domingo, 28 de junho de 2009

Desaniversário

Luciano Pires

Charles Lutwidge Dodgson, um professor de matemática da universidade de Oxford, na Inglaterra, tinha vários talentos. Era um especialista em lógica e fotógrafo pioneiro. Viveu entre 1832 e 1898 no norte da Inglaterra. Mas entrou para a história como escritor, cujo pseudônimo ficou famoso: Lewis Carroll. Ele escreveu "Alice no país das maravilhas", um livro maravilhoso de onde tirei um diálogo inesquecível que ocorre quando Alice encontra o Chapeleiro Maluco, a Lebre e o Ratinho numa comemoração:

Alice: Sim, sim, que bondade a sua. Sinto interromper seu chá de aniversário. Obrigada.

Lebre: Aniversário? Há, há! Não é chá de aniversário.

Chapeleiro: Claro que não! É chá de desaniversário.

Alice: Desaniversário? Não entendo.

Lebre: Só há um dia no ano em que você comemora seu aniversário.

Chapeleiro: Portanto, os outros 364 dias são desaniversários.

Alice: Então, hoje é meu desaniversário!

Lebre: Oh, que coincidência! E voltam a cantar...

Charles Dodgson/Lewis Carroll era um matemático que sabia dar asas à imaginação. Que visão de mundo maravilhosa essa de alguém que comemora todos os dias do ano em vez de um só, não é?

Muito bem. Hoje é meu desaniversário especial. Ontem, dia 25, foi meu aniversário. Agora tenho 12 anos de idade de espírito, 28 de cabeça e 53 de corpinho.

Trinta anos atrás alguém com 53 anos de idade era um respeitado senhor, um... velho. Hoje, não mais. Para ser aquilo que a sociedade designa como "velho" é preciso ter mais de 65 anos de idade. E imagino que dentro de poucos anos será preciso ter 70.

E me lembro que quando perguntaram ao físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano Galileu Galilei quantos anos ele tinha, a resposta

foi: "Oito ou dez". E explicou: "Quando me perguntam quantos anos de vida tenho, digo os anos que me faltam viver. Os que já vivi, não os tenho mais..."

E o filósofo alemão Arthur Schopenhauer fez uma reflexão profundamente incômoda sobre o mesmo tema: "A diferença fundamental entre a mocidade e a velhice é sempre esta: a primeira tem a vida na frente e a segunda, a morte. Por conseguinte, uma possui um passado breve e um amplo porvir, e a outra o inverso. Sem dúvida, o velho não tem mais do que a morte pela frente, mas o jovem tem a vida, e se trata de saber qual das duas perspectivas oferece mais inconvenientes, e se não é preferível ter a vida atrás e não na frente."

Ter a vida atrás ou à frente? Pausa pra pensar. Releia o parágrafo, por favor.

Pois é... Minha família é longeva. Calculo que devo viver até os 95 anos, portanto, tenho ainda 42 pela frente. E no ano que vem terei 41.

E no outro, 40. E assim por diante, com cada vez mais vida para trás, até chegar o meu dia, quando espero me orgulhar dos anos que não terei mais. Por isso procuro gastar meus anos de vida fazendo algo que valha a pena. E dividir com você estas minhas reflexões têm sido um privilégio.

Muito obrigado.

Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista.

sábado, 27 de junho de 2009

Exemplo a ser seguido

Centro de Fisioterapia da Secretaria Municipal de Saúde vai comemorar 5 anos de bons serviços prestados à população

O Centro de Fisioterapia de Xapuri completa, neste final de semana, 5 anos de bons serviços prestados à comunidade local. Com uma equipe composta por uma fisioterapeuta e não mais que duas ou três assistentes, o centro atende cerca de 40 pessoas por dia e já reabilitou e reintegrou ao convívio social um grande número delas.

Pioneira no interior do Estado, a unidade de Xapuri é referência no atendimento de pacientes com algum tipo de lesão ou sequela no aparelho locomotor e outras de natureza congênita ou adquirida. O centro oferece atendimento fisioterapêutico especializado nas áreas de ortopedia e traumatologia, geriatria, reumatologia, cardiologia, pediatria e pneumologia, neurologia, além de correção postural.

A coordenadora do Centro é a fisioterapeuta xapuriense Alessandra Pereira Caminha, formada pela Universidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Os serviços oferecidos pelo Centro, segundo ela, são muito importantes para a comunidade e possíveis, hoje, em Xapuri, em virtude da descentralização dos serviços de fisioterapia que eram disponibilizados apenas na capital acreana.

“Antes os clientes tinham que se deslocar até Rio Branco para poderem fazer uso de serviços de fisioterapia, e hoje Xapuri já dispõe desses serviços há quase 4 anos, evitando custos e despesas, além de trazer melhorias na qualidade de vida dos usuários dos serviços”, afirma Alessandra Caminha.

Fundado em 2004, o Centro de Fisioterapia de Xapuri é uma prova de que com dedicação, força de vontade e, sobretudo, com amor pelo que se faz em oposição à escassez de recursos, é possível oferecer atendimento digno e humano à população. O aniversário de 5 anos será comemorado neste final de semana com uma programação que reune funcionários da saúde, autoridades e cliente e ex-clientes dos serviços oferecidos pelo Centro de Fisioterapia.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Deus e o diabo na Terra de Galvez

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Nelso Liano Jr.

O escritor Paulo Coelho costuma dizer que para um livro ser bom é preciso que o seu autor viva a história. A premissa do Best Sellers internacional poderia se aplicar bem à obra que Moisés Diniz publicou recentemente, O Santo de Deus. A história do Massacre de Lavras, que aconteceu, em 98, num seringal perdido das matas do rio Tauri, próximo a Tarauacá, quando seis moradores, inclusive duas crianças, foram assassinados, é contado a partir da vivência do autor. As mortes e as torturas ocorreram a mando de um casal de pastores de uma seita evangélica para as vítimas serem "purificadas" dos seus pecados e da influência do Demônio. Eles diziam estar tendo visões de Deus que "ordenava" os sacrifícios. Na época do episódio, Moisés Diniz, vivia naquele município e pode presenciar as reações da população diante de fatos tão trágicos. As especulações e as dúvidas geradas pelos acontecimentos, a revolta e o desejo de vingança que se abateu sobre os moradores de Tarauacá.

Para encontrar explicações ao que parece inexplicável o livro carrega no tom místico e nas interpretações bíblicas do Velho Testamento. Talvez devido ao fato de Moisés Diniz ter sido seminarista no Juruá e quase se tornado Irmão Marista. Nas páginas do livro o autor luta contra as contradições do seu conhecimento para interpretar as motivações de um grupo de crentes transformados em assassinos sanguinários.

A matéria prima de O Santo de Deus é o fanatismo religioso provocado pelo isolamento de uma comunidade perdida no interior da Floresta Amazônica. Seres esquecidos à própria sorte que encontraram nas promessas do "Paraíso" uma saída para o sofrimento cotidiano. Eles acabam trilhando um atalho perigoso a caminho do Céu e, cometendo uma espécie de suicídio coletivo. Mesmo porque aqueles que não morreram das torturas físicas serão eternos torturados nos seus espíritos. Aliás, o assunto deveria servir de alerta para que as pessoas não usem a religião como fuga. Quando tudo vai mal a única solução é Deus. Não é bem assim. O conhecimento espiritual é um caminho de autoconhecimento para a elevação de cada um.

A obra é uma reportagem que vai além dos fatos e tenta perscrutar a alma humana forjada na solidão e no abandono dos seringais acreanos que entraram em decadência depois do esplendor da borracha. Tem alguns momentos da leitura que não sabemos se o autor fala de gente ou de bestas irracionais. Mas é aí que aparece um elemento instigante. Como ribeirinhos analfabetos chegaram ao ponto de dominar as palavras da Bíblia? Essa é a questão que o escritor trabalha com uma sagacidade única de quem teve intimidade com as Escrituras Sagradas, na juventude e, deve ter gestado muitas dúvidas interpretativas dentro de si.

De repente, Moisés Diniz, se vê diante de fatos macabros gerados pela exacerbação mística na sua própria terra. Como garimpeiro da alma dedica-se dez anos para encontrar explicações e vencer a jornada literária em direção de uma das possíveis verdades. O escritor entrevistou durante esse tempo os atores do macabro espetáculo de Lavras em busca de soluções satisfatórias. O resultado é uma obra bem escrita com uma linguagem mística, reflexiva e misericordiosa. O Santo de Deus não condena ninguém ao inferno, mas fala de pessoas que já nasceram condenadas pelo isolamento e o abandono social. Como dizia o escritor francês Jean Paul Sartre, "o inferno são os outros".

O Santo de Deus é um registro definitivo de uma história que muitos queriam que fosse esquecida. Um alerta dos estragos que o fanatismo religioso pode causar às comunidades nativas. Infelizmente a história contada pelo escritor continua a acontecer a cada vez que um missionário cristão prega a culpa numa aldeia indígena. Quando um pseudo-pastor, no Juruá, vai à casa dos católicos xingá-los e ofendê-los como adoradores de imagem, ou no momento em que um político pretensioso se diz guiado diretamente por Deus nas suas decisões. Um atentado moralista ao livre-arbítrio, como o descrito no livro, pode estar prestes a acontecer na periferia de Rio Branco ou de qualquer outra cidade do Acre. Basta, algum pseudo-guia espiritual mal intencionado, de qualquer religião, se dizer o "dono da verdade" e manipulá-la de acordo com os seus interesses pessoais.

O Santo de Deus é, portanto, uma literatura viva e atual. Agora, os verdadeiros políticos preocupados com o bem-estar social, precisam dotar a sociedade de instrumentos de inclusão para impedir que massacres como o de Lavras nunca mais se repitam em terras acreanas.

LIVRARIA BETEL

RUA GUIOMARD SANTOS, 348

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RIO BRANCO - ACRE

(68) 3224-8758

quarta-feira, 24 de junho de 2009

São João do Guarani



A vida de quem se aventurou na viagem à colocação Guarani neste ano não foi das mais fáceis. Motos deixadas à margem do caminho, tratores puxando carros atolados e pessoas retornando do meio do percurso eram evidências das péssimas condições em que ficou a estrada que dá acesso à localidade, após a chuva que caiu na véspera e no dia da festa.

