sábado, 29 de setembro de 2007

Onde está o dinheiro?

No meio da fuzarca generalizada que tomou conta da prefeitura de Xapuri, ninguém consegue informações sobre a pavimentação das ruas cujos convênios para a execução das obras estão à disposição do público no Portal da Transparência. Eis, a seguir, alguns deles:

Convênio 574327

Objeto: PAVIMENTAÇÃO DE RUAS

Órgão superior: MINISTÉRIO DA INTEGRACAO NACIONAL
Convenente: PREFEITURA MUNICIPAL DE XAPURI
Valor conveniado: R$ 284.036,60
Data da liberação: 12/06/2007
Valor liberado: 284.036,60

Convênio 574907

Objeto: Custear a pavimentação em tijolo maciço nas Ruas, Evaristo da Silva (1.530 m2), Nova Vida (475m2), Esperança (525m2), Amadeu Dantas (500m2), C. de Deus (500m2) Beatriz Santos (500m2), Rodovaldo Nogueira (2.304m2) e Rua 14 (2.304m2).

Órgão superior: MINISTÉRIO DA DEFESA
Convenente: PREFEITURA MUNICIPAL DE XAPURI
Valor conveniado: R$ 343.233,97
Data da liberação: 03/09/2007
Valor liberado: 343.233,97

Obs. Clique no número dos convênios e veja o detalhamento.

São mais de seiscentos mil reais destinados à recuperação de ruas liberados para o município. Enquanto isso as vias públicas encontram-se totalmente abandonadas, com a população a mercê da poeira e da lama. Se os recursos já foram acessados na Caixa Econômica Federal, por que será que as obras não estão sendo executadas? Apenas um pequeno trecho no conjunto Amadeu Dantas foi pavimentado até agora. Se os recursos não foram ainda acessados, o que duvido, que explicações sejam dadas à população que espera por ruas melhores para transitar.

Saberes dos Povos da Floresta

Os povos que vivem tradicionalmente na floresta possuem um enorme conhecimento sobre as plantas e os bichos. Este conhecimento é chamado por especialistas como "conhecimento tradicional associado à biodiversidade". É cobiçado pelas indústrias para desenvolver produtos para fins comerciais. Às vezes, pessoas desautorizadas chegam nas comunidades e procuram acessar essses conhecimentos, que acabam sendo apropriados pelas indústrias, deixando a comunidade sem benefícios. Este tipo de "roubo" do conhecimento é chamado de biopirataria.

Mas não é apenas o conhecimento sobre os bichos e as plantas que precisa de proteção. As histórias, músicas, danças e desenhos também representam um grande valor que precisa ser protegido contra o esquecimento e contra o uso indevido. Na medida em que a natureza está sendo destruída e as tecnologias de exploração avançam, a proteção dos conhecimentos tradicionais e salvaguarda da cultura vêm se tornando um grande debate entre os interessados em apoiar este trabalho.

Contudo, este debate vem sendo conduzido, na sua maioria, por governos e "especialistas". Os povos da floresta - os principais interessados - continuam excluídos. Após o movimento de em defesa da mata e da permanência dos seus habitantes, nas décadas de 70 e 80, hoje a proteção dos saberes apresenta um novo desafio, ou seja, uma nova luta para os povos da floresta.

As comunidades Sibéria, Seringal Cachoeira e Xapuri-Centro deram, através do registro de referências culturais, o primeiro passo para salvaguardar seus conhecimentos e sua cultura. No seminário "Saberes dos Povos da Floresta - ameaças e possibilidades de salvaguarda", pretende-se, além de introduzir alguns conhecimentos básicos sobre a legislação, envolver os participantes no debate, para que possam assumir um papel ativo na construção de políticas de salvaguar.

  • Texto extraído do folder do I Seminário Saberes dos Povos da Floresta, que está sendo encerrado neste sábado em Xapuri. O Seminário faz parte das atividades previstas no projeto "Registro de Referências Culturais de Xapuri", executado pela Fundação Elias Mansour, através de convênio com o Ministério do Meio Ambiente e IPHAN – Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em parceria com o Museu do Xapury.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Agência de Notícias do Acre


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Já está no ar a Agência de Notícias do Acre, portal de informações do Sistema Público de Comunicação. Lá você vai encontrar matérias impressas e em áudio produzidas por todas as emissoras de rádio do interior do estado, entre elas a Rádio Educadora 6 de Agosto de Xapuri, que já reestreou o jornal Xapuri Notícias, no horário do meio-dia, com as notícias que são destaque no país, no estado e, é claro, na terra conhecida pelo simpático codinome de "A Princesinha do Acre". O endereço é www.ac.gov.br/agencia. Acesse e boa informação.

Xapuri adere ao "Todos pela Educação"

Depois da saída do professor Wemerson Fittipaldy do cargo de secretário municipal de educação, o prefeito Vanderley Viana tomou ontem uma boa atitude pela educação. Recebeu consultores do MEC e assinou o termo de compromisso com o programa "Todos pela Educação", do governo Federal.

Os consultores do Ministério da Educação estão no município desde o início da semana realizando um levantamento para a produção do diagnóstico do sistema municipal de ensino, cujo documento foi entregue ontem ao prefeito durante o ato de assinatura do Termo de Adesão ao programa.

Solícito, Vanderley Viana recebeu a repórter Fernanda Gomes, da Agência de Notícias do Acre, e falou sobre a importância de o município aderir ao programa. "É importante porque a educação terá mais recursos e mais capacitação. Coisas que não tínhamos anteriormente", disse o prefeito.

Será um sinal de novos tempos, na reta final para o fim do mandato?

Internet ruim

A precariedade e a lentidão do serviço ADSL em Xapuri têm dificultado a atualização do blog nos últimos dias. Os colegas de Rio Branco informam que o problema é generalizado no estado. De qualquer maneira, minhas desculpas àqueles que se acostumaram a procurar aqui informações sobre essa boa terra.

domingo, 23 de setembro de 2007

A bala contra Agenor, 27 anos depois

Agenor Carvalho voltava de um aniversário na noite de nove de novembro de 1990. Deitou-se na cama do seu quarto, na casa da Rua Julio de Castilhos (onde funcionou o Diretório Municipal do PT), no Bairro Caiari, em Porto Velho. Minutos depois, o pistoleiro abriu a janela e disparou um tiro certeiro no seu coração. A grilagem de terras ultrapassava os limites do imaginável. Era comum a polícia tomar espingardas dos posseiros, mas permitir arsenais completos em mãos de fazendeiros.

Agenor, o conhecido "advogado dos pobres", era secretário-geral do MDB de Rondônia. Ele acusava o fazendeiro José Milton de Andrade Rios de guardar um estoque de armas pesadas no Seringal Muqui. Faz 30 anos essa denúncia. Foi na CPI da Terra, concluída em agosto de 1977 e cujo relatório saiu no Diário Oficial do Congresso Nacional em setembro daquele ano. (No final do texto, os valores da condenação judicial ).O deputado Jerônimo Santana (MDB) cobrava: "Não interessa à polícia apreender revólveres 44 e metralhadoras?". Não interessava. Intocável, José Milton prosseguia a façanha de perseguir os posseiros do seu seringal, freqüentava festas, saía em fotos de colunas sociais e sua empreitada até recebia elogios do governo. Elogios que foram parar nos anais da CPI.

Este era um dos retratos da Amazônia no regime militar.

