resultado da eleição em Xapuri, no próximo dia 5, deverá ser conhecido antes das 7 horas da noite.

Crédito das fotos: Josimar Tavares, blog Xapuri na Foto.

A força da Frente na capital



Presenciei, na tarde de ontem, a força da campanha de Raimundo Angelim para a prefeitura de Rio Branco. A vitória deverá vir, massacrante, já no primeiro turno. Cerca de 20 mil pessoas participaram da caminhada da Frente Popular, que tomou o centro de Rio Branco. A foto é do Altino Machado.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Basa renegocia dívidas de crédito rural

Fernanda Gomes

O produtor rural que possui dívidas do Pronaf, Procera ou de outros programas de crédito rural, deverá atender o prazo para fazer a renegociação do financiamento, conforme a medida provisória 432. 30 de setembro é a data limite para ir até a agência e assinar o termo de adesão a renegociação de dívidas.

A assinatura do termo de adesão e o pagamento de dois por cento do valor da parcela vencida vão fazer que o produtor coloque em dias as parcelas inadimplentes, pagando com redução dos juros cobrados, como explica o gerente do banco da Amazônia, em Xapuri, Abdon Eluan.

O gerente do Banco da Amazônia em Xapuri afirma ainda que o produtor que não procurar a agência dentro do prazo terá desvantagens no pagamento da divida.

Existem formas especiais de negociação. No Procera, por exemplo, o desconto pode ser de até 90% na quitação da dívida. já para as modalidades A e A/C do Pronaf o produtor poderá ter um abatimento de 40%. Mas para refinanciar o plano, o trabalhador rural tem que pagar só 2% do que estiver devendo.

Em Xapuri cerca de 500 produtores rurais estão em situação de atraso e até o momento menos de 100 procuraram a agência do Banco da Amazônia para a assinatura do termo de adesão.
O atendimento ao público do banco da Amazônia em Xapuri é de 9 horas da manhã a uma da tarde.

Agente Jovem

Joseni Oliveira

Voltado para jovens de 15 a 17 anos de idade, o projeto Agente Jovem é desenvolvido em Xapuri desde 2006. Durante esse período mais de 50 adolescentes já participaram do programa. O projeto atende jovens em situação de risco e vulnerabilidade social, pertencentes a famílias com renda per capita de até meio salário mínimo. Em 2008, apenas 14 adolescentes estão participando do programa. Destes, apenas quatro estão recebendo o benefício no valor de 65 reais.

A coordenadora do programa Agente Jovem em Xapuri, Raiane de Souza Cardoso, explica que houve uma mudança no programa e que o problema está sendo resolvido para que no prazo de um mês os adolescentes recebam o benefício através do CPF.

O programa Agente Jovem visa o desenvolvimento pessoal, social e comunitário desses jovens. Proporciona capacitação teórica e prática, por meio de atividades que não configuram trabalho, mas que possibilitam a permanência do jovem no sistema de ensino, aprendizagem e formação cidadã preparando-os para futuras inserções no mercado de trabalho.

Este será o último ano do programa em Xapuri. Em 2009, todos os adolescentes serão inseridos no Projovem – Programa Nacional de Inclusão de Jovens. Ele é o resultado da integração de diversos programas para a juventude do governo federal e tem como objetivo promover a reintegração desses jovens ao processo educacional oferecendo oportunidade de qualificação profissional e de desenvolvimento humano.

Vanderley não desiste

O prefeito Vanderley Viana espalhou pela cidade uma carta negando os boatos comentados aqui, de que poderia desistir da sua candidatura para apoiar outro candidato que não fosse do PT, caso não melhorasse sua situação nos últimos 10 dias de campanha. Furioso como sempre, atribuiu os boatos aos adversários, a quem chama de mentirosos que querem ganhar as eleições a qualquer custo, e garantiu que mais uma vez sairá vitorioso no próximo dia 5.

Indecisos

A 10 dias das eleições municipais, candidatos correm atrás dos eleitores indecisos para melhorar a situação na corrida pela prefeitura mais cobiçada do estado. Com quatro candidaturas e nenhuma pesquisa registrada no TRE, o eleitor xapuriense não tem uma noção real de quem está na frente. Consultas internas da Frente Popular apontam favoritismo de Bira Vasconcelos, mas, como no futebol, política é uma caixinha de surpresas, vide as últimas, que deram vitória a Vanderley Viana, e por aqui eleições costumam ser decididas do dia da votação.

De acordo com as mesmas consultas há, em Xapuri, cerca de 11% de eleitores indecisos, que, considerando-se o eleitorado absoluto, correspondem a algo em torno dos 1000 votos, número que numa eleição acirrada - que pode ser decidida voto a voto - tende a fazer muita diferença.

Manoel Moraes, da coligação Pra desenvolver Xapuri (PSB/PP), se baseia também em consultas internas para afirmar que disputa a cadeira de prefeito com Bira. Marcinho Miranda, que vinha aparecendo sempre bem nos números informais, começou a aparentar uma queda na reta final, mas acredita que chegará bem na disputa, com base no trabalho que vem sendo realizado na zona rural. O prefeito Vanderley Viana, candidato à reeleição, é dono de um eleitorado fiel que, somado à condição de mandatário, com a máquina administrativa nas mãos, sempre será um candidato respeitável, do ponto de vista da disputa.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Pobre política

Frei Betto

Pobre política dos tapinhas nas costas, mãos ansiosas por punhais sob sorrisos amarelos desenhados nos potes de mágoas derramados no coração. Pobre política do "ouvi dizer", das maledicências esgueirando-se por gabinetes, a corroer dignidades, esgarçar patrimônios morais e aspergir cizânia nos campos da decência.

Pobre política da pose maquiada para a foto, abraço descosturado de afetos, olhar altivo, o papagaio de pirata empoleirado sobre o alpiste da fatura de votos.

Pobre política das entrevistas repletas de palavras e vazias de sentido, dos discursos adjetivados de promessas vãs, das recepções encharcadas de venenos retóricos, das audiências purgatoriais, das homenagens alinhavadas, às costas, pelo próprio homenageado.

Pobre política que soma votos subtraindo princípios, faz conchavos inconfessáveis e promove acertos guardados no cofre de sigilos inomináveis. E das coligações órfãs de projetos, do balcão empregatício, dos presentes perfumados de sedução.

Pobre política da clonagem de salários e remunerações, vantagens e voragens, garimpeira de influências e alpinista luxenta de quem abomina a própria origem.

Pobre política da voz elevada rebaixando secretárias e contínuos, da máscara da autoridade cuspindo fel, da pessoa refém da função, do apego desmesurado ao poder, da mendicância cotidiana de atenções e agrados.

Pobre política das portas trancadas à turba que perturba, dos tapetes alérgicos à poeira das sandálias e botinas, das cerimônias que içam o ego e afogam o dever de bem governar.

Pobre política a sacrificar, no altar da pátria, a vida em família, o lazer, as amizades. E que impede o prazer de nada fazer, só ser.

Pobre política do corporativismo eleitoreiro, do repasse escuso de recursos, do partido de aluguel, do caixa-dois e do silêncio dos inocentes.

Pobre política da conquista iníqüa de bens sonegados aos pobres, das mesuras cínicas, das mulheres convidadas a emoldurar a sala, da atitude déspota de quem sequer cumprimenta ascensoristas, motoristas, porteiros e garçons.

Pobre política destituída de conteúdos históricos, atolada na rasteira trivialidade de costuras inócuas, indiferente ao sacrifício e à luta de tantos que padeceram para imprimir à convivência entre humanos a marca gêmea da liberdade e da justiça.

Pobre política da competição mesquinha, cega aos horizontes utópicos, enredada na burocracia farisaica que coa mosquitos e engole camelos, farsa pusilânime que, no proscênio, esconde a tragédia de tantas esperanças fraudadas.

Pobre política dos discursos desajuizados, proferidos na veemência despida de ética, ecoando rancores. E das aleivosias moldadas pela conveniência, disfarçadas de firmeza enquanto os pés chafurdam no lodo das negociatas.

Pobre política da veneração desmesurada ao poder, do desfibramento ideológico, da despolitização dos eleitores, da indigência de estratégias imunes ao calendário do próximo pleito.

Pobre política da prepotência de quem ignora que cargos não alongam estaturas, nem a moral, e enche o peito de virtuais medalhas concedidas pela própria vaidade de quem se julga acima da média.

Pobre política insensível à dor inaudível, ao tresloucado no trampolim do desespero, ao endividado, ao demente, e ao que, embaixo do viaduto, aguarda a intervenção divina. Pobre política? Podre política.