Nenhuma dessas dificuldades, no entanto, são capazes de tirar a disposição de quem realmente detém o propósito de chegar até a capela de um das almas milagrosas mais conhecidas do Acre: João do Guarani, um seringueiro morto na solidão da floresta, supostamente vítima de malária, no início do século passado, que se transformou, nos anos e décadas seguintes em santo informal dono de uma multidão de devotos espalhados por todos os lugares do Acre e do Brasil.

O culto ao “santo da floresta” tem mais de 100 anos de existência – teria começado por volta do ano de 1906 - e atrai para Xapuri pessoas de outros municípios acreanos e até mesmo de outros estados da federação. Com 42 quilômetros, o percurso até a colocação Guarani era tradicionalmente feito a pé ou a cavalo e durava cerca de 12 horas para ser concluído. A dificuldade da caminhada era um dos componentes do pagamento feito pelas graças alcançadas.



No local, uma pequena capela erguida em madeira e um antigo cruzeiro de ferro se transformam em palco de manifestações de fé e devoção só vistas em Xapuri na maior festa religiosa do município, a festa de São Sebastião, padroeiro da cidade. São pessoas que dizem ter alcançado milagres materializados em forma de cura das doenças mais variadas, solução para dificuldades financeiras e de problemas amorosos.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Área de Livre Comércio

Tião Viana e empresários locais articulam mudanças na legislação para que Acre passe a ser competitivo com Zona de Processamento de Exportação

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Senador Tião Viana (ao centro no microfone) vem articulando a inclusão de Rio Branco e Xapuri como áreas de livre comércio

Tião Maia

A possível transformação de Rio Branco numa Área de Livre Comércio e Zona de Processamento de Exportação foi a razão do encontro, ocorrido na noite desta segunda-feira, 22, no auditório da Fieac (Federação das Indústrias do Acre) entre empresários dos mais diversos setores da economia local. O encontro foi promovido pelas federações estaduais da Indústria, do Comércio e da Agricultura, além da Associação Comercial e Industrial do Acre (Acisa), com a articulação do senador Tião Viana (PT-AC) para que viesse ao Acre, como palestrante, o presidente da Associação Brasileira de Zonas de Processamento de Exportação (Abrazpe), Helson Cavalcante Braga.

O passo seguinte agora será um possível encontro da bancada federal do Acre com o presidente Luiz Ignácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em busca da edição de uma Medida Provisória que inclua Rio Branco e Porto Velho, a Capital de Rondônia, como Áreas de Livre Comércio, como forma de os empresários e comerciantes locais enfrentarem a concorrência dos preços praticados por comerciantes bolivianos tanto em Guayará Mirim, na fronteira rondoniense, e em Cobija, que faz fronteira com o Acre através dos municípios de Brasiléia e Epitaciolândia. Isso significa que, em havendo aprovação do presidente da República e do Congresso Nacional, os municípios acreanos de Rio Branco e Xapuri se juntariam a Brasiléia, Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul como áreas de livre comércio as empresas instaladas na região poderiam oferecer produtos por preços bem mais em conta em face dos incentivos fiscais oferecidos pelo Governo para quem se adequar ao novo modelo.

Leia mais em agazeta.net

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Acre recebe vídeos do projeto “Revelando os Brasis”

O projeto seleciona e transforma em vídeo histórias de moradores de cidades até 20 mil habitantes. Depois, retorna a esses lugares para exibir a produção gratuitamente e ao ar livre.

Xapuri, Brasiléia e Rio Branco serão as cidades do estado do Acre que terão a oportunidade de conhecer parte do resultado do projeto “Revelando os Brasis”, uma iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto Marlin Azul para democratizar o acesso ao mundo audiovisual em cidades brasileiras com até 20 mil habitantes.

Os dois primeiros municípios terão o privilégio de receber o projeto porque dois dos 40 selecionados em todo o Brasil para transformar em vídeo suas histórias são moradores dessas cidades. São eles o artista plástico Wagner San e o servidor público municipal Duplanir de Souza Filho, respectivamente de Xapuri e de Brasiléia.

Além deles, o Acre teve um terceiro morador selecionado. Vandete Cerqueira Sereno Kaxinawá, índio de uma tribo kaxinawá, localizada em Marechal Thaumaturgo, também está entre os escolhidos. Sua história será exibida nos três municípios que receberão a visita do circuito.

Um caminhão do projeto levará para as três cidades toda a estrutura necessária para montar um cinema ao ar livre e exibir gratuitamente para a população os vídeos do Acre, além de uma produção desenvolvida por uma moradora de Rondônia.

Em Rio Branco, a exibição acontece na terça-feira, dia 23, a partir das 19 horas, na Praça do Mercado Velho. Depois, o caminhão segue para Xapuri, onde a mostra acontece na quinta-feira, dia 25, a partir das 19 horas, na Praça São Gabriel.

Lá, o primeiro vídeo a ser exibido será o do morador da cidade Wagner San. Ele produziu um documentário, chamado “Arte em Ruína”, sobre um projeto de arte experimental desenvolvido no município, que tem pouco mais de 14 mil habitantes e ficou conhecido depois do assassinato do líder seringueiro Chico Mendes.

O projeto de arte é, inclusive, realizado nas ruínas da antiga delegacia da cidade, que fica a 50 metros da casa onde morava Chico Mendes. A filha do seringueiro, para se ter idéia, integra o grupo responsável pelo projeto e dá seu depoimento no vídeo.

“Arte em Ruína é um espetáculo feito por jovens do município de Xapuri nas ruínas da antiga delegacia. Quando Chico Mendes foi morto há 20 anos com um tiro de espingarda no peito, os policiais que faziam a sua segurança se refugiaram na delegacia e, de lá, não saíram nem para prestar socorro nem para tentar capturar os assassinos”, relata Wagner San, no texto do documentário.

No dia 26, a exibição acontece em Brasiléia, onde a mostra começa com a exibição do vídeo “Seu nome era Brasília”, do morador Duplanir de Souza Filho, a partir das 19 horas, na Praça Hugo Poli. Ele produziu um documentário contando a história da cidade onde mora que, inicialmente, se chamava Brasília e “perdeu” seu nome para que a capital federal fosse batizada, sem que fosse feita qualquer consulta popular. O circuito de exibição do Revelando os Brasis – que percorreu 18 estados brasileiros e quase 30 mil quilômetros no território nacional – será encerrado em Brasiléia.

Em Xapuri, Brasiléia e Rio Branco, também será exibido o vídeo do acreano Vandete Cerqueira Sereno Kaxinawá, índio morador de Marechal Thaumaturgo. Ele construiu um vídeo de ficção para contar um ritual que envolve um chá que é bebido e utilizado em diferentes tradições religiosas da Região Amazônica e que, em alguns desses lugares, ficou conhecido como Santo Daime. O vídeo foi batizado como “Yube Nawa Aîbu”, que significa Mulher Jibóia Encantada, pelo fato do chá ser considerado “o remédio da jibóia”.

O “Revelando os Brasis” é realizado pelo Instituto Marlin Azul e pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultural, com patrocínio da Petrobrás e parceria do Canal Futura.

Programação da Mostra de Vídeos Revelando os Brasis no Acre

Dia 23 – Rio Branco (Praça do Mercado Velho)

Dia 25 – Xapuri (Praça São Gabriel)

Dia 26 – Brasiléia (Praça Hugo Poli)

Sempre às 19 horas

O projeto Revelando os Brasis é voltado para moradores de cidades brasileiras com até 20 mil habitantes. Eles se inscrevem contando uma história que gostariam de ver transformada em vídeo.

Do total de inscritos – nesta edição do projeto, foram 712 inscrições –, 40 são selecionados. Os escolhidos participam de um curso intensivo de produção audiovisual no Rio de Janeiro e têm a oportunidade de conviver com profissionais da área, que compartilham conhecimentos relacionados a roteiro, planos de produção, fotografia, som e edição.

Depois, os 40 retornam para suas cidades, montam suas equipes com moradores da própria cidade e produzem seus vídeos, com apoio de dois profissionais da área.

Na terceira etapa do projeto, as cidades dos 40 selecionados terão a oportunidade de conferir o resultado do trabalho. Três caminhões irão percorrer entre os meses de maio e junho 27.500 quilômetros em 18 estados brasileiros, cujas capitais também serão alvo da exibição dos vídeos produzidos em sua região

Informações: Mosaico Gestão em Comunicação

Agressões

O Conselho Tutelar de Xapuri registrou uma agressão de uma professora contra uma aluna de 12 anos, na escola Plácido de Castro, ocorrida na semana passada. Procurada pela reportagem do jornal Xapuri Notícias, a professora veterana Ocinéia Soares Pimentel não quis gravar entrevista, mas negou as acusações de que agredira a menor com tapas e empurrões, além de chamá-la de "negra".

A denúncia ao Conselho Tutelar foi feita pela irmã da menor, Luzia Barbosa Samanego, residente na rua 17 de novembro, próximo à Casa Branca. A agressão teria ocorrida por causa de uma briga entre a estudante e um neto da professora. O caso já foi enviado ao Ministério Público, que poderá denunciar a professora ao Juizado da Infância e da Adolescência, caso as acusações sejam comprovadas.

Outra agressão contra estudantes foi registrada por mim mesmo, também na semana passada. Meu filho mais velho chegou em casa com uma tarefa que consistia em atribuir a um mapa do Brasil os nomes dos estados e suas respectivas capitais. O problema é que o mapa era tão antigo que não possuía as divisões dos estados do Mato-Groso e Mato-Grosso do Sul e de Goiás e Tocantins.

domingo, 21 de junho de 2009

Xapuri no ranking do desenvolvimento

Não é nenhuma novidade o fato de que Xapuri é, há muitos anos, um dos municípios mais mal administrados do Acre. Isso pode ser visto a olho nu na situação precária em que a cidade foi encontrada pela atual administração, do prefeito petista Bira Vasconcelos, que declarou há algumas semanas em entrevista que mais da metade da população do município vive na miséria (leia).

Essa dura realidade está evidenciada, agora também, pelos números de um estudo realizado pelo PAD-Municípios - Programa de Aceleração do Desenvolvimento Municipal - que tem como finalidade a orientação técnica e a disponibilização de ferramentas da gestão pública moderna para acelerar o desenvolvimento dos  municípios brasileiros.

No estudo do PAD, Xapuri aparece na 15ª posição entre os 22 municípios acreanos, atrás de debutantes como Acrelândia e Bujari, que ocupam, respectivamente, a 2ª e a 3ª posições, atrás da capital, Rio Branco, e desbancando todos os antigos municípios do Estado. Xapuri, no entanto, ainda consegue ficar à frente de Feijó e Sena Madureira, que ocupam a 16ª e a 18ª posições, respectivamente.