Pistolagem amazônica

Tão famoso quanto o bando do Muqui, a 367 quilômetros de Porto Velho, Ji-Paraná acomodava um 'sindicato de pistoleiros de aluguel', ou 'sindicato do crime'. Era chefiado por Norival Félix de Almeida desde os tempos da antiga Vila Rondônia (ex-Urupá), cujo nome foi novamente mudado para Ji-Paraná. Tocaiava e matava. Menos que a malária, mas matava, jogava os cadáveres nos rios, ou os abandonava na beira da estrada. Funcionava em moldes semelhantes aos de Rio Maria (PA), que eliminava posseiros, líderes sindicais, e perseguia constantemente o padre Ricardo Rezende, da Comissão Pastoral da Terra. Ou daquele 'sindicato' de Cuiabá, cujos pistoleiros exibiam revólveres 44 na cinta, em plena Praça Alencastro, coração da capital mato-grossense. Os latifundiários cansaram-se das ações movidas pelo advogado Agenor de Carvalho, em defesa de posseiros e de sem-teto em Porto Velho.

Mortes em Nova Vida

Cerca de 300 famílias de posseiros atrapalhavam os compradores de terras que deixaram São Paulo para investir na compra de terras devolutas em Rondônia. No antigo Seringal Nova Vida, entre Ariquemes e Jaru, jagunços a serviço do Grupo Arantes espancavam e matavam posseiros, estendendo a sua influência a mais de 300 mil ha de outra área, conhecida por Milagres. A situação se agravou em agosto de 1979, dois anos depois da CPI: pistoleiros atingiram os irmãos posseiros Alcedino e Aristeu Lucindo com balas de revólver 38. Eles morreram, deixando mulheres e filhos menores. Alguém procurou saber quem criou os filhos dos posseiros? Se ainda vivem em Rondônia?

Glebas da cobiça

O clima ficou tenso na região. A Polícia Federal decidiu tomar a frente das investigações e prendeu três pistoleiros: Antônio Francisco Alencar, o Cherém, Roberto da Silva, e Osvaldo Almeida de Oliveira. Benigno, Geraldo Soldado e Lourenço eram outros jagunços famosos. Em Ji-Paraná, eles perseguiam posseiros às margens do Rio Urupá, a mando do fazendeiro Walmar Meira, dono da Fazenda Itapirema. Os Arantes, de São Paulo, que chegaram a Rondônia em 1973 são hoje proprietários do maior laboratório de genética bovina da Amazônia. Aquele território por onde desfilam touros de alta linhagem foi um dos palcos da sangrenta luta pela terra no extinto território federal.

Boicote à Tribuna

A prepotência do Incra encarnava mesmo a concepção de órgão militarizado. No entanto, seus dirigentes desprezavam as sublimes lições da caserna, agindo com desnecessária truculência. No cargo de coordenador, em 1979, o amazonense Bernardes Martins Lindoso, irmão do então senador José Lindoso (Arena-AM), ordenava despejos à força. "Vamos colocar para fora esses posseiros da Gleba Prosperidade, na hora que bem entendermos, do jeito que fizemos no Seringal Muqui", dizia. Com os sem-terra ele agia assim. Com a imprensa, fazia boicote econômico, ordenando o corte de anúncios ou publicação de editais em A Tribuna, diário que publicava reportagens sobre a falta de recursos em alguns projetos fundiários e de colonização — Rolim de Moura entre eles. Lindoso entregava aos órgãos de informação os nomes dos jornalistas e donos de jornais.

Um poder paralelo

A soldo dos fazendeiros paulistas Sílvio Lázaro e Moacir Ravagnani, proprietários do Grupo Bonanza, em setembro de 1978 o temível José Joaquim dos Santos, Zé Bahia, facilitou a ação policial no despejo de 55 famílias da Gleba Prosperidade. Insultadas o tempo todo na beira da cerca de arame farpado, em Cacoal, a 483 quilômetros de Porto Velho, elas foram impedidas de retirar a colheita de café, arroz, feijão, mandioca, milho, banana, abacaxi, e alguns porcos, patos, galinhas e cães de estimação. Duas grávidas passaram mal.

Oficiais de Justiça eram detestados pelos posseiros. Um deles, acusado pelo líder sem-terra Alceu de Araújo Veras, ex-funcionário da Funai, ameaçou famílias e não hesitou em ordenar a destruição de suas lavouras. Cumpria ordens, claro. O que não o eximia de truculência. Mais realista que o rei, outro oficial de Justiça requisitara a PM para despejar posseiros nas terras do fazendeiro Fernando Iberê, em Pimenta Bueno. O então juiz de Direito e mais tarde desembargador, César Montenegro, decretara o despejo de apenas cinco famílias. Ele aumentou o despejo para 70, valendo-se da tropa da Polícia Militar ordenada pelo então comandante, coronel Ivo Célio da Silva. Mais uma vez o fato foi levado ao conhecimento das autoridades federais em Brasília. Restou à Justiça demitir o oficial. Antes do despejo, semelhante ao cangaço de Lampião, Zé Bahia mandava armar emboscadas. Pressionada por políticos e advogados, a polícia identificou os atiradores: Valdir Félix, capixaba, e Pedro Correia da Costa, baiano, ambos solteiros e hábeis no manejo de grossos calibres. A essa altura, a população entrava em polvorosa: de um lado, esquentava o conflito entre índios Suruí e colonos capixabas; de outro, a matança de posseiros, entre os quais, os líderes Pedro Pereira da Silva e Silvino Dias de Moura.

Contra o chefe dos jagunços, o delegado de Cacoal, Francisco Rufino Sobrinho recebeu apenas queixas. Imune, Zé Bahia continuou andando pelas esquinas da cidade, com uma bíblia debaixo do braço. Alguns posseiros viajavam de ônibus a Porto Velho para pedir garantia de vida na Secretaria de Segurança Pública. Foi assim que os grileiros Domingos Sansão e Antonio Limeira passaram a ser conhecidos na capital. Paulo Queiroz abriu a seguinte manchete em A Tribuna: Só resta medo na gleba que um dia foi Prosperidade.

No grito

"Esta fazenda é do Moacir ou não é? Vai virar pasto ou não vai?", gritava um jagunço, sob o som de disparos de revólveres e carabinas. Relatada pelo posseiro João Oliveira Castro, a zombaria chegava ao conhecimento das autoridades em Porto Velho.
O juiz José Clemenceau Pedrosa Maia deu sentença favorável aos fazendeiros. A posse de 500 ha estendeu-se para 8 mil. E as famílias foram se abrigar em ranchos de pau-a-pique, cobertos de lona. Ensaiaram voltar, recebendo apoio do presidente do Sindicato Rural, Hildo Salton, e do padre José Simionatto.

Agenor sabia com quem mexia. No entanto, convivia com o latifúndio, que o mantinha sempre na mira. A essa altura, suas ações em defesa das famílias de posseiros e dos sem-teto da Nova Porto Velho, Bairro da Floresta e adjacências abalavam a sólida estrutura de José Milton e Carlos Figueiredo. Este último, sócio do mais vultoso empreendimento imobiliário daquela década em Porto Velho. Para aquele advogado nascido em Porangatu (GO), bastava o dito popular: "Em terra de sapos, de cócoras com eles" – muito comum em Rondônia. Lamentavelmente, calaram-no.

MONTEZUMA CRUZ montezuma@agenciaamazonia.com.br

NOTA

Em 31 de agosto último, decorridos 27 anos, nove meses e 22 dias da morte de Agenor, a juíza Rosemeire Conceição dos Santos Pereira, da 6ª Vara Cível, Falência e Concordatas, de Porto Velho, condenou os mandantes do assassinato, o fazendeiro José Milton Rios e o empresário Carlos Figueiredo – a indenizar a viúva e os órfãos. Eles pagarão R$ 302 mil à viúva Dalal Skaff de Carvalho e aos órfãos Rodrigo Otávio Skaf de Carvalho, Valdemir Skaf de Carvalho e Fabrício Skaf de Carvalho, a título de indenização por dano moral.