*Frei Betto é escritor.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Xapuri no Valor Econômico

A repórter do jornal Valor Econômico (SP) Daniela Chiaretti esteve recentemente em Xapuri e produziu uma extensa reportagem a respeito da cidade conhecida internacionalmente pelo legado ambientalista de Chico Mendes, mas que, na realidade, de verdadeiramente ecológica não tem muito o que mostrar. Aqui, a jornalista se deparou com a nua e crua realidade dos filhos de uma terra tão afamada. Lixo amontoado nas praças, um famoso buraco de esgoto a céu aberto a alguns metros da Casa de Chico Mendes e um prefeito folclórico que varre as ruas à moda Jânio Quadros, mas cuja vassoura é uma possante mangueira d'água, numa total falta de consciência ambiental.


Vanderley Viana: limpeza de ruas com jatos d'água e conversa fiada de ter gastado R$ 2 milhões em iluminação pública. A cidade vive às escuras no sentido literal e no figurado.

A reportagem faz também uma análise, sem arriscar prognósticos, da disputa eleitoral para a prefeitura da cidade de Chico Mendes, que tem quatro candidaturas. Um exagero, segundo ela, para uma cidade tão acanhada. Daniela Chiaretti conversou com populares e candidatos e constatou que a pecuária, maior ameaça à reserva extratista que leva o nome do herói morto em defesa das matas, pauta também a campanha da maioria dos aspirantes ao poder no município. Um candidato a prefeito e dois candidatos a vice-prefeito são pecuaristas, o que seria um contra-senso à história da cidade na defesa do meio ambiente tão divulgada mundo afora. A seguir, a reportagem na íntegra:

Pecuária pauta campanha em Xapuri

Daniela Chiaretti

Xapuri cabe no ditado. A vala com esgoto a céu aberto, desaguando logo abaixo no rio Acre, a poucos passos da casa onde viveu e foi assassinado o líder seringueiro Chico Mendes, mostra que santo de casa não faz mesmo milagre. A cidade acreana que há 20 anos projetou internacionalmente o desmatamento da Amazônia dentro do debate ambiental, não é, exatamente, ecológica.

Doze quilômetros de estrada pavimentada, ladeada por mudas de seringueira, levam à sede do município. Do lado esquerdo da Estrada da Borracha, a construção novinha da fábrica de preservativos Natex indica a aposta de futuro para o lugar da Amazônia onde a cultura seringueira é mais forte. Pouco antes, ainda na BR-317, uma cerca negra limita a fazenda Paraná. Todos que conhecem, apontam a propriedade - só divergem sobre o paradeiro dos donos. Pertence aos Alves, os assassinos de Chico Mendes. Darly Alves Pereira e o filho Darcy foram condenados a 19 anos de prisão. Fugiram, foram recapturados. Darly estaria na penitenciária de Rio Branco. O filho, Darcy, em liberdade condicional. "Para melhor dizer, depois da morte do Chico, nunca mais eu vi a cara do Darly", conta Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão, primo do Mendes famoso em todo mundo. "Darcy, a informação que tenho, é que cumpriu pena em Brasília e segue por lá."

O calor é inclemente. Depois do almoço ninguém agüenta, lojas fecham, o povo some. Hora da sesta. Na rua do comércio, diante dos casarões restaurados, passam motos, uma ou outra caminhonete, várias bicicletas. Os habitantes medem desconfiados quem vem de fora. Talvez seja hábito adquirido no cotidiano violento dos anos 70 e 80, quando a disputa pela terra atingiu a temperatura máxima no fim de tarde de 22 de dezembro de 1988. Chico Mendes desistiu do dominó que jogava com dois seguranças, levantou-se da mesa da cozinha, pediu à mulher a toalha nova, colocou-a sobre os ombros e abriu a porta de trás, querendo tomar banho. Os tiros o atingiram no peito. Deu alguns passos e caiu morto, na soleira do quarto dos filhos, 32 estilhaços de chumbo no corpo. A morte violenta do seringueiro que queria proteger a floresta, uma de inúmeras que ocorreram por ali, repercutiu em todo o mundo e deu fama a Xapuri.

De lá para cá, algumas coisas mudaram muito e outras parecem não ter saído do lugar. O prefeito à época, Vanderley Viana de Lima, é o prefeito hoje e candidato à reeleição pelo PPS/DEM. O fato novo é que à exceção da candidatura de Viana, os outros três nomes na disputa têm alguma ligação com bois no pasto, inclusive na chapa do PT, partido que Chico Mendes ajudou a fundar - um contra-senso se se pensar que a luta que o levou à morte era justamente contra o desmatamento e o gado na floresta.

O candidato do PT, o agrônomo Ubiracy Machado de Vasconcelos, tem por vice o funcionário público Eriberto Brilhante da Mota (PC do B), que declarou patrimônio de R$ 335 mil entre fazenda e 280 cabeças de gado. "Xapuri tem 198 mil cabeças de gado, 8% do rebanho do Acre, e eu não sou louco para negar que a pecuária é importante e base da economia do Estado", diz Vasconcelos, o "Bira", um dos nomes mais fortes no páreo. "Vou trabalhar para todas as atividades que estão aí, para borracha, castanha, madeira, boi. Quero ser prefeito de todo mundo", arremata.

"Pretendo pagar a dívida que o Acre tem com Xapuri", continua Bira, que foi secretário de Cultura e Meio Ambiente por 2,5 anos na gestão do petista Julio Barbosa e saiu para ser coordenador do Alto Acre, de Assis Brasil a Capixaba, quando Jorge Viana ganhou o Estado, em 1999. "O 'governo da floresta' é baseado na história de Xapuri. Vende-se o Acre como o Estado que lutou pela ecologia", diz.

Mas a imagem romântica que se faz da terra de Chico Mendes termina na primeira caminhada por ali. Na praça de São Sebastião, o padroeiro de Xapuri, o lixo se amontoa. Debaixo das árvores que levam ao rio, de onde se avistam as casinhas coloridas da Sibéria, um dos bairros mais carentes da cidade, não há poesia: muitas latas e bitucas, alguns urubus e montes de embalagens de cigarros Sabre e Yes atiradas ao chão. "O que me choca é justamente isso, uma cidade com uma história bonita, que teve muita gente morrendo para defender a floresta, e o que a gente vê é Xapuri destruída" diz a administradora Elenira Gadelha Mendes, 24 anos, uma das filhas de Chico Mendes. "Xapuri já foi administrada pelo pessoal do PT, mas infelizmente não foi uma boa gestão", continua, referindo-se ao governo de Barbosa, ex-presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros, grande amigo do pai dela.

"Eu tenho o legado do meu pai. E me considero capaz de administrar esta cidade como ela merece", conta Elenira, que pensou em disputar a eleição pelo PV. Desistiu, por ora. Amigos a desaconselharam, sugerindo que é jovem demais. Eles desconfiam, mas não dizem, que o ideário do pai talvez não encontre tanto eco assim entre os votos xapurienses. "Chico entrou em conflito com as elites daqui. Até hoje os caras rejeitam o mito", diz um comerciante que prefere não se identificar "para não ter problemas".

Raimundão é candidato a vereador pelo PT, faz campanha pedalando, de camiseta vermelha e boné. Nestes dias vive enfiado nos "ramais" que levam à zona rural e aos seringais da floresta, como eles chamam as estradinhas de terra que rasgam os pastos e entram na Amazônia. Por ali mora meia Xapuri, 7,5 mil pessoas no mato, outro tanto na parte urbana. Nascido e criado em seringal, Raimundão diz que "Xapuri era para ser uma cidade muito solidária, muito contrita, que venerasse mais o Chico. Mas, infelizmente, a maioria desconhece, não valoriza."

Ele foi candidato à Prefeitura na eleição passada e perdeu por 150 votos para Vanderlei Viana. "Ele concorreu com o Chico e ganhou a eleição. Dezessete anos depois, eu concorro pelo PT e ele ganhou de mim." Raimundão avalia assim o "insucesso da nossa candidatura": pela leitura que o povo fez do segundo mandato de Barbosa. Da primeira vez, em 1996, Julio Barbosa se elegeu com 33% dos votos. Fez um governo correto, ao que parece. No segundo mandato, em 2000, conseguiu 63,5% dos votos. "Mas aí ele se acomodou no poder, descuidou da administração, foi vaidoso", pensa Raimundão. A resposta, acredita, veio no pleito seguinte. Viana teve 3.550 votos, Raimundão, 3.400. "Xapuri era para estar mais movimentada. Mas elegeu um elemento que não procura se relacionar com o governo e isto fez a população perder. Foi um acidente termos perdido a cidade."