O ritmo de desenvolvimento dos municípios foi levantado pelo  IPOD - Índice de Proficiência Orçamentária para o Desenvolvimento. Este índice, inédito, foi apurado com base no orçamento de 2007 dos municípios brasileiros e demonstra claramente a força de um orçamento bem elaborado.

A revelação do ranking é aterradora. Os municípios ubrasileiros utilizam apenas 8,91% do potencial de desenvolvimento ao seu alcance. Em outras palavras, o efeito multiplicador dos orçamentos municipais brasileiros é menor que 9% do possível. Isto se deve ao preceito equivocado de que só o governo federal pode gerar desenvolvimento.

Para os criadores do PAD, o município é o principal agente do desenvolvimento. Ainda segundo o estudo, se os municípios brasileiros utilizassem pelo menos a metade da sua capacidade de gerar desenvolvimento, o Brasil seria um País de primeiro mundo em poucos anos.

O resultado ruim apresentado pelos municípios significa que a administração municipal não está utilizando todo o potencial orçamentário para produzir desenvolvimento. Isto acontece na maioria dos municípios brasileiros e decorre mais da falta de conhecimento técnico de gestão,  que pela vontade política dos governantes locais.

Com relação aos estados brasileiros, o Acre também não aparece bem no ranking da proficiência orçamentária. O estado é apenas o 25º entre as 26 unidades da federação (o DF não aparece na lista). O Acre ganha de Alagoas, Roraima, Maranhão, Amazonas e Sergipe. Veja os números baseados em dados da Secretaria do Tesouro Nacional em http://www.padmunicipios.com.br/.

A farmácia natural do Nílson Mendes

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Receber repórteres e turistas dos mais diversos locais do mundo é um hobby para Nílson Mendes, primo do sindicalista Chico Mendes e umas das maiores lideranças do seringal Cachoeira, terra símbolo da luta dos seringueiros contra a devastação das florestas acreanas.

Dono de uma surdez quase que completa, resultado de uma pancada recebida na cabeça em um mergulho no açude da colocação Fazendinha, Nílson possui grande conhecimento sobre as matas onde cresceu e não se cansa de mostrar os "tesouros da floresta" a quem visita o seringal Cachoeira.

Na foto acima, Nílson mostra folha de planta de fins medicinais ao repórter Dennis Barbosa, do Globo Amazônia. Na farmácia natural  do Nílson Mendes pode-se encontrar desde "viagra" natural à planta que engana o patrão. Clique aqui para ler a reportagem publicada hoje no portal Globo.com.

sábado, 20 de junho de 2009

Júlio Barbosa perde direitos políticos por 5 anos

Júlio Barbosa

O ex-prefeito de Xapuri, Júlio barbosa de Aquino, teve os direitos políticos suspensos por cinco anos pela juíza da Vara Cível desta comarca, Zenair Ferreira Bueno Vasquez Arantes, que julgou parcialmente procedente ação civil pública de autoria do Ministério Público do Estado do Acre por irregularidades na liberação de verbas públicas para despesas não autorizadas em lei.

Ajuizada em 2001, a ação determina que o ex-prefeito restitua aos cofres públicos a quantia de R$ 28.340,86 (vinte e oito mil e trezentos e quarenta reais e oitenta e seis centavos), além de tirar-lhe pelo mesmo prazo de cinco anos o direito de contratar com o poder público, receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente.

Júlio Barbosa já havia sido multado pelo Tribunal de Contas do Estado do Acre, no início deste ano, por problemas com prestação de contas. O processo do TCE que apurou irregularidades na prestação de contas da prefeitura de Xapuri no exercício de 1999, durante o primeiro mandato de Barbosa, teve como relatora a ex-deputada petista Naluh Gouveia.

Naquela oportunidade, o ex-prefeito falou ao blog da Amazônia, assinado pelo jornalista Altino Machado, que acreditava ter havido erro de lançamento no processo relativo às suas contas e que aguardava ser notificado para proceder sua defesa.

- Tenho que pegar todos os extratos bancários e empenhos. O meu desafio é mostrar que apliquei devidamente os repasses constitucionais de saúde e educação. Posso, digo isso hipoteticamente, ter mandado construir uma escola e a despesa ter sido lançada como sendo da Secretaria de Obras. Os meus contadores estão fazendo o levantamento necessário da documentação. Erro de lançamento é o que mais ocorre com os prefeitos no país - afirmou Barbosa.

Naluh Golveia, a relatora, afirmou na época que toda a apuração técnica, baseada em documentos, poderia resultar em nada caso prevalecesse o espírito de corpo com motivação política. Segundo a conselheira, as contas do ex-prefeito não foram ainda aprovadas pela Câmara Municipal de Xapuri.

- Nesse caso de Xapuri, podemos perder todo o trabalho técnico que tivemos no TCE, como órgão auxiliar de fiscalização e controle de contas públicas. Para isso, basta que a política se encarregue de fazer com que as contas do ex-prefeito sejam aprovadas pelos vereadores - assinalou ela.

Perguntada sobre a relação política que tivera no passado como companheira de Júlio Barbosa na militância petista, a relatora ponderou:

- Estou aqui para zelar pelo dinheiro público. Não posso me deixar influenciar pelas amizades. Eu me sinto muito mal como cidadã diante de casos tão graves quanto esse, ocorrido na prefeitura de Xapuri. Ao relatar o processo, tive a sensação de que estava lidando com um gestor público que não gostava do povo de Xapuri, uma cidade cuja população lida com tantas deficiências. Quem gosta, toma conta e faz tudo direitinho - comentou a conselheira.

A atual decisão da juíza Zenair Arantes aguarda publicação no Diário da Justiça, mas já foi expedido mandado de intimação a Júlio Barbosa. As informações estão disponíveis no site do Tribunal de Justiça do Acre.

Fuso horário: pressão popular faz Virgílio recuar

Cristiane Agostine, do Valor Econômico

Preocupado com seu desempenho eleitoral em 2010, quando tentará um novo mandato como senador, Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado, poderá retirar o projeto de lei de sua autoria para unificar o horário no país. O senador recebeu dezenas de telefonemas e e-mails com reclamações de moradores de seu Estado e teme perder votos nos municípios amazonenses.

Um dia antes de afirmar que poderá recuar, Arthur Virgílio explicitou o benefício econômico que o Norte e o Centro-Oeste poderão ter com um único horário nacional. " Meu principal argumento é econômico. Vai possibilitar maior integração entre os Estados " , disse, na quarta-feira, completando em seguida que a população logo se acostumaria à mudança. Ontem, depois de receber críticas, o senador comentou que a proposta não foi bem recebida em cidades do Amazonas e destacou que a mudança nos costumes pode ser negativa. " Agora meus argumentos são mais humanos que econômicos e se as críticas continuarem, posso retirar o projeto. "

O projeto, de sua autoria, prevê o fim da diferença de horário no Amazonas, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima -uma hora a menos em relação ao horário de Brasília - e Fernando de Noronha - uma hora a mais. A proposta foi aprovada na terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e estava prevista para ser debatida ontem na Comissão de Relações Exteriores, mas foi adiada.

Empresários dos Estados que serão afetados pela mudança concordaram com o senador tucano e argumentaram que, do ponto de vista econômico, a unificação pode ser positiva, ao facilitar transações comerciais, aplicações financeiras, compensação de cheques e operações na Bolsa de Valores. Mas ressaltaram que o impacto social será grande. Ontem, Arthur Virgílio relatou que amazonenses estão preocupados com o aumento da violência, já que estudantes e trabalhadores iniciarão suas rotinas antes do nascer do sol, caso haja a modificação no horário.

A discussão de um projeto que modifica a vida de milhares de pessoas em seis Estados poderá ter reflexos nas urnas nas eleições de 2010. O mandato de Arthur Virgílio termina em janeiro de 2011 e no próximo ano disputará um novo mandato. Na última eleição de que participou, o tucano viu sua votação diminuir no Amazonas. Em 2002, obteve 608,7 mil votos, 29,4% dos votos válidos, na disputa pelo Senado. Quatro anos depois, quando concorreu ao governo do Estado, sua votação caiu para 74,9 mil votos, 5,5% dos votos válidos.

Há resistência entre os senadores sobre o projeto, como resumiu Cristovam Buarque (PDT-DF): " O que se ganha na unificação do horário se perde na qualidade de vida " , disse. " Do tamanho que é o Brasil é um absurdo ter um horário só. Pode prejudicar a vida das pessoas " . Para Buarque, os meios de comunicação seriam beneficiados com a proposta, para não terem que alterar a grade de programação nos Estados. Por conta da classificação indicativa, emissoras de televisão tiveram de adequar os programas aos horários nas diferentes regiões.

A Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) disse que a unificação do horário pode ser um " avanço para o telespectador " , mas o assunto não é " prioritário " para a entidade, nem lobby das emissoras de televisão, segundo o assessor jurídico da associação, Rodolfo Moura.

A expectativa do senador tucano é que seu projeto de lei seja alterado com a emenda de Tião Viana (PT-AC), na Comissão de Relações Exteriores, para que todos os Estados sigam o horário vigente no Acre (uma hora a menos do que em Brasília).

O impacto negativo com a emenda de Tião Viana poderá ser sentido nos demais Estados do país, mas Viana argumentou que a emenda permitiria que o cotidiano da população dos seis Estados ficasse estável e pouco interferiria na rotina do restante do país. " Não vai afetar a saúde de ninguém essa mudança. A mudança de horário é uma tendência mundial e foi adotada em diversos países " , comentou Viana. O senador petista é o autor do projeto de lei que, em 2008, diminuiu de duas para uma hora a diferença de fuso horário no Norte, que seguia convenção internacional sobre o fuso.

Senadores temem que aumente o consumo de energia elétrica, se Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro passem a usar o mesmo horário do Amazonas. Entidades do setor energético, como a Agência Nacional de Energia Elétrica e a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica ainda não têm estudos sobre um possível aumento de gastos com a alteração.

O debate do projeto pode ser adiado para depois do recesso parlamentar, em julho. Depois de aprovado na Comissão de Relações Exteriores, irá para a Câmara.

"História de Chiquinho" será lançado na terça

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Elenira Mendes e o cartunista Ziraldo lançam na próxima terça-feira, dia 23, no auditório do Centro de Memória Chico Mendes, às 9 horas, o livro infantil A História de Chiquinho, assinado pelo artista mineiro. O livro, de 30 páginas, foi idealizado pela própria Elenira e tem texto das acreanas Walquíria Raizer (poetisa) e Charlene Carvalho (jornalista).