Os mandantes do assassinato devem arcar, também solidariamente, com o pagamento das custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios arbitrados em R$ 10 mil. Agenor foi morto com um tiro de revólver 38 no coração, no quarto de sua casa, em 9 de novembro de 1990, ao voltar de uma festa de aniversário em Porto Velho.

sábado, 22 de setembro de 2007

Arquivo G1: Câmara cassou deputado Hildebrando Pascoal em 1999

Pascoal foi acusado de assassinato e participação em esquadrão da morte.
Acabou perdendo o mandato por quebra de decoro parlamentar.


Do G1, em São Paulo

Em 22 de setembro de 1999, a Câmara dos Deputados cassou o mandato do deputado federal Hildebrando Pascoal, do Acre, por quebra de decoro parlamentar.

Pascoal era um dos alvos da CPI do Narcotráfico e estava sendo investigado por assassinato, participação em esquadrão da morte e tráfico de drogas no estado. À CPI, ele confessou ter assinado bilhetes para ajudar traficantes a escapar de barreiras da policia. Ele foi expulso do PFL. Relembre o caso no "Jornal Nacional".

No ano passado, o ex-deputado foi condenado a 18 anos de prisão pela morte de um soldado do Corpo dos Bombeiros do Acre, em 1997.

Peixes do Madeira serão salvos, garante Lula

Os peixes do Rio Madeira, maior afluente da margem direita do Rio Amazonas, serão salvos. O modelo da barragem das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio não criará grandes lagos. Foi o que garantiu, hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Agência Amazônia.

Lula criou polêmica ao criticar os bagres do rio. Agora, se fundamenta em estudos de especialistas que opinam sobre a construção das usinas que produzirão 6,45 mil megawatts de energia. "Canais para transposição dos peixes manterão as condições de reprodução das diferentes espécies encontradas no rio", ele garante.
Embora afirme que as delegacias da Polícia Federal, especializadas em meio ambiente têm contribuído de forma positiva para o combate à biopirataria no Brasil, Lula admite que muito ainda pode e deve ser feito contra esse crime.
O presidente disse que projetos agrícolas na Amazônia terão que respeitar não só o zoneamento agroecológico como o caráter local. E não manifesta temor com a expansão da cultura da cana-de-açúcar para a fabricação de etanol. "Há mais de uma década, pelo menos, quatro usinas de cana já operam nos arredores de Manaus, no Amapá e no Pará", afirmou. A seguir, os principais trechos da entrevista, na qual Lula aborda exclusivamente temas amazônicos:
O senhor acompanhou a luta dos sindicalistas Wilson Pinheiro e Chico Mendes. Entende que a luta sindical na Amazônia avançou ou estagnou?
Avançou. A luta avançou em vários sentidos e em uma direção. Em vários sentidos do ponto de vista político, social, moral e ético. Isso porque, naquela época, era uma luta isolada de um grupo de pessoas, apoiada por alguns aliados no Congresso Nacional, por alguns jornalistas, alguns pesquisadores e, principalmente, pelas comunidades locais, mais especificamente a de Xapuri. Se formos fazer uma retrospectiva de 20 anos atrás, quando aconteceu o primeiro encontro para a criação da Aliança dos Povos das Florestas, vamos ver que tinham acabado de assassinar o Chico Mendes, em função da luta que ele fazia.
Hoje, passados 20 anos, os índios estão reconquistando o direito sobre suas terras ocupadas, e foi criada uma nova modalidade de unidade de conservação, que viabilizou as reservas extrativistas. Estas comunidades vêm inscrevendo na história deste País o direito de ter expressas suas idéias, seus rostos, sua cultura e continuam lutando para ampliar seus direitos e conquistas. Então, não tenho dúvidas de que avançou e avançou a tal ponto que naquela época não existia um governo estadual com qualquer compromisso com estas comunidades. Hoje, você encontra uma Ana Júlia no Pará, um Binho no Acre, um Eduardo Braga, no Amazonas e um Valdez no Amapá, por exemplo. As hidrelétricas do Rio Madeira estão entre as principais prioridades do PAC.
Que garantia o seu governo oferece no sentido de que elas serão usinas diferentes e que causarão menos agressões ambientais?

A licença prévia ambiental, emitida pelo Ibama, é a principal garantia de que todas as exigências serão cumpridas com base na legislação ambiental brasileira, que é considerada uma das mais completas do mundo. Os projetos do Rio Madeira seguiram critérios rígidos de redução de impacto, no sentido de impedir o alagamento de áreas de floresta, o acúmulo de sedimentos ou o desequilíbrio na população de peixes. Os projetos prevêem, por exemplo, um tipo de barragem que não cria grandes lagos. E, no caso das duas usinas, os estudos vão garantir que a área alagada seja praticamente igual à área atualmente coberta pelo rio no período de cheia.
Outra medida prevista é a construção de canais para transposição dos peixes, mantendo as condições de reprodução das diferentes espécies encontradas no rio. Essa certeza de que o impacto será mínimo também está sustentada no resultado dos estudos de especialistas brasileiros e estrangeiros em impactos de grandes usinas, a pedido do Ministério de Minas e Energia.
Capixaba, no Acre, possui uma usina de etanol. Proprietários da região vêm alugando áreas de pastagens para o plantio de cana-de-açúcar. O Acre será exceção nesse cultivo na Amazônia?

A política básica é a seguinte: o governo não autoriza a derrubada de uma única árvore da floresta amazônica para plantar cana. O que é preciso levar em conta é que, quando se fala em Amazônia, muitas vezes se está se referindo à chamada Amazônia Legal – que inclui estados inteiros como Tocantins e Mato Grosso, além de parte do Maranhão, por exemplo. Outra coisa: há mais de uma década, pelo menos, quatro usinas de cana já operam nos arredores de Manaus, no Amapá e no Pará. Como lidar, então, com uma situação tão complexa? Definindo cada área com clareza, para que a floresta seja efetivamente protegida. É por isso que vamos concluir, até junho do próximo ano, o zoneamento agroecológico da cana -de-açúcar para todo o Brasil, onde já decidimos que não será incluído o bioma Amazônia.
O governo também está construindo instrumentos para orientar que a expansão da cana se dê preferencialmente em áreas degradadas. Com a regulação adequada e uma fiscalização eficiente, é perfeitamente possível encontrar o modelo econômica e ecologicamente sustentável que o Brasil tanto deseja. No caso específico da sua pergunta, existe um projeto para aproveitar uma antiga instalação já existente e, assim, gerar novas atividades. Mas acreditamos que é um caso pontual e qualquer projeto que surgir na região amazônica terá que respeitar não só o zoneamento agroecológico como o caráter local.
A Amazônia é alvo da cobiça internacional por conta de suas riquezas. Biopiratas vendem sangue de índio pela internet, rãs, pássaros e os dematamentos ainda atingem índices críticos. O que o governo fez e fará para coibir essas práticas nefastas?

