domingo, 31 de janeiro de 2016

O CAMINHO DA ESCOLA

Leôncio Queiroz

Vou no caminho da escola
Abraçar o meu saber
Saber que me dá vida
Saber que me faz viver

O que nos diferencia
Vem da construção do ser
No caminho que traçamos
Para chegar ao saber

Vou no caminho da escola
Abraçar o meu saber
Saber que me dá vida
Saber que me faz viver

Quanto mais sabedoria
Mais tato, olfato e audição
É mais doce o paladar
E mais profunda a visão

Vou no caminho da escola
Abraçar o meu saber
Saber que me dá vida
Saber que me faz viver

O saber e o sentimento
Permitem falar com Deus
Quem usa tais instrumentos
Sabe o crescimento seu

Vou no caminho da escola
Abraçar o meu saber
Saber que me dá vida
Saber que me faz viver

O saber acorda o espírito
Que temos dentro de nós
Quem o tem sente alegria
Pois nunca estará a sós

Vou no caminho da escola
Abraçar o meu saber
Saber que me dá vida
Saber que me faz viver

Os nossos educadores
São mestres da bela obra
Sentando cada tijolo 
com seu poder de manobra
Na construção do saber
Que a nossa existência cobra

Vou no caminho da escola
Abraçar o meu saber
Saber que me dá vida
Saber que me faz viver

Nossos pais, tios e avós
São fontes de energia
Que o barco vai carregando
No rumo da travessia
Do mar da ignorância
Aos cais da sabedoria

Vou no caminho da escola
Abraçar o meu saber
Saber que me dá vida
Saber que me faz viver

Os funcionários da escola
São como uma vela acesa
Fachos de luz do saber
De incomparável beleza
Pois quando um aluno vence
Ele é quem sente a grandeza

Vou no caminho da escola
Abraçar o meu saber
Saber que me dá vida
Saber que me faz viver

Os livros são meus amigos
Cada matéria é meu guia
Física, História, Matemática
Português, Biologia
São vitaminas da alma
Da santa sabedoria

Vou no caminho da escola
Abraçar o meu saber
Saber que me dá vida
Saber que me faz viver

Se a poesia humaniza
O ser mais embrutecido
Quem não usa a poesia
Não sabe o tempo perdido
É o futuro do campo fértil
Que Deus do céu tem escolhido

Leôncio Queiroz é bacharel em Ciências Contábeis-UFRN Natal-RN-Brasil, Tem formação nas áreas Tributária, Administrativa e Social.

sábado, 30 de janeiro de 2016

110 ANOS DA MAÇONARIA NO ACRE

A Maçonaria acreana acaba de completar 110 anos de criação. A loja pioneira do Estado nasceu a bordo do navio Rio Tapajós, que esteve ancorado em Xapuri no dia 3 de janeiro de 1906. A sessão solene contou com a participação de 51 obreiros, os quais exerciam ofícios de seringalistas, comerciantes e comerciários. Seu primeiro venerável mestre foi Francisco d’Oliveira Conde.
Na década de 1920, as lojas Acre e União Acreana fundiram-se no dia 7 de agosto de 1924 na loja Bandeirantes do Acre Nº 1, que está localizada na rua 24 de Janeiro, centro de Xapuri. Dentre seus veneráveis pode-se destacar o empresário Alberto Zaire, o ex-governador e ex-senador Jorge Kalume e Almir Santana Ribeiro, que chegou ao grão-mestrado, cargo máximo da Maçonaria.

A Maçonaria na construção do Estado

A loja Bandeirantes do Acre relembra o pioneirismo dos que desbravaram com dinamismo e espírito revolucionário os rios e terras que compõem o Estado. Eram homens comprometidos com seu tempo e sua pátria, por isso se revoltaram e participaram ativamente da Revolução Acreana, não contra a Bolívia, mas contra o esbulho que seria promovido pelo Bolivian Sindicate sobre nossas riquezas.

Destaca-se aí a figura do coronel José Cardoso Ramalho Júnior, venerável mestre por várias vezes reeleito para dirigir a Loja Esperança e Porvir, em Manaus. Governador do Amazonas de 1998 a 1900, quando o Brasil parecia disposto a entregar o Acre à Bolívia, discordou e enviando dinheiro e apoio para que a luta continuasse, desembocando na grande Revolução Vitoriosa de Plácido de Castro. Graças ao espírito desprendido de José Ramalho o Amazonas perdeu parte de suas terras para ajudar a formar o Acre.

Outro exemplo foi o grão-mestre Antônio Pinto do Areal Souto, foi prefeito do Departamento do Alto Purus, intendente de Sena Madureira, secretário geral do Departamento e segundo governador do Território do Acre. Defendia da libertação do homem pela instrução e assim criou diversas escolas pioneiras como a Escola normal Carneiro Ribeiro e é um dos fundadores da Academia Acreana de Letras.

Primeiro venerável mestre da Maçonaria no Acre, Francisco d’Oliveira Conde era autodidata , mergulhou fundo em seus estudos e chegou à função de adjunto de Promotor Público do Departamento do Alto Acre.
Nomeado pelo presidente da República, Hermes da Fonseca como tenente coronel comandante do 5º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional. Foi um dos fundadores do Colégio Acreano, além de outros cargos chegou a ser vice-governador do Acre.
História da Maçonaria
De modo simples, a história da Maçonaria pode ser dividida em três períodos que são: o Lendário, o Medieval ou Operativo, o Moderno ou Especulativo. Não há registros claros sobre sua origem no período lendário, mas sabe-se que alcança a construção do primeiro grande templo do rei Salomão, pouco mais de 500 anos antes do nascimento de Cristo. No início da era medieval as escolas de ofício do Império Romano deram origem às associações de artífices da mesma profissão que tinham como objetivo guardar os segredos de suas profissões a fim de que poucas a dominassem. Eram então contratados para construir palácios, templos e outras obras civis.
O período moderno ou especulativo surgiu durante o século XVII quando as construções das catedrais foram diminuindo, isso levou as associações de operários a aceitar em seu meio pessoas eruditas, os quais, com seus estudos tornaram a Maçonaria especulativa. A Maçonaria tal como é hoje surgiu em 1717 quando quatro lojas que se reuniram em Londres formaram a primeira grande loja do mundo, a qual passou a credenciar outras lojas e grandes lojas em outros países.
O que é a Maçonaria
A Maçonaria é uma ordem universal formada por homens de todas as raças e credos fundamentados na fraternidade e na esperança de que o amor a Deus, à Pátria e à Família apoiados na tríade da liberdade, igualdade e fraternidade, possa contribuir para o progresso da humanidade. É um movimento filosófico, educativo, filantrópico e progressista que adota a investigação da verdade em regime de plena liberdade. Uma sociedade formada por homens livres, pensadores e amantes da cultura moral.
Os nomes das lojas maçônicas evocam o espírito que inspira seus membros, como pedreiros construtores da ordem e da sociedade em si.Os ensinamentos maçônicos são ministrados através de rituais que contêm princípios de todas as artes iniciáticas, como o hermetismo, cabala, simbolismo, além de conceitos sobre as cores, números e lendas antigas. Em resumo, a Maçonaria é uma escola de sabedoria.