Criado para difundir nas escolas do país a luta que o seringueiro Chico Mendes empreendeu em defesa da floresta amazônica, A História de Chiquinho já circula no Rio de Janeiro. Para Elenira, o livro é um passo importante para o objetivo de colocar a história de Chico Mendes mais próxima da juventude.

O lançamento em Xapuri tem um significado especial para ela, pois o livro foi criado para ajudar as ações que contribuem com a conservação ambiental e inclusão social.

“Não teria sentido realizar o lançamento do personagem, criado especialmente por Ziraldo para apoiar as nossas ações na área de educação ambiental infantil, somente no Rio de Janeiro, por isso vamos fazer o lançamento também aqui em Xapuri”, disse.

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Na foto, Elenira ao lado de Zuenir Ventura e Ziraldo

Na página 32, abaixo do título “Conversa com o leitor”, Ziraldo explica seu novo lançamento:

“Chico Mendes é um dos heróis do nosso tempo. A notícia de sua atuação na Amazônia, infelizmente, só chegou até nós, depois de sua morte, quando a nação inteira tomou conhecimento da luta árdua daqueles que têm hoje a alcunha gloriosa de “povos da floresta”. Agrada-me poder participar da tentativa de querer tornar mais presente a sua história e a história de seus companheiros na luta pelo respeito aos direitos das populações que vivem à sombra das gigantescas árvores da Floresta Amazônica. Assim, quando Elenira Mendes pediu minha ajuda para criar, com seus amigos e os meus, esse livrinho, aceitei a honrosa missão com alegria. Convoquei, para isto, meus companheiros de profissão, de sonhos e ideais, os jovens Miguel Mendes, Vanderlei Soares, Fábio Ferreira e Ferreth, com quem tenho trabalhado ao longo de muitos anos. Aí está o resultado do nosso trabalho, concluído a partir do texto que me trouxe a talentosa acreana Walquíria Raizer. Gostei de ter supervisionado a rapaziada e fiquei muito feliz ao ver o livrinho pronto. Espero que ele ajude os amigos de Chico Mendes e seus herdeiros de luta no grande esforço de tornar nosso país mais justo. Que as crianças brasileiras amem conhecer essa bela história contada, especialmente, para elas”.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Para Virgílio Viana, crise é positiva

A crise econômica mundial é uma oportunidade para mudar o modelo de desenvolvimento do Brasil, na opinião do ex-secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Virgílio Viana.

Eric Brücher Camara, da BBC Brasil em Londres

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Em Londres para falar sobre as experiências de sua Fundação Amazonas Sustentável em projetos de REDD (sigla para redução de emissões por desmatamento e degradação de florestas), Viana criticou o modelo brasileiro em entrevista à BBC Brasil.

"O estilo de desenvolvimento que o Brasil adota, no geral, é profundamente equivocado", disparou Viana.

"O sistema de transportes brasileiro, só baseado em rodovias, é algo que não faz sentido num mundo que caminha para uma economia de baixo carbono. Precisamos repensar profundamente todos os setores da vida nacional."

Clique aqui para assistir ao vídeo

As críticas do especialista em meio ambiente se estendem ainda à aprovação de projetos de construção de usinas termelétricas no país, que, segundo ele, estão "sujando a boa matriz energética" brasileira.

'Crise positiva'

Para Viana a atual crise é "muito positiva", porque abre a possibilidade de não apenas o Brasil, mas todo o planeta mudarem o estilo de desenvolvimento.

"Se não fizermos isso, nós estaremos fritos, literalmente, porque essa questão do clima são fatos objetivos que temos que enfrentar da forma mais eficiente possível", disse Viana.

O ex-secretário foi muito aplaudido na terça-feira em sua palestra em Londres sobre a experiência em projetos REDD no Amazonas.

Viana defendeu diante de uma audiência que incluía a ativista Bianca Jagger e o acadêmico da London School of Economics Anthony Hall uma solução simples para a viabilização de REDD.

Leia mais sobre REDD e dê a sua opinião sobre a viabilidade de um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia no blog Planeta & Clima.

O grande obstáculo na implementação de projetos que evitem o desmatamento é o financiamento. Nesta questão, os defensores do REDD se dividem em duas correntes, os que preferem instrumentos de mercado e aqueles que sustentam que a participação do governo seja fundamental.

Viana propõe uma solução combinada entre os dois: a verba proveniente do mercado de carbono seria dedicada a projetos específicos e localizados; enquanto recursos geridos pelo Estado sejam aplicados em ações de governança.

Créditos de carbono

Para evitar o risco de de que a entrada de créditos de carbono provenientes de projetos de REDD inunde o mercado, derrubando o preço do carbono, o estudioso propõe que uma cota de apenas 10% dos créditos seja reservada a REDD.

Como argumento de que é possível implementar este modelo, Viana citou o projeto Juma, gerenciado pela FAS no Amazonas, que no ano passado foi aprovado com louvor no teste de qualidade da empresa alemã TÜV.

O modelo já atraiu o interesse de 15 países da África, que se reuniram com o ex-secretário do Amazonas em Londres nesta semana.

O tema REDD deve ser um dos assuntos mais polêmicos na negociações para um acordo pós-Kyoto na reunião das Nações Unidas sobre o Clima de dezembro, em Copenhague.

Embora os países já tenham concordado em incluir a preservação de florestas em um futuro acordo sobre o clima, ainda não há qualquer tipo de arcabouço para orientar a implementação disso.

Casos de dengue caem 50,2%

Novo balanço preliminar do Ministério da Saúde aponta redução também nos números de casos graves

Um novo balanço dos casos de dengue no Brasil, divulgado hoje (19) pelo Ministério da Saúde, aponta queda de 50,2% nas notificações este ano em relação aos primeiros meses do ano passado. De acordo com as informações enviadas pelas secretarias estaduais de saúde até o dia 22 de maio, 332.083 pessoas contraíram dengue nos primeiros meses deste ano, enquanto que em 2008 o número de infectados ultrapassou 660 mil, no mesmo período (veja tabela).

Outro destaque do novo boletim foi o bom resultado obtido em relação aos casos de Febre Hemorrágica de Dengue (FHD). Este ano, 874 pessoas tiveram FHD, dado menor do que os 3.247 registrados em 2008, o que corresponde a uma queda de 73%. Em relação aos casos com complicações (DCC), a diminuição foi ainda maior. A nova avaliação do MS mostra que 1.386 pessoas tiveram dengue com complicações, contra 15.460 em 2008, ou 91% de redução.

Com relação à mortalidade, foram registrados 77 óbitos por FHD e 46 por DCC, perfazendo uma taxa de letalidade de 5,4%.

Embora o dado nacional seja positivo, o Ministério da Saúde alerta para o fato de que as ações de controle e prevenção são permanentes e devem envolver governo federal, estados e municípios, além da população, entidades de classe, organizações não governamentais e iniciativa privada.

MOBILIZAÇÃO - A mobilização para evitar um agravamento do quadro de dengue em 2009 foi intensificada pelo Ministério da Saúde em outubro do ano passado, meses antes do início do período de maior transmissão da doença, que vai de janeiro a maio. É neste intervalo que ocorrem aproximadamente 70% das notificações.

Na ocasião, foi anunciado o aumento de recursos para estados e municípios, que elevou para R$ 1,08 bilhão a verba para o combate à doença e a compra e distribuição aos estados de 270 nebulizadores costais motorizados, 200 veículos Kombi, 100 motocicletas, 40 veículos pick-up e 30 pulverizadores costais motorizados.

Em parceria com o Ministério da Defesa, 2.300 militares foram colocados à disposição para o combate à dengue e atendimento a pacientes. Já a parceria com o Ministério da Educação permitiu levar informação a estudantes e professores, como o filmete “Vila Saúde”, que está sendo veiculado para alunos do ensino básico.

O ministro José Gomes Temporão manteve intensa agenda com os gestores nos estados e municípios — especialmente para alertar contra uma eventual desmobilização e interrupção das ações de controle no período de transição de prefeitos e equipes após as eleições municipais. O Ministério da Saúde também lançou uma nova campanha de mídia sobre a prevenção da doença e anunciou os resultados do Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) com o objetivo de lançar o alerta nacional de reforço de ações em áreas críticas, entre outras ações.

Resumo das principais ações realizadas no Acre por se enquadar na condição de Estado em situação de alerta:

- Repasse adicional de 814.402,31 no recurso de Teto Financeiro do TFVS;
- Aprimoramento dos isolamentos virais, através da distribuição de kits NS1 para triagem das amostras do município de Rio Branco;
- Assessoria técnica do Grupo Executivo da Dengue nas áreas de vigilância epidemiológica, controle de vetores e assistência nas seguintes datas: 10 a 13/02 e 18 a 19/02;
- Repasse adicional de 350 litros de inseticidas em complementação aos 920 litros já enviados;
-Assessoria da CGPNCD na área de controle de vetores no período de 16 a27 de março.

Leia mais no Portal Saúde.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Joel speaking english

Clique aqui para ver a versão funk

Hora surreal


Na arte, o mais famoso pintor surrealista, Salvador Dali, distorcia os relógios assim como tudo o mais. Na política tupiniquim, senadores distorcem o tempo real da população da região extremo-ocidental brasileira. Vou sugerir uma charge ao Braga sobre o assunto.

Leio no blog do Altino que o senador Tião Viana leu os pensamentos de minha colega de Rádio Educadora de Xapuri, Fernanda Gomes, há um ano acordando uma hora mais cedo para chegar ao trabalho.

- Por que eles não diminuem uma hora do horário de Brasília, ora bolas.

O senador acreano apresentou emenda para que o projeto que unifica a hora legal em todo o território brasileiro tenha como referência a hora da Amazônia (quatro horas a menos em relação ao meridiano de Greenwich) e não a hora de Brasília (três a menos com relação ao mesmo meridiano), conforme consta na proposta do Projeto de Lei iniciado no Senado (PLS 486/08), de autoria do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).

O Brasil poderá deixar de ter três horários oficiais. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou na terça-feira a proposta que unifica a hora legal. Segundo Arthur Virgílio, a medida irá eliminar diferenças de fuso horário verificadas no Amazonas, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima, cujos relógios marcam uma hora a menos que o horário de Brasília, além de ilhas como Fernando de Noronha, onde marcam uma hora a mais. Caso a mudança seja aprovada, oficialmente o sol passará a nascer no Acre às 8 horas.