Viana, o "elemento", é figura lendária em Xapuri. Tem fama de imprevisível e irascível. Na cidade, contam que agrediu o então vice-governador Arnóbio Marques, atual governador do Estado. Na reta final da eleição passada, seus adversários fizeram circular pelas ruas um panfleto com foto de arquivo de jornal onde Viana aparecia algemado - havia sido preso por suposto envolvimento com tráfico de drogas. A estratégia surtiu efeito contrário. "A população de um município como este tende a ficar do lado do oprimido. Aquilo transpareceu como perseguição política", analisa Raimari Cardoso, diretor da Rádio Educadora de Xapuri. Outro episódio, lembra, jogou sombras na gestão passada do PT: um incêndio no setor de finanças da Prefeitura. "Foi desgastante, o pessoal ficou desconfiado."

Recuperar o executivo municipal é o desafio do PT em Xapuri. "As lideranças comunitárias que acenderam para a política não levaram a sua experiência, deixaram-se levar pela máquina política", avalia o jornalista Antonio Alves, o "Toinho" que trabalha na assessoria do governo. "O seringueiro petista virou mais petista que seringueiro. E no caso de Xapuri, acho que houve soberba." Ele lembra a dificuldade que Bira terá em vencer a resistência local, mas cita avaliações em que o candidato do PT tem chances de vitória. "Sabe-se que a cidade vive uma situação muito ruim com o prefeito atual", registra.

Em Xapuri, a Frente Popular de partidos que apóia o "governo da floresta", se dividiu. Aqui existe uma coligação do PT, PC do B e PTC. Mas o PSB e o PV, por exemplo, compuseram seu apoio à candidatura do comerciante e ex-diretor do IBAMA Manoel Moraes de Sales. Seu vice, Mirco Soares, do PP, é pecuarista e tem patrimônio declarado de R$ 990 mil. "Xapuri, a cidade-símbolo que é lá fora, aqui vive do funcionalismo público. Não tem esgotamento sanitário, não tem curso profissionalizante, não tem dentista público, o seringueiro vive aqui como há 200 anos", diz Sales, o "Manoel do Ibama", como é conhecido o dono de dois mercados onde se vende de fluidos para motores Stihl (a famosa marca de motosserras) a doces de leite e cordas de náilon para pendurar redes no seringal. Sales acredita que, mesmo se a cidade tem orçamento pequeno e gasta muito com folha de pagamento, um bom gerenciamento dos recursos daria para ter alguma sobra em caixa, e assim, "investir em alguma coisa."

No diagnóstico de Sales, 30% dos eleitores de Xapuri são analfabetos e 30% ganham menos de um salário mínimo. O perfil econômico da cidade que leva o nome de uma tribo indígena, fica a 150 quilômetros de Rio Branco e é lugar de castanheiras e seringais, vem mudando. Em 2002, a agropecuária representava 31% do PIB municipal e subiu 5 pontos em 2005, o equivalente ao recuo do setor de serviços. Dentro de serviços, caiu o peso da administração pública.

"O próprio governo incentivou isso, hoje todo mundo quer ser pecuarista", diz o prefeito Vanderley Viana. Segundo ele, existem quatro mil cabeças de gado na Reserva Extrativista Chico Mendes, a simbólica unidade de conservação criada logo depois da morte do seringueiro. "É um absurdo", protesta. Ele faz discurso com viés verde, mas sua gestão não tem frutos ambientais. A cidade nem sonha com coleta seletiva de lixo. O saneamento se restringe ao centro antigo e não funciona bem. O prefeito pode ser eventualmente visto de mangueira na mão, limpando as ruas com abundantes jatos d'água, no melhor estilo Jânio Quadros e evidentemente sem o menor compromisso de economizar água. Candidato pelo PPS/DEM, declarou como único bem um Fiesta de R$ 10 mil. "Quando assumi a Prefeitura, não encontrei nem uma CPU, só os monitores", conta, dizendo que optou por arrumar primeiro as finanças da casa.

Viana diz que, durante sua gestão, "foram abertos novos comércios", fez 400 moradias, gastou R$ 2 milhões em iluminação pública. Está animado com o projeto de envolver 120 agricultores plantando 80 hectares de açaí, com recursos do microcrédito. "Não pode derrubar, tudo bem, mas não tem um programa de reaproveitamento de solo e das terras abandonadas", reclama. "O governo diz que não pode desmatar, não pode queimar, mas até hoje não aprontou um mecanismo alternativo."

Os adversários dizem que ele fez pouco por Xapuri, que a violência aumentou, que a cidade é um desatino, que virou rota do tráfico. Mas sabem que parte do eleitorado se identifica com ele. "O prefeito é meio ignorante, mas é trabalhador, os bairros estão calçados", diz Zira Lourenço Vasques, dona de uma loja na rua do comércio. "Só que não é do partido do governo, aí não liberam dinheiro, e nossa cidade está acabada", continua. "Aqui não tem emprego. Mas a fábrica de camisinhas, é verdade, foi uma benção", reconhece. "Nossa cidade não desenvolveu por causa da Bolívia, que é aqui perto e tem tudo mais barato", reclama.

O engenheiro agrônomo Bira, candidato do PT à prefeitura, conhece bem a história da cidade e as nuances que produziram suas tensões. Xapuri, a "Princesinha do Acre", tem 103 anos. "Aqui era Bolívia, aqui começou a revolução acreana, aqui brigaram para ser brasileiros", conta. Seu programa de governo é estruturado em agregar valor aos bens da floresta. Na indústria madeireira, com manejo, dá para envolver 400 famílias, calcula; a fábrica de preservativos, mais 700. Quer incentivar a produção de castanha e o turismo à cidade que já tem fama de sobra. Na pecuária, a idéia é melhorar a eficiência. "Dá para triplicar o rebanho do Acre sem derrubar uma árvore" diz. Pretende implantar coleta seletiva envolvendo as vizinhas Epitaciolândia e Brasiléia para ter volume de reciclagem. "O primeiro passo é a educação ambiental, a recuperação dos igarapés. O ambiental está ligado ao econômico. Enquanto a floresta não der dinheiro em pé, ela vai cair."

Outro candidato-pecuarista na cidade-berço do ambientalismo nacional é Marcio Miranda, o "Marcinho", da coligação entre PSDB, PMDB e PRB. Aos 33 anos, é o mais jovem na disputa. Nasceu em Rondônia, de família de agricultores e criadores de gado. Um de seus projetos é incrementar a bacia leiteira no município. "Convivo em Xapuri há mais de 20 anos. As pessoas aqui andam de cabeça baixa, não pode", diz ele, e começa a desfiar seus planos: a fábrica de tacos tem que funcionar, tem que fazer manejo sustentável na floresta.

Seu discurso ecológico tem visões particulares. "O pessoal sabe que não pode mais desmatar. A camada de ozônio está aí, toda perfurada." O desmatamento aumenta a emissão de gases-estufa, que provocam o aquecimento global, mas a camada de ozônio sofre danos de outros gases (os CFC usados na refrigeração) e não tem nada a ver com a história. "Acho que tenho boa sustentabilidade", prossegue, usando o conceito ambiental em voga. Mas emenda assim: "Acho que tenho boa sustentabilidade com os produtores rurais."

Xapuri é pequena para quatro campanhas e não está claro quem está na frente. Praticamente todo dia tem comício em algum canto. Figuras ilustres como Jorge Viana, Binho Marques ou a senadora Marina Silva já passaram por ali para apoiar o candidato do PT. A campanha eleitoral é de alto-falantes nas ruas, carros de som sobrepondo jingles no ar enquanto circulam mulheres de sombrinha e chega, lentamente, um carro de boi.

Eleições tranqüilas

O Juiz da Segunda Zona Eleitoral de Xapuri, Anastácio Lima de Menezes Filho, garantiu esta semana que, no que depender da justiça, o processo eleitoral em Xapuri se desenvolverá dentro da mais absoluta tranqüilidade. O magistrado ressaltou que, apesar de algumas denúncias de abusos do poder econômico e de compra de votos, que estão sendo investigadas pela Polícia Federal, a situação em Xapuri é sossegada e que tudo caminha para a “verdadeira festa da democracia”.

Entrevistado pela repórter Fernanda Gomes, da Rádio Educadora 6 de Agosto, Anastácio Lima de Menezes informou, no entanto, que a Justiça Eleitoral terá reforços em Xapuri para garantir a ordem e para que as eleições sejam realmente limpas. Um delegado da Polícia Federal – Dr. Leonardo - estará na cidade permanentemente, durante o período que envolve as eleições, para coibir os abusos de candidatos e, sobretudo, combater duramente a prática da compra de votos.