A admissão na ordem não é um fim em si, mas um começo para uma vida que exigirá muito esforço e trabalho. Nela domina o princípio da tolerância para com todas as doutrinas religiosas e políticas porque está acima e fora das rivalidades que as coloca em conflito.

Seus lemas fundamentais são a Liberdade, Igualdade e a fraternidade. Liberdade porque o homem venceu a si mesmo e liberta-se da opressão que o escraviza. Igualdade porque a Maçonaria reconhece que todos os homens nascem iguais. As principais distinções que admite são o mérito, o talento, a sabedoria, a virtude e o trabalho de cada um. Fraternidade porque aspira que a compreensão reine entre seus adeptos; a fraternidade diminui os males dos povos e aumenta e a compreensão e o respeito entre os homens.

A Maçonaria possui aspecto religioso porque reconhece a existência de um único princípio criador, regulador, absoluto, supremo e infinito que denomina Grande Arquiteto do Universo. Mas a Maçonaria não tem a pretensão de tomar o lugar da religião na vida de ninguém. Para ser membro da Maçonaria o cidadão deve professar uma crença firme em Deus, gozar de boa reputação e ter uma conduta limpa.

A presença feminina na Maçonaria está na família sempre considerada em primeiro lugar, assim existem diversas organizações para senhoras, como a Associação das Acácias, por exemplo. Recentemente começou a funcionar no Brasil a Ordem do Arco-Íris com o objetivo de formar moças dos 11 ao 19 anos, aspecto semelhante ao que existe na Ordem DeMolay para rapazes com idade entre 13 e 21 anos incompletos. Nelas preparam-se para ávida futura e aprendem a moldar seu caráter para num cidadania plena e responsável.

O modo de viver maçônico pode ser resumido em caridade para com todos. Ser maçom é amar seu país, servir a Deus com reverência, tratar os familiares com brandura e afeto, ter humildade, ajudar nos fracos e desvalidos da sorte. É praticar virtudes.

Com  informações de Ratione Temporis.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

OS TERRÍVEIS ENIGMAS DA CASA AO LADO

CLÁUDIO MOTTA-PORFIRO*

Naquele dia invernoso, ainda manhãzinha, o menino do dedo azul esfregava os olhos na soleira da porta da casa humilde da rua das castanholas. Espreguiçava-se. Estava ainda sonolento aos onze de idade e com responsabilidades como aquela. Dormira cedo e, agora, às cinco, deveria correr, acelerado mesmo, até a padaria, onde estava o pai com os pães quentinhos feitos há pouco por ele e por alguns outros padeiros.

Com pés de vento forte e rasteiro, era preciso correr mesmo porque, ainda um pouco escuro, a cabeça fervilhava lembrando as histórias que lhe contavam os mais velhos, tios e avós cearenses cheios de crendices, acerca das famigeradas almas do outro mundo prestes a se materializarem e a se manifestarem a qualquer momento a partir dos velhos casarões erguidos no início do século anterior, na cidade principesca.

Hoje, o menino diz ser muito bom lembrar a época em que a cidade era bem feliz na sua miscigenação feita por portugueses, sírios, libaneses e nordestinos do Brasil. Quanta gente obreira fez o pioneirismo daquele rincão. Quantas boas almas vieram de tão longe para ali plantarem os seus destinos e vidas no mais das vezes tão prósperas.

O pensamento voa, então. É como viajar por aí, pela Ásia agressiva, pela Europa em guerra e pelo nordeste brasileiro onde a fome expulsava homens amarrotados, esqueléticos, mas de tanta fímbria.

À lembrança, sim, vêm muitos deles que hoje já fazem parte de outros mundos onde, por certo, continuam a sua obra gloriosa em favor do bem-estar de tantos.

Viajar na imaginação é algo fantástico. Como diz o livro sagrado dos hindus, nós vamos voando por aí, mesmo em sonhos, sem limites, porque a alma é uma coisa que a espada não pode ferir, o fogo não pode destruir, que as águas não podem maltratar, que o vento do meio-dia não pode secar. Por isso somos assim. Em milésimos de segundos, o nosso espírito viaja até opaís do sol nascente, e volta tão rápido quanto foi. Poderia ser dito tratar-se de espíritos vagabundos esses que vivem à mercê do tempo e do vento, pra cá e pra lá, meio sem ter o que fazer da vida.

A caminho da padaria, a memória do menino do dedo azul voltava-se tão somente para a possibilidade de uma aparição, ali, no meio da rua, debaixo da mangueira centenária plantada por Sadala, um próspero libanês que por ali viveu há muito tempo.

Certo é que, pelo menos naquela época, nenhuma criança merecia passar por essa fase da vida sem umas boas histórias de assombração, sem uma ou duas casas misteriosas nas circunvizinhanças. Hoje, já não é mais assim. A gurizada, às voltas em meio ao cyber espaço, já não tem medo de nada, nem das maluquices contadas pelos avós ávidos por pregar peças e fazer surpresas aos netos boquiabertos e medrosos, como era lá em casa. De arrepiar.

Diziam ser o menino um sensitivo em grau médio. Mas a avó era mediúnica de alta patente e de certos poderes. Melhor ainda é que também havia pelo meio uma tia que até conversava com almas do outro mundo como que por esporte.

A tia, metida a celebridade, era a mais velha dentre os seis filhos da avó. Por estar em um estágio avançado, em termos de mediunidade, pegava caboclo como quem conversa com a vizinha. Algo quase inacreditável. Às quintas-feiras, era dia de seção, principalmente, depois que ela casou com um cearense que também tinha possibilidades extra-sensoriais. Lá, ela deitava e rolava. Às vezes, dialogava com os espíritos, outras vezes batia boca mesmo, em uma voz rouca e grave, usando expedientes até pornográficos... Minha tia era do balacobaco!

Um dia, a tia estava doentinha e fraca. Já marcava mais de quarenta voltas. Aí pelo meio dia, no quarto soturno, uma vez mais, ela teve a rede embalada, suavemente, por duas mãos masculinas, ao que ela fez comentário atroz:

- Porra! Primeiro, aparecia alma da cintura pra cima, sempre. Agora, me vem uma alma apenas com as mãos. Reprovo. Eu gostaria de ver os pés das almas.

Não deu quinze minutos e lá estavam uns dez pés, de coturnos, em marcha como se fossem para a guerra. Pense numa doidice!