Leia mais no Blog da Amazônia.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Cai a exigência do diploma a jornalistas

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (17) derrubar a exigência do diploma para exercício da profissão de jornalista.



Em plenário, por oito votos a um, os ministros atenderam a um recurso protocolado pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp) e pelo Ministério Público Federal (MPF), que pediam a extinção da obrigatoriedade do diploma. O recurso contestava uma decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), que determinou a obrigatoriedade do diploma. Para o MPF, o decreto-lei 972/69, que estabelecia as regras para exercício da profissão, é incompatível com a Constituição Federal de 1988.

Relator do processo, o presidente do STF, Gilmar Mendes, concordou com o argumento de que a exigência do diploma não está autorizada pela Constituição. Para ele, o fato de um jornalista ser graduado não significa mais qualidade aos profissionais da área. “A formação específica em cursos de jornalismo não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terceiros.”

O único recurso possível contra a decisão do Supremo (embargo de declaração) não mudaria o resultado do julgamento –apenas teria a função de esclarecer eventuais dúvidas relativas sobre o assunto. Por conta disso, o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo, já disse que a entidade não vai recorrer.

Leia mais sobre o assunto no G1.

"A Grande Meretriz"

Sou católico, mas a imagem que ilustra o cabeçalho do blog não foi escolhida por essa razão, senão por ser a igreja de São Sebastião um de nossos poucos cartões-postais e a própria festa do santo padroeiro de Xapuri uma das principais manifestações da cultura e religiosidade locais. Não comprovo mas desconfio que por essa razão endereçaram a mim uma mensagem em arquivo de powerpoint, intitulada "A Grande Meretriz" que ridiculariza a Igreja Católica, adjetivando-a de prostituta e vinculando a imagem do Papa à condição de mensageiro de satanás.

Confesso que, apesar de não ser daqueles que andam com a Bíblia debaixo do braço, meus brios foram ofendidos pela audácia de alguns que, do "alto" de suas ignorâncias, se põem a envergar as vestes da sabedoria suprema para condenar sumariamente ao fogo do inferno aqueles que não comungam de suas estapafúrdias ideias e barulhentos rituais. Digo isso com todo respeito aos evangélicos, em sua maioria pessoas sensatas e respeitadoras das boas normas de convívio em sociedade. Me dirijo apenas àqueles a quem a carapuça possa vestir.

Mensagens dessa natureza, de teor altamente preconceituoso e eivadas de uma intolerância só vista nas cabeças de fanáticos religiosos do oriente médio, são comuns na internet, onde circula todo o tipo de informação, desde receita de bolo a fórmulas para a fabricação de bombas sujas. O que não é normal é que pessoas instruídas, muitas vezes ocupantes de cargos públicos, o que enseja que as mesmas sejam conhecedoras e respeitadoras das leis do país, se deem ao trabalho de retransmiti-las na rede.

Ora, sem querer iniciar aqui uma discussão religiosa e muito menos de se propor a esse tipo de debate, mas se a Igreja Católica é a meretriz anunciada pelos nazi-fascistas do protestantismo, o que serão as igrejas chamadas evangélicas se não as filhas daquela? Não acredito em perfeição abaixo dos céus, muito menos em pessoas que se investem de autoridade divina para pregar o preconceito e a discriminação. Também não creio em quem se esconde sob o manto de uma religião sem oferecer o testemunho de temente a Deus.

A "santa" inquisição é, sem dúvidas, a grande nódoa que mancha a trajetória da igreja fundada por Pedro, mas os absurdos perpetrados pelas instituições religiosas não ficaram por aí. O holocauso, que vitimou milhões de judeus durante a II Guerra Mundial, teve o apoio de Martinho Lutero, cujas ideias influenciaram a Reforma Protestante. Os próprios pastores evangélicos alemães apoiaram o Nazismo. Vejam o que diz a história:

“Dentre os 17.000 pastores evangélicos da Alemanha, nem 1% se negaram a apoiar o regime nazista”. (Fonte: History of Christianity, de Paul Johnson).

Tudo começou quando Lutero escreveu um diabólico panfleto chamado: “CONTRA OS JUDEUS E SUAS MENTIRAS”, obra esta, reproduzida na 'História do Anti-semitismo’, de Leon Poliakov. Dizia o raivoso Lutero contra os judeus:

“(…) Finalmente, no meu tempo, foram expulsos de Ratisbona, Magdeburgo e de muitos outros lugares… Um judeu, um coração judaico, são tão duros como a madeira, a pedra, o ferro, como o próprio diabo. Em suma, são filhos do demônio, condenados às chamas do Inferno. Os judeus são pequenos demônios destinados ao inferno.” (‘Luther’s Works,’ Pelikan, Vol. XX, pp. 2230).

"Queime suas sinagogas. Negue a eles o que disse anteriormente. Force-os a trabalhar e trate-os com toda sorte de severidade … são inúteis, devemos tratá-los como cachorros loucos, para não sermos parceiros em suas blasfêmias e vícios, e para que não recebamos a ira de Deus sobre nós. Eu estou fazendo a minha parte.” (‘About the Jews and Their Lies,’ citado em O’Hare, in ‘The Facts About Luther, TAN Books, 1987, p. 290).

Utilizo as citações acima somente para lembrar que o erro faz parte da trajetória do ser humano na terra. Protestantes ou católicos, todos estão sob a mesma condição de pequenez e desconhecimento dos grandes mistérios do mundo. Essa é a grande verdade. De bom alvitre é cada um professar sua fé de acordo com suas normas e tradições e não esquecer que, religiosos ou não, estamos todos obrigados a respeitar as leis terrenas criadas com a intenção de tornar a convivência neste mundo um tanto menos complicada.

Políticas públicas para o Alto Acre



Aliar as diversas políticas públicas desenvolvidas no Território da Cidadania do Alto Acre e Capixaba, visando uma integração maior entre as ações dos governos federal, estadual e municipais. Esse é o objetivo do Seminário de Integração das Políticas Públicas do Território da Cidadania do Alto Acre e Capixaba, que será realizado nesta quinta e sexta-feira (18 e 19), no município de Epitaciolândia.

O evento ocorre no auditório da escola Joana Ribeiro Amed e está sendo organizado pelo Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável do Território da Cidadania do Alto Acre e Capixaba e pela Delegacia Federal de Desenvolvimento Agrário no Acre (DFDA/AC) em parceria com o Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Alto Acre e Capixaba.

Segundo a delegada federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) no Acre, a economista Tatiana Balzon, a proposta do Seminário é discutir junto com os municípios, governos estadual e federal, e sociedade civil, uma matriz de ações consolidada para 2009/2010.

“Apoiaremos a organização e o fortalecimento institucional dos atores sociais locais na gestão participativa do desenvolvimento sustentável do território e promoveremos a implementação e integração de políticas públicas”, ressalta.

Participarão do evento 46 instituições da sociedade civil e das três esferas de governo, entre as quais a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o Departamento de Estradas de Rodagem, Infraestrutura Hidroviária e Aeroportuária do Estado do Acre (Deracre) e o Instituto de Terra do Acre (Interacre).

Também foram convidados representantes das secretarias de Estado de Educação, de Saúde e de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar, da Cooperação Técnica Alemã (GTZ) e das prefeituras de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri e Capixaba.

◙ Com informações da Assessoria de Comunicação Social do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Cooper e bom senso



As fotos e os comentários publicados aqui sobre o "Arrancadão" realizado na pista do Aeroporto de Xapuri no último final de semana, e que contou com o apoio da prefeitura, geraram uma discussão muito salutar para a convivência democrática que acredito piamente existir nesse momento da história entre os homens que ocupam a "torre de controle", como diria meu amigo Eduardo de Souza, odontólogo e english teacher, com a comunidade local, que não reagiu bem, assim como eu, à realização do evento em um local que havia sido fechado à população, que utilizava o espaço para a prática de caminhadas.

Foram muitos os comentários e telefonemas que recebi sobre o assunto, mas que preferi não publicar para não alimentar uma polêmica desnecessária e que poderia trazer para Xapuri um prejuízo maior, uma vez que a pista de pouso em questão já se enquadra em algumas situações que a colocam sob a ameaça de desativação pela proximidade com residências, em virtude da ocupação desordenada que ocorreu nas suas proximidades, entre outras. Nenhuma informação oficial, mas deduzi isso após conversar com fiscais da Anac - Agência Nacional de Aviação Civil - durante vistoria realizada aqui no ano passado.

Pois bem. Na tarde desta terça-feira, recebi telefonema do prefeito Bira Vasconcelos, que tinha em mente a mesma preocupação que eu quanto aos prejuízos que essa discussão poderia acarretar. O aeroporto de Xapuri, apesar de a cidade não receber voos regulares, tem uma importância muito grande para o município, pois é, principalmente, a alternativa para casos de emergência em que pessoas necessitem ser transportadas rapidamente para Rio Branco, além de funcionar, de acordo com os mesmos fiscais da Anac, como pista de pouso auxiliar do aeroporto de Rio Branco para aeronaves de pequeno porte.

Bira Vasconcelos fez alguns esclarecimentos que ainda não tinham vindo à luz e solicitou gentilmente que os mesmos fossem registrados aqui neste espaço, o que passo a fazer com grande satisfação. De acordo com o prefeito, o objetivo da prefeitura em apoiar o evento foi exatamente chamar a atenção das autoridades estaduais responsáveis pelo espaço da necessidade de o mesmo ser utilizado para atividades que envolvessem a população, entre elas a prática de caminhadas, o que começará a acontecer já a partir desta quarta-feira com o acompanhamento de profissonais em educação física disponibilizados pela prefeitura para orientar o público.

O prefeito afirmou também que as marcas de pneus deixadas na pista, prejudicando em alguns pontos a sinalização da mesma, não foram provocadas pelos pilotos do Acre Autoclube, entidade responsável pela organização do evento, mas sim por pessoas alheias ao evento que entraram na pista antes do início da competição para dar "cavalos-de-pau", sendo essas pessoas, em seguida, retiradas do local pela Polícia Militar. Bira deixou claro que outros eventos deverão acontecer aproveitando o espaço oferecido pela área do aeroporto, mas jamais aqueles que ameacem a integridade da pista de pouso.

