quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Luta contra a Aids

Dia Mundial de Luta Contra a Aids será lembrado com várias atividades

O Ministério da Saúde lança, durante a abertura da 14ª Conferência Nacional de Saúde, nesta quinta-feira (1°), a campanha do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, cujo slogan é “A aids não tem preconceito. Previna-se”. A proposta é estimular a reflexão sobre uma sociedade menos preconceituosa, mais solidária e tolerante à diversidade sexual e às pessoas vivendo com HIV/aids.

Neste ano, os jovens gays de 15 a 24 anos são público prioritário da campanha. Boletim epidemiológico sobre HIV/Aids divulgado na última  segunda-feira (28) apontou o avanço da doença entre esse grupo, na contramão do que tem acontecido nesta faixa etária.

Ao longo dos últimos 12 anos, a porcentagem de casos na população de 15 a 24 anos caiu. Já entre os gays da mesma idade houve aumento de 10,1%. No ano passado, para cada 16 homossexuais dessa faixa etária vivendo com aids, havia 10 heterossexuais. Essa relação, em 1998, era de 12 para 10.

Sobre o Dia Mundial – Em 1987, a Assembleia Mundial de Saúde, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), decidiu transformar o 1º de dezembro em Dia Mundial de Luta Contra a Aids, para reforçar a solidariedade, a tolerância e a compreensão em relação às pessoas infectadas pelo HIV.

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Cursos Técnicos

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O Instituto Federal do Acre lançou na última sexta-feira, dia 25, o Edital 30/2011 que trata do processo seletivo de Cursos Técnicos nas modalidade Integrado e Subsequente para 2012/1 nos campi de Rio Branco, Sena Madureira e Xapuri.

Estão sendo oferecidas 360 vagas, sendo em Rio Branco os cursos de Administração e Segurança do Trabalho na modalidade Subsequente e Informática na modalidade Integrado ao Médio.  Em Sena Madureira também está sendo aberta uma turma de Informática Integrado e em  Xapuri a oferta é dos cursos de Agroecologia e Meio Ambiente na modalidade Subsequente e Biotecnologia na modalidade Integrado.  

Para os Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio o candidato deverá ter concluído o Ensino Fundamental, ou equivalente, sendo que o candidato que tiver concluído o Ensino Médio não poderá concorrer às vagas ofertadas. Já o Cursos Técnicos Subsequentes é voltado para  o candidato que tenha concluído o Ensino Médio ou equivalente.

As inscrições podem ser feitas nos campi do IFAC nos três municípios no período de 28 de novembro a 09 de dezembro. Um dos critérios de seleção será a participação dos interessados em palestras agendadas nos campi no próximo dia 13 de dezembro. Os participantes depois vão concorrer através de sorteio público. O resultado será divulgado no dia 19 de dezembro.

A Pró-reitoria de Ensino está preparando para lançar nos próximos dias edital referente ao processo seletivo de cursos técnicos na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA). Já os cursos superiores, o IFAC segue o cronograma do Sistema de Seleção Unificada (SISU) com previsão para janeiro de 2012.

Confira o Edital 30/2011.

Assalto

Maxsuel Maia

A ANEEL, agência do governo federal que regula os serviços e preços da energia elétrica no Brasil, perdeu a vergonha de uma vez por todas. Mesmo com os péssimos serviços prestados pela Eletrobrás/Acre, a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou um reajuste de 11,72% nas tarifas de energia, reajustes que entram em vigor a partir de hoje (30/11).

A notícia da aprovação do aumento foi como um banho de água fria para alguns políticos e para toda a sociedade acreana, que esperavam esperançosamente pela redução da alíquota do ICMS nas contas, o que reduziria sensivelmente os valores cobrados. Como algumas coisas só acontecem no Acre, a esperada redução do ICMS não aconteceu e para piorar a ANEEL ainda aprovou um novo aumento.

A revolta não seria tanta se o serviço oferecido tivesse o mínimo de qualidade e respeito pelos clientes. O Acre sofre com os problemas de distribuição de energia há décadas, o serviço é falho, as interrupções no fornecimento são constantes, os apagões passaram a fazer parte da rotina dos lares na capital e principalmente no interior. Na minha querida Xapuri, por exemplo, falta luz um dia sim e outro também.

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Hora de volta

O Projeto de Lei 1.669, que altera o artigo 2º do Decreto 2.784, de 18 de junho de 1913, para restabelecer o fuso horário do Acre, foi enviado nesta terça-feira (29) para sanção presidencial e entrará em vigor 30 dias após a data de sua publicação.

- A partir de agora, a presidente Dilma terá prazo de 15 dias para sancionar ou vetar. Caso não se manifeste no prazo, a hora antiga do Acre volta a vigorar automaticamente para felicidade da maioria da nação acreana - afirmou o deputado Flaviano Melo (PMDB).

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Poronga

Ruas do Bira
O sucesso do programa Ruas do Povo entre a população dos bairros atendidos em Xapuri tem contado pontos importantes para o prefeito Bira Vasconcelos (PT). Ele é pré-candidato à reeleição.  

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Lucro político
Mesmo sem muita habilidade para tirar dividendos das ações do governo estadual, Bira vai somando pontos que facilitarão seu regresso ao cargo na eleição do ano que vem.

Motivos para comemorar
Além do mais, o governador Tião Viana deu ao prefeito de Xapuri a garantia de que todas as ruas do município serão pavimentadas.

Ponte da esperança
Outra obra que fatalmente alavancará a aceitação de Bira Vasconcelos é a ponte sobre o bairro Sibéria, cujos recursos foram garantidos nas emendas apresentadas pela bancada federal acreana à Comissão Mista de Orçamento.

Boatos
Com o início das obras, devem definhar os boatos de que a cúpula petista estaria pensando em preterir o atual prefeito em favor de Leide Aquino, mulher do ex-prefeito Júlio Barbosa e atual secretária de Agricultura.

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Anna Lya Cardoso

DSC07958 - Cópia

Razão de orgulho e alegria deste avô coruja, essa figura sapeca e inteligente completa hoje dois anos de vida. Seu olhar e seu sorriso dispensam palavras sobre a felicidade que proporciona aos que lhe rodeiam. Resta agradecer a Deus por desfrutar do convívio de criatura tão doce e maravilhosa, e desejar que sua trajetória pela vida seja repleta de saúde e realizações.  