Ela era do tipo que dizia assim:

- Traga uma camisa sua, que esteja meio suada, e eu faço aquela quenga largar do seu pé. – Ou:

- Traga uma libra de velas e umas dez folhas de mucuracá, misturado com tipi, e o América sairá vencedor da partida de amanhã. – Era batata!

Um dia, à tardinha, ela passava, acompanhada de um tio, pela esquina da Maçonaria com a cabeça rente ao muro. Veio uma danada de uma alma do outro mundo e sapecou-lhe um cascudo, um cocorote tão potente que ela passou cinco meses com dor de cabeça. Sacanagem da grossa!

A avó ficava seis meses no seringal e seis meses na cidade em atendimento às filhas que residiam cá e lá. Quando ela estava no principado, as capacidades da tia perdiam a graça. Só dava a velha. Todas as aparições ficavam para ela, que também sabia mexer com os pauzinhose tinha certeza de onde as corujas dormiam. Ela era do caráter!

O grande barato, entretanto, era a casa ao lado. Segundo reza o populacho, ali haviam morrido pelo menos uns dez cearenses e mais um português de nome Ozias e um turco chamado Oded.

Sobre algumas dessas maluquices, o menino do dedo azul serve, ainda hoje, enquanto testemunha, como quando, por várias vezes, ao cair da tarde, quando a avó se sentava à calçada para apreciar o movimento mínimo da cidade pacata, começavam a ser atiradas pedras de bom tamanho que rolavam, como se percorressem uns dez metros, pelo assoalho de madeira da casa fechada e sem nenhum morador, como se não houvesse paredes internas. Lá atrás, na cozinha, panelas caíam ao chão e faziam um barulho ouvido por qualquer transeunte que fosse chamado a ouvir.

Um dia, o estivador, que tomava de conta das chaves da casa vazia e à procura de locatário, no momento das ocorrências macabras, abriu a porta e lá, como era sabido por todos, realmente, não havia pedras e muito menos panelas.

Nos idos de 1930, a prima da avó morava na casa ao lado. Elas eram muito unidas e se comunicavam por intermédio de um buraco - formado pela ausência de um nó que caíra da tábua grossa de castanheira - na parede de madeira que separava as duas casas. Eis, então, que a prima vendeu a casa e foi morar com o filho na rua das mangueiras. Mas a fenda, através da qual passavam xícaras de café pra lá e pra cá, continuou aberta e, um dia, não se sabe o porquê, a avó resolveu olhar através do buraco. Quanto ela botou a vista, veio do lado de lá, rapidamente, de encontro, um olho enorme que se chocou contra a madeira fazendo um barulho de vidro partido. Arre égua!

Sem muito o que fazer, o buraco foi tapado com argila e passada alguma tinta por cima. Nunca mais ninguém teve coragem de encarar a tal brecha excomungada.

Com tudo o que por ali aconteceu desde antes da revolta, incluindo chacinas e emboscadas, segundo os especialistas, razões de sobra havia para que tais fenômenos fossem vistos e sentidos.

Durma-se com um barulho desses!
__________

*Escritor. Autor do romance O INVERNO DOS ANJOS DO SOL POENTE, disponível nas livrarias Paim, Nobel e Dom Oscar Romero; e na DDD/Ufac.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

DIREITOS HUMANOS, UTOPIA?

João Baptista Herkenhoff

Consolidar a ideia de Direitos Humanos é uma exigência para que a Humanidade possa sobreviver sem se desnaturar.

Constatamos, no leque das culturas que se espalham pelo orbe terráqueo, um “núcleo comum universal de Direitos Humanos”. Este “núcleo comum” corresponde aos “universais linguísticos” descobertos por Chomsky.

Na visão de algumas pessoas, os Direitos Humanos são uma utopia, coisa de poeta que não tem os pés na terra. Nisto de colocar o rótulo de utopia nos Direitos Humanos, os que pensam desta forma estão certos. A meu ver, o equívoco está em supor que a utopia é sonho irrealizável.

A utopia é a representação daquilo que não existe ainda, mas que poderá existir se o homem lutar para sua concretização. É a consciência antecipadora do amanhã.

A primeira função do pensamento utópico é favorecer a crítica da realidade. (Pierre Furter). As utopias propõem aos homens os meios para proverem seu destino à luz de uma visão global do desenvolvimento histórico. (Ernst Bloch).

Para que a utopia seja força progressista, é preciso transformar as aspirações em militância.

O presente pertence aos pragmáticos. São eles os vitoriosos de hoje. Frequentam as manchetes dos jornais, as chamadas da televisão, as revistas de celebridades. Supõem que seu êxito é eterno. Enganam-se. Talvez na próxima geração ninguém nem saiba lhes declinar o nome.

A competição gera um progresso conflitivo e desumano. A cooperação é que pode produzir o verdadeiro progresso, em benefício de todos e não apenas em proveito de alguns.

A felicidade de um povo mede-se por indicadores muito mais profundos do que o simples consumo, ainda mais esse consumo que alcança somente uma fração da coletividade.

Sempre foi a utopia que moveu a História. Tomás Morus, Campanella, Marx, Teilhard de Chardin, Kierkegaard, Gabriel Marcel, Ernest Bloch, Roger Geraudy, Martin Luther King, Che Guevara, Tiradentes, Frei Cameca, Dom Hélder Câmara foram alguns dos grandes utopistas que alimentaram a caminhada dos homens na busca de uma existência compatível com sua dignidade.

Dizer que a utopia morreu é assinar carta de abdicação à face das forças poderosas que comandam este mundo.

É preciso alimentar a Utopia com a nossa Fé, em todos os espaços sociais onde possamos atuar: construir a utopia em nosso país, em nosso Estado, em nosso município, em nosso bairro, em nosso local de trabalho.

A edificação da utopia não é obra de uma só geração. Temos de fazer o que cabe ao nosso tempo e transmitir o bastão aos que vierem depois de nós.


