sexta-feira, 27 de março de 2020

Garantia de futuro

Josué Gomes da Silva
A teleconferência realizada pelo presidente Jair Bolsonaro com os governadores, em 25 de março, evidenciou absoluta falta de sinergia entre os representantes do Executivo no País para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 e suas consequências socioeconômicas. Numa conjuntura global de extrema dificuldade, que, dependendo da duração do contágio, poderá constituir-se em uma das mais graves crises de muitas gerações, o que menos interessa é o apego ao poder e às pretensões políticas.

O Brasil precisa de menos polêmica e mais ação, menos discurso e mais sintonia por parte dos ocupantes de cargos eletivos. E é preciso que façam isso com responsabilidade, serenidade e firmeza, para que não passem à sociedade a inoportuna sensação de que estamos sem liderança, em especial neste momento em que o Estado deve mostrar-se presente. É hora da antítese ao velho ditado de que "em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão". Ou seja, é preciso entendimento, paz e bom senso para enfrentar a calamidade, pois, ante o clima de confronto entre os governantes, é natural que a população fique angustiada. Empresários e trabalhadores assistem perplexos ao triste espetáculo do dissenso e desarmonia protagonizado pelas autoridades.

Com racionalidade e humildade, é preciso um grito de alerta em favor da vida e da manutenção dos empregos e renda dos brasileiros, o que somente será possível com a preservação das empresas. Elas, responsáveis em sua esmagadora maioria, já têm implantado medidas concretas para proteger seus colaboradores, buscando, ainda, não prejudicar o aspecto econômico, garantindo - no limite da possibilidade de cada uma - salários e benefícios. Cabe enfatizar que o maior patrimônio de todas as organizações é representado pelas pessoas, e o empresariado tem consciência disso.

Vê-se, lamentavelmente, que alguns têm relativizado as consequências da Covid-19 e banalizado até a quantidade de mortes. Atitude errada, pois não se pode pôr preço à vida. Por isso, é lúcida a posição cuidadosa da classe empresarial quanto às consequências do novo coronavírus para a saúde e o futuro dos trabalhadores. Nesse contexto, buscam-se soluções responsáveis, equilibradas, viáveis e sem riscos para o retorno ao trabalho e à produção.

Os brasileiros querem organizar-se para empreender ações concretas, realistas e seguras. Em meio à grande emergência nacional e global, é despropositada a beligerância política. Essa postura está deslocada da realidade, agravando a tomada de decisões eficazes diante do falso dilema entre vida e economia.

Respostas são necessárias. Governar, assim como gerir empresas, implica, necessariamente, capacidade de encontrar soluções para crises. Desta forma, com foco total na realidade presente, devem ser balizados, considerando-se as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades do setor no País, o prazo e os cuidados necessários para o retorno ao trabalho. Uma volta sem planejamento, estratégia e responsabilidade poderia ser desastrosa, pois o recrudescimento do contágio comunitário geraria problema socioeconômico ainda mais grave. Há referências de outros países que demoraram em impor o isolamento ou se precipitaram na retomada das atividades, nos quais os danos à saúde e à economia agravaram-se.

O momento é de união de todos os brasileiros, a começar por seus governantes. Vamos usar as redes sociais com grandeza de espírito e boa vontade, banindo fake news e trocando mensagens úteis, de encorajamento e esperança. Com civismo, cobremos dos políticos que honrem os votos que lhes demos. Também devemos assumir nossa responsabilidade como cidadãos. Vamos apoiar e enaltecer os profissionais da saúde, da segurança pública, da coleta do lixo, da infraestrutura, do campo, do abastecimento e da indústria que estão lutando por todos nós neste momento.

É hora de relegar o apego a cargos e deixar de lado a vaidade. Precisamos, mais do que nunca, de humildade, de nos perceber como gente - um povo corajoso e solidário na guerra da humanidade contra a pandemia da COVID-19.

Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas, é engenheiro civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), bacharel em direito pela Universidade Milton Campos (UMC) e tem MBA na Universidade de Vanderbilt (EUA).

quarta-feira, 25 de março de 2020

Quarentena e saúde mental

Marcelo Niel

A pandemia do coronavírus impôs abruptamente a todas as pessoas a realidade da quarentena: privação da liberdade, limites, mudança de hábitos e rotinas, dificuldades financeiras e organizacionais. Todos ao redor do mundo estão - ou estarão - submetidos a esse novo modo de viver que exige uma série de adaptações e transformações que parecem, em um primeiro momento, impossíveis de serem realizadas, mas não são. As pessoas são diferentes e reagem de modos únicos frente a desafios e situações-limite. Entretanto, a História da Humanidade mostra que sim, somos e seremos capazes de lidar com o rigor que a situação impõe, se soubermos manter a serenidade.

E como é possível manter serenidade numa situação tão drástica?
Tenho acompanhado e orientado muitas pessoas, pacientes e amigos, e tenho percebido que o acesso à tecnologia, que se tornou essencial para nós e com potencial para ser nossa aliada, tem se tornado nossa inimiga. Evite compartilhar todo tipo de mensagem falando sobre a pandemia, sobre métodos de proteção, desinfecção e, mais ainda, mensagens de pânico, relatos de pessoas que estão fora no Brasil, porque isso só contribui para aumentar nosso medo frente a algo que não temos controle, além das medidas de prevenção já conhecidas e difundidas. Isso não significa que devemos permanecer alienados: escolha uma fonte de informação para se atualizar durante um curto período do dia, uma única vez já é suficiente.

Use a tecnologia a seu favor: chame pessoas para conversar, faça chamadas de vídeo, conecte-se com as pessoas. Muita gente tem aproveitado o momento para propor atividades em grupo através das mídias sociais: cantar, rezar, bater papo, realizar discussões teóricas em áreas de seu interesse. Seja generoso: chame pessoas para conversar, mande um recadinho para aquela pessoa que você sabe que está sozinha e tem maior potencial de "pirar". Na minha rede de amigos, eu tenho observado com cuidado quem está "surtando" e tenho chamado essas pessoas para conversar, distrair e até chamar a atenção para o nível de "piração". Não é preciso ser psicólogo, psiquiatra ou terapeuta para cuidar dos amigos, das pessoas à nossa volta: basta um pouco de humanidade.

Pessoas que já fazem algum tipo de tratamento psiquiátrico podem estar mais vulneráveis a se desestabilizarem. Dê suporte a elas. Chame para conversar, certifique-se de que ela está bem, pergunte se suas medicações estão em dia, se for o caso. São pequenos cuidados que podem fazer uma grande diferença. O nível de ansiedade das pessoas está muito elevado e muita gente tem apresentado crises mais sérias, que necessitam de ajuda profissional e isso não é frescura. Vários profissionais da área de saúde mental tem se disponibilizado nas redes sociais para escuta e suporte gratuitos e procurar ajuda é o primeiro grande passo para recuperar o equilíbrio.