O desmatamento da Amazônia vem caindo de forma sistemática nos últimos anos e agora, em 2007, a projeção é de que cairá ainda mais. Juntos, governo e sociedade, conseguimos reduzir em 50% o desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos. Na Mata Atlântica, as reduções foram de 75%. Isso equivale a evitar o lançamento, na atmosfera, de 430 milhões de toneladas de gás carbônico. Homologamos mais de 10 milhões de hectares de terras indígenas. Nossos esforços também nos permitiram dobrar a área destinada a reservas extrativistas no Brasil: se compararmos com dados de 2002, criamos mais 21 novas reservas, num total de 10 milhões e 100 mil hectares que beneficiam mais de 20 mil famílias. Portanto, há um esforço integrado de Governo para enfrentar a situação do desmatamento e com resultados muito positivos.
Com relação à biopirataria implementamos, a partir de 2003, o Conselho de Patrimônio Genético, que definiu, por meio de decretos e toda legislação envolvendo resoluções e atos do Executivo, um conjunto de medidas de punição para ações de extração ilegal de recursos da natureza, da biodiversidade. Temos hoje funcionando um cadastro nacional, que envolve as pesquisas e coleta de animais para pesquisa e um sistema de licenciamento e autorização para acesso ao patrimônio genético – que orienta as pesquisas de forma a atuarem com respeito à legislação ambiental e observando a obrigatoriedade de repartição de benefícios, conforme exige a Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica. Temos ainda, desde 2003, a implantação de delegacias da Polícia Federal, especializadas em meio ambiente, que têm contribuído de forma positiva para o combate à biopirataria no Brasil. Muito ainda pode e deve ser feito. Mas precisamos valorizar nossas vitórias, que foram muitas e relevantes.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O ouvinte, o rádio e o radialista

Francisco Djacyr Silva de Souza*

A relação do ouvinte com o radialista é de grande importância para a própria sobrevivência do rádio e para um processo de crescimento da interatividade tão essencial para o desenvolvimento da comunicação. É vital que os que fazem o rádio entendam que o processo de participação do ouvinte na programação vai configurar um processo de construção da cidadania em meio a opiniões, dicas, conselhos, denúncias e outras formas de participação que fazem do ouvinte um elemento ativo na construção deste meio de comunicação que resiste em meio a tanta modernidade.

É de grande importância que se cultive no meio radiofônico um processo permanente de respeito mútuo onde ouvintes e radialistas possam ser cúmplices do crescimento do rádio e justifiquem sua grande importância na construção de uma sociedade democrática. O radialista deve evitar desrespeitar o ouvinte com apelidos, brincadeiras de mal gosto e até codinomes pejorativos valendo entender que este respeito é necessário não apenas em meio às transmissões radiofônicas, mas, sobretudo fora do ar.

Sabemos que muitas vezes os ouvintes podem extrapolar em meio a sua participação, por isso é preciso criar mecanismos que eduquem o ouvinte para refinar sua participação e valorizá - la cada vez mais. Vale entender que o papel do ouvinte é fundamental para o crescimento e desenvolvimento do rádio, pois o ouvinte é a mola - mestra da construção de um processo de cidadania participativa. Se for feito um apanhado das manifestações culturais, sociais, ambientais e de formação política que se dão em uma participação do ouvinte veremos que é o ouvinte uma das razões de ser do rádio e que o radialista é o condutor deste processo no momento em que oportuniza uma opinião sadia e que, com certeza, será de grande importância na construção de um mundo melhor e solidário.

O ouvinte merece ser respeitado por todos aqueles que fazem parte da programação radiofônica, pois sem ouvintes o que seria do rádio?

*Professor e presidente da Associação de Ouvintes do Rádio do Ceará

Medo da chuva

Nota do colunista do jornal Página 20 Leonildo Rosas:

"O jornalista Leônidas Badaró (TV5) ficou fora de combate nos últimos dias. Amigos maldosos do bom xapuriense juram que o forte resfriado foi contraído no último domingo, quando Badaró, a serviço, participou da caminhada GLTB. Muito sensível, o moço caiu de cama após tomar chuva a tarde inteira. Atchim!"

Que coisa.

O Dia do Radialista


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Dia 21 de setembro é uma data para se comemorar o dia do radialista, profissional de extrema importância para a sociedade, seja na hora de transmitir a informação ou simplesmente para o entretenimento. O radialista, sobretudo na Amazônia, onde o rádio continua a ser o veículo de comunicação mais importante, mantém uma relação intensa com a sua comunidade. Muitas vezes é obrigado a assumir a função de conselheiro, psicólogo, advogado e até delegado de polícia.

Um exemplo da importância desse profissional para a vida das pessoas é o trabalho do radialista Evilázio Oliveira, do município de Feijó, interior do Acre. Evilázio carrega na alma a paixão pelo rádio e pelo público que atinge. Com o seu programa ele consegue proezas como a de lotar o pequeno prédio da Rádio Difusora de Feijó em uma data especial como o Dia das Mães. A apresentação de uma pequena amostra de seu trabalho emocionou os participantes da oficina de rádio que reuniu os radialistas do interior no início de setembro em Rio Branco.

Através do Evilázio Oliveira o blog homenageia a todos os radialistas do estado. Da capital aos mais distantes municípios do interior, esses profissionais são testemunhas de uma verdade incontestável: onde há um rádio ligado e um radialista comprometido com os problemas da sua cidade, existe mais esperança. O resultado do trabalho do radialista não rende fortuna, mas o prazer da interação com o ouvinte e a participação na vida da comunidade resultam nesse brilho no olhar do Evilázio na foto acima. Parabéns a todos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Xapuri Rural

Mais um bom xapuriense está entrando neste universo conhecido como blogosfera. Auricélio Azevedo, presidente da Associação Ribeiracre, assina a partir de hoje o blog Xapuri Rural. A proposta é manter o público informado de tudo o que acontece no setor rural do município de Xapuri. A nós resta prestigiar e participar de mais um espaço que surge com o propósito de fomentar o debate sobre as principais questões que assolam a população do campo. Ao Auricélio os parabéns pela iniciativa e vida longa ao blog.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pergunta do dia

Quantos sacolões de alimentos poderiam ser comprados com os três meses de salários atrasados dos funcionários da fábrica de vassouras?

Educom Verde

Educação + comunicação ambiental = planeta sustentável. Reflexões, idéias práticas, sugestões e espaço para troca de informações sobre o tema meio ambiente.

É o blog da jornalista Débora Menezes, de São Paulo. Vale a pena conferir: http://educomverde.blogspot.com/

Acesse e participe.

Elenira Mendes na Europa

A presidente da Fundação Chico Mendes, Elenira Mendes, está na Europa em busca de apoio para projetos a serem desenvolvidos em Xapuri. A filha de Chico Mendes mantém contato na França com duas empresas fabricantes de papel e com outra que trabalha com material reciclado, com filial no Brasil.

As informações foram fornecidas pelo esposo de Elenira, Davi Cunha, que também a assessora. Segundo Davi os nomes das empresas serão mantidos em sigilo até a assinatura dos convênios, por medida de segurança.

Elenira Mendes também é presidente do recém-criado Instituto Chico Mendes, um braço da Fundação que visa desenvolver projetos de alcance social, cultural, esportivo e educacional.

É representando o Instituto Chico Mendes, principalmente, que Elenira está na França com o apoio da Petrobrás. A estatal brasileira mantém convênio com o Instituto Chico Mendes para as ações desenvolvidas em Xapuri.

Entre as atividades desenvolvidas no município de Xapuri pela Fundação e Instituto Chico Mendes está um Telecentro do GESAC - programa de inclusão digital do governo federal - que atende a estudantes e comunidade em geral.

Na noite desta quarta-feira (19), a Fundação Chico Mendes realiza o encerramento do Curso de Língua Espanhola, promovido em parceria com o Instituto Dom Moacir.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Acúmulo de cargos na Câmara

O clima deve esquentar na Câmara de Xapuri após se tornar público o pedido do vereador França ao Tribunal de Contas do Estado do Acre para verificação da legalidade do acúmulo de cargos mantido pelo presidente da Casa, vereador Ronaldo Ferraz.

Ronaldo é funcionário do governo do estado lotado no hospital de Xapuri e também servidor da Câmara. Some-se o fato dele ser também vereador e presidente da Casa, recebendo por isso, além de seu salário, uma modesta gratificação.

Procurados para se manifestar sobre o assunto, ambos se recusaram a falar no momento. Fiz contato com o vereador França, por intermédio do vereador José Maria Miranda (PT), mas ele prometeu falar somente após receber o parecer do Tribunal de Contas.

O vereador Ronaldo Ferraz reagiu com surpresa ao receber meu telefonema. Afirmou desconhecer a denúncia do seu par. Também prometeu se pronunciar após se inteirar melhor dos fatos.