João Baptista Herkenhoff é Juiz de Direito aposentado (ES) e escritor.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

OS "TURCOS" E O COMÉRCIO EM XAPURI

Sérgio Roberto Gomes de Souza 
Os denominados “turcos” começaram a chegar à Amazônia na primeira década do século XX. O problema é que a arrasadora maioria dos que desembarcaram era de origem sírio-libanesa. De acordo com o geógrafo Aziz Ab’Saber, a Turquia era o centro do que ficou conhecido como Império Turco-Otomano, que teve seu auge entre os séculos XVI e XVII.
Na primeira década do século XX, teve início o desmantelamento do citado Império, fato que se consolidaria no ano de 1922, com a proclamação da República naquele país. Mesmo assim, durante as duas primeiras décadas do século XX, os turcos ainda mantinham o domínio sobre a Síria e sobre os libaneses – o Líbano foi reconhecido como país somente em 1916 - o que explica o fato de imigrantes com estas nacionalidades terem chegado ao Brasil portando passaporte do “dominador”, isto é, da Turquia, contribuindo para a constituição do estereótipo “é tudo turco” (Informações disponíveis no endereço eletrônico: www.icarabe.org. Acessado em 22 de maio de 2015).
Para chegar à Amazônia, embarcavam no Mediterrâneo, atravessavam o Atlântico e chegavam à cidade de Belém. De lá, dirigiam-se a Manaus e, posteriormente, ao Acre. Vinham no rastro da economia da borracha em expansão, com o produto sendo vendido por preços elevados no mercado internacional. Como sua principal atividade profissional foi o comércio, não demorou a adquirirem fama de “mascates interesseiros”.
Importa destacar que os “turcos” se apegaram bastante ao trabalho de carregar embarcações de pequeno e médio porte com mercadorias, com o intuito de comercializá-las pelos rios amazônicos, eram os chamados regatões. Tais figuras eram odiadas por seringalistas e proprietários de estabelecimentos comerciais, já que realizavam operações de compra e venda diretamente com os seringueiros, rompendo com isso o monopólio do barracão, condição fundamental para a manutenção do sistema de aviamento. 
Em sua edição nº 38, de 21 de maio de 1911, o jornal Folha do Acre divulgou carta de um leitor denominado “Dr. Santa Roza”, contestando matéria anteriormente publicada pelo periódico, com críticas aos regatões. A dita correspondência defendia a “classe dos regatões” e ressaltava a importância do trabalho que realizavam. O que chama atenção, neste caso, é que toda a argumentação desenvolvida pelo Dr. Santa Roza é construída na defesa dos praticantes desta atividade comercial, hora denominados “turcos”, ora “sírios”.
"Como se sabe, quase todos os regatões são de nacionalidade turca. Estrangeiros que deixam a sua terra emigrando para o Brasil confiante na hospitalidade apregoada de seus filhos e na liberdade de suas leis. 
A colônia Síria que há pouco tempo se dirige para este país, forma hoje um número tão elevado e tem se irmanado nos sentimentos dos brasileiros, de tal forma, que se tem imposto a estima e consideração pública.
[...] Os regatões, entre nós, forma uma classe laboriosa, que enfrenta todos os riscos e perigos, empregando sua atividade no comércio abundante, em embarcações sem o menor conforto. Comercializando os mesmos gêneros e mercadorias que se encontram a venda nos estabelecimentos comerciais de Rio Branco e Xapuri.
[...] Ide a Xapuri, percorrei esta cidade e direis quantas propriedades pertencem aos nacionais e quantas pertencem aos turcos e ficará vossa senhoria convencido de que esta colônia, da qual fazem parte os regatões, e a qual foi chamada de pessoas sem responsabilidade, sem amor a esta terra, que aqui vêm apenas explorar a inexperiência dos seringueiros, é um dos elementos do progresso desta região".
Não eram poucos os estabelecimentos comerciais situados em Xapuri, de propriedade de sírios e libaneses. Merece destaque, nas duas primeiras décadas do século XX, o “Bazar Paraense”, de propriedade de Sadala Koury (foto).

Sérgio Roberto Gomes de Souza é professor de História da Universidade Federal do Acre.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

NOVO HOSPITAL DE XAPURI

A Agência de Notícias do Acre informa que o governador Tião Viana assinou na tarde desta segunda-feira, 25, na Casa Civil, o contrato de repasse entre a Caixa Econômica Federa (CEF) e o Estado do Acre para a construção do Hospital de Xapuri. O ato representa a formalização da emenda parlamentar do deputado federal Raimundo Angelim, cujo valor soma R$ 2,4 milhões destinados à construção da unidade.

O secretário de Estado de Saúde, Armando Melo, explicou que, com o recurso assegurado, resta proceder com o processo licitatório para dar inicio às obras de construção do Hospital. “Nesse primeiro momento, não haverá contrapartida do Estado, pois esse recurso é direto da emenda parlamentar. Nós já escolhemos o terreno e já estamos com o projeto em andamento”, explicou.

Desde a enchente histórica do ano passado, os atendimentos médicos em Xapuri são realizados no hospital provisório que funciona em uma Unidade Básica de Saúde no município, no bairro do Pantanal, mas o governo também avança na reforma do antigo hospital, o Dr. Epaminondas Jácome, fortemente atingido pela cheia.

“As obras de reforma devem ser concluídas em fevereiro. Estamos aguardando também esse período de chuvas, receosos caso ocorra uma nova alagação. Então, terminamos a reforma em fevereiro e mudamos logo no início de março, com todos os equipamentos e funcionários que estão trabalhando no posto atual”, acrescentou Armando Melo. 

As informações são da repórter Ana Paula Pojo e a foto de Sérgio Vale, ambos da agência estatal.

domingo, 24 de janeiro de 2016

FIM DA REVOLUÇÃO ACREANA

Francisco Antônio Saraiva de Farias
Uma das páginas mais sangrentas
Da história da Revolução
Foi quando o Navio Independência, 
Abarrotado de borracha,
Entravou num correntão,
Esticada pelo exército Boliviano,
Duma margem à outra do Rio Acre,
Na passagem de Puerto Alonso.
Mas os bolivianos não sabiam
Com quem estavam mexendo,
Longe de imaginar que no casco daquele navio
Não tinha apenas borracha.
Existia também valentia
De onze soldados brasileiros,
Nordestinos que o destino,
Uniu para conquistar o Acre para o Brasil.
Eles sabiam que iriam morrer,
Mas aceitaram a missão.
O sonho de liberdade
Embalou a inigualável coragem
Daquele punhado de bravos.
Um a um foi descendo ao rio
Com uma lima nos dentes,
Mas na curta trajetória,
Foram crivados de balas,
Por uma artilharia pesada.
O sangue tingiu as águas da nossa banheira-mãe.
Todos eles morreram em missão, mas antes limaram a corrente,
Com bravura e ousadia insistentes,
Dando passagem ao navio
E à nossa independência.
É por isso que a linda estrela
Ostentada na nossa Bandeira
É vermelha, tinta no sangue de Heróis.
Francisco Antônio Saraiva de Farias é acreano.

sábado, 23 de janeiro de 2016

LIBERDADE RELIGIOSA












A intolerância religiosa representa, certamente, um dos problemas mais delicados em nosso planeta, onde o fanatismo religioso, tão entranhado em milhões de pessoas, conduz umas a realizarem, contra as outras, verdadeiras guerras, em nome, supostamente, de sua religião, como se fosse possível estabelecer, com isso, qual a religião "estaria com a razão".

A questão é tormentosa e envolve o ser humano em sua mais pura essência, na medida em que são colocadas em jogo sua consciência e crença.