Procure manter-se em atividade, mas também descansar a mente. Dentro de casa, há uma série de afazeres que protelamos, deixamos para depois, geralmente alegando falta de tempo. A hora é agora. Coisas para consertar, arrumar gavetas, armários, documentos, jogar coisa velha fora e um sem número de atividades que podem ser executadas nesse período. Evite permanecer tempos infindáveis numa única atividade, porque você pode se enjoar dela e, com isso, aumentar seu tédio. Aprenda a dosar.

Como disse, a mente também precisa descansar. Não tenha vergonha de ficar deitado um dia inteiro, ficar de pijama e arrastar as meias pelo chão ou mesmo ficar sem roupa pela casa. Lembre-se do quanto reclama de ter que usar roupa social, uniforme, calça comprida e sapato fechado todos os dias. É legal também exercitar um pouco de vaidade. Cuide-se. Tome banho, faça as unhas, arrume o cabelo, apare ou depile os pelos se achar necessário.

O tédio, a irritação e o estresse chegarão para todos, não importa se sozinhos ou acompanhados. Do mesmo modo, o importante é desviar o foco da irritação com uma outra atividade: ouvir uma música, tomar um banho, respirar fundo. Se você está confinado com outras pessoas, não tenha vergonha e nem receio de se afastar um pouco. Vá descansar, respeite sua necessidade de espaço, mude de ambiente. Não há nada de errado em se recolher um pouco para aumentar os níveis de paciência. O confinamento em grupo, sobretudo em família, nos coloca frente a frente com as dificuldades de convivência que conseguimos driblar ou evitar quando a rotina está normalizada: aquele irmão "chato", aquela avó "crica", aquele pai cheio de "manias" e isso pode fazer com que os ânimos se exaltem ainda mais.

Famílias convivendo com crianças possuem um grande desafio: driblar o tédio dos pequenos. Procure mantê-los em atividade, abuse da criatividade. Jogos, brincadeiras, pinturas, desenhos. Não se incomode com paredes rabiscadas, se for o caso. Tenho uma amiga que reservou uma parede inteira do quarto dos filhos para eles poderem rabiscar e deu muito certo. Evite deixar as crianças o tempo todo nos celulares, tablets e computadores. Sim, pode ser um grande sossego, mas procure dosar com outras atividades saudáveis.

Você que está podendo permanecer confinado e não se expondo a riscos a todo o tempo, como é o caso dos profissionais de saúde e de pessoas que são obrigadas a sair às ruas por uma questão de sobrevivência, seja grato. Compreenda que você está inserido num sistema de privilégios do qual muitas pessoas não fazem parte.

As dicas podem ser infindáveis, porque cada pessoa pode descobrir um jeito diferente e inovador de lidar com essa crise. Vamos em frente, cuidando uns dos outros e se cuidando, até que possamos voltar à nossa rotina.

E fique em casa, se for possível!

Marcelo Niel é médico psiquiatra e Doutor em Ciências pela UNIFESP

terça-feira, 24 de março de 2020

Simplesmente, Fernandão

Xapuri perdeu nesta semana um grande sujeito. A cidade, já mergulhada na tristeza e na solidão da pandemia, ficou orfã da alegria irreverente de um botafoguense apaixonado pela vida, pela família e pela terra onde deixou uma marca indelével. 

Eu conhecia o professor Fernando Dantas dos Santos, o Fernandão, desde quando me entendi por gente. Foi lá no seringal Novo Catete, onde ele e sua esposa Maria Rodrigues viveram na antiga escola Epaminondas Martins durante 19 anos.

Dono de histórias engraçadíssimas, chegou ao Novo Catete no ano de 1965 para assumir o comando da escola rural construída durante o governo territorial de José Guiomard dos Santos. Ele contava que pela escola passaram algumas das figuras mais conhecidas da sociedade xapuriense.

O casal Fernandão e Maria completaria este ano 51 anos de casamento celebrado lá mesmo, no Novo Catete, onde tiveram três filhos: José, o “Zezão”, Maria Lúcia e Dejenane, completando a família com mais uma, Fernanda, depois que vieram embora para a cidade, no ano de 1984, dois anos depois da morte de meu pai, Antônio Firmino, de quem eram compadres.

“O Novo Catete era um lugar bonito, cheio de vida. Lá haviam nove casas distribuídas pelo campo, com várias famílias morando, fora as muitas outras que viviam naquele entorno, para cima e para baixo do rio ou para o centro. Muita história que se perdeu no tempo mas que não poderia ter se acabado”, recordava ele em uma de nossas últimas conversas.

Combalido por um tumor nas vias biliares, Fernandão partiu para a eternidade aos 71 anos, não sem lutar bastante conforme era a sua natureza. Confesso que com ele vai um tanto da minha história, das minhas lembranças e raízes que ficaram lá naquele velho seringal onde a vida tinha tudo de diferente do que vejo nos dias presentes. 

Caso superemos o terror que nos rodeia nos dias atuais, desejo que a vida que nos espera lá à frente seja vivida de uma maneira parecida como foi a do Fernandão, com muita luta, sim, mas também com muita alegria e simplicidade. Que nenhuma necessidade material, de dinheiro ou de realização pessoal seja razão para que não paremos e sejamos nós mesmos. Que tenhamos essa oportunidade. 

Valeu, Fernandão.

segunda-feira, 23 de março de 2020

José

Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
a festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Covid impacta também a internet

Vivaldo José Breternitz

O COVID-19 está alterando os padrões de uso das redes de telecomunicações, especialmente da Internet: funcionários de governos e empresas estão trabalhando na modalidade home office, universidades e outras escolas estão adotando ferramentas de educação a distância, pessoas confinadas em suas casas buscam notícias, jogam on-line e assistem a filmes na modalidade streaming, em plataformas como Netflix e outras similares.

Tudo isso está levando a um aumento substancial do uso da Internet, podendo gerar uma queda do padrão de serviços, especialmente velocidade e disponibilidade da rede, justamente em um momento em que a mesma precisa estar operando em seu melhor nível, como uma importante ferramenta no combate à pandemia.

Essa preocupação já está chegando aos governos, com a União Europeia tendo solicitado às plataformas que disponibilizam conteúdos digitais operando na modalidade streaming, especialmente a Netflix, que passem a divulgar seu conteúdo no modo standard, e não em alta definição (HD), como forma de diminuir o volume de tráfego.

Essa providência torna-se ainda mais importante em um momento em que essas plataformas abrem seu sinal, disponibilizando-o a mais usuários. As autoridades europeias pedem aos usuários que cooperem, privilegiando o uso de Wi-Fi e usando baixas resoluções, sempre que possível, e estão monitorando o uso das redes, podendo intervir se a situação se tornar crítica.