Parabéns, coisa linda.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Represa

Personagens acreanos no romance de Océlio de Medeiros

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Sérgio Roberto Gomes de Souza

Não faz mais de uma semana que tive acesso a um romance de nome A Represa, escrito por Océlio de Medeiros na década de 1930 e publicado no ano de 1942 pela editora Irmãos Pongetti, do Rio de Janeiro.

Tive o prazer de conhecer pessoalmente o Océlio Medeiros. Foi no ano de 2002 quando ele, gentilmente, aceitou convite para realizar uma palestra no curso de História da Universidade Federal do Acre. Na ocasião, falou sobre tratados e limites, em uma referência ao processo de anexação do Acre ao Território brasileiro.

Mas voltemos ao romance do Océlio. Já no prefácio, uma explicação: “a sua técnica, através de um estilo propositadamente descritivo, consistiu muito em buscar personagens de ficção ou mesmo inspirado em modelos reais, para cenas que colheu numa apreensão caricatural, como matéria-prima de romance, no sofrimento da vida amazônica.” Entendido? A obra com a qual vou dialogar é uma ficção. Mas não esperem, no entanto, personagens desconectados dos sujeitos sociais e dos eventos que compunham parte do cenário acreano na década de 1930.

Quando iniciamos a leitura do romance A Represa, é quase impossível não perceber de que e de quem se trata. Océlio constitui caricaturas de personagens da vida pública acreana, explicitando informações que, certamente, estavam escondidas a sete chaves. Veremos algumas.

O primeiro de quem falaremos será João Donato – esse mesmo que deu nome ao helicóptero - capitão da polícia do Acre e que foi assim descrito: “Donato era um antigo caften (cafetão, gigolô) filho de um herói do Acre, e contrabandista de cocaína na Bolívia. Era baixote, gordo e peitudo. Ao falir na profissão de seringueiro, assentou praça na polícia, fazendo carreira desde capanga no Juruá, até capitão, em Rio Branco. Temperamento vingativo, alma que era um repositório de maldades.” [1]

[1] MEDEIROS, Océlio. A Represa. Irmãos Pongetti, Rio de Janeiro, 1942. P. 116

Já o Dr. Mário, personagem que parece representar o Dr. Mário de Oliveira, era apresentado como o “gentil poeta” devido a seus “trejeitos suaves” e “sonetos com imagens doces e fechos de ouro.”[2] Segundo Océlio: “o Dr. Mário (...) colecionador de orquídeas, substituiu o nome de uma das mais raras espécies da Amazônia, a gogó de guariba por epífita esôfago de guariba. (...) e se tinha de dizer a construção: a garça é uma ave que come peixe, reduzia tudo a: “a garça é um pernalta piscívora.” [3] Tanta demonstração de erudição devia-se ao fato de que o Dr. Mário era fervoroso defensor da linguagem escorreita (sem defeito).

[2] Idem. p. 131

[3] Idem. pp. 147 a 148.

Já o Dr. Anselmo, adepto do estrangeirismo, se pronunciasse alguma palavra estrangeira, fazia visando a pronuncia real. Assim, diz Océlio: “o Dr. Anselmo, nos seus exageros, não pedia ao taberneiro sabonete reuter, era sabonete roiter; não dizia Mississipi, era Massassaipe; (...) e só faltando vomitar, depois de torcer a boca como se tivesse um acesso de congestão, não falava máquina de escrever underwood, era an–der–uuu– oóód.”[4]

[4] Idem, p. 147

E olha que ainda nem se falou do Amadeu Aguiar, Jornalista do periódico O Acre, jornal dado a bajular “autoridades”. Amadeu Aguiar era famoso por colocar adjetivos em personalidades: “o prefeito era dinâmico, o maçom Marcos o venerado, o desembargador o egrégio, o professor Cazuza era o provecto, o Dr. Fabrício era o ilustre causídico, o Anselmo era o emérito” e por ai vai.

No afã de demonstrar sua importância, certa vez, ao ser apresentado ao coronel Belarmino não hesitou em afirmar: “O Acre é o maior órgão de circulação em todo o Brasil.”[5]

[5] Idem, p. 116

Mas a melhor definição do Amadeu nos foi presenteada pela Noêmia, a quem Océlio define como “quenga do Beco”, provavelmente em uma referência a um espaço situado no Distrito de Empresa, próximo ao Hotel Madrid. Segundo Noêmia: “o Amadeu era desses que, para pagar o tributo à natureza, desabotoava a braguilha com papel de seda nos dedos.”[6]

[6] Idem. Ibdem

Como representante do clero tinha o Padre José. O religioso não dispensava solenidade e possibilidade de estar perto do poder. Fanfarrão, gostava de contar sobre caçadas e aventuras vividas na floresta. Segundo Océlio: “O Padre José (...) contava as estatísticas dos bichos caçados: duzentos caititus, trezentas pacas, quatrocentos veados, cinquenta onças, oitocentos mutuns, dois mil jacarés... Anos depois, o Padre José foi nomeado agente recenseador.”[7]

[7] Idem. p. 128

Xapuri também tinha seus personagens. Em conversa com D. Candinha, Major Isidoro relata que, ao passar pela Rua Coronel Brandão, rememorava o assassinato de Braga Sobrinho e o ato cometido pelo Dr. Jaime que, em um ato de fúria, enforcou um carneiro com as próprias mãos, em uma alusão ao governador do Acre entre 1927 e 1930, o advogado Hugo Carneiro, de quem era desafeto.

Major Isidoro também não cansava de se lamuriar sobre a situação do Território e, especificamente, de Xapuri, que conviviam com abruptas quedas no preço da borracha. Saudoso, relembrava o período em que o Acre monopolizava o comércio da hevea e não tinha a concorrência do sudeste asiático: “Nesse tempo, o Acre era Acre! Xapuri tinha de tudo! E hoje é a terra do já teve... infelizmente é isso mesmo! Xapuri já teve muito dinheiro (...) já teve navios... e agora ninguém tem mais nada!”[8]

[8] Idem. P. 14

Como podemos ver as coisas não mudaram lá grande coisa.

Sérgio Roberto Gomes de Souza é Professor da UFAC.

Semana de Química

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Foi inaugurada nesta segunda-feira, 28, a 1ª Semana Acadêmica de Química do Ifac/Xapuri, com o tema “A química por um mundo mais sustentável”. O evento foi organizado pela coordenação de curso de Licenciatura em Ciências Naturais com habilitação em Química do IFAC/Campus Xapuri, em parceria da Prefeitura de Xapuri, Fundação de Tecnologia do Acre - Funtac e Saboaria Xapuri.