Sobre o programa Eleições Limpas, desenvolvido pela Associação dos Magistrados Brasileiros e Tribunal Superior Eleitoral, o juiz ressalta que foi de uma grande contribuição para o processo democrático e que o eleitor de hoje é muito mais consciente que o do passado. Para o juiz, a compra de votos continua a ser um mal crônico presente no processo eleitoral e que muitas vezes é o próprio eleitor quem favorece essa prática desonesta.

“Infelizmente, nós sabemos que é o próprio eleitor que vai à casa do candidato pedir dinheiro, material de construção, dentaduras, consultas médicas, brindes e outras coisas desse tipo. É importante que o eleitor não venda o seu voto, porque ele pode até obter alguma vantagem imediata com isso, mas vai ficar quatro anos passando necessidades”.
O juiz eleitoral faz um apelo a candidatos e eleitores para que façam uma eleição limpa sem a prática de corrupção eleitoral.

“Que os candidatos levem para os eleitores as suas propostas, os seus planos e suas idéias de forma clara e objetiva, e que os eleitores escolham bem o seu candidato, votem de forma consciente, que votem num candidato que tenha um histórico de bons serviços prestados à comunidade, uma ficha escorreita, para que seja eleito o melhor candidato para o município”.

Com um eleitorado um pouco superior a 10 mil eleitores, o município de Xapuri - abrangido pela Segunda Zona Eleitoral - terá nessas eleições 35 seções eleitorais, sendo que quatro serão instaladas na zona rural, para minimizar a dificuldade de locomoção de eleitores que residem em grandes distâncias e locais de difícil acesso. Em virtude do grande acirramento entre os grupos políticos locais, as eleições costumam ser relativamente tumultuadas no dia da votação.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Em quem votar

José Mastrangelo, filósofo e teólogo

Pra, no futuro, não se arrepender, o eleitor tem que tomar alguns cuidados na escolha do candidato, nas eleições do dia 5 de outubro. Cuidado com a vida regressa do candidato. A filtragem de um candidato “ficha suja” ou “ficha limpa” vale mais ao eleitor do que à Justiça Eleitoral. O único impedimento que a lei coloca ao candidato é não ter condenação transitada e julgada, ou seja, não ter sentença condenatória definitiva.

O cuidado sobre a vida regressa do candidato não se refere apenas a processos, escândalos e denúncias de corrupção, mas também a fatos nebulosos, que, por conveniências políticas, às vezes, são guardados sob o maior sigilo.

Cuidado com a atuação do candidato. Servidor público, como o é prefeito e vereador, não se faz do dia à noite. Tem que analisar se ele teve atuação comunitária, se é uma pessoa com sintomas claros de liderança e se é uma pessoa com sinais evidentes de ser solidária com as pessoas que precisam.

Cuidado com o candidato que “sai do nada”. Um bombeiro não será um bom vereador só porque salvou a vida de uma criança e virou notícia local, estadual e nacional.

O vereador precisa conhecer o funcionamento do município, o orçamento e a lei orgânica da cidade porque, além de propor e votar projetos de lei, vai aprovar e fiscalizar a aplicação do dinheiro que a cidade tem em caixa e analisar as contas do prefeito.

Apenas boas idéias não bastam para o candidato a prefeito. Quem se candidata a dirigir um município tem que ser um bom gestor; conhecer as leis, o orçamento e ter boa capacidade de avaliação e criatividade. Um mau gestor afunda o município não só por aquela gestão, mas por muitas décadas, porque os efeitos são prolongados.

Cuidado com as falsas promessas do candidato. Tem candidato, que promete ponte para a Lua. E aí o eleitor acredita, cai nessa historinha e depois se arrepende. O eleitor tem que conhecer o limite do cargo em disputa. É comum encontrar um candidato a vereador que promete fazer obras. É bom lembrar que isto não é função do vereador, mas sim do prefeito.

Cuidado com o candidato abundante. O candidato, que promete dar uma solução a todos os problemas da cidade, com certeza está exagerando e mentindo muito. O eleitor tem que descartá-lo e anulá-lo imediatamente, bem antes do dia da eleição. É uma fria.

Cuidado com o candidato “cão”. Apesar de sua aparência mansa e sorridente, morde muito. Arranca o coração do eleitor, se é preciso. Está bem aí, neste momento, na sua frente, latindo para ter o seu voto.

Cuidado com o candidato “honesto”. O eleitor passa a desconfiar do candidato que, a toda hora, repete que é “honesto”. Não precisa dizer que é honesto, pois, segundo o jargão jurídico, até que se prove o contrário, todo cidadão é honesto.

Cuidado com o candidato beijoqueiro. Geralmente, o candidato, que abusa em beijar, apertar mãos, dar tapinhas nas costas e abraçar, ao contrário do que possa aparecer, sofre desvios psíquicos crônicos, com evidência de dupla personalidade. As manifestação positivas de amor e afeto são formas compensatórias. Em verdade, escondem uma alma desumana, maldosa e perversa.

Cuidado com a propaganda. A dona de casa não compra o sabão em pó pela propaganda. A propaganda a leva a comprar. Se o sabão não presta e mancha a roupa, ela (dona de casa) não compra mais. Assim, a propaganda deve chamar atenção para o candidato e para o programa. O que a propaganda faz, na maior parte do tempo, é embelezar o produto. É preciso testar a qualidade do produto. É preciso procurar o Inmetro da política. A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV não é uma boa forma de se avaliar um candidato.

Cuidado com o candidato fascista. Aparece tão bom na telinha, que até consegue persuadir e convencer. Em verdade, está usando uma máscara. Na realidade, à direita, ele é fascista e nazista e, à esquerda, ele é um stalinista. Em todos os casos, numa linguagem mais próxima, é autoritário, totalitário, arrogante, presunçoso, sujo e corruptor.

Em quem votar? Antes de clicar o voto, o eleitor tem que tomar esses cuidados.

Fonte: Ac24horas.com

domingo, 21 de setembro de 2008

Nomes curiosos e seriedade

Dando uma olhada na relação de candidatos a vereador em Xapuri, no site do TSE, não encontramos nenhum Macaco Tião, que há 10 anos conseguiu 400 mil votos e a terceira colocação da disputa pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro (claro que o macaco não tinha registro no TSE e era apenas um voto de protesto), mas alguns nomes curiosos fazem parte da relação daqueles que prometem resolver os nada poucos problemas da cidade.

Quem quiser ver na Câmara como vereador Francisco da Silva Oliveira, deve votar em Chico do Pichico; quem acredita em Francisco das Chagas Gadelha Flores, vai encontrar na urna o nome registrado como Xiu da Áurea; Gessi Nascimento da Silva é o Gessi Capelão. O eleitor vai encontrar ainda o candidato Josemar da Silva Conde, cujo nome registrado é Tripinha; e o Evandro Pereira da Silva, o Dico Barão.

Deixando os nomes engraçados de lado, não é nada animadora a expectativa pela nova composição do parlamento mirim em Xapuri. No geral, entre os 46 candidatos inscritos a maioria peca pela quase nenhuma qualificação, ou seja, os candidatos são ruins mesmo. Analisando por aqueles que aparentam possuir mais chances e estrutura de campanha, caminhamos para uma Câmara com pouca renovação.

Resta torcer para que as poucas exceções a essa regra pessimista se elejam e correspondam àquilo que a população espera e precisa: vereadores com o mínimo de competência, bom senso e honestidade para fiscalizar e cobrar responsabilidade do prefeito, mesmo que este seja de seu partido, e que se recuse a aceitar qualquer tipo de propina ou suborno. Com vereadores assim já se torna possível acreditar em uma cidade melhor nos próximos 4 anos.

Vanderley fora do páreo. Será?

Se for reeleito no próximo dia 5 de outubro, o prefeito Vanderley Viana consolidará a imagem de uma das figuras políticas mais polêmicas e surpreendentes do Acre. Briguento, autoritário, centralizador e dono de idéias ultrapassadas e mirabolantes, Vanderley é possuidor de muitas artimanhas e de sua cabeça sempre é possível que surjam as mais inesperadas e desesperadas tentativas de vencer seus rivais no mundo da política.

Preso por suspeitas de ligação com o tráfico de drogas em 1999, e envolvido em mil e uma confusões e peripécias, Vanderley foi considerado morto politicamente por um longo período – tempo em que tentou, sem sucesso, se eleger para o cargo de deputado estadual – para depois do ostracismo lhe imposto pelo seu próprio comportamento anti-social, voltar à prefeitura do município, em 2004, como uma espécie de Fênix, renascido das cinzas, após ser subestimado por seus adversários.