Vivaldo José Breternitz é doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor de Planejamento Estratégico e Sistemas Integrados de Gestão da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

domingo, 22 de março de 2020

Xapuri faz 116 anos sob "quarentena" do coronavírus

A cidade de Xapuri, fundada no dia 22 de março de 1904 (há controvérsias históricas), completa 116 anos neste domingo sem qualquer celebração. Todas as atividades comemorativas à data foram canceladas pela prefeitura dentro das medidas de prevenção adotadas com relação à pandemia de covid-19 (novo coronavírus).
Em vez de festa, as autoridades municipais, especialmente as da área de saúde, estão voltadas para o monitoramento das pessoas que chegam à cidade, tomando os procedimentos para o isolamento espontâneo e a comunicação de sintomas a uma equipe criada pela Secretaria Municipal de Saúde para esse fim.
O prefeito Ubiracy Vasconcelos lamentou o momento e pediu a compreensão da população com as medidas tomadas. Quando assinou o decreto declarando situação anormal, caracterizada como emergência, com medidas preventivas, de caráter temporário, para o enfrentamento à pandemia, pediu a união da população no momento difícil enfrentado pelo mundo.
“Peço que a gente se una em oração, rogando a Deus que essa fase ruim passe e que a gente consiga enfrentar essa doença que parece um pesadelo, um filme de ficção, mas que é real. Vamos enfrentar unidos, cada um na sua religião, na sua casa e na sua forma, sem aglomerações e o menor contato possível com outras pessoas”, pediu o gestor municipal.
Essa é a segunda vez, nos últimos cinco anos, que Xapuri aniversaria sob estado de calamidade pública no estado ou no município. A primeira foi em 2015, durante a enchente histórica do Rio Acre, quando mais de 40% da área urbana da cidade foi inundada deixando milhares de pessoas desabrigadas.

Cidade histórica

Considerada como “o berço da Revolução Acreana”, por aqui ter nascido o movimento armado que mais tarde, pelas via diplomáticas, tornou o Acre brasileiro, Xapuri também é tida como símbolo do “Movimento Ambientalista Mundial”, liderado por um de seus filhos mais ilustres, o seringueiro e líder sindical Chico Mendes, que viveu toda a sua vida na cidade, onde foi assassinado, em 1988.
Os primeiros habitantes da região foram os índios das tribos dos Chapurys (mais numerosa e que originou o nome da cidade), Catianas e Moneteris.
A excursão de Manuel Urbano da Encarnação à foz do rio Xapuri, em 1861, foi o início da colonização da região. As terras, onde atualmente se localiza a cidade, eram de propriedade do cearense Manuel Raimundo, seringalista que chegou à região durante o Ciclo da Borracha.
Os seringais da região do atual município de Xapuri eram os mais produtivos do planeta, fazendo com que a região se tornasse a principal referência (em termos sociais, culturais e econômicos) do Acre em outras regiões do país e do mundo.

sábado, 21 de março de 2020

A pandemia no Acre

Jerry Correia

Sábado, 21 de março de 2020. Estamos de quarentena. Um vírus que apareceu na China se espalhou rapidamente por todo o mundo. Milhares já morreram e outras centenas de milhares estão infectadas.

Estou na América do Sul, onde o vírus chegou há menos de um mês. No Brasil, país que eu moro, já são mais de 1.000 pessoas infectadas e, infelizmente, 18 já perderam suas vidas.

Sou do Acre. O estado está localizado na Amazônia, no extremo norte do país onde vivem menos de 900 mil pessoas. Por aqui, 7 pessoas já foram diagnosticadas com o vírus. Ainda não há notícias de mortes ocasionadas pela moléstia.

Em Assis Brasil, cidade onde eu moro e estou escrevendo, ainda não temos casos confirmados da doença. Estamos na fronteira com o Peru e a Bolívia. Uma ponte de 242 metros liga nossa cidade ao lado peruano. Soldados armados estão guardando a fronteira que está fechada há alguns dias.

Estamos trancados em nossas casas. A pequena cidade está deserta. Parece filme de terror, mas é real. Estamos com medo do vírus que só ouvíamos falar pela tv. Ele está perto!

Muitos imigrantes estão presos em nossa pequena cidade. Quase todos são haitianos que não tinham Assis Brasil como destino. Ficaram presos aqui porque a fronteira está fechada. Já são quase 300 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Algumas crianças bem pequenas, bebês de colo e outras que estão prestes a nascer.

Com a chegada de tanta gente o pânico aumentou entre os moradores. O medo é que alguém esteja contaminado com o novo vírus. Quase todos imigrantes estão vindo de cidades brasileiras onde a doença já chegou.

Eles não podem seguir. Eles não podem voltar. Estão recebendo ajuda da prefeitura que disponibilizou abrigo e alimentação.

As igrejas estão fechadas. A música silenciou nos bares da cidade. As ruas desertas denunciam o medo dos inocentes que estão presos sem nada dever.

O noticiário só informa o aumento de casos. Mais gente infectada. Mais mortes. Mais medo!

Ficar trancado em casa já não é seguro. Famílias seguiram rumo aos sítios, colônias e seringais.

As autoridades apenas recomendam ficar em casa e lavar bem as mãos.

Nas farmácias não tem álcool em gel. As últimas unidades foram vendidas pelo triplo do preço normal. É o capitalismo aproveitando a ocasião.

Se alguma coisa boa trouxe o vírus? Ora, as famílias estão mais unidas, o povo tá orando e acreditando mais em Deus; tem gente lendo mais, falando menos, ouvindo e refletindo o quão frágil é a raça humana.

O silêncio é quebrado pelo barulho da chuva. As estrelas não quiseram aparecer essa noite. A cidade já dorme, sonhando acordar com boas notícias.

Deus, estamos em tuas mãos. Nos guarde!

Jerry Correia é jornalista.

Fake News em meio aos caos

Mesmo diante de um risco de saúde desconhecido e sem precedentes na história recente do Acre e do Brasil, muita gente não tem deixado de lado um costume nocivo de multiplicar informações infundadas e sem procedência na internet, sendo a maioria delas alarmistas, falsas e responsáveis por causar na população insegurança e até pânico.

Foi o que ocorreu no caso de um taxista que procurou o hospital de Xapuri, nos últimos dias, com sintomas fortes de gripe, sendo que, diante da situação de pandemia de coronavírus, o profissional médico de plantão na unidade de saúde encaminhou o paciente ao município vizinho de Brasiléia para a coleta de material para testes que tiveram resultado negativo, segundo se apurou.

Ocorre que, em questão de minutos, dezenas de postagens nos ditos grupos da famosa rede social Whatsapp já propagavam tanto o nome do profissional quanto a falsa notícia de ele teria testado positivo para a doença causada pelo novo coronavírus. De volta à cidade, o taxista a quem não identificaremos passou a sofrer consequências danosas da disseminação da mentira.