Continue lendo no site do Ifac.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

TAC entusiasma marceneiros de Xapuri

Acordo promete tirar marcenarias da ilegalidade e alavancar o setor moveleiro do município

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O governo do Acre, a prefeitura de Xapuri e o Ministério Público Estadual firmaram nesta segunda-feira (28) um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que enche de entusiasmo e esperança o segmento dos marceneiros do município cujos profissionais sonham em desenvolver suas atividades dentro dos padrões exigidos pelas autoridades ambientais e em local adequado ao funcionamento de seus negócios: o Polo Moveleiro da cidade.

O ato de assinatura do Termo foi realizado no prédio da Promotoria de Xapuri com a participação do secretário de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia (Sedict), Edvaldo Magalhães, da procuradora de justiça Patrícia Rêgo, da promotora de justiça de Xapuri, Diana Soraia Tabalipa Pimentel, do prefeito Ubiracy Vasconcelos, e de vários profissionais do setor moveleiro do município.

Com o TAC, o governo do Estado assume o compromisso com as exigências do Ministério Público que os marceneiros, por suas limitações e dificuldades financeiras, não puderam cumprir. De acordo com o secretário Edvaldo Magalhães, o acordo firmado nesta segunda-feira entre o governo, o Ministério Público e os marceneiros é o pontapé inicial para uma nova realidade na vida das dezenas pessoas que dependem desse ofício para sobreviver.

As vantagens do acordo começam pela isenção, por parte do IMAC, das taxas para o licenciamento das marcenarias, o que significa que os marceneiros não tirarão nenhum dinheiro do bolso para legalizar os seus negócios. Em segundo lugar, o governo e a prefeitura vão construir galpões para abrigar todos eles na área do Polo Moveleiro de Xapuri. A previsão de Edvaldo Magalhães é de que até agosto do ano vem todos os marceneiros estejam devidamente estabelecidos naquele local.

O governo do Estado se comprometeu também em fazer um pacto com a fábrica de pisos para que a mesma se torne a principal base de fornecimento de matéria-prima para as marcenarias. Já a partir do mês de dezembro deste ano o governo estará desenvolvendo um processo de compras governamentais através das diversas secretarias de Estado pelo qual todas as aquisições de mobiliário serão feitas junto às marcenarias dos municípios.

Para o secretário Edvaldo Magalhães, o compromisso assumido entre as partes envolvidas no processo de legalização e funcionamento das marcenarias de Xapuri vai transformar o Polo Moveleiro do município numa área industrial de fato e de direito. “O governo vai fazer os investimentos e nós teremos em breve o verdadeiro Polo Moveleiro de Xapuri verdadeiramente funcionando, oferecendo serviços à população e gerando renda para as famílias que vivem desse ofício”, disse.

O prefeito Bira Vasconcelos afirmou que o acordo foi um grande passo para a consolidação definitiva do Polo Moveleiro de Xapuri, projeto iniciado há 13 anos, mas que nunca atingiu o objetivo desejado pelos governos estadual e municipal. “Esse é um grande avanço, nós queremos até o final do ano que vem estar com todos os marceneiros trabalhando em seus locais, com o apoio do governo e da prefeitura, tocando seus negócios e suas vidas de maneira sustentável”.

Atualmente, a realidade do funcionamento da grande maioria desses empreendimentos no interior do Acre é a pior possível. Muitas marcenarias funcionam em fundos de quintais, provocando vários problemas ambientais que vão desde poluição sonora à queima ilegal ou destinação inadequada dos resíduos da madeira utilizada na produção.

O prazo do Ministério Público para que todas as marcenarias do Acre sejam legalizadas é de 24 meses a partir da assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta. No entanto, governo e prefeitura garantem que em tempo bastante inferior ao prazo estipulado, o Polo Moveleiro de Xapuri estará funcionando dentro de todas as exigências legais. Promessa de um novo tempo para um setor que, segundo Elídio Maffi, profissional da área presente no ato desta segunda-feira, “sempre foi marginalizado” no Acre.

É dura a vida de blogueiro

Minha vivência de 23 anos como radialista numa cidadezinha como Xapuri me ensinou que apesar de muito prazeroso e gratificante pela maioria das circunstâncias, especialmente pela relação de carinho e amizade que o profissional adquire junto ao seu público, o ofício se faz também detestado e antipatizado por outras em que o trabalho jornalístico passa a ser visto com maus olhos por aqueles que, subitamente, se vejam como personagens de uma história cuja repercussão lhes negativa ou desabonadora.

Não considero que tenha inimigos, mas a maioria dos problemas de relacionamento humano que tive na vida foram resultado do meu trabalho como radialista. Infeliz e mesquinhamente, as pessoas gostam de ouvir no rádio a desgraça alheia, a má notícia que envolve o fulano ou o beltrano, mas quando o infortúnio transformado em informação recai sobre sua árvore genealógica, aí o mundo desaba e querem que a emissora de rádio pegue fogo e que o radialista arda nas chamas do inferno para toda a eternidade.

Não achando bastante a realidade descrita acima, resolvi me tornar blogueiro. E ser blogueiro é infinitamente pior que ser radialista. Blogueiro é como juiz de futebol, tem a mãe mais xingada do mundo. Ser blogueiro-radialista então foi a gota que faltava para me tornar alvo de uma série de situações desconfortáveis, constrangedoras e até mesmo deprimentes, uma vez que a caixa de comentários do blog se tornou uma espécie de penico ambulante onde os covardes da cidade atiram seus dejetos morais em forma de agressão e xingamento.

O pior de tudo é que as agressões não ficam no âmbito da atuação profissional, mas invadem a vida pessoal do indivíduo causando, por mais preparado que o sujeito seja para situações como essas, um sentimento de revolta e desânimo. Em grande parte dos ataques anônimos é possível suspeitar, mas não comprovar, infelizmente, de onde parte a baixaria cujo objetivo não é outro senão intimidar e desqualificar moralmente.

Foi por essa razão e também por outras que estive perto de finalizar as atualizações neste blog no último mês, quando a página foi atingida por um programa malicioso que fez com que as visitas caíssem em mais de dois terços. Pensei em aproveitar a oportunidade para encerrar a inglória carreira de blogueiro, que, apesar do prazer que oferece, também atiça a sanha covarde de um punhado de pústulas que não conta com o mínimo de escrúpulos.