Apesar do histórico nada recomendável tanto na vida pública quanto na pessoal, o prefeito - que já admitiu ser usuário de cocaína e ter se apossado de uma área de terra pertencente ao governo do Estado (leia), onde hoje está instalada a fábrica de preservativos Natex – ainda preserva um considerável grupo de admiradores, que o seguem como se fosse um messias às avessas. Fato, porém, que não está sendo suficiente para mantê-lo como favorito entre os candidatos que disputam esta eleição.

As consultas internas comentadas no meio político o colocam na disputa do último lugar, fato que já o fez partir para o ataque barato contra os adversários de palanque. Comentários já dão conta de que Vanderley planeja abandonar a candidatura nos últimos 10 dias para apoiar um dos outros dois adversários do PT – Manoel Moraes ou Marcinho Miranda. Segundo essas informações de um suposto abandono de candidatura, a decisão seria certa se nos últimos dez dias de campanha o quadro negativo não fosse revertido.

Até o momento, Vanderley ou nenhum outro representante da coligação confirmou se há algum sentido nestas informações, mas uma fonte ligada diretamente à coordenação de campanha da coligação Visão de Águia informou haver ocorrido uma conversa, nos últimos dias, entre Vanderley e Marcinho Miranda e que entre os temas discutidos aconteceu um pedido de desculpas de uma das partes.

Se confirmadas essas suposições, seriam, claramente, uma cartada final de Vanderley Viana, mesmo abrindo mão da tão sonhada reeleição, para ver também derrotados seus arquiinimigos do PT. Ver os petistas dividindo com ele a mesma balsa rumo a Manacapuru não seria a pior das opções, até porque acredita que desta forma se mantenha vivo politicamente e com chances de participação, de alguma forma, na administração municipal.

A vitória do PT seria para Vanderley, apesar das aparentes sete vidas que possui, o seu definitivo caixão.

Gado avança em reserva Chico Mendes

20 anos depois do assassinato do líder seringueiro, o desmatamento alcança 6,3% da área total de conservação federal. É tarefa de apenas um fiscal combater as queimadas e a pressão da pecuária, que acabou com a maior parte das seringueiras da região.

Fotos Alan Marques/ Folha Imagem

Domingos Florentino da Conceição recolhe látex das seringueiras da Resex.

MARTA SALOMON
Enviada especial da Folha de São Paulo a Xapuri (AC)

"Sou o homem de um milhão de hectares", apresenta-se, sem exagero, José Carlos Nunes Silva, 43 anos. Ele é o único fiscal de um território de seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo, a reserva extrativista Chico Mendes, no Acre. Vinte anos depois do assassinato do líder seringueiro, símbolo da defesa da floresta, a área desmatada na unidade de conservação federal que leva seu nome cresceu 11 vezes e o gado, que não deveria estar lá segundo o projeto original, chega a quase 10 mil cabeças.

O desmatamento alcança 6,3% da área total, segundo o Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia). Apesar da queda recente no ritmo das motosserras, o percentual se aproxima do limite máximo de desmatamento admitido e -mais importante- coloca em xeque as chances de o extrativismo impedir o abate da floresta.

"É difícil controlar esse negócio; se não for com mão de ferro, isso tudo acaba", diz o fiscal. É tarefa dele conter as queimadas e, sobretudo, a pressão da pecuária, que arrasou a maior parte das seringueiras e dos pés de castanha que havia no entorno da Chico Mendes e pressiona suas fronteiras. Na reserva, o rebanho já conta com 8.431 cabeças, de acordo com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre, em levantamento feito a pedido da Folha.

O plano de manejo ainda em implantação tolera a abertura de apenas 15 hectares de floresta por família (o suficiente para 15 a 30 cabeças de gado), mas o cadastro de vacinação deste ano identificou criações com até 648 cabeças na reserva. O excedente está sujeito a confisco. Os responsáveis por irregularidades podem ser expulsos. Um cálculo preliminar estima que 15% dos ocupantes da reserva estejam nessa situação.

“Não vai ser fácil o ajuste", avalia Renato Ferreira Ribeiro, presidente da associação dos moradores e produtores da reserva Chico Mendes. "Alguns poucos não têm gado", diz.

Boi pirata

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) reconhece na pressão da pecuária sobre unidades como a Chico Mendes, tanto uma alternativa de sobrevivência na floresta como resultado das dificuldades do Estado para zelar por áreas protegidas. "A gente sabe que tem muito boi pirata lá, até por causa da pobreza", afirma.

A criação de novas unidades de conservação é tema de divergências no governo. Minc, defensor da idéia, enfrenta a oposição dos ministros Reinhold Stephanes (Agricultura) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), coordenador do PAS (Plano Amazônia Sustentável). Essa oposição se dá em nome do suposto excesso de restrições ao agronegócio na região da Amazônia.

O baixo preço da borracha e a dificuldade de escoar a produção durante anos levaram quase ao abandono das árvores que Chico Mendes e outros seringueiros defendiam com seus próprios corpos, contra a ação de fazendeiros, nos chamados "empates" dos anos 70, uma forma pacífica de impedir os desmatamentos.

No ano passado, com a produção em declínio, o extrativismo na floresta amazônica foi responsável por apenas 4.000 das 110 mil toneladas de borracha natural produzidas no país. Outras 230 mil toneladas tiveram de ser importadas.

Salário mínimo

"Da seringueira não se vive mais não, se não tem gadinho, não dá", justifica Creviano Pereira de Lima, cuja família mantém 100 cabeças de gado na colocação Gafanhoto. Filho de ex-seringueiro, o rapaz não se anima, por ora, a abastecer a fábrica estatal de preservativos recém-inaugurada em Xapuri. Alega atrasos nos primeiros pagamentos de R$ 4,10 por quilo da borracha. Esse preço inclui o pagamento de R$ 0,70 por serviços ambientais.

Próximo do lugar onde Creviano caçava, com uma espingarda calibre 22, Domingos Florentino da Conceição corria para recolher o látex das seringueiras que havia cortado nas primeiras horas do dia. Ao final do mês, calcula Domingos, o "leite" extraído renderá cerca de um salário mínimo.

Dentro da reserva, o desmatamento ainda é menor do que fora. Entre os seis municípios que abrigam a Chico Mendes em seus territórios, apenas dois (Assis Brasil e Sena Madureira) registram índices de desmatamento inferiores aos 6,3% registrados pelo Sipam na reserva. Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), os municípios de Xapuri, Brasiléia, Rio Branco e Capixaba perderam entre 21% e 47% da floresta.

O abate de árvores já superou o limite legal de 10% no emblemático Seringal Cachoeira, cuja desapropriação foi o pivô do assassinato de Chico Mendes, em dezembro de 1988, a mando do antigo dono da área, Darly Alves da Silva. O presidente da associação dos moradores do Cachoeira, Raimundo Monteiro, atribui os 13% de desmatamento à "teimosia" dos assentados: "Gado tem bastante".

Tia de Chico Mendes, Cecília Teixeira, 82, ainda mora no assentamento. "Aqui e acolá cortam a árvore e vendem o leite, mas se vive mais é de plantação, vende uma cabecinha de gado, quase todo mundo cria", diz.

sábado, 20 de setembro de 2008

Caminhada rumo à vitória

Mais de duas mil pessoas marcharam ontem pelas ruas de Xapuri na caminhada da Frente Popular, do candidato Bira Vasconcelos. A passeata tingiu a cidade de vermelho e deu demonstração de força da candidatura petista.