De minha parte, admito que não fui ao evento e que não vi quem realmente causou aquilo que chamei de dano e que ilustrei com imagens. Confesso também que esses danos atingiram mais a estética da pista do que propriamente a sua estrutura, mas vou continuar sendo contra a realização de eventos dessa natureza por achar que com a reincidência os danos de maior extensão serão certos. Mais uma vez citando o grande Edu souza, nada contra arrancadas, arrancadinhas ou arrancadões, mas uma boa caminhada de fim de tarde é bem mais leve, saudável e de bom senso.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Mais arrancadão





São visíveis os danos causados à pista de pouso do Aeroporto de Xapuri pelo "Arrancadão" realizado no último final de semana com apoio da prefeitura. A sinalização foi intensamente prejudicada e o pavimento, que não é composto de material asfáltico de primeira qualidade, sentiu os efeitos das arrancadas e manobras feitas pelos veículos turbinados. As imagens, feitas com a câmera de um telefone celular, deixam claro que a estrutura da pista de pouso não suporta a realização de eventos dessa natureza.
Desde quando passou pela recuperação que o deixou com uma leve aparência de aeroporto de verdade, o local foi radicalmente fechado ao público, que ali fazia inofensivas e saudáveis caminhadas, para, de súbito, ser aberto a um evento igualmente fechado como esse tal "arrancadão", que em nada contempla a necessidade de acesso a lazer nesta terra de meu Deus. Fica registrada aqui, mais uma vez minha crítica, que espero ser construtivamente últil, com a garantia do espaço para quem quiser se manifestar.

Do outro lado do rio



Do outro lado do rio Acre, em Xapuri, está o bairro Sibéria, comunidade das mais organizadas e lutadoras por melhores condições de vida. Foi lá onde nasceu a Saboaria Xapuri, iniciativa comunitária premiada por mais de uma vez, mas que a despeito disso ainda não conseguiu deslanchar como alternativa de geração de emprego e renda por pura falta de apoio governamental.
Na última semana, a associação de moradores do bairro Sibéria realizou pelo sexto ano seguido a festa do aniversário de fundação da organização, evento que já faz parte do calendário cultural de Xapuri. De acordo com João Jorge Cosmo da Silva, eterno presidente da associação, esta foi uma das melhores festas já realizadas. "Não houve nenhuma ocorrência policial", comemorou ele.
O nome do bairro vem do seringal Sibéria, de onde seringueiros e seringalistas, ao viajar para a cidade, guardavam neaquele local seus animais e suas mercadorias, enquanto resolviam seus negócios em Xapuri. Construíram, então, por volta da primeira década do Século XX, naquela margem do rio Acre, uma arrearia, espaço feito de madeira roliça e coberto com palhas.
As terras pertenciam ao Sr. Armando Braga, que residia em Belém-PA, que vinha vistoriá-las uma vez por ano. Essas eram doadas aos seringueiros que, por motivos diferentes, ali chegavam à procura de moradia. Era através do Sr. Raimundo Soares Cavalcante – na época gerente do Seringal Bosque – que as terras eram transferidas aos seringueiros. Para saber mais sobre as origens do bairro Sibéria visite o site História Multimídia de Xapuri, de onde coletei essas informações.

Caçando passarinhos

Luciano Pires

“Vou caçar passarinho!”. Quando eu era criança lá em Bauru, quarenta anos atrás, todo garoto andava com seu estilingue ou sonhava com uma espingardinha de chumbo pra matar passarinhos. Não é um absurdo?

Nossa consciência sobre a proteção ao meio ambiente é cada vez mais forte e isso é bom, muito bom. Quem agride o meio ambiente está cada vez mais isolado e exposto à identificação e punição. O cerco vai apertando. E isso também é bom, muito bom. Essa consciência vem do amadurecimento da sociedade, alimentado pela pregação dos ambientalistas que começou lá com o “salvem as baleias” e hoje está presente em todos os momentos de nossas vidas. É verdade que falta muito, mas a nova geração que vem aí é muito mais responsável que a anterior.

Duvida? Experimente dizer a uma criança que você vai matar um passarinho...

Muito bem. Pregar para as crianças, abraçar árvores, fazer filmes, dar a entrevistas, escrever artigos, tudo isso é muito bom e necessário. Mas quem é que realmente tem o poder – e a responsabilidade - de sair da pregação para realizar ações concretas para mudar a realidade?

Veja um exemplo simplório: há muitos anos as equipes da Fórmula Um distribuem seus “press releases” compostos de seis folhas A4, para cerca de 300 jornalistas a cada final de semana. Recentemente os assessores de imprensa da equipe McLaren concluíram que num mundo onde os arquivos eletrônicos são lidos por todos, não há sentido em usar folhas de papel. E decidiram distribuir seus releases eletronicamente. Que legal, né? Todos gostaram da idéia, menos um jornalista, o veterano Dan Knutson, que insistiu em receber a versão impressa.

Como ninguém gosta de atritos com jornalistas, a McLaren passou a entregar-lhe o material impresso com o seguinte título: “Versão análoga para Dan Knutson”. No final do release está impresso: “Nós derrubamos uma árvore para poder entregar esta versão impressa para o jornalista mencionado anteriormente”.

Os executivos da McLaren fizeram mais que a pregação, usando seu poder para realizar uma ação efetiva, simples e direta. Economizaram cerca de 20 mil folhas de papel por ano e deixaram Mr. Knutson sujo na área...

Uma ação efetiva, transformando a pregação em resultados.

Antes que venham as pedradas: uma coisa não elimina a outra. A pregação é necessária. Mas me parece que temos pregadores demais. Todos querem salvar as baleias, mas não conseguem praticar pequenas ações táticas como a da McLaren.

Sabe o que é? É que essas pequenas ações não rendem mídia. Não são violentas. Não tem sangue. Não assustam as pessoas com a possibilidade de um dia serem cozidas pelo sol. Não têm o charme de um “abraço à represa”.

A pregação é muito mais legal que a ação.

Pois reflita sobre o seu poder de implementar ações simples, calcadas em atitudes, usando o conhecimento que está ao alcance de todos para provocar pequenas mudanças. São elas que – juntas – podem mudar a realidade.

Luciano Pires é jornalista.

domingo, 14 de junho de 2009

Impasse no Sindicato de Xapuri

Justiça deve decidir impasse político nas eleições do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Xapuri


Dercy: denúncias de irregularidades e complô para tirá-la do Sindicato

Polêmico e conturbado desde o nascedouro, o processo eleitoral para escolha próxima diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, realizado no último dia 30 de maio, vem rendendo muita confusão e deve terminar em breve sobre a mesa de um juiz. É que o candidato perdedor, Assiz Monteiro, pediu a anulação da eleição alegando a ocorrência de diversas irregularidades cometidas pela atual presidente do Sindicato e candidata à reeleição, Dercy Teles de Carvalho Cunha.

Assiz Monteiro acusa a atual diretoria do Sindicato de promover uma farra de filiações nos dias que antecederam a eleição, associando pessoas que não possuem nenhuma ligação com a categoria dos trabalhadores rurais, entre elas fazendeiros, taxistas, professores radicados na zona urbana e até uma vereadora, Maria Luceni, do PV, partido ao qual Dercy Cunha é filiada. A comissão responsável pela eleição acatou o pedido e considerou sem efeito o resultado do certame eleitoral.

“Fazendeiros e moradores urbanos foram sindicalizados de última hora pela atual gestão, garantindo um número enorme de eleitores sem nenhum vínculo com a atividade de trabalhador rural, que é a essência da existência do nosso sindicato”, denuncia, em nota divulgada na imprensa, Assiz Monteiro, que é um antigo militante petista e parceiro de Chico Mendes na época em que os seringueiros de Xapuri se organizaram contra os fazendeiros que devastavam a floresta.

“Só o fato de fazendeiros votarem nesta eleição já é um absurdo sem tamanho. O STRX nasceu exatamente para se contrapor ao acelerado processo expulsão do trabalhador rural de seu ambiente natural na década de 1980, capitaneado pelos pecuaristas de Xapuri. Se hoje existe uma convivência pacífica, ela não significa que estas categorias de trabalhadores sejam as mesmas, os interesses continuam sendo conflitantes e é preciso que as identidades sejam preservadas”, concluiu.

Dercy Cunha, que venceu a eleição por apenas 6 votos de diferença, garantiu que vai recorrer à justiça para assegurar o resultado vitorioso na assembléia e acusou Assiz Monteiro de engendrar uma manobra política para tornar ilegítima a sua eleição. Dias antes da assembléia, uma ação cautelar impetrada junto à Justiça do Trabalho por Assiz Monteiro já havia quebrado a rotina de somente ser permitido o voto dos associados que estivessem em dias com suas contribuições sindicais.

No dia da eleição, por força da decisão judicial, associados adimplentes e inadimplentes votaram, mas em urnas separadas e somente os primeiros receberam crachás de identificação. Dercy venceu em ambas as urnas e denunciou a utilização, pela chapa derrotada, de um aparato financiado pelo governo do Estado e prefeitura de Xapuri. Sobre as denúncias de irregularidades, principalmente sobre o fato de fazendeiros constarem na relação de votantes, ela afirma que a coisa é antiga.

“Com relação aos fazendeiros a quem Assiz se refere, ressaltamos que os mesmos só estão sendo questionados agora, porque deixaram de fazer parte da sigla partidária do candidato. Todos esses fazendeiros filiaram-se ao sindicato quando o mesmo era gerido pelo grupo ao qual o candidato derrotado pertence, que administrou a organização por 17 anos - não somente o sindicato, mas as entidades de Xapuri, inclusive a prefeitura, sendo que todas ficaram falidas”.

Intimamente ligado com o PT desde a fundação do partido no Acre, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, criado em 1977, se afastou da agremiação a partir da desfiliação de Dercy Cunha, que trocou o Partido dos Trabalhadores pelo PV, junto com outros antigos militantes petistas. Iniciou-se aí uma disputa política acirrada sem precedentes na história do Sindicato, que culminou com essa grande polêmica na atual eleição, que ainda parece estar longe de ter um ponto final.

“Sindicato Cartorial”

Quartel General de Chico Mendes nas lutas contra a devastação da floresta e expulsão dos seringueiros de suas terras, o Sindicato de Xapuri tornou-se símbolo da resistência dos trabalhadores rurais na região. Criado com a finalidade de fortalecer a luta dos trabalhadores, sua importância extrapolou, no passar dos anos, a condição de simples organização sindical e se tornou objeto de interesses políticos partidários, tendo servido, nos últimos 20 anos, mais ao segundo objetivo que ao primeiro.