Mas não são apenas as ofensas e ataques recebidos pela internet que causam desgosto ao blogueiro. As manifestações de reprovação e desagrado recebidas de pessoas que se sentem ofendidas por opiniões ou informações postadas no blog são as que mais causam tristezas e reflexões sobre se vale mesmo a pena, vivendo em um pequeno povoado perdido no meio de pastagens, mexer com um instrumento que causa tanta repercussão e polêmica como é o caso de uma simples e modesta página como esta.

É dura a vida de blogueiro. O vagabundo da periferia vende drogas, é preso, todo mundo corre ao blog para ver a cara do sujeito, saber quantos quilos foram apreendidos, especular os possíveis envolvidos, se deliciar com a desgraça do sujeito. O filho do funcionário público resolve fazer o mesmo que o vagabundo da periferia, é pego com a mão na massa, o blogueiro divulga e se transforma no capeta. Duas semanas depois o malandro sai da cadeia, passa de carro pelo blogueiro e lhe dá uma encarada que é um misto de deboche com ameaça velada.

O político não atua, não tem noção do papel que deve exercer no cargo para o qual foi eleito, o blogueiro critica e em vez de ser questionado, respondido ou até mesmo desmentido, se for o caso, é processado judicialmente. Safando-se na justiça é acossado no campo sagrado de sua atividade profissional, que nada tem a ver (ou pelo menos não deveria ter) com as opiniões que o mesmo emite como cidadão pagador de impostos. Refiro-me ao caso do ex-blogueiro Eden Mota, mas que poderia ser o meu também, como deixou claro em juízo um certo vereador.

Como já disse meu velho e bom amigo Eduardo de Souza, “numa terra mui distante, habitada por sofridos aldeões, dizer o óbvio era muito arriscado”. Aqui, como lá, ser blogueiro realmente não é fácil, é um trabalho árduo, quase insano, cujo retorno é o amor e o ódio em variadas proporções. Mas, afinal, o amor e o ódio não são os sentimentos que movem a humanidade? Então não há motivo para recuar, mas sim para seguir em frente “repetindo os comentários gerais e óbvios, mesmo que por isso sejamos multado em vários dinheiros”.

Antônio Toco

O lote do agricultor Antônio Silva de Souza, no Polo Agroflorestal da Sibéria, em Xapuri, é um exemplo de como tornar produtivo um pedaço de terra íngreme não maior que 4 hectares.

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Exímio cozinheiro e dono de uma elogiada pizza de mandioca, o agricultor Antônio Silva de Souza, 52, conhecido popularmente pela alcunha de Antônio Toco, se destaca também pela experiência de reflorestamento consorciado com agricultura que desenvolve em sua propriedade, um lote do Polo Agroflorestal da Sibéria que possui aproximadamente 4 hectares de terreno bastante ondulado.

Teca, cerejeira, jatobá, copaíba e aguana (mogno) são algumas das espécies madeireiras que Antônio Toco consorcia com uma grande variedade de espécies frutíferas, além do arroz e da mandioca, cujas safras são destinadas à subsistência e à comercialização. As técnicas utilizadas por Antônio Toco são inspiradas na experiência da colocação Vai-quem-querzinho, coordenada pelo ex-indigenista da Funai e monitor do Projeto Seringueiro, Ronaldo Oliveira da Costa.

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Nesse sistema, torna-se possível o cultivo e a colheita de variadas espécies sem a necessidade do uso do fogo ou de agrotóxicos. Entre as técnicas está o uso da mucuna, uma leguminosa que promove o combate a espécies invasoras e a adubação verde por ser grande fixadora de nitrogênio, além de ser muito rica em nutrientes. Para Antônio, a mucuna preta, originária da África, é a preferida por ser “mais agressiva”.

As técnicas utilizadas por Antônio Toco em sua pequena propriedade permitem também que a terra permaneça produtiva por tempo indeterminado. Com o uso da leguminosa, que é uma trepadeira muito utilizada no consórcio de espécies agricultáveis, é possível manter o solo permanentemente rico em nutrientes, o que possibilita o desenvolvimento de qualquer planta em todas as épocas do ano.

Até a geografia sinuosa do terreno é usada pelo agricultor para favorecer a retenção da água da chuva para a irrigação do solo. Com os restos de vegetação seca provenientes da limpeza da área, Antônio Toco faz várias barreiras para reter no solo a água que escorre ladeira abaixo. Uma medida aparentemente simples, mas bastante eficaz, segundo ele.

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Fui à propriedade de Antônio Toco neste domingo (27), depois de haver adiado a visita por algumas oportunidades. Fiquei impressionado com o que é possível se fazer em tão reduzida área de terra e sem qualquer tipo de apoio ou assistência técnica. Prova de que com disposição para o trabalho e uma pitada de criatividade é sempre possível fazer muito com pouco.

A despeito de ser afamado cozinheiro, Antônio não foi ao fogão neste domingo. O almoço foi preparado por duas irmãs suas, que o visitavam neste domingo, que a julgar pela delícia que estava a refeição, cozinham tão bem quanto ele. Ficou devendo, no entanto, a famosa pizza de mandioca, razão pela qual estarei repetindo em breve a visita a este sujeito simples, trabalhador e possuidor de muitas coisas a nos ensinar.

domingo, 27 de novembro de 2011

Ah, Xapuri…

Gleison Miranda

Foto de Gleílson Miranda, da Agência de Notícias do Acre.

Exemplo no campo e na vida

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"Maria Clara, para ser um guerreiro não basta ter bola, chuteira, uniforme e vontade de vencer. A força está no espírito de luta e no coração. Obrigado por fazer o meu bater mais forte nesta reta final. Grande beijo, guerreirinha".

Carta do atacante Fred, do Fluminense, à fã Maria Clara, deficiente visual que entrará em campo com o jogador na partida deste domingo contra o Vasco. Leia aqui. É emocionante.

sábado, 26 de novembro de 2011

Entre bolas e gibis

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Nada melhor na vida que ser criança à moda antiga. Bola nos pés descalços, na cabeça nenhuma preocupação com a vida que apenas começa, no coração a pureza e a inocência tão sagradas e cada vez mais precocemente roubadas.

Foi assim que cresci, entre bolas de futebol do tipo ‘dente de leite’, no campinho do Centro Social, e gibis, muito gibis, da Disney, da Marvel, da Turma da Mônica, do Tex e do Zagor, além dos chamados ‘bolsilivros’ e literatura de cordel.

Lia de tudo na infância e pré-adolescência, de jornal velho a bula de remédio. Lembro-me de minha mãe a bater na porta do banheiro enquanto sentado no vaso eu viajava por mundos distantes e terras desconhecidas.