Mais de duas mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, participaram da passeata da Frente Popular de Xapuri, do candidato Bira Vasconcelos, na tarde desta sexta-feira (19), pelas principais ruas da cidade. O evento foi o mais marcante, até o momento, nestas eleições, e deu demonstração de força da candidatura petista.
Nem a chuva repentina que caiu momentos antes nem o intenso calor que a sucedeu foram suficientes para afastar o povo com suas bandeiras e apitos da maior manifestação política destas eleições em Xapuri até o momento. Carros, motos, bicicletas e milhares de pessoas de todas as idades participaram da passeata.
Ao final do trajeto, a caminhada se transformou em um mini-comício, com discursos do candidato a prefeito, Ubiracy Vasconcelos, e do ex-governador Jorge Viana. Emocionado com a empolgação da multidão que gritava seu nome, Bira afirmou estar preparado para vencer as eleições e promover as mudanças que Xapuri tanto precisa a partir de janeiro de 2009.
O ex-governador Jorge Viana, que caminhou lado a lado com Bira e Eriberto durante toda a passeata, pediu de presente à população de Xapuri a vitória de Bira no próximo dia 5. Ele está completando 49 anos de idade neste sábado, dia 20 de setembro.
Jorge Viana, que no dia anterior já havia feito campanha no bairro da Sibéria e retornado para Rio Branco, voltou a Xapuri para participar da passeata ao lado de Bira e Eriberto. Aniversariando neste sábado, o ex-governador pediu que o povo de Xapuri o presenteasse com a vitória de Ubiracy e prometeu voltar no dia 5 para a passeta da vitória.
Mais fotos:


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Boato

Na reta final de campanha, o boato que corre solto na cidade é o de que o prefeito Vanderley Viana pode abandonar a candidatura à reeleição para apoiar Manoel Moraes. Duvido que isso possa acontecer, mas é indiscutível que Viana já sentiu o cheiro da derrota nas urnas no próximo dia 5. Caso se confirmasse o boato, significaria, ao mesmo tempo, uma tentativa desesperada de tirar de Ubiracy Vasconcelos uma vitória que para ele seria desastrosa e uma conquista antecipada para a população da cidade que já não suporta mais seu governo. Esperemos.

Força tarefa para eleger Bira

Uma verdadeira força tarefa petista entrou em campo para eleger o candidato da Frente popular de Xapuri, Ubiracy Vasconcelos, à prefeitura do município. Estão em Xapuri, coordenando a campanha de Bira, o secretário adjunto de saúde e um dos maiores articuladores políticos do governador Binho Marques, Sérgio Roberto, e o diretor do Pronasci-Acre, Ermício Sena, ex-candidato a deputado estadual nas últimas eleições.

Nesta quinta-feira (18), o time ganhou o reforço do ex-governador Jorge Viana, que tomou como questão de honra levar o candidato petista à vitória no próximo dia 5. No final do dia, Jorge Viana foi até o bairro Sibéria, um dos mais desestruturados e pobres de Xapuri, onde manteve um encontro acalorado com moradores e lideranças políticas e comunitárias.

Na sua mensagem, Jorge Viana falou para uma multidão da importância da eleição de Bira Vasconcelos para Xapuri sair do atraso em que se encontra. Entre as promessas, a de ajudar o município a asfaltar um quilômetro de ruas no bairro que não possui nenhum palmo de pavimentação ou saneamento básico.

Não se discutiu, entretanto, a grande aspiração dos moradores daquela região da cidade: a construção de uma ponte sobre o Rio Acre. A Sibéria acreana é isolada do centro de Xapuri pelo rio e também pelo descaso das últimas administrações, duas, inclusive petistas. Em virtude disso, entre outros fatores, existe lá um movimento para transformar o bairro em município.

Carreata

Nesta sexta-feira (19), Jorge Viana participa, junto com o irmão e senador Tião Viana, de carreata pelas principais ruas de Xapuri. Há duas semanas, Viana já havia participado de um dos maiores comícios realizados até agora na cidade, juntamente com o governador Binho Marques.

Questão de honra


Jorge Viana tem como questão de honrar conquistar a vitória nas eleições de Xapuri com o candidato Ubiracy Vasconcelos. Depois de participar de comício há algumas semanas, Jorge Viana se reuniu nesta quinta-feira com moradores do bairro Sibéria para pedir apoio a Bira no próximo dia 5. Nesta sexta-feira, Jorge Viana participa de uma carreata pelas ruas da cidade, junto com o senador Tião Viana.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Cidadãos conscientes

Sebastião Alves

Falar em direito dos cidadãos sempre é algo interessante que emociona ou mexe com o pensamento de vários indivíduos. Neste período eleitoral estamos inseridos num redemoinho de ideais transmitidas pelos candidatos de diferentes partidos. Uns defendem ideologias brilhantes que parecem ser convincentes, muito embora o os eleitores não tenham certeza que se o idealizador, por ventura, se eleger vai conseguir concretizá-los, pois mesmo eleito enfrentará a burocracia emanada das leis que determinam o que pode e não pode ser feito.

Outros defendem idéias que, à primeira vista, parecem ser tão simples que, possivelmente, não iriam provocar mudanças ou transformações sócio-econômicas. Mas, muitas vezes, simples idéias, quando planejadas e executadas com seriedade, podem mudar a cara de uma cidade e transformar o perfil do homem daquele município. Tudo isto pode acontecer, mas com a cobrança e fiscalização dos vereadores, que são os verdadeiros representantes da população. Se estas autoridades do legislativo não tiverem consciência da importância de sua representatividade, então as coisas não funcionam.

Por último, há aqueles candidatos com propostas mirabolantes, que são capazes de construir pontes onde não há rios, construir arranha-céus mesmo sem o município dispor de recursos financeiros, fazer parques de diversões tal qual a Disneylândia, acabar com o desemprego e a falta de moradia. Este candidato parece ser ainda acometido de “poderes mágicos” como nos contos de fadas, nas histórias de duendes ou até mesmo acreditar em verdadeiros milagres para transformar a “cidadezinha”.

O cidadão a partir dos 16 anos de idade é quem irá, após analisar a avaliar o perfil dos candidatos, decidir qual será incumbido de representar toda a população em um período de quatro anos. Espera-se que a partir da escolha da maioria dos eleitores, que o novo administrador corresponda aos anseios e que administre dentro dos mais puros preceitos da democracia.

◙ Professor de História da Rede Pública Estadual de Ensino, licenciado pela Ufac.

Massacre em Pando

Igor Ojeda, correspondente do Brasil de Fato em La Paz (Bolívia)

O Promotor Geral da República, Mario Uribe, acusou formalmente, nesta segunda-feira (15), o governador do departamento de Pando, Leopoldo Fernández, de promover um genocídio em forma de massacre sangrento.

No dia 11, na localidade de El Porvenir, funcionários do governo departamental interceptaram, a balas, uma marcha de camponeses que se dirigia à capital Cobija, para se manifestarem contra Fernández. Como conseqüência, já se fala em 30 mortos (28 deles, camponeses).

Uribe, em coletiva de imprensa, assinalou que o processo penal contra o governador de Pando inclui, também, o ex-prefeito de Cobija, Miguel Becerra, e o senador suplente do partido Unidad Nacional (UM), Abraham Cuellar.

Algumas horas antes, efetivos das Forças Armadas confiscaram armas em poder de civis – dez deles foram detidos, suspeitos de participarem do massacre do dia 11. Entre o arsenal, estavam fuzis, rifles, revólveres e uma metralhadora.

De fanfarras e patriotismos

José Cláudio Mota Porfiro

Aquele era um tempo de muitas luzes e sons. A vida parecia sorrir, principalmente, para a nossa realidade pacata. Mas haviam fechado o sinal, como na poesia. Se estávamos tão distanciados, física e geograficamente, pela falta dos meios de comunicação, àquela época sob a atenta vigilância dos homens de ferro; política e ideologicamente, éramos mantidos a anos luz de distância da aspereza de um regime político que cerceava liberdades individuais e matava poetas afoitos como tantos.

Sorríamos, sim, mas as luzes da liberdade real eram pontinhos muito tênues no fim de um túnel que não existia. Éramos jovens massas de manobra de um sistema assassino... Até que, um dia, um certo pastor católico passou a pregar uma doutrina ímpar que dizia da igualdade que poderia pautar as nossas relações sociais. Passamos a ler, então, uns mosaicos ideológicos ditos comunistas. Foi aí que, em 1975, o mestre Jofre Koury, de grata memória, pôs-me a ler Os subterrâneos da liberdade e, depois, O cavaleiro da esperança, ambos de Jorge Amado, um intelectual proscrito.

E o resultado se fez bombástico. Tolheram o esclarecimento das futuras gerações. Fecharam o Colégio Divina Providência. As religiosas da Ordem das Servas de Maria foram dispersas e o Estado passou a gerir um sistema de ensino laico, nada parecido com o dos áureos tempos.

Mas deixemos as notas tristes de um passado tão recente...

Eu me nutro ainda de tanto amor pátrio porque tenho uma alma interiorana. Asseguro-vos que é nas pequenas comunidades brasileiras onde o civismo brilha com mais intensidade, com terno fulgor. Esta é uma conclusão a que cheguei desde os tempos remotos da meninice, em Xapuri e, depois, nas épocas da juventude que até hoje dura, nesta minha capital seringueira. Ao crescerem, mesmo as quase metrópoles, como Rio Branco, tendem a ir perdendo o vigor cívico, como hoje, quando o Dia da Independência é marcado no calendário muito mais por se tratar de um feriado no qual o descanso e a folia devem ser a tônica.