Em outras oportunidades, o vereador Ronaldo foi questionado quanto à esta situação. Afirmou que sua condição é legal e que estava tranquilo quanto a qualquer medida que viesse a ser tomada quanto a essa questão.

O estranho é o fato de somente agora alguém ter se preocupado com isso. Os motivos que levaram o vereador França a tomar a decisão, que acredito não terem motivação ética, simplesmente, ainda não estão claros.

O espaço do blog está aberto para ambos.

domingo, 16 de setembro de 2007

Sábado de movimentação política

O sábado foi marcado pela movimentação dos principais partidos políticos de Xapuri, com vistas às eleições do próximo ano. O PT se reuniu no seringal Cachoeira, pela manhã, enquanto o PMDB inaugurava a sede do seu diretório municipal. À noite foi a vez do Partido Verde realizar ato de filiação com a adesão de ex-integrantes do PT e de algumas lideranças importantes como o professor João Jorge, líder comunitário do bairro Sibéria, e do presidente da Associação Ribeiracre, Auricélio Azevedo. Mas a grande novidade do PV, que esboça uma iniciativa política própria, é a filiação da presidente da Fundação Chico Mendes, Elenira Mendes.

Da parte dos partidos que compõem a Frente Popular do Acre no município (PT, PSB e PV) - no PC do B não se houve mais falar - o que se percebe claramente é que o tão falado resgate da unidade, deixada de lado nas útimas eleições, não passou de balela. Foi deixada de lado de uma vez por todas. A prova disso são as articulações totalmente alheias umas às outras, em um clima de constante rivalidade. É um indicativo de que os erros cometidos nos últimos pleitos, que resultaram na ressurreição de uma aberração política chamada Vanderley Viana, e também no fato lamentável do município não ter feito nenhum representante na Assembléia Legislativa, não serviram de lição.

Não fosse o enorme desprestígio por que passa a atual administração, completamente perdida nas mãos de um prefeito despreparado e desequilibrado, poderia se dizer que uma possível reeleição de Vanderley não seria uma possibilidade totalmente absurda. A sua candidatura nas eleições passadas também foram alvo de piadinhas e muita gente comemorou o fato de o adversário da Frente ser um sujeito problemático, com passagem pelo presídio Francisco de Oliveira Conde. Aliás, apelar para esse argumento foi o que alavancou a popularidade do dito cujo na reta final da eleição. Todo cuidado, desta vez, será muito pouco.

O PMDB, livre da presença incômoda do prefeito, parte para candidatura própria. Os principais nomes do partido à disputa são ex-aliados de Vanderley: o presidente da câmara, Ronaldo Ferraz, e o vice-prefeito João Dias. O PT patina sem definir um nome de peso político. Talvez seja o agrônomo Ubiracy Machado de Vasconcelos, mas outros nomes estão despontando, como o do gerente da Seater Nilberto Menezes. Por fora vem o secretário do partido, Selmo Dantas, que promete brigar pela vaga na disputa. O PSB parece já ter definido o nome do empresário e funcionário do Ibama, Manoel Moraes de Sales. Correm por fora o vereador Erivélton Soares e o seu primo, Wágner Menezes, presidente do partido. Ninguém confirma, mas o PV pensa em lançar Elenira Mendes ou João Jorge.

Diante desse panorama a população reage com um certo ceticismo com relação ao futuro da cidade, que talvez atravesse o pior momento da sua história. No Acre de hoje, até as cidades mais isoladas do juruá experimentam de algum nível de progresso. Xapuri segue na contramão desse desenvolvimento. Ruas esburacadas, caos administrativo, juventude alcoolizada e falta de esperança. Em compensação há muita festa. Xapuri é a cidade que mais tem festa no Acre. É de quinta a domingo. Para se ter uma idéia, festival de praia, carnaval fora de época e festival de chopp se realizam em um único final de semana. Por mais que o povo não tenha motivos para festejar, bebe para esquecer.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

PMDB inaugura diretório

A partir deste sábado o PMDB terá sua casa própria em Xapuri. Será inaugurado o diretório municipal do partido até então considerado o "sem-teto" da política xapuriense. Flaviano Melo, presidente regional, e o deputado estadual Chagas Romão confirmaram presença na festa, entre outras lideranças.

O ato de inauguração acontece às 9 horas da manhã, na sede do partido, naturalmente, e os comes e bebes às 11 horas, no clube Assemux. O presidente do diretório municipal, Francisco Damião Bispo, está eufórico com o momento. Ele lidera o partido desde o ano passado e comandou o movimento de excomunhão do prefeito Vanderley Viana.

Reunião do júri

O Tribunal do Júri de Xapuri volta a se reunir a partir da próxima semana. Entre os réus que irão a julgamento está Édson Ferreira da Cunha, de 32 anos, que assassinou a esposa Gleiciane de Lima Souza Carmo, 16, com nove facadas. O crime aconteceu no bairro Sibéria e causou revolta e comoção popular. O caso do fazendeiro Alexandre Eluan, assassinado em uma emboscada no portão de sua fazenda, em fevereiro, deverá ser julgado em novembro. Até o final do ano a justiça de Xapuri pretende realizar mais um julgamento de grande repercussão: o dos acusados de matar o sindicalista Ivair Higino, braço direito de Chico Mendes. Os dois foram abatidos em 1988 e estão sepultados lado a lado no cemitério São José.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sessão secreta

Tradição da ditadura militar destituiu Chico Mendes da presidência da Câmara Municipal de Xapuri

Mary Allegretti

Na pesquisa que realizei para minha tese de doutorado consegui copiar todas as atas das sessões da Câmara dos Vereadores de Xapuri no período em que Chico Mendes foi vereador, menos uma: a da "sessão secreta" que decidiu pela cassação do seu mandato se ele não renunciasse à presidência da casa pelo fato de ter realizado uma grande reunião de seringueiros no plenário da casa.

As atas registraram os fatos:

No dia 17 de setembro de 1979 Chico Mendes, vereador pelo MDB e presidente da Câmara dos Vereadores de Xapuri, organizou, no plenário da Câmara, uma reunião de seringueiros ligados ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais para discutir os problemas que estavam enfrentando em relação aos conflitos fundiários.

No dia 23 de novembro, o vereador João Simão dos Santos, Vice-Líder do MDB, apresentou ao Presidente da Comissão de Justiça, uma denúncia formal contra o Presidente da Câmara Municipal de Xapuri, sob a alegação de que a reunião realizada com os seringueiros no plenário da Câmara contrariava os estatutos e convocou, em seguida, os membros da Comissão para uma reunião na qual deveriam resolver os devidos processos. A posição foi endossada pela maioria dos demais vereadores, que acrescentaram críticas à atuação do STR de Xapuri.

Na última sessão ordinária do ano, realizada em 30 de novembro, Chico Mendes já havia renunciado ao cargo de Presidente da Câmara dos Vereadores de Xapuri. A sessão esteve sob a presidência em exercício do vereador Amadeu Dantas e foi secretariada em exercício pelo vereador Eurico Gomes Fonseca Filho. Foi registrada a entrega, para a Mesa Diretora, de um envelope lacrado com documentos e uma fita de uma SESSÃO SECRETA realizada dia 29/11/79 na Casa do Povo, que foi verificada pelo Presidente da Comissão de Justiça na qual teria sido decidida a cassação de Chico Mendes. Para não perder o mandato, ele renunciou da presidência.

Texto retirado da minha tese de doutorado "A Construção Social de Políticas Ambientais – Chico Mendes e o Movimento dos Seringueiros" a partir da pesquisa feita nas Atas da Câmara dos Vereadores de Xapuri no período durante o qual Chico Mendes foi vereador, de 1977 a 1982.