As fake news espalhadas em dezenas de grupos de “notícias” e também em mensagens privadas levaram o homem a acreditar, inclusive, que este blogueiro teria divulgado o seu nome e a falsa informação, por meio do site ac24horas, o que já foi devidamente esclarecido e explicado a ele. Em nenhum momento foram divulgados dados pessoais de qualquer pessoa que tenha procurado atendimento no hospital de Xapuri.

A verdade, levada ao público por meio boa informação, é que não existem, entre os casos confirmados de coronavírus no Acre, nenhum que seja procedente de exames realizados por pessoas de Xapuri, até o momento. Existem, de fato, casos suspeitos que estão sendo monitorados e avaliados pelas autoridades de saúde nos âmbitos estadual e municipal.

Nesse momento de crise, o que se espera das pessoas com o mínimo de bom senso é que tenham, ao menos, empatia por aqueles que se encontram em situação à qual todos, sem exceção, estão sujeitos a enfrentar repentinamente. A hora é de se preocupar e se precaver com o que está por vir, deixando o trabalho de informar para os veículos de comunicação.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Xapuri ainda não coleta amostras para coronavírus

O Hospital Epaminondas Jácome, de Xapuri, continua a enviar a Brasiléia e Rio Branco, para coleta de material para exames, pessoas que têm procurado a unidade de saúde com sintomas relacionados ao coronavírus.
Na manhã desta sexta-feira, 20, foi encaminhado ao município da fronteira um rapaz de 24 anos de idade, com febre alta, falta de ar e dor de cabeça. Em um outro caso, uma moça de 18 anos foi encaminhada diretamente para Rio Branco, em veículo próprio, em razão de apresentar sintomas mais fortes.
O hospital de Xapuri ainda não tem profissionais capacitados para a coleta das amostras, assim como não tem kits para testes. “A Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) está agilizando o processo”, informou uma fonte na Secretaria Municipal de Saúde (Semusa).

quinta-feira, 19 de março de 2020

Xapuri em alerta

A suspensão das aulas e a redução do funcionamento dos órgãos públicos a apenas um período, em obediência às medidas tomadas pelo governo do estado e pela prefeitura em razão da pandemia do coronavírus, produziu uma imagem rara para um dia útil na região central de Xapuri, na tarde desta quinta-feira, 19 de março.
Na rua 24 de janeiro, uma das principais e mais movimentadas vias da cidade, não se avistava uma única pessoa no trecho localizado entre a igreja de São Sebastião e a escola Divina Providência, horário de entrada de alunos na aula – 13 horas. A foto foi feita por uma moradora das imediações e postada por terceiros.
A imagem poderia demonstrar que a população está consciente da necessidade de se manter em casa como medida de prevenção contra os riscos de contágio. No entanto, no período da manhã havia uma grande aglomeração na única casa lotérica da cidade, que chegou a formar uma fila no meio da rua.
Um pouco mais tarde, uma tenda foi instalada pela prefeitura na porta da lotérica a pedido do vereador Joseni Oliveira (PT), que se compadeceu do sofrimento dos usuários que enfrentavam sol forte à espera do atendimento. A maioria das pessoas na fila eram beneficiários do programa Bolsa Família.

Monitoramento

Até o momento, a situação em Xapuri é de relativa tranquilidade quanto à pandemia de covid-19. O único caso suspeito surgido na cidade, de um taxista que foi encaminhado a Brasiléia para exames depois de apresentar sintomas, foi descartado, segundo informações do hospital local e da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa).
A equipe de monitoramento da Semusa está orientando para que as pessoas que estiveram em outros estados ou países que ao chegar a Xapuri se auto isolem e se comuniquem com as autoridades para que sejam monitorados em caso de surgimento de sintomas.
“É necessário que a pessoa fique em casa mesmo que não tenha sintomas e entre em contato pelos telefones 68 99958-1224/99227-6005 para que seja monitorada diariamente durante o isolamento, que consiste em apenas uma ligação telefônica da equipe perguntando se está tudo bem, os profissionais estão capacitados e preservam a identidade de todos”, diz a Secretaria.

quarta-feira, 18 de março de 2020

O pânico coletivo gerado pelo coronavírus

Leonardo Torres

Um dos grandes vilões na luta contra o COVID-19 é o pânico coletivo que ele tem gerado. Apesar dos especialistas alertarem que não é necessário ter pânico, não é da escolha racional do indivíduo comum tê-lo ou não. Na realidade, o pânico é tão contagioso quanto qualquer vírus e isso pode acarretar em um grande problema social, promovendo violências generalizadas.

Quando um grupo é acometido pelo pânico, ele acaba por regredir a um estado mental mais infantilizado, gerando duas situações: a primeira, uma grande ansiedade e furor, a qual deixa atônito cada indivíduo do grupo; e a segunda, promove atitudes de violência generalizadas. Esses estados mentais levam a três consequências principais:

Primeiro, quem fica atônito perante ao objeto fóbico, neste caso o novo coronavírus, tende à desistência. O que pode acarretar em um descuido com a própria prevenção do vírus, levando o indivíduo a se contaminar e transmitir para outros. Quem desiste acredita que todos irão contrair o vírus e que pode ser o fim de tudo; contudo, assim como as crianças da Itália mostraram que há esperança, não é hora de desistir, é hora de prevenir.

A segunda consequência é a já conhecida reação de fuga diante do pânico. Isso faz com que os indivíduos queiram abastecer suas casas com mantimentos e se isolarem. É verdade que o isolamento social é recomendado, mas o estoque de mantimentos pode acarretar tanto em violências, saques e furtos nos estabelecimentos, quanto deixar outros indivíduos passando necessidades.

A terceira e última consequência é o enfrentamento, na psicanálise denominada de contrafóbico, ou seja, o indivíduo vai tentar enfrentar o que lhe dá medo, pois o medo do objeto fóbico é pior do que o próprio objeto. Isso acarreta, assim como a primeira consequência, na não prevenção. O indivíduo no estado de enfrentamento fica tentado a ir em aglomerações para se sentir mais forte que o vírus, bem como promover contato físico com conhecidos, o que aumenta as chances de contágio e transmissão do vírus.

O que a população necessita neste momento é bom senso. Seguir os conselhos oficiais, fazer a sua parte na prevenção, pois, com certeza, os danos do novo coronavírus serão aplacados.