- Não sei o que esse menino faz trancado nesse banheiro. Vai ficar doido de tanto ler, dizia.

Em certa fase da idade adulta me afastei muito do hábito de ler. Nunca abandonei a leitura, mas deixei ler muita coisa indispensável que esteve ao meu alcance. E isso, tenho plena convicção, influenciou de maneira fundamental no grau de conquistas que obtive na vida.

Hoje, chegando aos 40 de jornada, procuro influenciar os filhos mais novos nesse vício bom cada vez mais abandonado. Nesses dias, vou levá-los ao quintal do Clenes e do Cleílson, onde talvez também seja possível bater uma bolinha.

Na imagem, meu caçula, Raimari Júnior, incorporando o personagem Cascão, da Turma da Mônica. O garoto é fã da obra de Maurício de Souza e, às vezes, também dá trabalho de ir para o banheiro após jogar bola no quintal.

Bom sábado para todos.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Elias e Luan

Alto e bom som

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Caro Raimari,

Periodicamente acompanho o seu blog para ficar informado do que acontece em nossa querida Xapuri, já que moro em Rio Branco - AC. Aproveito o seu espaço (que, aliás, engloba todos os assuntos políticos, informativos e culturais) para falar sobre o hobby mais prazeroso que temos: a música.

De Xapuri, Elias Sarkis - filho do músico Nader Sarkis – e eu, Luan Silva - filho de Luiz e sobrinho do folclórico Chico Silva (in memoriam) - estivemos nos apresentando no dia 07 de setembro de 2011 (feriado nacional) na Barca Brasília (Brasília-DF).

Fizemos uma apresentação com um repertório de músicas dos mais renomados artistas da nossa Música Popular Brasileira (MPB). Tocamos para um grupo seleto de pessoas, inclusive de outros países, pois, em Brasília circula um grande número de turistas de todo o mundo onde, também, circulava um grupo de acreanos, mais precisamente da nossa princesinha do Acre.

Enfim, Elias Sarkis e eu começamos a tocar em uma das bandas que fizeram época não só em Xapuri, mas em seu entorno e capital. Assim eram na BANDA H-UELEM, que desde sua primeira formação nos trouxe oportunidades ímpares mesmo com o pouco tempo de história (2001 a 2004) .

Elias (bacharel em Direito) foi estudar em Rio Branco e, com seu jeito (e seu violão) foi conquistando seu espaço nas noites e barzinhos da capital tocando e cantando. Logo em seguida, eu (administrador) também fui em busca de novas oportunidades e, como já tocava bateria, com o convite do amigo, fui pro lado da percussão (Bongô e Cajon), onde também toco e faço back vocal.

Entretanto, hoje em Rio Branco, fazemos um som com o propósito de diferenciar o que já existe. Eventos como formaturas, casamentos, aniversários, confraternizações e barzinhos, fazem com que o público se adicione às mais de 300 músicas do repertório.

Por isso, aproveitando aquela oportunidade, mostramos um pouco do nosso trabalho, pois sendo filhos de Xapuri, cidade conhecida como berço de grandes músicos, levando nossa cultura em alto e bom som.

Abraços.

Castanha contrabandeada

A Polícia Rodoviária Federal apreendeu nesta sexta-feira (25), no entroncamento da BR-317 com a Estrada da Borracha, um carregamento clandestino de 600 quilogramas de castanha do Pará beneficiada na Bolívia que tinha como destino a capital paulista.

Avaliada em R$ 15 mil, a carga foi entregue ao Setor de Vigilância Sanitária para posterior destinação ao aterro sanitário do município. Antes, porém, que a castanha fosse enterrada, chegou à PRF uma denúncia anônima de que dentro das caixas que acomodavam o produto haveria drogas. Revistadas as embalagens, nada foi encontrado.

O episódio me fez recordar outro ocorrido em Xapuri no qual um sujeito foi denunciado à polícia por haver comprado uma certa quantidade de “castanha”, não tendo honrado com o compromisso de pagamento ao vendedor.

- A castanha, fulano!

As informações sobre a apreensão estão no blog Xapuri em Destaque.

Espaço aberto

Com relação aos textos publicados abaixo, intitulados "Vão arrumar uma lavagem de roupa" e Muito baixo, de autoria do do jornalista Leônidas Badaró e do blogueiro Maxsuel Maia, respectivamente, e em razão de melindres anteriores que resultaram em calúnia desferida contra mim pelo vereador Ney Eurico, do PSB, volto a informar que o espaço deste blog está inteiramente à disposição não somente dos vereadores, mas também de qualquer autoridade ou cidadão que se sentir ofendido ou citado por qualquer opinião ou informação que tenham sido ou que venham a ser publicadas neste blog.

Informo também que as opiniões que decido publicar neste espaço independem do fato de concordar com elas ou não. Publico por iniciativa minha aquelas que entendo ter a ver com o contexto de temas pertencentes ao cotidiano da cidade, sejam relacionadas a fatos polêmicos ou não. E por pedido de quem quer que seja, abro espaço para todas que se destinem a responder, explicar, esclarecer e informar, de maneira geral, sobre qualquer assunto que tenha ou não sido abordado em postagens anteriores deste blog, cujo e-mail está logo ali ao lado pronto para receber e publicar qualquer manifestação.

"Vão arrumar uma lavagem de roupa"

Leônidas Badaró

Com o tempo que tenho na lida jornalística já deveria não me importunar com algumas coisas. Não consigo. Não posso deixar de sentir asco diante de atitudes como essa dos vereadores da minha querida Xapuri. E olha, alguns os tenho como amigos.

Xapuri tem tantos problemas, poderia citar alguns que são mais pertinentes na minha modéstia opinião. Boa parte da nossa juventude enviesada pelo caminho das drogas, a falta de oportunidades no mercado de trabalho, falta de boas opções de lazer e atividades culturais, enfim... são muitos os problemas, apesar de ter percebido na última vez que aí estive uma sensível melhora com obras de infraestrutura que estão sendo realizadas na cidade.

Muitas vezes, discordo das posições do Éden Barros, a grande parte me parece críticas desprovidas de sentido lógico, mais parece alguém que tá fazendo campanha eleitoral. Gostava dele muito mais como meio-campo nos bons tempos do nosso futebol.