◙ Mary Allegreti é autora da tese "A Construção Social de Políticas Ambientais – Chico Mendes e o Movimento dos Seringueiros", a partir da pesquisa feita nas Atas da Câmara dos Vereadores de Xapuri no período durante o qual Chico Mendes foi vereador, de 1977 a 1982. Leia o Blog da Mary.

Apanhado sem pedir no blog do Altino.

Escolas de Xapuri recebem Prêmio Florestania

Quatro escolas de Xapuri receberam hoje, no auditório da Secretaria Estadual de Educação, o Prêmio Florestania de Educação Ambiental. A escola Anthero Soares Bezerrra conquistou o prêmio na modalidade Mérito de Projeto Desenvolvido.

O projeto da escola Anthero Soares consiste no reflorestamento das margens do rio Acre e do igarapé Braga Sobrinho, que separa o bairro de mesmo nome, mas conhecido popularmente por Bolívia, do centro da cidade. Com o projeto a escola tenta dar a sua contribuição para salvar o rio Acre, que nessa época do ano agoniza com um dos níveis mais baixos dos últimos 30 anos.

O igarapé Braga Sobrinho tem grande importância histórica. Em uma de suas margens está a Fonte do Bosque, onde as tropas de Plácido de Castro teriam dado de beber a seus cavalos, segundo alguns relatos. Foi das margens do Braga Sobrinho que o herói partiu para tomar a intendência boliviana de Mariscal Sucre para torná-la Xapuri. A retirada da mata ciliar e a atividade humana desordenada às suas margens estão sufocando as suas águas, hoje reduzidas a um pequeno filete.

O Prêmio Florestania de Educação Ambiental tem parceria com o Instituto do Meio Ambiente do Acre-IMAC e Secretaria de Meio Ambiente e visa reconhecer e estimular projetos como o da escola Anthero Soares Bezerra, que têm como finalidade fortalecer as ações de Educação Ambiental nas escolas públicas de Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série do Estado do Acre e é dividido em duas modalidades: Por mérito de Projeto Desenvolvido e Melhor Proposta de Projeto.

Na modalidade Melhor Proposta de Projeto, mais três escolas de Xapuri foram agraciadas. A escola 5 de dezembro, do seringal Nazaré, Espaço Alternativo do Pólo Variante e Espaço Alternativo da colocação Limoeiro, seringal São Miguel. Parabéns a professores e alunos pelo sucesso obtido e que venham outros êxitos pela frente.

Geraldo Mesquita e as vassouras

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB) deve se pronunciar nos próximos dias sobre o fiasco da Fábrica de Vassouras Ecológicas de Xapuri. O parlamentar manteve contato nesta semana, através de sua assessoria, com a coordenação da Rádio Educadora 6 de Agosto, veículo através do qual pretende explicar à população a sua participação no empreendimento que em menos de três meses aparenta que já deu no que tinha de dar: em nada.

Como de filho feio ninguém quer ser o pai, Geraldinho Mesquita se apressa em esclarecer que ofereceu apenas apoio técnico à implantação da fábrica, inclusive levando duas pessoas de Xapuri para se qualificar fora do estado por conta do seu gabinete em Brasília. Na verdade, o senador é o pai da idéia, mas não quer ser responsabilizado pelo resultado que está se apresentando desastroso da veneta empreendedora do prefeito Vanderley Viana.

A propósito, essa não é a primeira vez que o senador terá que se explicar por causa das lambanças de Vanderley em circunstâncias que de alguma forma envolvem o seu nome. No ano passado, Geraldo Mesquita alocou recursos de emendas individuais para assistência a produtores rurais da região conhecida por gleba Sagarana, através da aquisição de implementos agrícolas e abertura de poços semi-artesianos para auxiliar na irrigação e para o consumo das famílias em uma área de escassez de água.

Dinheiro das emendas liberado, Vanderley se apressou em transformar os benefícios aos sofridos trabalhadores rurais em uma máquina retroescavadeira. Esqueceu que os recursos eram fruto de uma reivindicação direta dos colonos e apresentou projeto à Caixa Econômica Federal para adquirir a tal máquina que cava buracos de onde não se sai água.

De nada adiantaram as lamentações dos colonos que ouviram da boca do senador Geraldo Mesquita a promessa de ter suas demandas atendidas. Também de nada adiantou o protesto do senador para que o prefeito maroto honrasse o compromisso assumido pessoalmemte por ele com dezenas de famílias de trabalhadores rurais.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Eletroacre for export

Agência EFE

A Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre) foi autorizada, nesta terça-feira, a exportar energia para abastecer a cidade de Vila Montevideo, na Bolívia, na fronteira com o território brasileiro.

A resolução pela qual a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autoriza a exportação de eletricidade à Bolívia foi publicada no Diário Oficial da União desta terça.

Segundo a medida, a distribuidora do estado do Acre poderá exportar ao longo dos próximos 12 meses um máximo de 8 megawatts/hora (MWh) por mês de energia a Vila Montevideo, uma pequena cidade boliviana que faz fronteira com a brasileira Plácido de Castro.

A autorização por um ano, a partir de hoje, pode ser renovada ao término do período.

A Eletroacre se comprometeu a apresentar à Aneel um contrato de venda a algum órgão público ou consórcio na Bolívia e que tenha uma cláusula que permita a suspensão da provisão de energia em caso de atraso no pagamento superior a 120 dias.

A exportação de energia a Vila Montevideo foi defendida pelo próprio prefeito de Plácido de Castro, Paulinho Almeida (PT), para quem uma melhora da qualidade de vida na cidade vizinha favorecerá diretamente seu município.

- O comércio forte do lado boliviano vai atrair turistas de Rio Branco e de outros municípios brasileiros, que deixarão de viajar para Brasiléia (sul do Acre) para fazer compras em território boliviano e optarão por Plácido de Castro - acrescentou.

Segundo o prefeito, a energia será vendida diretamente à Associação de Comerciantes de Vila Montevideo, que deverá pagar à Eletroacre o valor total da energia consumida e responsabilizar-se pela cobrança em cada residência favorecida.

Vassouras da discórdia

Uma informação passou em branco na semana passada. Funcionários da Fábrica de Vassouras Ecológicas promoveram uma pequena manifestação contra o atraso de seus pagamentos desde o início da produção há mais de dois meses.

Dos 30 empregados iniciais, apenas 18 ainda resistem ao malogro da iniciativa que pelos rumores silenciosos que emanam daquelas bandas, parece estar fadada a um fracasso breve, o que é deveras lamentável para dezenas de pessoas que acreditavam ter encontrado uma verdadeira oportunidade de emprego.

Na fábrica ninguém se arrisca a falar sobre o que está acontecendo. Para eles, mesmo sem receber, o importante é manter-se empregado. "É melhor ter para receber do que estar devendo", afirma um deles, como se possível fosse trabalhar sem receber e não estar pendurado na bodega da esquina.

De acordo com informações fornecidas pelo funcionário Alan Gama - ele é responsável pela parte conhecida como embonecagem das vassouras - do encontro mantido pelos funcionários com o prefeito Vanderley Viana saiu a promessa de solução para o atraso dos pagamentos até o final desta semana.

Na tarde desta quarta-feira, a repórter Fernanda Gomes esteve na fábrica conhecendo melhor o funcionamento e o processo de fabricação das "ecológicas". A vassoura é produzida a partir de garrafas de refrigerantes consumidos no município. A matéria-prima é comprada dos catadores ao preço de 10 centavos a unidade.

A transformação das vassouras passa por mais de 15 etapas até chegar ao produto final. Duas garrafas pet são suficientes para se fazer uma vassoura. Na fábrica, uma unidade é vendida ao preço de 6 reais.