Leonardo Torres é professor e palestrante, doutorando em comunicação e pós-graduando em psicologia junguiana.

terça-feira, 17 de março de 2020

Ação municipal contra o coronavírus

Em conformidade com o Ministério da Saúde, governo do estado e demais municípios acreanos, o prefeito de Xapuri, Ubiracy Vasconcelos (PT), baixou decreto na tarde desta terça-feira, 17, declarando situação anormal, caracterizada como emergência, com medidas preventivas, de caráter temporário, para o enfrentamento à pandemia de Covid-19 (coronavírus) declarada pela Organização Mundial de Saúde.
Após assinar o decreto, o prefeito fez um pronunciamento por meio do Facebook, onde explicou as medidas e anunciou a suspensão das aulas na rede municipal de ensino pelo período inicial de 15 dias, além do cancelamento de todas as atividades relativas às comemorações do 116 anos de fundação da cidade, que ocorreria no próximo dia 22 de março.
O gestor também determinou que os serviços de atendimento ao público ocorram, a partir desta quarta-feira, 18, apenas no período da manhã, mas solicitou que as pessoas procurem pelo atendimento presencial apenas nos casos de extrema necessidade. Ubiracy Vasconcelos também determinou a proibição de eventos de qualquer natureza com público superior a 50 pessoas.
No pronunciamento, o prefeito pediu o apoio e a compreensão da população para as medidas tomadas “por mais que elas pareçam, a princípio, antipáticas ou exageradas, pois todos os dados demonstram que todos esses cuidados são necessários para que a gente consiga atravessar esse momento difícil não só para os xapurienses, acreanos e brasileiros, mas para a humanidade”.
“Peço que a gente se una em oração, pedindo a Deus que essa fase ruim passe e que a gente consiga enfrentar essa doença que parece um pesadelo, um filme de ficção, mas que é real. Então, vamos enfrentar unidos, cada um na sua religião, na sua casa e na sua forma, sem aglomerações e o menor contato possível com outras pessoas”, pediu o prefeito.
Leia mais no site ac24horas.

segunda-feira, 16 de março de 2020

Intriga na oposição

Um vídeo de whatsapp vazado de um grupo de vereadores de Xapuri é o mais novo capítulo da disputa que existe dentro do grupo de oposição no município pelo comando de uma possível chapa majoritária unificada do MDB, do DEM e do recém-chegado PSD para enfrentar a Frente Popular de Xapuri – liderada por PT e PSB – pela qual o atual prefeito, Ubiracy Vasconcelos, disputará a reeleição.
O advogado Carlos Venícius, que venceu a concorrência interna dentro do MDB pela pré-candidatura à prefeito pelo partido contra o vereador Gessi Capelão, que migrou para o PSD do senador Sérgio Petecão, diz que passou a ser alvo de provocações do adversário em razão de seu nome estar crescendo e se estabelecendo como o mais qualificado rival para a esquerda instalada no poder.
Os detalhes e o vídeo estão no site ac24horas.

domingo, 15 de março de 2020

Desrespeitar o isolamento na pandemia do Coronavírus é crime e pode render prisão

Débora Veneral

Já no começo de fevereiro, entrou em vigor a lei que determina as medidas para o enfrentamento da emergência de saúde pública em razão do Coronavírus (Lei 13.979/20). Diante da pandemia, as principais medidas dizem respeito à contenção da transmissão pelo bem da coletividade, por meio do isolamento e da quarentena. O Ministério da Saúde, a fim de operacionalizar as disposições da lei, trouxe regulamentação específica na Portaria 356, de 11 de março de 2020.

O isolamento, que será determinado por prescrição médica ou recomendação do agente de vigilância, por prazo máximo de 14 dias, prevê a separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de transporte, mercadorias ou encomendas postais afetadas, de maneira a evitar a contaminação ou a propagação do coronavírus.

A quarentena, por sua vez, diz respeito à restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação das pessoas que não estejam doentes, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de transporte ou mercadorias suspeitos de contaminação, com o propósito de evitar a possível transmissão ou a propagação do coronavírus. De acordo com a Portaria, a medida de quarentena será determinada por ato do Secretário de Saúde do Estado, Distrito Federal, Município ou Ministro de Estado da Saúde, com o prazo de até 40 dias, podendo ser estendida, se necessário.

As medidas têm causado dúvidas: afinal, há alguma penalização para quem desrespeitá-las?

A resposta é afirmativa. Os fatos devem ser analisados de acordo com as previsões existentes no Código Penal Brasileiro a saber, inicialmente, nos artigos 131 (Perigo de contágio de moléstia grave) e 132 (Perigo para a vida ou saúde de outrem). E, ainda, especificamente, nos artigos 267 (Epidemia), e 268 (Infração de Medida Sanitária Preventiva), denominados crimes contra a saúde pública. A sanção a ser aplicada varia de acordo com a conduta do sujeito que a violou. No entanto, a título de esclarecimento, registre-se que a pena pela prática do crime de epidemia pode variar de 10 a 15 anos de reclusão. Já no caso de infração de medida sanitária preventiva, a pena pode ter aumento de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

Levando-se em consideração que o Coronavírus é contagioso, sendo transmitido pelo ar ou pelo contato direto, qualquer pessoa que descumpra dolosamente, ou seja, intencionalmente as determinações legais, se comprovado, estará sujeita às penas da lei.

Assim, em caso de flagrante, a polícia procederá a prisão e a denúncia será oferecida pelo Ministério Público, iniciando-se o processo criminal, uma vez que compete ao Estado a proteção da coletividade.

Diante de tal pandemia o momento é de reflexão e expansão da consciência quanto à responsabilidade individual e coletiva, valorizando a saúde, a integridade e a preservação da vida de forma solidária e humanitária.

Débora Veneral é advogada, professora universitária e diretora da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e de Segurança do Centro Universitário Internacional Uninter.

sábado, 14 de março de 2020

"Festa das Estrelas"


O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) em Xapuri realizou na noite dessa sexta-feira, 13, no clube do Sindicato dos Servidores Municipais (Semux), um grande ato de filiação numa festa que marcou o anúncio da chapa de pré-candidatos do partido para a disputa pelas nove cadeiras da Câmara de Vereadores na eleição do próximo dia 4 de outubro.
Mais de trezentas pessoas, segundo a organização, participaram do evento que reuniu lideranças locais históricas da sigla e registrou a adesão de 72 novos filiados ao partido que administra, atualmente, o município, por meio do pré-candidato à reeleição Ubiracy Vasconcelos. O ato demonstrou que os petistas se mantêm fortes em um dos municípios mais cobiçados do Acre no cenário político.
Leia mais no site ac24horas.

Resex CM faz 30 anos ameaçada pelo desmatamento

A celebração dos 30 anos de criação da UC, ocorrida na última quinta-feira, 12, coincidiu com a divulgação de um estudo do Imazon apontando que a Resex Chico Mendes assumiu o primeiro lugar no ranking das Áreas de Proteção mais ameaçadas pelo desmatamento na Amazônia.

Na data foram realizados atos em protesto contra o que os manifestantes chamaram de tentativ do governo atual de acabar com as unidades de conservação em benefício de latifundiários e de garimpos nos territórios indígenas.