Podemos citar a falta de bom senso e de respeito mínimo à diversidade como fatores que criam e fortalecem as situações de caos e violência vistas em todo canto do mundo, inclusive em nosso país, decorrentes de divergências que levam um ser humano, inconformado com a consciência e a crença esposadas por outro ser humano, a tentar impor-lhe a sua própria consciência e crença, o que se afigura absurdo desmotivado, inútil e ofensor à liberdade fundamental de cada pessoa.

A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 5º, inciso VI, preceitua que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos[1] veda, em seu artigo 2º, primeiro parágrafo, a discriminação por motivo de religião. Mais adiante, no art. 18, preceitua:

"ARTIGO 18

1. Toda pessoa terá direito a liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino.

2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha.

3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita apenas a limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.

4. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade dos países e, quando for o caso, dos tutores legais de assegurar a educação religiosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas próprias convicções."

Oportuno frisar que a Lei nº 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial), buscando proteger cultos religiosos de matriz africana, tidos como aqueles que estão entre os mais discriminados no Brasil, estatui, em seus arts. 24 e 26:

"Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende:

I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a fundação e manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;

II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com preceitos das respectivas religiões;

III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de instituições beneficentes ligadas às respectivas convicções religiosas;

IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de artigos e materiais religiosos adequados aos costumes e às práticas fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas vedadas por legislação específica;

V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao exercício e à difusão das religiões de matriz africana;

VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais e jurídicas de natureza privada para a manutenção das atividades religiosas e sociais das respectivas religiões;

VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para divulgação das respectivas religiões;

VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.

(...)

Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com o objetivo de:

I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na religiosidade de matrizes africanas;

II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e outros bens de valor artístico e cultural, os monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes africanas;

III - assegurar a participação proporcional de representantes das religiões de matrizes africanas, ao lado da representação das demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação vinculadas ao poder público."

Todas as pessoas e suas respectivas religiões merecem proteção e respeito. Mencionamos dispositivos de lei que se referem propriamente a cultos de matriz africana apenas a título de ilustração, para indicar a preocupação do legislador em resguardar as liberdades de cada indivíduo, inclusive com relação a diferenças humanas de consciência e de crença, e em combater a disseminação do ódio entre as pessoas, fundado em intolerância religiosa.

Convém anotar que a Lei nº 11.635/07 instituiu o dia 21 de janeiro como o "Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa".

Não se pode olvidar, outrossim, que o Brasil deve adotar uma postura neutra no campo religioso, de sorte a não apoiar ou discriminar nenhuma religião.

Com efeito, em consonância com a Constituição da República Federativa do Brasil e com toda a legislação que asseguram a liberdade de crença religiosa às pessoas, além de proteção e respeito às manifestações religiosas, a laicidade do Estado deve ser buscada, afastando a possibilidade de interferência de correntes religiosas em matérias sociais, políticas, culturais, etc.

A laicidade do Estado tem interface com diversos direitos humanos fundamentais, como a liberdade de expressão, a liberdade de crença e de não crença, a igualdade de gênero e os direitos da população LGBT, população esta que sofre forte discriminação em virtude de dogmas religiosos.

Aperfeiçoar a tolerância às diferenças é indispensável no regime democrático. Quando se consegue fazer valer a laicidade do Estado, preservam-se direitos fundamentais.

Reconhecendo que a prática de ato de intolerância religiosa constitui violação ao Estado Democrático de Direito, que não se coaduna com a finalidade de construção de uma sociedade livre, justa e solidária, esta Coordenadoria de Direitos Humanos buscará combater tais atos de intolerância e, também, contribuir para a laicidade do Estado, municiando, sempre que possível, os órgãos de execução do Ministério Público, para que adotem as providências cabíveis, a fim de preservar os direitos fundamentais das pessoas, independentemente de sua crença religiosa.

[1] Aprovado pelo Brasil em 12/12/91, ratificado em 24/01/92 e promulgado em
06/07/92.

FonteMinistério Público do Estado do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

MAIS DO MESMO

Novamente a operadora de telefonia Oi ofereceu um presente de grego a Xapuri na realização da maior festa da cidade, o Novenário de São Sebastião. Além de interromper sem aviso prévio o serviço de voz contratado pela paróquia para a transmissão das celebrações e da procissão pelas rádios Educadora AM e Aldeia FM, a Oi resolveu se superar com uma queda repentina no serviço de telefonia fixa na região onde se localizam as emissoras de rádio. A pane só foi resolvida por volta das 15 horas desta sexta-feira.

O prejuízo para a festa foi grande. Além de impedir a transmissão do evento para quem iria acompanhar a celebração pelo rádio, a inoperância da operadora ainda afetou a sonorização da procissão, já que os carros de som sintonizariam as emissoras para reproduzir o áudio durante o percurso. O fato, porém, não foi novidade. Há vários anos, a Oi vem se desdobrando para a cada dia oferecer serviços piores aos consumidores de Xapuri, onde a internet é, segundo quem visita a cidade, uma das mais lentas do Acre.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

OS VISITANTES "D'ALÉM MAR": PORTUGUESES EM XAPURI

Fonte: Casa A Limitada (1953). Acervo Digital do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour – Acre.

Sérgio Roberto Gomes de Souza 
O tratamento que os portugueses recebiam de jornais editados no Território do Acre, parecia diferenciar-se do que era dispensado aos “turcos”. Observe-se, por exemplo, matéria publicada pelo jornal Folha do Acre, em sua edição nº 17, onde se lê:
"Num dos recantos mais longínquos ao noroeste do vastíssimo território brasileiro, habita uma plêiade de homens trabalhando laboriosamente sem descanso, acostumados com todas as dificuldades, suportando todos os reveses, sofrendo todas as inclemências, padecendo mil moléstias, curtindo amargas saudades, aturando resignados a corajosamente frequentes necessidades, na fagueira esperança de ir gozar o resto de suas precoces velhices na terra que lhes deu o ser. Esta região é o Acre e os homens são os portugueses".
Em Xapuri, muitos lusitanos dedicaram-se as atividades comerciais estabelecendo, em alguns casos, empreendimentos bem sucedidos. Exemplo disso foi a casa A Limitada, registrada pelos sócios Belchior Santos Costa, João Gomes Fonseca e Adão da Costa Gallo, em 1º de fevereiro de 1926, como consta em publicação do jornal Folha do Acre, de 04 de abril do mesmo ano:
"De Xapuri nos comunica os senhores Belchior Santos Costa, João Gomes Fonseca e Adão da Costa Gallo que constituíram, naquela cidade, em 1º de fevereiro do corrente ano, uma sociedade mercantil de responsabilidade limitada, com capital de cento e cinquenta contos de réis, sob a razão social de Belchior Costa & Companhia Limitada"
Este comunicado esclarece que a “nova” sociedade era constituída pelos sócios que faziam parte das firmas “Belchior dos Santos Costa” e “Fonseca & Vieira”, a primeira extinta e a segunda em liquidação, devido ao falecimento do sócio Antônio Vieira de Souza.
“A Limitada” ganhou prestígio na região, por se tornar uma das principais fornecedoras de mercadorias para os seringais do Alto Acre, Rio Xapuri e Purus. Como seus sócios eram proprietários de vapores e embarcações de menor porte, a empresa realizava o transporte de borracha dos seringais para a cidade de Xapuri e, posteriormente, para Belém e Manaus, de onde o produto era enviado para a Europa e Estados Unidos (SOUZA, 1992, p. 45).
Mas, é importante enfatizar a existência de outros estabelecimentos comerciais que, se não foram tão poderosos economicamente quanto “A Limitada”, identificaram-se profundamente com parcelas da população do município, a exemplo do “Ponto Chic”, local onde funcionava um bar e salão de jogos. O “Ponto Chic” teve em Manoel da Costa Gallo um de seus inquilinos mais importantes. 
Sérgio Roberto Gomes de Souza é professor de História da UFAC.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