Concordar ou discordar faz parte do processo democrático. Se alguns dos nossos vereadores não sabem, eu aviso: o Brasil é um país democrático, onde é livre a expressão de opinião. Já era absurda a ação na justiça, mais irracional ainda é tentar prejudicar o cidadão no seu trabalho por causa das críticas.

Pra finalizar, poderia usar uma frase de efeito ou um pensamento extraído da internet como muita gente faz pra dar um verniz de intelectualidade. Prefiro essa: "vão arrumar uma lavagem de roupa". Gastem suas energias com os problemas de Xapuri, se preocupem em discutir ações que melhorem a qualidade de vida da nossa população.

Leônidas Badaró é jornalista.

Muito baixo

Maxsuel Maia

Ao visitar a página do amigo-blogueiro Raimari Cardoso, tive uma infeliz surpresa ao ler que alguns vereadores de Xapuri entraram com representação junto à Corregedoria da Polícia Federal contra o também amigo e ex-blogueiro Eden Mota.

A atitude, que Eden classificou como "jogo baixo", causou em mim um sentimento de preocupação, decepção e vergonha. Nunca é demais lembrar que essa polêmica envolvendo Eden e os vereadores começou quando o ex-blogueiro passou a criticar e questionar os vereadores e suas ações (ou falta delas) em seu extinto blog, o Xapuri Urgente. Sete dos nove vereadores xapurienses se sentiram ofendidos, entrando com uma ação na justiça contra Eden Mota.

Acontece que eu acompanho e sempre acompanhei todos os blogs xapurienses, inclusive o extinto Xapuri Urgente, sempre lia as postagens escritas pelo Eden e em nenhuma delas notei algo que ferisse a honra ou a imagem de qualquer vereador. As críticas feitas por ele, eram embasadas e feitas em virtude do cargo público que essas pessoas exercem, nunca vi nelas algum cunho pessoal, eram críticas feitas aos "representantes do povo" por um cidadão que estava se sentindo mal representado.

Mesmo assim, os vereadores seguiram com a ação judicial. Não entendem eles que, a partir do momento em que se elegem para exercer um cargo público, precisam estar abertos às críticas, saber absorvê-las e aproveitá-las, respeitando sempre a liberdade de pensamento e de expressão. Aliás, como tenho certeza de que muitos dos vereadores xapurienses nunca leram a Constituição Federal, aí vai uma passagem importante da Carta Magna: "É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato".

Por razões óbvias, o juiz da comarca de Xapuri decidiu pela total improcedência da ação movida pelos vereadores. Inconformados com a derrota e com os egos feridos, "os representantes do povo xapuriense" decidiram agora por tentar prejudicar a vida profissional de um cidadão xapuriense que com muito esforço conseguiu chegar a um lugar almejado por muitos brasileiros, a Polícia Federal.

O que estão querendo nossos vereadores? Cercear a liberdade de expressão? Censurar o direito de criticar dos cidadãos xapurienses? Quer dizer então que eu tenho que ficar preocupado após publicar essa postagem? Os tempos são outros meus caros, a sombria época da ditadura ficou pra trás.

O que conforta é saber que assim como a ação judicial não deu em nada, essa também não dará, será mais um vergonhoso tiro no pé de "nossos representantes". Digo isso por saber que em nenhum momento o ex-blogueiro se utilizou do cargo que exerce para legitimar seu discurso ou intimidar quem quer que seja. A Corregedoria da PF, como órgão sério que é, sequer dará importância a tamanha sandice.

Ao amigo Eden, minha solidariedade como amigo, blogueiro e cidadão xapuriense que também não abre mão do direito de cobrar de seus representantes.

Aos vereadores responsáveis por essa infeliz ação, minha profunda vergonha e um pequeno conselho: aproveitem o vasto tempo ocioso para criar e aprovar algum projeto de significância para o município, ao invés de perseguir e tentar prejudicar um cidadão xapuriense. Outra coisa: amadureçam! Levar críticas feitas à legislatura para o lado pessoal é uma grande prova de imaturidade política e despreparo para ocupar cargos públicos.

Maxsuel Maia é blogueiro.

Ifac/Xapuri promove

Semana_Química

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Boquetes, evangélicos e exageros

Archibaldo Antunes (via blog Altino)

Existe uma grande diferença entre a verdade que se diz e o julgamento sobre quem diz uma verdade. Uma índole decrépita não torna menos precisa uma asserção justa, assim como um sujeito de reputação ilibada não confere maior valor às mentiras que porventura possa dizer. O filósofo Olavo de Carvalho, autor de "O Imbecil Coletivo" e de "O Jardim das Aflições", costuma observar que no Brasil, quando se trata de debater quaisquer assuntos, os “intelequituais” (como grafaria Millôr Fernandes) recorrem ao recurso de detratar os adversários quando se veem incapacitados para redarguir seus argumentos.

Os primeiros reflexos dos que reagem às condenações feitas aos eventos da Parada Gay são geralmente do tipo: “Quem são esses hipócritas para condenar o homossexualismo ou a Parada Gay?”. E o julgamento se acirra sobremaneira quando a condenação parte de um parlamentar, já que a classe política é sempre tão vilipendiada pelo senso comum – e até por quem, pelo discernimento que diz possuir, deveria ser menos genérico nos seus juízos.

Se na intimidade o autor da crítica ao que houve na Parada Gay é um promíscuo ou mau caráter, isso não invalida a condenação que ele faz a eventos flagrantemente ofensivos e criminosos, como o que se tornou o símbolo da passeata gay deste ano no Acre, protagonizado pelo cabeleireiro Carlos Duarte. Além do mais, quem julga a índole dos críticos à Parada Gay sem informações que justifiquem o julgamento, incorre no mesmo preconceito deletério de que se diz vítima por ser homossexual ou simpatizante da causa.

O artigo do meu colega Jaidesson Peres, publicado aqui neste blog com o título “Esqueçam o boquete, deputados”, tem algo de enviesado – pelo que se nega a debater – e muito de exagero conceitual. Explico: em exatas 592 palavras, o autor não deixa claro o que acha da “performance” do Sr. Duarte em plena via pública, mas parece usar o ataque aos deputados para discretamente sinalizar ao leitor que é a favor do despropósito. Também comete alguns exageros conceituais, ao invocar o período medieval para desqualificar o discurso evangélico, como a ignorar que o período medievo sofreu enorme influência da Igreja Católica, da qual os evangélicos são dissidentes por obra de Martinho Lutero.