Na eleição do último dia 30 de maio, o que se viu foi uma grande movimentação de políticos locais diretamente ligados às últimas eleições e certamente participantes da próxima, como foi o caso dos ex-candidatos à prefeitura de Xapuri, Márcio Miranda, do PSDB, e Manoel Moraes, do PSB, representado por sua mulher Maria Moraes. Outros ex-candidatos, como Márcio Bittar (PPS) – ao governo do Acre em 2006 - e Ermício Sena (PT) – a deputado estadual na mesma eleição – também estiveram em Xapuri manifestando a esta ou aquela chapa.

Outra característica que marca o Sindicato de Xapuri na atualidade é a condição de entidade que muitas vezes é procurada apenas para expedir certidões e outros documentos para fins de benefício pessoal. A grande maioria dos associados não participa da vida sindical da instituição. De acordo com atual diretoria do STRX, a entidade possui mais de 3 mil associados inscritos. Destes, apenas cerca de 400 pagam regularmente suas contribuições. Mesmo com a decisão da justiça que deu direito de votos a associados inadimplentes, apenas 656 compareceram à eleição do último dia 30 de maio.

Acima, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri nos "anos de chumbo".

sábado, 13 de junho de 2009

Maurício Bittencourt



O professor Maurício Homem de Bittencourt, mestre em Comunicação pela Universidade de São Paulo, onde também obteve a gradução, e professor da Universidade Federal do Acre é o coordenador do projeto pesquisa e extensão "Narrativas da Floresta", sobre Comunicação e Meio Ambiente, vinculado à Ufac e financiado pelo governo do Acre.

O objetivo do projeto, que já tem algumas entrevistas em vídeo publicadas no blog "Narrativas da Floresta - Idéias para a Comunicação Social na Amazônia", é, segundo Maurício, contribuir para um processo comunicativo equilibrado sobre a sociedade local e colaborar para que os meios de comunicação do Acre consigam propor um debate igualmente equilibrado sobre meio ambiente e preservação da Amazônia.

Neste final de semana, Maurício Bittencourt esteve em Xapuri realizando entrevistas para a continuidade do projeto. Seringueiros, professores, profissionais da comunicação e contadores de histórias são os comunicadores da floresta focados pela câmera e pelos questionamentos do professor. Como a imprensa brasileira aborda a questão ambiental na Amazônia é a pergunta que norteia o estudo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Arrancadão e som automotivo

Pois é. Os portões da pista de pouso de Xapuri, fechados para os adeptos das caminhadas de final de tarde, serão abertos neste final de semana para o evento que dá nome a esta nota. Nada contra as arrancadas, muito menos contra os barulhentos veículos, mas é ruim de entender que tenham proibido a população de utilizar o único espaço adequado para a prática de atividade física da cidade, uma vez que ali pousam aeronaves "uma vez na vida", para depois disponibilizar o local para veículos.

A alternativa que restou aos pontuais praticantes das saudáveis caminhadas foi disputar espaço com os carros que trafegam pela Estrada da Borracha, se expondo a um relativo risco de atropelamentos. Se alguém comprovar que a pista de pouso não é lugar adequado para a prática de atividades físicas, muito menos será para outra, nada simpática, que envolve, além das máquinas, uma grande aglomeração de pessoas e um prejuízo quase certo ao asfalto do aeródromo.

Com a palavra os responsáveis pelo espaço e pela proibição de uso pela gente simples do povo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A verdade sobre as eleições do STR de Xapuri

Segundo mensagem enviada por Francisco de Assiz Monteiro, candidato derrotado nas eleições do último dia 30 de maio, que contesta o resultado alegando a ocorrência de irregularidades no processo eleitoral:

"Caro Raimari,

Através deste, me dirijo a você para repor a verdade deturpada pela candidata da Chapa II, na eleição que aconteceu no dia 30 de maio de 2009 no STR de Xapuri. Como é do seu conhecimento, este sindicato é o mais importante da luta dos trabalhadores rurais do Acre, não só para aqueles que tombaram, mas também para aqueles que ainda estão vivos na luta, como os companheiros Raimundão, Osmar Facundo, Raimundo Monteiro, Sabá Marinho, Chico Ramalho, Simplício e tantos outros companheiros fundadores deste Sindicato junto com o companheiro Chico Mendes.

Com toda a história do nosso STR, jamais poderíamos concordar com o modo como foi conduzido o processo eleitoral, que se mostrou viciado desde o início. Em primeiro lugar, a candidata da Chapa 2, Dercy Teles, passa uma versão dos fatos como se fosse vítima do processo, o que não é verdade. A verdade é que, já na abertura das urnas, ela, sua advogada e seus assessores exigiram que os companheiros associados fossem segregados em filas de adimplentes e não adimplentes para votarem em urnas separadas, contrariando o que determinou a justiça do trabalho, na Liminar que permitiu a todos os sócios votarem, sem serem discriminados, sob pena de pagamento de multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por cada sócio constrangido, o que já está sendo estudado por muitos companheiros denunciar à justiça tal procedimento. Ainda, como pode ser comprovado pelo nosso primeiro Requerimento em anexo, já denunciávamos pela manhã daquele dia que a atual Diretoria só entregava crachás para aqueles adimplentes, criando notório constrangimento aos companheiros que se deslocaram de suas colocações e pequenas propriedades para votarem. Sem contar que nossa chapa e a Comissão Eleitoral não possuíam uma listagem oficial com o número de aptos a votar, inviabilizando o cálculo de quorum para instalação da Assembléia.

Em segundo lugar, durante toda a manhã e parte da tarde daquele dia, recebemos inúmeras denúncias de que pessoas sem nenhum vinculo com STRX estavam votando e, por este motivo, independente do resultado eleitoral, às 16:45h, entregamos para o Presidente da Comissão Eleitoral nosso segundo Requerimento, denunciando algumas pessoas que do nosso ponto de vista, não se caracterizavam como produtor rural, portanto, viciando ainda mais o processo eleitoral. Hoje, sabemos que o número de filiados de última hora e sem nenhuma relação com o STRX é muito maior, o que pode ensejar uma representação, inclusive por formação de quadrilha contra aqueles que andaram filiando nos bairros de Xapuri, como já temos informações.

Em terceiro lugar, o que alguns noticiaram, como sendo aquele pleito uma disputa entre uma suposta posição independente da Chapa 2, contra a posição da Chapa 1, que seria ligada ao Partido dos Trabalhadores e ao governo, nem de longe reflete o que se passou no pleito e nos dias que o antecederam. Sobre isto, é preciso deixar claro que os candidatos tinham seus partidos, eu sou filiado ao PT e Dercy é filiada ao PV. Ambos tivemos apoio de nossos correligionários locais. A diferença é que eu sou filiado a um partido que acaba de ganhar a eleição municipal de Xapuri, derrotando Marcio Miranda, Manoel do Ibama e João Jorge. Todos estes adversários do PT estiveram bem presentes na eleição apoiando a Chapa 2, fosse através do fazendeiro Marcio Miranda, votando na eleição do sindicato de trabalhadores rurais, através do Professor e Presidente da Associação de Moradores do Bairro Sibéria João Jorge votando e fazendo boca de urna, através da Senhora Maria, esposa do Manoel do Ibama, fazendo boca de urna. Sem contar que no dia anterior ao pleito, muitas pessoas que nunca aparecerem nas nossas lutas, foram para Xapuri dar apóio à Chapa II, como é o caso de dois candidatos derrotados nas últimas eleições em Rio Branco.

Em quarto, sobre os acontecimentos descritos, apontamos dois problemas sérios. O apoio de fazendeiros e pessoas da cidade, dependendo do ponto de vista de quem julga, é legítimo. O problema é que fazendeiros e moradores urbanos foram sindicalizados de última hora pela atual gestão, garantindo um número enorme de eleitores sem nenhum vínculo com a atividade de trabalhador rural, no sentido de pequeno produtor, que é a essência da existência do nosso sindicato. Só o fato de fazendeiros votarem nesta eleição, já é um absurdo sem tamanho. O STRX nasceu exatamente para se contrapor ao acelerado processo expulsão do trabalhador rural de seu ambiente natural na década de 1980, capitaneado pelos pecuaristas de Xapuri. Se hoje existe uma convivência pacífica, ela não significa que estas categorias de trabalhadores sejam as mesmas, os interesses continuam sendo conflitantes e é preciso que as identidades sejam preservadas.

Trabalhadores urbanos votando nas eleições sindicais rurais, inclusive sendo filiados de última hora, descaracteriza a categoria de trabalhadores rurais e indica uma lógica perversa do vale tudo, sem regras estatutárias, sem acordo prévio entre candidatos e, o que é pior, demonstra o quanto a atual direção do STRX perdeu o foco de sua atuação, importando mais ganhar a qualquer preço, do que defender a categoria dos problemas enfrentados, apontando perspectivas de desenvolvimento e sendo um canal de diálogo com os governos para implementar políticas públicas para a categoria.

Raimari, tudo isto que foi relatado acima, faz parte de um procedimento jurídico que impetramos na Justiça do Trabalho. Será a Justiça quem decidirá o que fazer, assim como a FETACRE, que é quem estatutariamente intervêm nestes casos. Da nossa parte, fizemos e continuaremos fazendo o que manda a nossa consciência de trabalhador.

Abraços,

Francisco de Assiz Monteiro".

Disputa no Sindicato de Xapuri prossegue

Briga política relacionada à disputa pela direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri tem continuidade mesmo depois de realizada a eleição, que no dia 30 de maio passado deu vitória à sindicalista Dercy Teles Carvalho Cunha. A chapa 2, encabeçada pelo petista Francisco de Assiz Monteiro, requereu à comissão responsável pelo processo de eleição a anulação do resultado do pleito sob a alegação de que houvera irregularidades.

Segue mensagem divulgada por Dercy nesta semana, denunciando supostas manobras políticas do grupo adversário para anular as eleições:

"Mais uma vez dirijo-me ao seu blog para denunciar as manobras adotadas pela Chapa 01, denominada "Unidos na Luta", derrotada nas eleições do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri no último dia 30, embora contasse com total apoio do governo do Acre e da prefeitura de Xapuri.

No dia do pleito, estiveram presentes em Xapuri cinco secretários de estado e foi dispensado à chapa derrotada todo apoio institucional concernente ao transporte dos trabalhadores, sendo usados carros do município e do estado, e até mesmo do governo federal, como foi o caso do carro do Ibama, que também estava a serviço dos mesmos.