"XAPURI SEGUE FIRME, COM FÉ NO PADROEIRO"

Em Xapuri apenas uma coisa não se desvanece com o passar do tempo: a força da fé e da devoção da população católica no santo padroeiro da cidade - São Sebastião. Em nenhum outro lugar do estado uma manifestação religiosa possui dimensão semelhante, seja pela mobilização de toda uma sociedade dela ou pela forma como ela interfere na vida social e econômica da comunidade independentemente do credo religioso de cada um de seus membros. Nem mesmo os infortúnios arrefecem a devoção dos xapurienses.

Em 2015, Xapuri viveu um dos momentos mais difíceis de sua história. O Rio Acre alcançou 18,30 metros e deixou 40% da zona urbana inundada, desalojando de seus lares mais de 3.500 pessoas. A própria igreja de São Sebastião e a imagem do mártir cristão localizada na praça que leva o seu nome, no centro histórico da cidade, foram fortemente atingidas pelas águas no evento natural ocorrido nos meses de fevereiro e março do ano passado. 

Menos de um ano depois, os principais pedidos de agradecimento a São Sebastião eram referentes à força obtida pelos xapurienses para resistir ao sofrimento causado pela grande enchente. Pessoas que perderam suas residências, como o aposentado Sebastião Rodrigues, 60 anos, que está morando em uma casa mantida pelo aluguel social, vieram renovar seus votos ao santo padroeiro e pedir a realização do sonho da casa própria.


Sebastião Rodrigues, 60, perdeu a casa na enchente do ano passado
"Nós seguimos firmes, com fé no padroeiro São Sebastião e também nas nossas autoridades para que nossa Xapuri seja reconstruída e que a gente possa novamente ter a nossa casinha para morar", disse o aposentado à reportagem do programa Gente em Debate que era apresentado pelo radialista Washington Aquino em um espaço improvisado ao lado do salão paroquial.

Durante a procissão, o padre Francisco das Chagas, pároco de Xapuri, fez referência à enchente pedindo que o homem seja mais prudente quanto ao tratamento com a natureza e afirmando que o desastre que atingiu Xapuri foi consequência das agressões que o meio ambiente vem sofrendo nos últimos tempos. "Não podemos brincar com a força de Deus sem termos que responder pelos nossos atos", disse o sacerdote. 

A também aposentada Mariete Costa é uma das figuras mais conhecidas da Festa de São Sebastião em Xapuri. Como pagamento de uma graça recebida, ela se dedica há cerca de 15 anos a preparar a imagem do padroeiro para a procissão. A cada ano ela faz um arranjo diferente, traz novos materiais de Rio Branco e o resultado é sempre o mesmo: a beleza que pode ver na primeira imagem deste post.


Mariete Costa: promessa para o resto da vida
A graça recebida de São Sebastião Mariete não revela totalmente, mas deixa entender que se relaciona com um problema de saúde vivido há muitos anos por sua mãe, a doceira e também devota do santo, Adelina Morte, já falecida. "Preparar a imagem de São Sebastião para a procissão é uma coisa que eu faço com muita alegria e que pretendo fazer enquanto vida eu tiver", afirma com um sorriso de gratidão.

De acordo com a Polícia Militar cerca de 8 mil pessoas participaram da procissão de São Sebastião, na tarde desta quarta-feira, 20.

A FESTA EM IMAGENS





SALVE, SÃO SEBASTIÃO





















Daqui a algumas horas, milhares de romeiros percorrerão mais uma vez as ruas de Xapuri como ocorreu em 1902, há exatos 114 anos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

IFAC ABRE PROCESSO SELETIVO PARA O PRONATEC















O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (IFAC) abriu processo seletivo para formação de banco de professores que atuarão no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Confira o EDITAL Nº 01/2016.
A inscrição é gratuita e realizada somente na modalidade presencial nos endereços dos municípios em que o candidato concorre à vaga ou nos campi das respectivas regionais. O prazo inicia na terça-feira, 19 e encerra na sexta-feira, 22.
A seleção dos candidatos será por analise de currículo, portanto, além da formação na área de concorrência o candidato pontua também por experiência comprovada, conforme descreve o edital.
A remuneração para o cargo de professor do Programa é paga através de bolsa financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de responsabilidade do Ministério da Educação. O valor pago por hora aula é de R$50,00.

A CRIAÇÃO DA PARÓQUIA DE XAPURI: ALGUNS CONFLITOS NA FLORESTA




Sérgio Roberto Gomes de Souza

No ano de 1910, foi criada a Paróquia São Sebastião, em Xapuri. Cerca de um ano antes, no entanto, tiveram início as primeiras mobilizações de moradores da localidade, com o intuito de viabilizar a construção do prédio da Igreja. A perspectiva era angariar fundos, a partir da doação de privados, para que o imóvel pudesse ser erigido. O dito movimento parece ter tido alguma repercussão, considerando que jornais editados na região passaram a dar publicidade aos que contribuíam para a efetivação da mencionada “obra religiosa”. Em sua edição de 03 de maio de 1909, por exemplo, o jornal Acreano, editado na cidade de Xapuri, ressalta a contribuição dada pela firma Bandeira & Coqueiro.

"Com inteira satisfação publicamos o seguinte cartão que nos foi endereçado pelos nossos amigos Bandeira & Coqueiro, honrados negociantes, que vêm se estabelecer nesta cidade. 
Ilmo. Sr. Redator do Acreano: Vimos solicitar que V. S. faça a gentileza de entregar 120$000 (cento e vinte mil réis), produto da primeira venda que fizemos ao aportar em Xapuri, quantia esta que destinamos para o auxílio da construção da Igreja desta cidade. Dando V. S. o destino da quantia que enviamos, reconhecidamente gratos nos confessamos e nos subscrevemos com admiração".