Se não foi suficiente para gerar a renda necessária para pagar os salários dos funcionários, a produção pelo menos contribuiu com a diminuição da poluição. Milhares de embalagens vazias foram retiradas das ruas.

Grande encontro

O amigo Edu Souza, dentista e ex-professor de inglês em Xapuri, envia mensagem relatando seu encontro com o afinador de pianos Lauro Jardim, que esteve em Rio Branco na semana passada afinando pianos para o governo do estado na Usina de Artes João Donato. Considerando a grande sensibilidade de ambos, fico imaginando o nível da conversa que resultou desse encontro.

Grande Raimari,

Encontrei pessoalmente ontem o Sr. Lauro C. Jardim, o afinador de pianos que você citou no seu blog. Não o conhecia pessoalmente até então. Quando disse para ele que o tinha visto na internet ele ficou surpreso, e perguntou onde. Tive o maior prazer de dizer que tinha lido sobre ele, no seu blog, daí expliquei para ele quem era você e contei que você tinha sido meu aluno quando morei em Xapuri.

Ele ficou tão satisfeito quando mostrei o blog e a foto dele, que você publicou junto, que pediu para imprimir o relato todo. Eu estava na casa de um casal de músicos de primeira, que conhecí aqui em Rio Branco, como eles estavam conectados, providenciei a impressão da reportagem que você escreveu e ele ficou muito agradecido a você.

Disse para ele que ía te escrever contando tudo, e aí está o meu relato. Aproveito mais essa oportunidade, para de novo, lhe parabenizar por esse elo que liga Xapuri, literalmente com o mundo. Legal cara, continue assim, estamos de olho no que você escreve e publica no seu blog.

Congratulations my friend!!!

Um abração garoto.

Eduardo.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Queimadas sem licença

Estranha o fato de o Instituto de Meio Ambiente do Acre - IMAC - haver expedido apenas 17 licenças para desmate e queima durante a semana que passou em Xapuri oferecendo esse serviço. Pela fumaça que se vê no ar, deve haver gente queimando sem estar devidamente autorizado para isso.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Derci Telles, explica que a ausência dos produtores para retirar a licença se deu pelo fato de muitos deles já estarem com as suas áreas desmatadas, mas ela alerta que mesmo quem já não tem mais o que desmatar continua sujeito à multa caso queime sem a devida autorização para fazê-lo.

Quem não se dirigiu ao Sindicato de Xapuri na semana passada deve agora ir até Brasiléia e procurar a representação do IMAC para a regional do Alto Acre e retirar a licença.

10.000 acessos

Este modesto e democrático espaço de troca de idéias e divulgação das boas e más notícias desta terra chamada Xapuri alcançou nesta terça-feira a marca de 10 mil acessos em 8 meses de existência. Pode não parecer muito se comparado com outros blogs bem melhores e escritos por pessoas bem mais qualificadas para esse fim do que eu. Mas a marca representa muito para quem há pouco mais de um ano jamais havia redigido um texto para alguém ler que não fosse as velhas cartas enviadas para as antigas namoradas e as redações de alguns vestibulares que me alçaram a um conhecimento um pouco mais aprimorado do aquele que trouxe do seringal onde nasci e onde vi meu velho pai morrer, trabalhando para enriquecer os coronéis de barranco.

Os 19 anos de experiência no rádio me impulsionaram a criar uma página onde pudesse, mesmo que a léguas de distância do talento de um Zé Cláudio Mota Porfírio ou a milhas e milhas da competência de um Altino Machado - editores de blogs excepcionais -, escrever com simplicidade e, acima de tudo, com sinceridade sobre os fatos cotidianos da nossa cidade nas áreas de política, cultura, meio ambiente e etc. Com esse intuito tive que enfrentar vários desafios, desde alguns tropeços com a gramática, que foram e continuam sendo corrigidos com o tempo, à insatisfação daqueles que não aprenderam a aceitar ouvir aquilo que não lhes soa como música aos ouvidos. O resultado de tudo foi um grande aprendizado, que continuo a buscar incessantemente.

Às poucas dezenas de visitantes diários, os agradecimentos pela atenção dispensada.

Falha administrativa

Teve fim nesta terça-feira a novela da prestação de contas do ex-prefeito Júlio Barbosa, no exercício de 2001. O parecer do Tribunal de Contas do Estado, que reprova as contas de Barbosa, foi derrubado pelos votos de 6 vereadores contra 2. O presidente da Câmara de Xapuri, Ronaldo Ferraz, do PMDB, afirmou em entrevista à Rádio Educadora que a maioria dos vereadores entendeu que as irregularidades apontadas pelo TCE não caracterizaram corrupção, mas sim falhas administrativas.

Para Júlio Barbosa, a votação do parecer ocorreu em momento oportuno. Há alguns meses, ele seria atropelado pelos vereadores que hoje já não beijam os pé$ do prefeito Vanderley Viana com tanto afeto. Apesar do assunto ser polêmico e já ter repercutido na imprensa estadual, a sessão desta terça-feira não atraiu a atenção do público. Como diria o Lula, nunca se viu na história deste município um clima de tanta descrença e conformismo com relação aos poderes constituídos e seus ocupantes.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Cruzeiro do Sul também estava lá


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Nas postagens sobre a oficina de rádio realizada na semana passada, na Usina de Artes João Donato, em Rio Branco, algumas presenças foram omitidas por descuido. Foi o caso do pessoal de Cruzeiro do Sul, que exigiu que o deslize fosse remediado. Aí está então os comedores de farinha Paulo, de camiseta branca, Marcos, camisa preta, ao meio, e este abestado de Xapuri. Fico devendo fotos do repórter Leandro Alteman e da também repórter e apresentadora Sandra Assunção.

Xapuriense escreve

Comentário postado pelo xapuriense Carlos Castelo no post "Festival de praia", sobre a estimativa da presença de 8.000 almas no final de semana em Xapuri:

Acho que esse número de 8.000 visitantes está superestimado, caro Raimari. Estive em Xapuri, acho que não chegou a 5.000 o número de visitantes. Se a metade desse numero foi de carro particular (4.000), levando-se em conta que cada carro levou 4 pessoas, teriamos 1.000 automóveis. Não tinha tudo isso em Xapuri.

Carlos

Comento eu: Também acho que sim. A estimativa bastante otimista é dos organizadores da festa que perde a sua identidade a cada ano. A invenção de outros eventos paralelos, como o carnaval fora de época e festival de chopp contribuiram para isso. Tiraram o foco do Festival de Praia, que já fez parte do calendário dos principais eventos do estado, mas que hoje não tem mais brilho algum. A prefeitura abriu mão de organizar um bom festival para tentar concorrer com o Carnavale de Brasiléia. Impossível, como impossível era, há alguns anos, Brasiléia organizar um festival de praia melhor que o nosso. Paramos no tempo.

Em tempo: a PM ainda não divulgou a estimativa oficial de visitantes (esqueci de dizer que a do post era mero chute).

domingo, 9 de setembro de 2007

Festival de praia




















A praia não colaborou. Não foi possível sequer montar o palco para a apresentação das bandas, que tiveram que se apresentar na praça de São Sebastião, mas mesmo assim milhares de pessoas participaram da 20ª edição da tradicional festa do município.

A programação modesta foi compensada com a realização paralela de outros dois eventos: o carnaval fora de época e o festival do chopp. Pelas estimativas da polícia e organizadores, 8 mil pessoas visitaram a cidade durante o final de semana.

sábado, 8 de setembro de 2007

Lauro Câmara Jardim

Em Rio Branco conheci um dos melhores afinadores de pianos do Brasil e um dos poucos trabalhando na região norte. Paulista de São Roque, Lauro Câmara Jardim Filho, 59 anos, é funcionário aposentado do Banco do Brasil e reside em Porto Velho desde 1979.