Na Câmara dos Deputados, em Brasília, e em Brasiléia, no Acre, seringueiros e indígenas pediram a derrubada do Projeto de Lei nº 6.024/19, de autoria da deputada federal Mara Rocha (PSDB/AC), que pretende reduzir a área da Unidade de Conservação e alterar a classificação do Parque Nacional da Serra do Divisor. A reportagem completa está no site ac24horas. Aqui e aqui

sexta-feira, 13 de março de 2020

Pelo direito de sermos plurais: Em defesa da Ufac e do Itaan Arruda

Prof. Dr. Sérgio Roberto Gomes de Souza [1] 

Duas coisas me chamaram atenção nesses últimos dias. Não, não falarei sobre corona vírus, quedas de bolsas ou aumento do dólar. O que me deixou estupefato foi a forma como as redes sociais, parte da imprensa e autoridades públicas reagiram as observações feitas pelo jornalista Itaan Arruda, que criticou a maneira como policiais militares abordaram um grupo de jovens na Universidade Federal do Acre-UFAC, onde leciono há dezoito anos. Na contramão das manifestações e censuras ao jornalista, também me causou surpresa o silencia da administração superior da UFAC, que fechou-se em copas e não emitiu, sequer, uma nota sobre o acontecimento.

O que teria ocorrido de tão grave/importante para ser comentado? Talvez o fato de que, usando como referência o que escreve o historiador Durval Muniz Albuquerque Júnior, que “uma história começa por um acontecimento raro, que não está instalado na plenitude da razão”. Esse fragmento de texto foi retirado de escritos de Albuquerque Júnior que analisam como a obra de Franz Kafka pode contribuir para a produção historiográfica. Nesse caso, o acontecimento, que provoca uma ruptura no que podemos compreender como “normalidade”, termina por descerrar a face do ordinário, do rotineiro, do cotidiano, do repetitivo.

Em O Processo, Kafka narra as amarguras de Josef K. que sem nada ter feito foi detido certa manhã, após acordar em uma situação inusitada, considerando o estranho olhar da vizinha e o fato de Ana não ter trazido seu “pequeno almoço”. Qual foi o delito de Josef K.? os policiais que o detiveram não souberam responder. Da mesma forma não era de conhecimento do inspetor de polícia. Josef K. nunca foi informado porque estava sendo processado.

Os policiais que abordaram os jovens na UFAC expressaram uma postura que excedeu limites. Não satisfeitos em verificar se um possível “delito” estava sendo praticado, decidiram dar visibilidade ao que faziam. Queriam olhares, queriam, como recomenda a prática panóptica de poder na modernidade, iluminar possíveis espaços “obscuros”. Queriam olhares de estranheza em direção aos que acusavam, talvez ao modo como a vizinha, já idosa, olhou para Josef K., pouco antes de se tornar um criminoso sem crime. Os ditos policiais assumiram, então, a postura de julgadores, expressando o poder como máquina produtora de sentidos, atuando em todas as direções. Empreenderam um discurso perpassado pela “moral”, dicotomicamente dividida em boa e mal. Expressaram poder através de gestos: cabeça erguida, olhos fixos na câmera e a sentença: “maconheiros serão fichados para não conseguirem aprovação em concursos no futuro”. Sentiram-se senhores de destinos. Enviaram os que chamaram de “maconheiros” para terras malditas, como fizera Noé com seu filho Cam.

O que fez Itaan Arruda? Questionou o excesso, a ruptura da tênue linha que separa a “legalidade” do poder abusivo. Qual a reação de segmentos da população? A acusação: “defensor de maconheiro”. Todos falaram do jornalista como se o conhecessem profundamente, dividissem intimidades. Percebe-se, então, a emersão de um mundo regido por forças sem controle, por processos que decidem sobre a vida e a morte, que imputam culpa ou absolvição. Ninguém está livre disso.

Sou solidário ao Itaan Arruda, principalmente pela sua postura a contrapelo. Pelas rupturas que suas abordagens provocaram nas “normalidades”, mesmo que tenha passado por um verdadeiro linchamento. Quanto a administração superior da UFAC, especificamente a reitora Guida Aquino, ainda há tempo para uma tomada de posição. Para expressar que somos uma diversidade de sujeitos, modos de vida, culturas, etnias. Que não somos uniformes e nos esforçamos, pelo menos alguns, para respeitarmos esses muitos sujeitos sociais que vivem/convivem na UFAC. Que. Ao contrário do que diz o policial, não estamos no Guines Book por consumo de maconha, mas, que atendemos um grande contingente de jovens com cursos de graduação e pós-graduação, que formamos profissionais que atuam em várias áreas, que contribuímos, como iconoclastas, para a derrubada de mitos.

Por fim, visitando de novo o peculiar universo de Franz Kafka, observemos que, mesmo os que arrotam moralidades e se vem em uma trilha linear de “normalidades, podem passar pelo suplício de Gregor Samsa que, numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, deu por si na cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em duros segmentos arqueados, sobre o qual a colcha dificilmente mantinha a posição e estava a ponto de escorregar. Comparadas com o resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram miseravelmente finas, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos.

[1] Professor Associado na Universidade Federal do Acre


quinta-feira, 12 de março de 2020

Notificações de dengue caem em Xapuri

Até a primeira semana de fevereiro deste ano, o Acre teve quase 2,5 mil casos prováveis de dengue. O estado tem uma taxa de incidência de mais de 281 casos por 100 mil habitantes. As informações são do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.
Em 2019, o estado registrou mais de 9,5 mil casos durante todo o ano. A taxa de incidência foi de mil casos por 100 mil habitantes. Em Xapuri, de acordo com a direção de Atenção Básica em Saúde do município, a situação se estabilizou nos primeiros meses do ano.
Nos dois últimos meses de 2019, o número de notificações para dengue em Xapuri praticamente triplicou com relação ao mesmo período de 2018. Até o mês de novembro, havia 436 casos notificados, dos quais 391 haviam sido confirmados.
Os bairros mais afetados eram o Pantanal e o Laranjal, as regiões mais populosas da cidade. Em 2020, no período de 1º de janeiro a 12 de março, foram cerca de 170 as notificações feitas pela Secretaria Municipal de Saúde.
De acordo com Iraíde Mendes, diretora de Ações Básicas em Saúde, as principais medidas tomadas no município foram as de conscientização da população para o risco de surto da doença, que era iminente. Junto com isso, a prefeitura realizou ações de limpeza de quintais e retirada de entulhos.