Na sequência, o mesmo jornal destaca que repassou a quantia designada para os membros da comissão encarregada pela construção da igreja, fazendo referências elogiosas aos responsáveis pela oferta. Além disso, foram enumeradas outras doações, seguidas dos nomes dos responsáveis pelas mesmas. De acordo com o periódico:

"Passamos em seguida, por intermédio de nosso companheiro Dr. J. C. Fontenelle, essa quantia às mãos do coronel F. Simplício F. Costa, digno presidente da comissão encarregada da construção da Igreja. Cabe-nos agradecer os Srs. Bandeira & Coqueiro a distinção que nos fizeram por meio de seu digno sócio, major Sesostris C. Coqueiro, nosso prezado amigo, procurando-nos para intermediários de tão nobre e generosa comissão. Foram feitas ainda as seguintes ofertas para a obra da Igreja: Coronel A. Antunes Alencar, duas dúzias de tábuas; tenente Joaquim Pimenta, as telhas necessárias para a cobertura do teto da Igreja. São exemplos belos e producentes, que deverão ser secundados por todos quantos se sentem iluminados pela verdadeira fé católica".

No período, observa-se o desenvolvimento de atividades por parte da Igreja Católica. O Jornal Acreano, por exemplo, ressalta os festejos religiosos do mês mariano, em Xapuri, “notando-se grande concorrência de fiéis aos exercícios do mês de maio: missas às 07 horas da manhã e exercícios às 07 horas da noite”. Durante os atos de celebração, segundo o mencionado periódico, o padre Benedito costumava solicitar dos presentes o concurso de algumas esmolas, com o objetivo de manter os cultos, no que era, pelo menos em parte, atendido pela comunidade:

"Prontificou-se nosso companheiro, Dr. J. C. Fontenelle, a abrir uma subscrição em favor dos festejos do mês mariano, angariando logo, entre poucas pessoas, a quantia de 514$000 (quinhentos e quatorze mil réis), que foi entregue no dia 1º do presente ao padre Benedito, com o fim de concorrer com as despesas necessárias".

No dia 30 de maio, o jornal Acreano publicou nova matéria tratando sobre doações para a Igreja. Dessa vez, foram doadas imagens de santo, uma cruz de ferro e realizado um leilão, com o objetivo de angariar fundos:

"Registramos os seguintes donativos oferecidos em benefício da igreja desta cidade: Comandante Albano Lima, do vapor “Braga Sobrinho”, uma cruz de ferro para ser colocada sobre o frontispício da referida igreja; Sr. Francisco Damasceno Rocha, negociante nesta cidade, uma imagem de São Sebastião, com cerca de 1,30m de altura. Realizou-se, no domingo último, após a novena do mês mariano, um leilão promovido por um grupo de distintas senhoras e ilustres cavalheiros, cujo produto devia reverter em benefício das despesas dos festejos do mês mariano e da construção do templo católico nesta cidade. Houve uma grande concorrência a esse leilão, onde figuravam mimosas e delicadas prendas, oferendas de distintas famílias, senhoritas e cavalheiros, dando um rendimento total de 2:480$050 (dois contos, quatrocentos e oitenta mil e cinquenta réis)".

Chegado outubro de 1910, no entanto, o prédio da Igreja Católica, para o qual foram feitas doações e realizadas diversas atividades de arrecadação, ainda não havia sido erigido. A partir deste momento, diversos questionamentos públicos passaram a ser feitos, a exemplo de matéria publicada pelo jornal O Acreano, em 09 de outubro de 1910, na qual o periódico informa que o prefeito do Departamento do Alto Acre, Odilon Pratagi, seria procurado por uma comissão, em busca de auxílio para a construção do mencionado templo. Em tom sarcástico, o jornal sugere que se apele, também, ao “Mártir” escolhido para dar nome a paróquia (São Sebastião), para que se opere um milagre:

"Ouvimos dizer que uma comissão de senhoras e diversas pessoas, que já têm trabalhado para o benefício da igreja de Xapuri, pediram ao Major Pratagy o seu concurso, para ver se conseguimos a edificação de um templo católico. Podemos asseverar que quantias arrecadadas para a igreja de Xapuri, se conseguissem reuni-las, daria para a edificação de um bom prédio. Leilões, quermesses, subscrições, têm sido promovidos para o benefício da Igreja de Xapuri e, até hoje, só tivemos o assentamento da pedra fundamental, em local já prejudicado por outras edificações. Como o padroeiro escolhido pela comissão é um Mártir muito milagroso, pode ser que auxiliado pelo major Pratagy e o concurso geral da população desta cidade, sempre pronta a concorrer para tudo quanto é referente ao seu progresso, desta vez se opere um milagre".

Os reclames parecem coincidir com o início da crise entre o bispado do Amazonas e o padre Benedito, em decorrência de seu “comportamento inadequado” . No Livro de Tombo da Paróquia São Sebastião de Xapuri, referente aos anos de 1913 a 1967, encontra-se, sem detalhes, que o padre Benedito “não se moldou as recomendações da Igreja”. Na tentativa de resolver o problema, D. Francisco Benício da Costa, então 2º Bispo do Amazonas, optou pela substituição do mencionado padre: "Atendendo as necessidades da Paróquia de Xapuri, no Alto Acre, achamos por bem nomear o reverendo Joaquim Franklin Gondim, vigário da dita paróquia, com as faculdades que o direito lhe confere, até 31 de dezembro de 1914".

A partir do ano de 1915, sob a coordenação do padre Franklin Gondim, intensificaram-se as ações para a construção da igreja. Os trabalhos tiveram início com a fundação da grande torre, feita em alvenaria. Do Pará, vieram a porta principal, o arco de ferro e os mosaicos.

As festas do padroeiro São Sebastião, realizadas no ano de 1916, serviram, segundo o padre Franklin, para elevar o sentimento religioso do povo, mas também, para reforçar o caixa da paróquia. Ao todo, foram arrecadados quase mil contos de réis, recurso “que ficou nas mãos do Dr. Magalhães, para as obras da matriz”. O tom otimista, expresso inicialmente pelo padre Franklin, é substituído por certa melancolia, à medida que trata sobre a participação da população de Xapuri nas cerimônias religiosas:

"Fizemos a festividade com todo o brilhantismo possível, não conseguindo, porém, confissão alguma. Apelamos para o mês do Sagrado Coração de Jesus. Grande foi a minha decepção, meus próprios associados do apostolado não querem confessar e apenas quaro homens e duas mulheres aproximaram-se da mesa da Eucaristia. Os meninos do catecismo abandonam as aulas e os pais se descuidam de tão rigoroso dever. Em uma terra ária, ingrata, religião não pode ter guarida em um povo indisciplinado [...]. Entretanto, para as festas civis e profanas, são de um exemplo de entusiasmo a toda prova".