Décadas de sessenta e setenta. Agosto e setembro eram meses de muita euforia. Eu só não me podia descuidar dos estudos - nunca - sob pena de sofrer as mais severas sanções por parte dos rígidos disciplinadores lá de casa. De resto, era tão somente de amor cívico que todos nós enchíamos o peito e a alma de pequenos brasileiros, projetos de grandes cidadãos, preocupados com o nosso futuro e com o futuro da Pátria amada.

Apesar dos desiludidos com a terra natal (deles) eu, como o filósofo Voltaire, francês, costumo afirmar que a minha pátria tem qualquer coisa de divino que faz chorar a quem se ausenta dela e, principalmente, aos que sentem por ela amor verdadeiro. Em verdade, nós somos filhos orgulhosos de uma jovem Pátria e não mais haveremos de nos decepcionar com o seu passado ou com o seu futuro. Chega!

Naqueles tempos já distantes, logo depois das férias de julho, então, vinha o seis de agosto. Aí, todos os estudantes do Plácido de Castro, do Divina Providência e do Anthero Bezerra, devidamente uniformizados, iam em marcha e ao rufar dos tambores, perfilar-se em frente à antiga Intendência Boliviana, hoje chamada Casa Branca, onde cantávamos o Hino Nacional e o Hino Acreano, de olhos fixos na estátua de Plácido de Castro, o grande herói dos acreanos e exemplo maior a ser seguido pelos que o têm enquanto padrão de honra, dignidade e valentia em defesa da Pátria.

A grande maioria da garotada poderia perder qualquer programação, até deixar de ir a um joguinho de futebol, mas perder uma formatura, nem pensar.

Cedinho, já todos nós estávamos no Colégio Divina Providência colocando-nos em forma, sob a batuta do Tião Macedônio, professor de Educação Física e responsável pela ordem unida, uma espécie de ensaio que se verificava todos os dias com vistas ao sete de setembro. Era demais! Eu não cabia em mim de tanto orgulho, desde o dia em que, aos sete anos, desfilei com uniforme de marujo, desenhado e confeccionado com extremo capricho pela minha madrinha Eulália Brasileiro. Sua bênção!

Nos dias que antecediam o grande desfile, eu, o Bertamildo de Jesus e o Geraldo Leite, à tardinha, íamos para o quintal lá de casa para ensaios cansativos. Os dois primeiros tocando corneta e o grande cantor tocando um trombone contra-baixo. O Motinha, o irmão mais sacana do mundo, tocava uma caixinha e nós éramos, ao todo, uma fanfarra de vinte e oito alunos cheios de extremo contentamento.

Os últimos grandes ensaios, à noite, se transformavam em acontecimentos memoráveis. Os porta-bandeiras à frente, logo em seguida a fanfarra, depois os rapazes e enfim, as moças. Marcos, um dos irmãos mais velhos lá de casa, carregou a bandeira brasileira por quatro anos seguidos pelo fato de ser o melhor aluno do Colégio. É verdade e muitos xapurienses ainda confirmam o feito. Em 1968, ele obteve nota dez em cem por cento das dez disciplinas da quarta série do ginásio. E ficaram todas as provas expostas num mural por três ou quatro meses.

Lembra-me muito, aqui, o Olavo Bilac no seu Porque me ufano do meu País. É talvez piegas para uns, mas deveras importante para muitos.

Para encher de júbilo ainda maior, as moças, mais ou menos umas cento e vinte, acompanhadas pelos rapazes, uns cento e trinta, em marcha e sob o rufar apenas das caixinhas e taróis, entoavam o Hino da Independência, o Hino do Soldado e a Canção do Marinheiro, dentre outras. Naqueles pelotões, sempre muito bem afeiçoada, seguia intrépida e aguerrida, a hoje pranteada Maria Tapajós de cuja memória também não esqueço. À insigne juíza e ao meu bom cantor Geraldo Leite seria oportuno asseverar que, como escreveu Ernest Renan, no seu Discursos e conferências, uma pátria compõe-se dos mortos que a fundaram, assim como dos vivos que a continuam. Ide em paz, irmãos!

Existia no Divina Providência umas moças muito inteligentes e prendadas. Eram as irmãzinhas da Ordem das Servas de Maria que, desde o início das férias de julho, tomavam para si a incumbência de desenhar e confeccionar, um a um, adereços, alegorias, coroas, cetros, vestimentas especiais, mastros e bandeiras.

E vinha o cinco de setembro, entre nós, o Dia da Raça. Era este um dia tão especial quanto o Dia da Pátria. O uniforme era mais esportivo - ou mais ousado, na opinião das freiras - para o desfile da manhã e, à tarde, os escolares iam para o estádio de futebol. Lá, em competição acirrada, praticavam-se esportes de um outro tempo. Havia torneio de futebol feminino, formação de pirâmides humanas, corrida do saco, corrida da agulha, corrida do ovo na colher, cabo de guerra, maratona, e assim por diante.

No sete de setembro, ainda manhãzinha, todos já estavam entrando em forma em meio a grande contentamento. Havia bolo e chocolate. Era o melhor dia do ano! O uniforme da fanfarra era uma míni gandola verde ou vermelha e calça branca, dependendo do ano, ornadas de ombreiras e torçais dourados, e um gorro comprido e cilíndrico com uma pluma no alto estilo cadete. Os demais iam em camisas brancas de manga de punho e luvas da mesma cor, gravatas e calças azuis e sapatos pretos lustrosos como a etiqueta e a ocasião exigiam. As saias da moças iam até os joelhos, as meias eram bem longas e as luvas iguais às dos rapazes. Havia, é claro, duas ou três balizas. Todavia, eram os carros alegóricos do Divina Providência que davam muito mais colorido à festa. Lá no alto, devidamente coroados, postavam-se D. João VI, D. Pedro I, D. Pedro II, Princesa Isabel, dentre outros. Enfim, toda a cidade ia para a avenida Coronel Brandão aplaudir os garbosos filhos.

Numa dessas ocasiões vi lágrimas abundantes rolarem dos olhos de Alfreda Patrini e Regina Milinetti, a artista plástica e a madre superiora, respectivamente. A beleza do desfile houvera emocionado as italianas mais queridas dentre todas que conheci.

Ainda hoje emociona recordar. É que, nos corações menos moços, ainda há tempo para patriotismos nada ponderados e às vezes melífluos, mesmo na modernidade e, muito mais, quando o Brasil surge como uma das grandes nações do mundo. Como na poesia, a minha Pátria é aquele lugar onde a minha alma está acorrentada.

Cronista xapuriense, autor do livro Janelas do Tempo e editor do blog Impressões Gerais.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sinceridade



Pescado no blog do Joscires.

Mico

O prefeito Vanderley Viana, cansado de atirar contra este modesto blogueiro as piores ofensas e calúnias que lhe renderam uma ação na qual foi condenado em primeiro grau a pagar-me uma indenização de R$ 2.000,00 (dois mil reais), tenta, agora, tirar de minha surrada conta bancária, em represália, através do mesmo recurso, a quantia de R$ 16.600,00 (desesseis mil e seiscentos reais) por supostas agressões publicadas neste blog contra sua distinta pessoa.

Na audiência de instrução e julgamento, ocorrida na manhã desta segunda-feira (15), ele e o seu advogado, Roberto Duarte, pagaram o mico de constatar, perante a juíza Zenair Ferreira Bueno Vasquez Arantes, que o texto anexado à inicial da ação, de título A ironia de um transloucado, onde Vanderley é chamado de energúmeno, vagabundo e prefeito canino, entre outros termos nada cordiais, não é de minha autoria e sim do ex-assessor do prefeito, Joscires Ângelo, hoje grande desafeto do ex-patrão.