O Ministério da Saúde

No intuito de combater o mosquito da dengue, o Ministério da Saúde vem tomando ações para a diminuição do efeito do Aedes, como explica o diretor do Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde, Júlio Croda, em reportagem veiculada na manhã desta quinta-feira, 12, pela Agência do Rádio.
“O principal é a eliminação mecânica desses focos. Mas além disso, o Ministério da Saúde, no ano de 2020, normalizou a distribuição dos inseticidas e os estados já receberam e estão com capacidade de realizar ações complementares de eliminação desses vetores.”
Em janeiro, o Ministério da Saúde declarou que 12 estados brasileiros correm o risco de sofrer surto de dengue. Além de toda a região Nordeste, a população do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, deve ficar atenta para o possível surto do sorotipo 2 da dengue.
A população deve se mobilizar e ficar atenta com os focos, já que a maior parte dos criadouros do mosquito está nos domicílios.
O coordenador-Geral de Vigilância em Arbovirose do Ministério da Saúde, Rodrigo Said, pede que a população dos estados siga as orientações e entre no enfrentamento ao Aedes aegypti.
“Hoje, mais de 80% dos criadouros do mosquito são domiciliares. Então, a ação de controle é necessária, integrada de atividades do poder público, tanto do Ministério da Saúde, como das secretarias estaduais e municipais, de saúde, aliado as ações de mobilização da população.”

quarta-feira, 11 de março de 2020

Pato selvagem


Gosto dessa foto. Capturei-a no ramal do seringal Cachoeira já faz alguns anos. Eles eram frequentemente vistos em um banhado nas proximidades do rio Ina, logo apos a travessia da ponte. Não os vi mais, depois disso. 

terça-feira, 10 de março de 2020

Caso das Vacas ainda se arrasta na Comarca de Xapuri

No ano de 2006, um dos casos mais curiosos da Justiça Acreana ganhou as manchetes dos jornais da época, quando a então juíza titular da Comarca de Xapuri, Zenair Ferreira Bueno, expediu mandado contra os fazendeiros Edwin e Ervin Macowski, apreendendo 744 cabeças de gado das fazendas Ouro Branco e Vaca Branca numa ação de cobrança de dívida de autoria do também fazendeiro João Evaristo de Souza.
Para execução da sentença, foi necessário um aparato policial composto por dezenove policiais militares e todos os animais arrestados foram marcados com as iniciais “TJ”, de Tribunal de Justiça. A operação de transporte do gado entre as fazendas de Macowski e a de João Evaristo durou cerca de três dias, conforme reproduziram à época o blog Ambiente Acreano e o site da OAB.
O “Caso das Vacas”, como ficou conhecido o episódio, ganhou repercussão porque o Pleno do Tribunal de Justiça do Acre suspendeu a sentença da juíza e determinou que o gado fosse devolvido aos Macowski, o que obrigou a magistrada a determinar, por sua vez, que João Evaristo procedesse devolução dos animais. Como não conseguiu cumprir o prazo exigido, o fazendeiro acabou sendo preso por ordem de Zenair Ferreira.
No julgamento do recurso interposto pelos Macowiski para suspender a decisão de Zenair Ferreira, a desembargadora-relatora Miracele Lopes Borges, atualmente aposentada, considerou a sentença da magistrada “sem nenhum laivo de razoabilidade”, uma vez que os devedores não haviam sido citados, no prazo de 24 horas, para pagar a dívida ou nomear bens à penhora, e classificou de “esdrúxula” a marcação do gado com a sigla “TJ”.
Passados 14 anos do polêmico episódio, o caso teve reviravoltas e o fazendeiro João Evaristo, já falecido, terminou vencedor da questão. Na fase de cumprimento da sentença, o processo teve publicado na última edição do Diário da Justiça Eletrônico o edital de intimação de advogados para que a parte credora – os irmãos Edwin e Ervin Macowski – oponha embargos à execução no prazo de 15 dias.

segunda-feira, 9 de março de 2020

Violência: o medo chega a Xapuri

Do status de uma das cidades mais tranquilas do Acre, Xapuri tem passado, nas últimas semanas, a uma situação em que a ameaça de supostas ações de grupos criminosos em guerra têm feito com que o medo entre na vida dos moradores mudando, inclusive, a rotina da cidade.

Um exemplo da sensação de insegurança que afeta a população foi o encerramento precoce, na noite dessa segunda-feira, 9, dos serviços da balsa que faz a travessia do Rio Acre, entre o centro da cidade e o bairro Sibéria, ocorrido em razão da ameaça de tiroteios.

Apesar de a informação não ter sido oficialmente confirmada pelo comando da balsa nem pela polícia, uma fonte do ac24horas informou que a embarcação cessou a operação antes do horário de costume depois de chegar a informação de que indivíduos armados estariam chegando pelo rio para fazer execuções no bairro Sibéria.

Nas redes sociais, principalmente em grupos fechados, o assunto foi muito comentado durante a noite e, inclusive, fotos foram postadas da balsa ocupada por policiais entre às 22 horas e meia-noite. Uma fonte policial disse à reportagem que ocorria um trabalho de investigação, mas negou que os operadores da embarcação tenham recebido ordens para encerrar os serviços mais cedo.

O clima de tensão em Xapuri, relacionado a possíveis ações de grupos criminosos, teve início há algumas semanas, depois que a polícia registrou cerca de três tentativas de execução na cidade. Pelo menos duas pessoas foram baleados e houve, ainda, uma tentativa de sequestro com possível objetivo de execução.

Nesse período, foram presas 16 pessoas suspeitas de envolvimento com os crimes e 4 armas de fogo foram apreendidas em ações das polícias Civil e Militar. As investigações policiais realizadas até o momento apontam para a tentativa de uma determinada facção de eliminar membros que migraram para um grupo rival.