Mesmo com as queixas do padre, era nas festas e quermesses que se angariava recursos visando ao término das obras da Matriz. O problema, segundo o citado religioso, era os custos elevados para aquisição dos materiais de construção e contratação de mão de obra. O preço do trabalho de um operário, pelo período de um dia, custava cerca de 20 réis, enquanto uma barrica de cal não saia por menos de 120 réis. Para agravar ainda mais a situação, após os recursos financeiros da Paróquia terem sido consumidos, foi apresentada, pelo Dr. Magalhães, que liderava a comissão responsável pela construção da Matriz e atuava como procurador da Paróquia, uma dívida superior a três contos de réis. 

Para promover equilíbrio nas finanças, padre Franklin solicitou ao Dr. Magalhães uma prestação de contas, o que resultou em sua saída da comissão e na publicação de uma série de ataques ao padre, “em um jornal local”. Segundo consta no Livro de Tombo da Paróquia de Xapuri, do ano de 1915, os padres Franklin e Benedito foram acusados de não prestarem contas dos recursos recebidos. De forma sarcástica, o periódico ainda denominou a igreja em construção, “Igreja da Engrácia”, por já terem sido consumidos para mais de seis contos de réis, permanecendo a obra inacabada. Em meio às desavenças, o Dr. Magalhães foi substituído, na função de procurador da paróquia, pelo Sr. Francisco Ribeiro, definido por padre Franklin como “um homem probo, honesto e de bons costumes”.

Com a morte do sacerdote de Sena Madureira, Monsenhor Antônio Fernandes da Silva Távora, em 13 de setembro de 1916, as regiões Empresa, Xapuri, Sena Madureira e Antimary foram confiadas aos trabalhos de um único sacerdote, o italiano padre José Tito. Encerrava-se, desta forma, a turbulenta passagem dos padres Benedito e Franklin Gondim, pelo município de Xapuri. Quanto ao prédio da igreja, este só seria concluído no início da década de 1920.

Em 1921, após a criação da Prelazia do Acre e Purus, foi designado para a paróquia de Xapuri o padre Felipe Gallerani. Nesse mesmo ano, o padre Felipe convidou as Irmãs Servas de Maria Reparadoras, que já tinham uma comunidade em Sena Madureira, para também formarem uma comunidade religiosa em Xapuri. Padre Felipe Gallerani ficou à frente dos trabalhos, em Xapuri, até o ano 1937. Voltou em 1942, ficando até 1954. Durante o intervalo desses anos, atuou como pároco o padre Fernando Marchioni.

Sérgio Roberto Gomes de Souza é historiador.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

VALEU, BODÃO.


















Foto: Getty Images

Por decisão unânime dos juízes (30-27, 29-28 e 30-27), o lutador xapuriense de MMA Francimar Bodão derrotou, na noite deste domingo, 17, o bósnio Elvis Mutapcic, que estreava no UFC substituindo Abdul-Kerim Edilov, que seria originalmente o rival do acreano. Pouco antes do anúncio oficial da luta, Bodão aproveitou que uma das câmeras oficiais do evento o focalizava para agradecer aos acreanos pelo apoio e pedir a noiva, Milena, em casamento. 

Em Xapuri a vitória de Bodão foi muito comemorada e ninguém deu atenção para as críticas que infestaram as redes sociais afirmando que a luta foi fraca tecnicamente e sem emoção. Na terra natal do lutador o confronto foi visto por outro prisma e a luta foi uma das mais emocionantes da vida de cada um que permaneceu durante os três rounds nervoso e apreensivo frente à TV, afinal de contas não é todo dia que um xapuriense chega ao ponto em que Bodão está num esporte tão competitivo.

Por isso, valeu Bodão. Você nos orgulha.

domingo, 17 de janeiro de 2016

ECONOMIA SOLIDÁRIA NO NOVENÁRIO


















Maria Meirelles, da Agência de Notícias do Acre.

Cerca de 40 empreendimentos locais e de Rio Branco participam da Feira de Economia Solidária que se iniciou nesta sexta-feira, 15, na Praça São Gabriel, em Xapuri. O evento ocorre dentro da festa religiosa de São Sebastião e se estende até a próxima quarta-feira, 20.

Comidas típicas, verduras frescas, artesanato e tantos outros produtos podem ser encontrados na feira, que a partir deste sábado, 16, se inicia pela manhã e encerra suas atividades às 22 horas.

A festa de São Sebastião, que chega a sua 114ª edição, é uma tradição regional responsável por grande fluxo de turistas e fiéis, que geram mais emprego, renda e aquecem a economia local.

A terceira Feira de Economia Solidária é uma realização do governo do Estado, por meio da Secretaria de Pequenos Negócios, prefeitura de Xapuri, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Fórum Acreano de Economia Solidária.

“Todos os grandes eventos realizados no estado contam com a participação de economia solidária. Temos garantido a participação dos pequenos negócios, que em 2015 foram responsáveis por grande movimentação financeira no país”, ressalta o secretário de Pequenos Negócios, Henry Nogueira.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

PAE EQUADOR: PRODUTORES REIVINDICAM MELHORIAS




















Nesta sexta-feira, 15, estive no Projeto de Assentamento Extrativista Equador, uma das principais regiões de Xapuri em que o Manejo Florestal Madeireiro está entre as atividades produtivas mais praticadas, além da extração da borracha e da castanha. Lá, representantes de 8 associações de produtores da região realizaram um seminário para discutir a atual situação do projeto e reivindicar melhorias aos órgãos governamentais e outras instituições ligadas ao movimento dos trabalhadores rurais.

Entre as queixas apresentadas se destacou o distanciamento de entidades como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (STRX), o Conselho Nacional do Seringueiro (CNS), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do próprio Incra. Os produtores reivindicaram também da prefeitura de Xapuri e do governo do Estado a implantação de escolas e postos de saúde na área do projeto agroextrativista. "Os avanços dos últimos anos são inegáveis, mas não estamos vivendo em um mar de rosas, não", afirmou Reinaldo Pereira, presidente da Associação Fé em Deus.

Participaram do seminário representantes da Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (SEAPROF), Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC)  e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF), além da deputada estadual Leila Galvão (PT). A grande ausência ficou por conta do INCRA, que não enviou representantes ao evento, apesar de a direção da associação haver formulado convite à superintendência do órgão.

O principal encaminhamento resultante do seminário foi o da construção de uma agenda, coletiva ou não, para que as entidades envolvidas com as reivindicações dos produtores se reúnam com os representantes de associações para discutir as questões levantadas durante esse e outros encontros regionais de associações. Além disso, um documento foi elaborado durante a realização do seminário que será entregue a todas as instituições ligadas ao assunto.

A imagem acima é da colocação Atoleiro, onde está sediada a Associação dos Produtores do Projeto Agroextrativista Seringal Equador (ASPAAE-SE). As placas menores mostram as licenças de operação do manejo.