Apesar disso, foram derrotados porque a maioria dos trabalhadores soube separar o joio do trigo, em que pese as calúnias e difamações que foram feitas a nosso respeito. Perderam, mas não se deram por satisfeitos. Apesar da eleição ter ocorrido no dia 30, somente no dia 4, cinco dias depois, o cidadão que presidiu a comissão eleitoral apareceu com uma ata na qual consta que não foi homologada a posse dos eleitos.

Ao ser questionado, apresentou um requerimento impetrado pelo candidato da chapa 01, alegando irregularidades no processo eleitoral. Segundo consta na ata, esse requerimento deu entrada após a divulgação do resultado da eleição. Porém, o presidente da comissão deu por recebido às 16h45 do dia 30. Mas os demais membros da comissão não tomaram conhecimento do mesmo. O candidato da chapa 01 já pedia no requerimento que não fosse homologada e nem empossada a chapa vencedora.

Vejamos as contradições: na hora que o presidente da comissão deu recebido ao requerimento, ninguém sabia quem eram os eleitos, pois sequer tinha encerrado a votação. Então está claro que tudo foi forjado porque, no decorrer da apuração, além dos fiscais, havia dois advogados. Eu também estava na mesa e não vi a entrega desse requerimento.

No requerimento o candidato da chapa 01 relacionou os motivos da irregularidades:

1º - Que votaram vários fazendeiros, inclusíve citando total de cabeças de gado e hectare de terra que cada um possui;

2º - Que outros são taxistas , professor, auxiliar de enfermagem ou apenas moram na cidade e não tem vinculo com zona rural.

Vale ressaltar que a maioria dessas pessoas, mesmo não morando na zona rural, todas elas são proprietárias de área rural, estando na mesma condição do referido canditato, e da maioria dos componentes de sua chapa, que detém uma propriedade rural mas mora na cidade.

Com relação aos fazendeiros que o candidato se referiu, ressaltamos que os mesmos só estão sendo questionados agora, porque deixaram de fazer parte da sigla partidaria do candidato. Todos esses fazendeiros filiaram-se ao sindicato quando o mesmo era gerido pelo grupo a qual o candidato derrotado pertence, que administrou a organização por 17 anos - não só o sindicato, mas as entidades de Xapuri, inclusive a prefeitura, sendo que todas ficaram falidas.

Outro fator que revela a falta de honestidade na condução do processo eleitoral, tanto do candidato já mencionado quanto do cidadão que presidiu a comissão, é o fato deles só terem mencionado os nomes de pessoas que são suas adversárias partidárias. Porque essas pessoas não foram as únicas que moram na cidade que votaram. É muito mais: porque vereador da situação, ocupantes de cargos comissionados, tanto do gaverno do Acre como da prefeitura de Xapuri, não foram citados. Por que?

Por tudo isso, nós da chapa eleita democraticamente no último dia 30, denunciamos e repudiamos a farsa que aqueles que tratam as pessoas de companheiros tramaram contra a diretoria eleita e os trabalhadores que o elegeram por vontade própria, por entenderem que nós os representamos durante os três anos de nosso primeiro mandato, com muito respeito, responsabilidade e honestidade.

Concorremos numa condição humilde e pacífica, contando apenas com a confiança que adquirimos ao longo dos três anos que conduzimos a entidade. Ganhamos a eleição porque construímos mérito ao longo de nossa vida. Não temos nada a temer, porque não devemos até hoje nada que nos envergonhe perante a sociedade xapuriense.

Mas confessamos a nossa indignação com aqueles que posam de defensores dos trabalhadores, mas quando vêem seu poder de controle ameaçado, se utilizam dos métodos mais inescrupulosos e injustos para conseguir seus objetivos pessoais, que é o de retomar o controle do sindicato a qualquer custo e de continuar usando os trabalhadores como massa de manobra.

Nós, da diretoria eleita, exigimos exigimos respeito e estamos decididos a lutar até as últimas conseqüências em defesa dos direitos dos trabalhadores, sobretudo o direito de escolher seus representantes sem interferências externas, respeitanto o que preceitua nosso estatuto.

Agradeço-lhe antecipadamente,

Dercy Teles de Carvalho Cunha"

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Fuso horário único, a polêmica amazônica

Montezuma Cruz

Está de volta no Senado Federal a polêmica criação de um fuso horário único no País, que proporciona algumas vantagens, mas leva um caminhão de problemas à Amazônia. A hora legal brasileira é fixada com três horas de atraso em relação ao Meridiano de Greenwich, que passa sobre a localidade do mesmo nome, nos arredores de Londres (Reino Unido). Por convenção, este meridiano divide o globo terrestre em ocidente e oriente, permitindo a medição da longitude e a criação dos fusos horários no mundo.

Em entrevista, hoje, o autor da proposta, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), descartou um possível plebiscito para debater o assunto, algo sugerido por políticos acreanos, insatisfeitos com o senador Tião Viana (PT-AC), que apresentou o primeiro projeto para diminuir o fuso daquele estado em relação ao horário de Brasília.

"Se for por aí, daqui a pouco vão querer plebiscito para o que eu corte o cabelo, ou não", brincou Virgílio. Ele acredita que a unificação de horários beneficiará diretamente às populações que atualmente têm horários diferentes da hora legal (horário de Brasília). Uma das vantagens, conforme o senador, é "a maior integração econômica, especialmente bancária".

Depois de ter mantido durante décadas quatro horários diferentes, dependendo da região, o Brasil conta desde abril do ano passado com três faixas: o horário de Brasília (maioria dos estados), o horário dos estados localizados mais a Oeste (Amazonas, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima), e o horário do arquipélago de Fernando de Noronha.

O projeto (PLS 486/08) tem parecer favorável do relator, senador Gim Argello (PTB-DF). Se for aprovado, ainda irá ao exame da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Leia também: Quero meu fuso de volta.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Nas mãos do presidente

Marina Silva

A aprovação da Medida Provisória (MP) 458/08, semana passada, no Plenário do Senado, foi o terceiro momento mais triste da minha vida. O primeiro foi quando, ainda adolescente, perdi minha mãe, duas de minhas irmãs e meu tio, num curto espaço de tempo. O segundo foi quando assassinaram Chico Mendes. Agora, meu luto é pela Amazônia.

A MP 458, que está nas mãos do presidente Lula, vai regularizar a posse de 67 milhões de hectares de terra na Amazônia, um patrimônio nacional superior a 70 bilhões de reais, considerando apenas a terra nua. O problema é que, a título de legalizar a situação dos pequenos agricultores, dos posseiros de boa-fé, cujos direitos estão salvaguardados pela Constituição, os maiores beneficiados serão os grileiros, aqueles que cometeram o crime de apropriação de terras públicas e estão por trás da exploração fundiária irregular, da violência e do desmatamento ilegal.

Enviei carta aberta ao presidente pedindo veto a três artigos da MP, o 2º, o 7º e o 13º. Ainda que não conserte todo o mal que ela causa, a supressão desses dispositivos pode amenizar alguns de seus efeitos.

O primeiro veto que proponho é para impedir a regularização das terras ocupadas por prepostos (laranjas), o que está previsto nos incisos II e IV do artigo 2º e no 7º, uma vez que eles possibilitam a legalização de terras griladas, permitindo a transferência de terras da União para pessoas jurídicas, para quem já possui outras propriedades rurais e para a ocupação indireta. Essa forma de ocupação e exploração não deve ser beneficiada, pois desconsidera os critérios de relevante interesse público e da função social da terra.

Já o artigo 13 deve ser vetado para impedir a exclusão de vistoria prévia, procedimento fundamental para identificar a natureza da ocupação e, principalmente, a existência de situações de conflito na área a ser regularizada. Isso, em muitos casos, pode significar a usurpação de direitos de pequenos posseiros isolados, com dificuldade de acesso à informação, de mobilidade e de reivindicação de seus direitos.

Outro pedido que consta da carta aberta enviada ao presidente Lula é de que todo o processo de regularização fundiária seja caracterizado pela transparência e assegure a efetiva participação da sociedade civil, notadamente os representantes dos segmentos ambiental, acadêmico e agrário.

Se o presidente nada fizer, não serão os ambientalistas a sair perdendo, mas o Brasil. O que está em jogo é a vida de milhões de pessoas e a conservação da floresta - uma vez que a grilagem já demonstrou ser o primeiro passo para a devastação ambiental. E não só eu que o diz. Para o Procurador Federal no Estado do Pará, Dr. Felício Pontes, "a MP 458/08 vai legitimar a grilagem de terras na Amazônia e vai jogar por terra 15 anos de intenso trabalho do Ministério Público Federal no estado do Pará, no combate à grilagem de terras."

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, 1.377 pessoas estão ameaçadas de morte na Amazônia, entre as quais juízes, procuradores e lideranças que dedicaram a vida à causa da justiça, da lei e da proteção ao patrimônio do povo brasileiro. De 1999 a 2008 ocorreram 5.384 conflitos de terra na região, com 253 assassinatos e 256 tentativas de assassinato.

A MP 458 não foi o único grande retrocesso na legislação ambiental brasileira. Tivemos ainda a edição do Decreto 6848/08, que estipulou um teto para a compensação ambiental, ou seja, independente do prejuízo causado ao meio ambiente, o responsável pelos danos não irá desembolsar mais do 0,5% do valor total da obra; a modificação, após cinco meses de sua edição, do Decreto 6514/08, que exigia o cumprimento da legislação florestal; e a revogação da legislação que protegia as cavernas brasileiras. Para piorar, corremos o risco de ver alterada toda a legislação ambiental do País, por meio de uma proposta apresentada pela bancada ruralista na semana passada, que claramente quer expandir para o Brasil a legislação antiambiental aprovada recentemente em Santa Catarina.

Está com o presidente a decisão de impedir um dos maiores retrocessos na história da luta pela preservação das florestas e pela justiça ambiental no Brasil. No Dia Mundial do Meio Ambiente, 31 organizações da sociedade civil reforçaram, em nota pública, "repúdio à tentativa de desmonte do arcabouço legal e administrativo de proteção ao meio ambiente arduamente construído pela sociedade brasileira". Esta manifestação corresponde às análises que os formadores de opinião e a mídia vêm externando e ao sentimento da população captado por pesquisas de opinião. Cabe agora ao presidente Lula avaliar e agir, enquanto é tempo.

◙ Marina Silva é professora secundária de História, senadora pelo PT do Acre, ex-ministra do Meio Ambiente e colunista da Terra Magazine.

Fonte: Blog do Altino.