A relação de Lauro com os pianos é antiga. Ele começou a tocar com 14 anos, mas somente com 24 conseguiu comprar o seu primeiro instrumento. O tempo de dedicação ao piano lhe deu profundo conhecimento técnico, um ouvido apurado, grande sensibilidade perceptiva e paciência, atributos indispensáveis a quem se dedica a essa arte.

Lauro Câmara foi aprovado, recentemente, como afinador dos Corpos Artísticos do Teatro Amazonas, onde passou pelo crivo de experts no assunto. Câmara também é autorizado pela Yamaha Musical do Brasil.

Aqui no Acre, onde chegou pela primeira vez em 2002, através do pianista Marcelo Verzonni, da Funarte-RJ, Lauro afinou pianos para concertos de pianistas como Arthur Moreira Lima, Roberto Burguel e o próprio Verzonni.

Nesta última vinda a Rio Branco, a convite da Fundação de Cultura Elias Mansour, Lauro Câmara afinou pianos para serem utilizados na oficina de preparação de músicos, promovida pelo governo do estado e conduzida pelo maestro Mário Brasil e pelo músico Tim Rescala.

A força feminina de Brasiléia


A foto do post anterior omite a presença de duas figuras que carregam e tocam o piano da Rádio Aldeia FM de Brasiléia. Para fazer justiça, eis a dupla Shirley e Verônica, que tem como missão tornar mais fácil a vida do diretor Marcos Fernando.

A força do interior


O blog retorna hoje após uma breve parada. Estive em Rio Branco durante toda a semana participando de uma oficina de rádio promovida pelo governo do estado para os radiojornalistas do interior. O ponto alto do curso, além do aprendizado, foi a inédita integração dos profissionais que fazem parte de um mesmo sistema de comunicação, mas que não se conheciam pessoalmente, com algumas poucas excessões.
Na foto, da esquerda para a direita, em pé: Ronaldo Duarte (Sena Madureira), Evilásio Oliveira (Feijó), Rayane Maia (Rádio e TV Aldeia), Márcio Farias (Sena Madureira), Elias Almeida (Feijó), Reinaldo Moreno (Feijó), Antônio Mesquita (Feijó) e este xapuriense que vos escreve. Agachados: Albany (Tarauacá), Aldejane Pinto (Sena Madureira) e Railto Rodrigues (Tarauacá).
Foi uma semana histórica para o rádio acreano. Pela primeira vez foram reunidas tantas experiências em lidar com o cotidiano do povo simples das cidades do interior do estado através desse veículo que mesmo com o avanço da tecnologia e a chegada de novas mídias, continua a ser o meio de comunicação mais popular e com o qual o brasileiro, em especial o amazônida, mais se identifica.
A oficina marca o início do funcionamento da Agência de Notícias do Acre, veículo que tem o objetivo de organizar e aprimorar a qualidade da informação produzida pelas emissoras do Sistema Público de Comunicação do Estado.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Comitê Chico Mendes quer Amazônia sem derrubadas

Entidade vai distribuir mudas de árvores e espera coletar 1 milhão de assinaturas pelo desmatamento zero

MONTEZUMA CRUZ

No Dia da Amazônia, quarta-feira próxima, o Comitê Chico Mendes lançará em Rio Branco (AC) o Projeto Semeando o Futuro. Serão distribuídas mudas de espécies madeireiras e não-madeireiras em escolas de 1º e 2º graus e entidades. “Buscamos parceiros de diversas instituições”, anunciou a presidente do comitê, a historiadora Julia Feitosa.

Paralelamente, um manifesto para o qual são esperadas mais de 1 milhão de assinaturas, vai propor o desmatamento zero da Amazônia. Há pelo menos três anos, o governo brasileiro vem implementando uma política integrada de combate ao desmatamento, revelando um esforço multissetorial e de longo prazo. O comitê participa diretamente das ações de valorização da floresta em pé e de apoio ao desenvolvimento socioeconômico das comunidades.

Segundo Julia, atualmente o Acre conseguiu reduzir bastante as queimadas. No entanto, conforme explicou, isso ocorreu dentro de um processo educativo e não por decreto.

Alguns artistas da TV Globo apóiam a campanha. “Isso é imprescindível para a incorporação de novas consciências e novas visões de nossas atitudes”, diz Julia Feitosa, em entrevista.

AGÊNCIA AMAZÔNIA — Como está o ânimo de vocês?

JULIA FEITOSA — Estamos promovendo a Semana Chico Mendes e uma série de programações e de projetos. Com duração até o ano que vem, quando fará 20 anos o assassinato do Chico. Já estão sendo feitas filmagens para adiantar essa programação. No dia 18, no II Encontro dos Povos da Floresta, em Brasília, se reunirão em Brasília, índios, ribeirinhos, quebradeiras de coco, seringueiros, para discutir o planejamento das ações comuns. Nesse encontro também será lançada uma programação para 2008.

São iniciativas bonitas...

É, isso demonstra que no ano que vem vamos avançar muito mais do que já avançamos com os ideais de Chico Mendes.

Qual o sentimento do Acre, hoje, em relação às sementes por ele plantadas?

O comitê foi montado logo após a morte dele e foi muito importante no acompanhamento do processo do julgamento. Depois, vimos que era muito importante continuar a luta contra a violência. O comitê é composto por entidades e amigos do Chico desde aquela época, e pelos novos amigos que foram sendo ganhos nessa caminhada de 19 anos.

O que mudou desde aquela época?

Primeiro, vários companheiros do Chico se tornaram governo, e isso era um sonho de nós todos, amigos e sonhadores: Jorge Viana, Binho, Marina, todos que participamos do Partido dos Trabalhadores. E há uma possibilidade real da gente concretizar esse sonho que pertence aos que estão com a nossa idade, aos companheiros que nasceram naquela década de 80 e aos que ainda não haviam nascido e agora se incorporam a esta luta. Para isso, existe uma constante educação.

O que o comitê vai fazer no Dia da Amazônia, quarta-feira próxima?

Vamos distribuir mudas de árvores, tanto na zona urbana, entre o público de escolas de 1º e 2º graus, e outros parceiros de diversas instituições municipais e estaduais. Alguns artistas da Rede Globo, Vitor Fasano, Cristiane Torloni, e outros de um coração especial vão participar conosco. Eles têm nos ajudado muito.

Que tipo de ajuda?

Estão nos auxiliando na coleta de assinaturas para um manifesto que propõe o desmatamento zero na Amazônia. Querermos alcançar mais de 1 milhão de assinaturas. Isso é imprescindível para a incorporação de novas consciências e novas visões de nossas atitudes.

Como será feita a distribuição das mudas?

As pessoas vão conseguir as mudas mediante o preenchimento de uma ficha de inscrição. A campanha Semeando o Futuro é voltada para todo o mundo. O plantio de uma árvore para reconstituir a floresta e o debate contra as queimadas vão pontificar. Hoje, no Acre, conseguimos reduzir muito as queimadas, dentro de um processo educativo que não ocorre por decreto. É uma mudança de consciência. Estamos firmes nessa luta e esperamos que em 2008 possamos fazer grandes atividades e sentir essa mudança bem maior do que estamos sentindo agora, em relação à atitude das pessoas.

montezuma@agenciaamazonia.com.br

sábado, 1 de setembro de 2007

Pausa

A partir deste domingo (02/09), este blog fará uma pausa e não será atualizado como de costume pelos próximos dias. Estarei durante a próxima semana em Rio Branco, junto com dois colegas da Rádio Educadora e TV/Rádio Aldeia de Xapuri, participando de uma oficina de jornalismo oferecida pelo governo do Estado aos profissionais do interior. Logo estarei de volta com informações e comentários sobre o que de bom e ruim acontece na terra de Chico Mendes. Aos poucos, mas fiéis visitantes desta página, um até breve.