Nos textos de minha autoria, somente afirmações do tipo "desequilibrado emocional" e "criatura não civilizada". Nunca foi de meu feitio achincalhar meus adversários, muito menos Vanderley, a quem não tenho nenhuma mágoa ou ressentimento. Pelo contrário, desejo-lhe saúde, paz e felicidade, e perdôo-lhe as ofensas injustas, sem traumas nem chiliques. Coisas da política e da vida pública que o tempo se encarrega de apagar.

domingo, 14 de setembro de 2008

Igreja de São Sebastião


Xapuri pede socorro

Carlos Estevão Ferreira Castelo

Xapuri, antes conhecida como a “princesinha do Acre”, hoje virou uma pobre plebéia. Isso é fato. O mais grave é a constatação de que Xapuri foi a cidade do interior que, nos últimos anos, reuniu as melhores e maiores oportunidades para se desenvolver. Entretanto, parece ter perdido o bonde da história. A título de ilustração da real situação do município destaco uma informação recente a que tive acesso, fornecida por autoridade policial: as “bocas de fumo” aumentaram de duas para vinte e quatro. Isso mesmo, vinte e quatro (em uma cidade com pouco mais de 14.000 habitantes). Há coisas que só acontecem com meu Botafogo e com Xapuri. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

A sensação que tenho quando estou em Xapuri é de que a população perdeu totalmente as esperanças no futuro. Em função disso, muitos estão mudando para a capital ou estão indo fixar residência em Brasiléia. No meu caso, estou chegando ao absurdo de evitar ir até Xapuri nos finais de semana, mesmo sob protestos de dona Aurélia e seu Estevão que ainda moram por lá. É que quando anoitece e vejo minha cidade totalmente deserta, me dá um aperto no peito que não tem como descrever. Uma melancolia, sei lá... A cidade parece fantasma, ninguém circula pelas ruas, não existe opções de lazer, um bom restaurante ou pizzaria, nada. Apenas as drogas lícitas e ilícitas oferecidas aos jovens xapurienses sem esperança. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

Esporte e cultura para a população, nem pensar. Até o tradicional campeonato xapuriense de futebol parou de acontecer. Sem falar nos desfiles de “sete de setembro” que acabaram por completo. Findou também a famosa “boateca” para a moçada jovem, que sempre acontecia aos domingos como uma espécie de aperitivo para a “boate”, logo após a missa das 19h00min. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

A infra-estrutura está precária, a administração atual parece ter perdido totalmente o senso de estética como afirmou o bom xapuriense Zé Cláudio Mota Porfírio em recente artigo no “Pagina 20”: “...é ruim ver o calçamento em frente à Igreja de São Sebastião, uma obra de arte, ter sido destruído; assim como é triste ver aquela porcaria que ficou a Praça do Terminal Rodoviário, hoje um aglomerado de botequins de mau gosto”. Por incrível que pareça em Xapuri os espaços públicos estão sendo privatizados, como a Praça da “Coronel Brandão” onde um boteco foi erguido exatamente no local de um canteiro de flores. O “mercado dos colonos”, em frente da maçonaria, é outro exemplo: nos finais de semana um botequim funciona em suas dependências. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

O comércio está na UTI, o extrativismo tradicional sem perspectivas, as famosas fábricas construídas pelo Governo que gerariam milhares de empregos e renda ainda não funcionaram pra valer (a de “pisos” faliu antes de iniciar a produção e a de “camisinhas” ainda patina com as “desculpas verdadeiras” do Governo de que falta autorização da ANVISA). Até o festival de praia, no dia que acontece faz um frio danado. Como disse, existem coisas que só acontecem com Xapuri e com o Botafogo. A cidade mundialmente mais conhecida do Acre pede socorro, não sei para quem, mas pede.

O mais grave é que, em Xapuri, comumente escuto as pessoas reclamando muito do prefeito atual, do anterior, da Zona Franca Boliviana, da Zona de Livre Comércio de Epitaciolândia, do Governo do Estado que se esqueceu da cidade após a eleição de Wanderley Viana, etc. Ou seja, a situação do município para a maioria da população é culpa de tudo e de todos, menos deles próprios que, acomodados, esperam que alguém resolva as coisas. É hora de virar o jogo, antes que seja tarde.

Para virar o jogo, e depois vencer de goleada, o primeiro passo é a população mudar de atitude. Em seguida, deve-se iniciar o processo de construção coletiva daquilo que chamo “visão positiva de futuro”. Mas para isso é preciso lideres, matéria-prima escassa atualmente “pelas bandas de lá”. Que saudades de Chico.

Carlos Estevão é xapuriense e professor de Teoria Econômica da UFAC.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Caex reage à crise

A Cooperativa Agroextrativista de Xapuri quadruplica volume de castanha comprada em 2008 com relação à safra passada e ensaia recuperação da crise que quase a leva à bancarrota.

A Cooperativa Agroextrativista de Xapuri (Caex), criada em 1988 ainda sob a coordenação do líder sindical Chico Mendes, com objetivo de eliminar do processo de comercialização da borracha e da castanha a figura indesejável do atravessador, está começando a mostrar os primeiros resultados contra uma crise que quase a leva à falência nos últimos dois anos.

O presidente da Caex, Luís Íris de Carvalho, anunciou nesta quinta-feira (11) o recorde no volume de compra de castanha - um dos esteios da empresa, junto com a borracha - obtida pela entidade em 2008. Até o momento, a Cooperativa já comprou, direto do produtor, 26 mil latas de castanha, volume que já garantiu à empresa uma renda de R$ 25 mil com a comercialização da produção.

Na safra passada, o volume comprado pela Caex não passou das 6 mil latas de castanha. Dificuldades financeiras e dívidas herdadas da administração passada da instituição foram as principais razões do mau desempenho do ano passado, segundo Luiz Íris, tanto com relação à compra da castanha quanto da borracha.

Há dois anos a Cooperativa não acessa os recursos do Programa de Compra Antecipada da Castanha que são disponibilizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em virtude da não prestação de contas de exercícios anteriores. A Caex tenta sanar uma dívida com o órgão federal de mais de 1 milhão de reais.

A crise afetou também o mercadinho da Cooperativa que chegou a ficar praticamente sem nenhuma mercadoria nas prateleiras e com a folha de pagamento dos funcionários atrasada por vários meses. Hoje, o comércio está em recuperação, com um estoque de R$ 27.600,00 e com um faturamento mensal de R$ 3.700,00 e pagamentos em dia.

As notícias também são positivas para o produtor. O preço da lata de 10 quilos da castanha, que andou na casa dos R$ 8,00 no início do ano está girando agora em torno dos R$ 15,00.

A usina de beneficiamento Chico Mendes também está apresentando resultados positivos. Com uma capacidade de processamento de 30 mil latas de castanha por mês, a usina presta ainda serviços de beneficiamento para a Cooperacre de dois em dois meses, o que gera um lucro de R$ 12 mil ao mês.

Empregando no momento 38 funcionários, a usina Chico Mendes é gerenciada, atualmente, pela Sociedade Castanheira da Amazônia que é formada, além da Caex, também pelas empresas R. Bertolino – Castanha Beija-flor e a Cooperacre - Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre.

A previsão de Luís Íris de Carvalho é de que até o final deste mês todo o estoque de castanha comprada pela Cooperativa seja vendido para o mercado nacional. De acordo com ele, a próxima meta da Caex é obter bons números também com relação à compra da borracha, que começa agora em setembro, com a previsão de compra de 15 toneladas mensais.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Minc vê "Amazônia queimar em vários lados"



Ivan Richard, da Agência Brasil

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou nesta quarta-feira (10) que está preocupado com o possível aumento do desmatamento na Amazônia nos meses que antecedem as eleições de outubro.

Ele acredita que está havendo pressão política em decorrência do período eleitoral, o que pode levar prefeitos e governadores a evitar medidas "antipáticas" para coibir crimes ambientais.

“Não temos os dados de agosto, mas estou muito preocupado. Estou sobrevoando a Amazônia e tenho visto a floresta queimar em vários lados”, disse Minc após reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Segundo o ministro, tem havido muita pressão política sobre prefeito e governadores. “Inclusive, pedi para ser feito um levantamento, não está pronto ainda, [para analisar] os meses antes de eleições. Nenhum prefeito e nenhum governador quer ser antipático na véspera da eleição”, argumentou.

De acordo com Minc, historicamente, os meses anteriores às eleições são ruins em relação ao desmatamento. “Vi uma série [de queimadas] que ainda não estão tabuladas, mas tenho sobrevoado a Amazônia e tenho visto muitas queimadas em muitas áreas. Você fecha uma serraria em um lugar e, se não são criados empregos sustentáveis na mesma região, o sujeito vai desmatar cinco quilômetros adiante”, disse o ministro.

Minc relatou que participou na terça-feira (9) de uma operação no Parque Nacional do Juruena (MT), em que viu “dezenas de crimes ambientais”. “Desmatamento, queimada, gado [criado ilegalmente], aprendemos um caminhão com palmito ilegal, toras ilegais. Se em um parque nacional acontece isso, a situação não está segura e precisamos fazer um esforço muito grande de todos os ministérios para agilizar a execução do Plano Amazônia Sustentável [PAS].”

Para o ministro, a “luta de gato e rato” e a simples repressão não vão resolver o problemas do desmatamento. É preciso, segundo Minc, criar opções de renda sustentáveis para as pessoas que vivem na Amazônia.