domingo, 8 de março de 2020

Febre Aftosa: Acre Zona Livre sem Vacinação

O momento é um dos mais importantes para o setor produtivo do estado nas últimas duas décadas. A certificação do Acre, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), como Zona Livre de Febre Aftosa sem Vacinação está a um passo de ser adquirida. O novo status sanitário elevará a pecuária acreana a um novo estágio comercial e econômico, acompanhando a situação de países vizinhos, como o Peru e a Bolívia, que atingiram essa condição nos últimos anos.
O passo decisivo para a certificação do estado acreano é a auditoria do MAPA, que será realizada a partir desta segunda-feira, dia 9 de março, nas unidades do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) nos municípios de Capixaba, Xapuri, Plácido de Castro, Sena Madureira e Feijó, além da unidade central de Rio Branco. Para isso, a partir de dezembro do ano passado, uma série de investimentos foram feitos pelo governo do Estado, por meio do próprio Idaf, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Acre, o Fundepec/AC.
Entre as principais ações desenvolvidas nos últimos meses, destacam-se a construção e reformas de prédios das Unidades Locais de Defesa Agropecuária (ULDAG’s), o aumento do parque tecnológico, a ampliação da frota de veículos de serviço e a padronização de procedimentos de atividade técnica, além da realização de concurso público, para formação de cadastro de reserva, cujas provas serão aplicadas no próximo dia 15.
Nos últimos dias, o presidente do Idaf, Rogério Melo, esteve visitando todas as unidades de defesa do estado passíveis de auditoria para conferir de perto os preparativos, assim como prestar apoio aos médicos veterinários responsáveis pela representação do órgão nos municípios que serão visitados pelo Ministério da Agricultura.
“Foi a última visita antes da auditoria. O propósito é fazer os ajustes finais e deixar claro a confiança da gestão nos profissionais que serão auditados. Estamos todos ombreados na missão de fazer com que o estado do Acre se torne Zona Livre de Febre Aftosa sem Vacinação”, afirmou.
Nas visitas às unidades de Plácido de Castro, Sena Madureira e Feijó, o presidente Rogério Melo e sua equipe tiveram a companhia do presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, André Luiz Carvalho, e do secretário da SEPA – Secretaria de Estado de Produção e Agronegócio, Edivan Maciel, que manifestou todo o apoio de sua pasta às ações do Idaf.
“Estivemos junto com a comitiva do Idaf, verificando os últimos detalhes antes da auditoria do MAPA, que acontecerá entre os dias 9 e 13 deste mês. Nós estamos confiantes no estado do Acre livre de febre aftosa sem vacinação”, disse o secretário.
Em Xapuri, a médica veterinária Ane Gabrielle explica que os trabalhos de preparação para a auditoria estão ocorrendo de maneira intensa e que, além de todas as ações de organização, a unidade também mantém em dia todas as atividades e atendimentos do mês corrente.
“Estamos inteiramente voltados para os procedimentos de preparação, para a organização dos documentos e materiais relacionados à vistoria, além daquelas do cotidiano da unidade referentes ao mês em curso. A nossa expectativa para a semana de auditoria é muito boa e esperamos responder de maneira positiva a esse passo importante para que o estado retire a vacinação com êxito”, disse a chefe da unidade.
No município de Capixaba, a veterinária-chefe Grisiela Tessinari diz que a expectativa para o novo cenário do estado é animadora. Ela destacou as melhorias ocorridas, como a reforma das unidades, a aquisição de novos automóveis e o reforço quantitativo de médicos veterinários e técnicos, como razões do otimismo.
“É com grande entusiasmo que após 42 etapas e cobertura acima de 95% do rebanho, o Acre se prepara para a retirada da vacinação. As várias ações realizadas demonstram que o estado tem potencial e está preparado para dar mais esse passo em direção ao desenvolvimento”, afirmou.
A auditoria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) no Acre ocorre entre os dia 9 e 13 de março. O objetivo é a manutenção de um serviço veterinário oficial estruturado, alinhado às necessidades da pecuária nacional e adequado às diretrizes internacionais de saúde animal. No Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA 2017-2026), o Acre está no Bloco I, junto com Rondônia e áreas do Amazonas e Mato Grosso.
O plano foi delineado para ser executado em um período de 10 anos, iniciando em 2017 e encerrando em 2026, alinhado com o Código Sanitário para os Animais Terrestres, da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), e com as diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA), convergindo com os esforços para a erradicação da doença na América do Sul.
Um dos objetivos do PNEFA é a substituição gradual da vacinação contra a febre aftosa, em todo o território brasileiro, o que implica na adoção de diversas ações a serem desenvolvidas em âmbito municipal, estadual e nacional, com o envolvimento do Serviço Veterinário Oficial (SVO), setor privado, produtores rurais e agentes políticos.

PNEFA

O Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA 2017-2026) tem como objetivo principal “criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres de febre aftosa sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional e gerando o máximo de benefícios aos atores envolvidos e à sociedade brasileira”.

sábado, 7 de março de 2020

Capelão troca MDB por PSD e lança pré-candidatura a prefeito

A ausência do pré-candidato do MDB à prefeitura de Xapuri, o advogado Carlos Venícius, no evento de filiação e lançamento da pré-candidatura do vereador Gessi Capelão pelo PSD, do senador Sérgio Petecão, ocorrido na noite do último sábado, 7, pode ter um significado importante para o processo eleitoral em Xapuri neste ano de 2020.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Denúncia de ingerência política na Educação

As três mulheres na selfie em frente à Promotoria de Justiça de Xapuri são - ou pelos menos eram - prestadoras de serviços à Secretaria de Estado de Educação contratadas por uma cooperativa chamada Coopaser. 

Elas contam que ao fim de 2019 chegaram a ficar com três meses de salários atrasados. Fizeram uma paralisação em janeiro, receberam dois meses, mas o pagamento do mês de dezembro elas nunca viram a cor e a tal Coopaser sumiu do mapa. 

Em fevereiro, elas e os demais colegas foram chamadas de volta ao trabalho, entregaram toda a documentação a uma empresa chamada Tecserve e fizeram o exame de admissão. Depois de trabalharem alguns dias, foram informados pela empresa, via whatsapp, de que o contrato seria apenas de um mês, cujo prazo se findaria nesta sexta-feira, 6, a partir de quando estariam desempregadas.

Informadas de que outras pessoas serão contradas para seus lugares, elas denunciam aquilo o que muita gente já sabe. Matéria do site ac24horas detalha mais a situação que representa o momento que Xapuri está vivendo. 

Tentando levar o caso ao conhecimento do Ministério Público, foram informadas de que o tema é da alçada da Justiça do Trabalho. Uma delas,  Eliana Pinheiro da Silva, que trabalhava escola Divina Providência há 9 anos, diz que existe manipulação de políticos sobre as decisões relacionadas a quem sai e a quem fica nos setores do governo no município e querem que o MP investigue o caso.

“Nós sabemos o que se passa em Xapuri, aliás todo mundo sabe, mas ninguém diz nada. A gente fica de mãos atadas por ter conhecimento do que está acontecendo, mas não ter como provar concretamente. Por isso, queremos que o Ministério Público tenha conhecimento”, disse.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Polícias em alerta

Xapuri tem clima tenso nesta semana depois de uma série de tentativas de homicídios que foram seguidas de mais de 12 prisões de suspeitos de estarem planejando assassinatos na cidade.
Desde a madrugada de segunda-feira, 2, as polícias Civil e Militar no município estão fazendo diligências conjuntas com o objetivo de evitar que Xapuri se torne palco de uma onda de execuções.
Durante esta terça-feira, 3, as duas forças policiais prenderam mais 8 pessoas suspeitas de estarem incumbidas, segundo a polícia, de eliminar faccionados rivais.Os trabalhos de investigação realizados pela Polícia Civil apontam para um movimento de membros de uma facção criminosa direcionado para a eliminação de ex-participantes do grupo que se evadiu para outro, rival do primeiro.
O delegado Cleber Gnatta acompanhou toda operação policial, onde além da prisão dos suspeitos foi apreendido um revólver calibre 38 que, segundo o investigador Eurico Feitosa, foi usado em uma tentativa de homicídio ocorrida na madrugada de segunda-feira.
Com as prisões que ocorreram nos últimos dois dias, a polícia acredita que vários homicídios foram evitados na cidade nas últimas horas.
Considerado como um dos poucos municípios do Acre que ainda gozam de uma certa tranquilidade, Xapuri não tem tido, ainda, registro de execuções como as que se tornaram rotineiras em outros locais do estado, principalmente Rio Branco.
Ainda assim, é permanente a preocupação da polícia – e da população – com uma repentina explosão de violência.