Não é  preciosismo de minha parte evocar esses detalhes, já que Voltaire estava coberto de razão ao dizer: “Se queres conversar comigo, defina seus termos”. Sem termos definidos e conceitos ajustados às exigências do debate, a refrega descamba para o sinuoso caminho do bate-boca vazio.  

Jaidesson também argumenta que o “moralismo em pleno século 21 chega a ser inadmissível e cômico”, já que mulheres ganharam o direito de fumar e beber em público e a prostituição deixou de ser crime (ele não diz, mas em alguns países, como os Estados Unidos, continua sendo), e duas pessoas do mesmo sexo agora podem se beijar na televisão. Segundo o escriba, os valores mudam, os estereótipos caem por terra e a religião, “embora com força ainda, tende a perder influência”.

Como seu artigo antecedeu a decisão do Supremo Tribunal Federal de liberar a marcha em favor da maconha, esse argumento não lhe entrou no rol das permissividades, das quais temo o paroxismo de precisarmos, quem sabe um dia, ter de enfrentar marchas favoráveis ao estupro ou à pedofilia, por exemplo. E tudo em nome da liberdade de expressão – a mesma que o jornalista diz defender quando se trata da passeata gay, mas parece desejar suprimir quando as opiniões contrárias são manifestas da tribuna da Assembleia Legislativa.

E antes que algum miolo-mole me venha dizer que estou a comparar homossexuais a pedófilos ou estupradores, quero lembrar que apenas aos idiotas é lícito tirar conclusões sobre o que não está escrito.

Jaidesson Peres, do alto dos seus 22 anos, ainda açoita a cultura dos deputados estaduais ao afirmar que eles desconhecem as leis brasileiras. Como ele também parece desconhecê-las, se faz necessário lembrar que o Código Penal Brasileiro (CPB), em seu artigo 233, diz que a prática de “ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público” é passível de detenção de três meses a um ano, ou multa.

O artigo 208 do CPB afirma ainda que quem “vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”, como ocorreu na Parada Gay com um hino evangélico, está sujeito a pena de detenção de um mês a um ano, ou multa.

Se há  fundamentalistas religiosos a rotularem injustamente os adeptos das práticas homossexuais, alguns destes também incorrem no mesmo erro ao avaliar as motivações daqueles. Sidarta Gautama, o Buda, já dizia, seis séculos antes do nascimento de Cristo, que devemos trilhar o caminho do meio. Ele se referia ao equilíbrio de que precisamos para não incorrer nos extremos que nos levam à dor e ao sofrimento.

Isso se aplica a tudo na vida. Mas, principalmente, ao que fazemos em público.    

Antunes é jornalista

Ponte na Sibéria

Não se assustem, a nossa não será assim.

Leia aqui.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Se for a Brasília no fim de semana

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Clique na imagem.

Saturação

Do blog do Maxsuel Maia:

“Um grupo de jovens xapurienses, todos de boas famílias, estudantes, e em sua maioria evangélicos, passou todo o dia de hoje (24/11) protestando em suas páginas do Facebook contra o que consideraram uma ação truculenta e autoritária por parte da Polícia Militar do município.

Segundo eles, o grupo se confraternizava na praça central da cidade, comemorando o aniversário de um amigo e jogando o tradicional UNO, quando foram abordados por uma guarnição da PM que  os tratou como se fossem vândalos”.

Continue lendo no blog do autor.

No blog Xapuri Amax:

Polícia Militar realiza Operação Saturação.

Leia.

Assalto na zona rural

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O fazendeiro Júlio César Moraes, 52, dono da fazenda Soberana, no município de Xapuri, foi vítima de assalto seguido de sequestro no começo da manhã desta quinta-feira (24), quando se dirigia à propriedade para fazer o pagamento de funcionários.

O pecuarista seguia sozinho pelo ramal que dá acesso à fazenda, quando foi atacado por dois homens encapuzados e armados no momento em que desceu do carro, uma caminhonete Hi-Lux, para abrir a última porteira antes de chegar à propriedade.

No hospital Epaminondas Jácome, onde foi atendido com um corte na cabeça provocado por uma coronhada, Júlio César disse ter tentado reagir ao assalto se agarrando com um dos ladrões e sendo atingido pelo outro.

Após ser dominado, o fazendeiro foi sequestrado pelos dois assaltantes que o libertaram algumas horas depois nas proximidades da colocação Simitumba. Os criminosos fugiram pela mata levando R$ 12 mil que eram transportados em uma bolsa.

Duas equipes da Polícia Militar de Xapuri procuram os assaltantes nas matas da região onde o fazendeiro foi libertado e em trechos da margem direita do Rio Acre. Esse foi o segundo assalto registrado na zona rural de Xapuri nos últimos dois meses.

Boa Notícia

Ponte da Sibéria está entre as 15 emendas apresentadas pela bancada federal acreana ao Orçamento Geral da União.

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A audiência pública realizada em Xapuri no último dia 7 de outubro (foto), que contou a presença de parlamentares das bancadas estadual e federal acreanas, além de autoridades e representantes de diversos segmentos sociais locais e uma plateia de cerca de 500 pessoas, acaba de mostrar a importância que teve para o andamento do projeto de construção da tão sonhada ponte sobre o Rio Acre ligando o bairro da Sibéria ao centro da cidade.

Com o valor de 29,9 milhões, a emenda referente à Ponte de Xapuri está entre as 15 propostas que foram entregues nesta quarta-feira (23), à Comissão Mista de Orçamento pela bancada federal acreana. As emendas que a bancada acreana tem direito de apresentar ao Orçamento da União para 2012 somam R$ 703,5 milhões. A partir de agora, caberá aos relatores setoriais de cada área temática do Orçamento emitir pareceres sobre a aprovação das emendas.

Pelo atual cronograma da Comissão Mista de Orçamento, esses pareceres deverão ser votados até o dia 8 de dezembro. O relatório do relator-geral do Orçamento, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), está previsto para ser votado na comissão até o dia 19 de dezembro. Agora, resta torcer para que tudo corra bem para que esse grande sonho xapuriense se torne realidade. Leia mais sobre o assunto no AC24horas.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Cuidado com o que você come

Aqui.

“Jogo baixo”

A pendenga entre os vereadores de Xapuri e o ex-blogueiro Eden Mota ainda promete dar o que falar. A novela começou a render capítulos após Eden Mota ser acionado judicialmente por criticar a atuação dos representantes da casa do povo. Apenas dois vereadores, Ronaldo Ferraz (PMDB) e Maria Luceni (PV) não participaram da demanda.

Recapitulando, sete vereadores acionaram Eden na justiça em razão de críticas ferrenhas feitas aos representantes do Poder Legislativo através de um blog, o Xapuri Urgente. Derrotados na justiça (leia aqui), um grupo de edis levou queixa contra o ex-blogueiro à Corregedoria da Polícia Federal, órgão do qual Eden Mota é agente.

Por telefone, Eden classificou de “jogo baixo” a atitude dos vereadores e afirmou que aguardará com a consciência tranquila o pronunciamento da Corregedoria. Em seguida, afirmou que representará os vereadores na justiça pela tentativa de prejudicá-lo profissionalmente como represália às críticas que ele fez como cidadão.

Como comentei em post anterior, também fui envolvido na questão quando o vereador Ney Eurico (PSB) afirmou em seu depoimento que eu também costumava a fazer, através deste blog, comentários ofensivos contra os vereadores. Desafiei o vereador a apresentar provas do que afirmou, mas, até o momento, ele permanece mudo feito uma pedra.

Nunca concordei muito com o tom das críticas de Eden Mota contra os vereadores e contra a administração do prefeito Bira Vasconcelos. Eu disse com o tom. Quanto ao conteúdo concordo com muitas e discordo de outras tantas. Quanto ao direito de Eden criticar, esse eu defendo plenamente. Prova disso é o fato de que ele sempre teve espaço aqui no blog.

Jamais fui procurado por qualquer vereador para reclamar de críticas minhas ou para solicitar direito de resposta neste espaço que sempre esteve e continua estando aberto a quem quer que seja. Assim, volto a desmentir o vereador Ney quanto às baboseiras que disse ao juiz, ficando à sua disposição para qualquer esclarecimento que ele se preste, caso deseje, a fazer.

Novela sem fim

O deputado Lira Maia (DEM-PA) apresentou recurso contra a apreciação conclusiva do Projeto de Lei nº 1.669 que restabelece o antigo fuso horário do Acre e de parte dos estados do Amazonas e Pará. O Projeto de Lei, de autoria do senador Pedro Taques (PDT-MT), altera o artigo 2º do Decreto nº 2.784, de 18 de junho de 1913. Ele havia sido aprovado na Câmara e no Senado e seria enviado para sanção presidencial, restabelecendo o padrão do fuso horário brasileiro que vigorou entre 1913 e 2008. Continue lendo no blog do Altino Machado.

Queijo

Leia.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

“Tanto os ecologistas quanto os produtores rurais”

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Da Agência Aleac

O deputado Manoel Moraes (PSB) destacou na sessão desta terça-feira, 22, a apresentação feita pelo senador Jorge Viana (PT) do relatório do projeto do novo Código Florestal na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado Federal.

O parlamentar comemorou a leitura do novo Código e destacou as dificuldades que, segundo ele, os produtores rurais enfrentam no momento.

“A leitura do relatório do Novo Código Florestal feita ontem pelo senador Jorge Viana me deixou muito feliz. Nós, da Assembleia Legislativa, acompanhamos as dificuldades que os produtores rurais estão tendo com o atual Código, o Brasil deve ter uma lei que atenda tanto os ecologistas quanto os produtores rurais”.

Moraes parabenizou o empenho do senador Jorge Viana que, segundo ele, soube buscar o apoio de seus colegas senadores para a elaboração do texto.

“Sabemos que foram várias audiências públicas realizadas em Brasília e em outros estados da Federação, três dessas audiências foram realizadas no Acre, nas quais nós deputados estaduais também tentamos contribuir. Parabenizo, então, o esforço do nosso senador Jorge Viana que buscou alternativas para encontrar uma lei que beneficie a todos”.

Apagões

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Enquanto o ministro Edison Lobão, das Minas e Energia, diz que o sistema elétrico brasileiro é bom e sólido, no grotão chamado Acre a população vive o caos promovido pelos apagões e picos de energia que causam transtornos e prejuízos.

Lobão afirmou nesta última segunda-feira (21) que “apagão não é um fenômeno brasileiro” e que em 2010, o país ficou, ao todo, apenas 18 horas no escuro. Segundo o ministro, vários governos do mundo têm curiosidade sobre as soluções energéticas adotadas no Brasil, “embora no país só existam críticas”.

Não sei quais critérios norteiam a formação do dado usado como argumento pelo ministro, mas se o país ficou 18 horas sem energia em 2010, Xapuri, no decorrer do corrente ano, em algumas oportunidades ficou mais 8 horas no escuro em apenas um dia. Isso sem contar as oscilações que ocorrem todos os dias durante o dia inteiro.

Em Xapuri, o Ministério Público move ação civil pública contra a Eletrobrás/Eletroacre por conta do conjunto de problemas que a população tem levado até o gabinete da promotora Diana Soraia Tabalipa Pimentel. “São, principalmente, pequenos comerciantes que perdem produtos que dependem da energia elétrica para sua conservação, como pães e sorvetes, por exemplo.”

Na ação, a representante do Ministério Público pediu a antecipação da tutela pleiteando a ampliação da quantidade de equipes corretivas e preventivas que atuam no município de apenas uma para quatro, além de multa diária no valor de R$ 50 mil no caso de descumprimento. O juiz Luís Gustavo Alcalde Pinto, no entanto, não acatou o pedido de liminar, apesar de ele mesmo vir encontrando dificuldade para concluir as audiências judiciais em razão das quedas de energia.

Nesta terça-feira (22), um pouco antes da chegada de uma chuva, mais um apagão energético que veio acompanhado de outro: queda total do serviço de todas as operadoras de telefonia e internet. Sorte que o povão ainda conta com um instrumento feito à base de parafina que, sendo mantido em bom estoque na despensa, não nega fogo, como costumam fazer as empresas vendem peso de ouro a luz e a telecomunicação.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Orgulho LGBT

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Demonstração de um dos ‘porquês’ que levam o movimento gay a não conseguir o respeito da sociedade brasileira. A cena foi registrada durante a parada gay do último domingo. Será esse o sentido do tão propalado sentimento denominado “orgulho LGBT”?

Clique aqui para ver, caso queira, a imagem original publicada no Twitter.

Guache e criatividade

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Por Matheus Cardoso.

domingo, 20 de novembro de 2011

Sem medo de ser feliz

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Não, ele não é Fred Astaire, uma vez que sua dança, de maneira muito contrária ao futebol que joga, é bastante desengonçada. Mas nesse Brasileirão, inegavelmente, o astro tricolor da camisa número 9 tem sido o rei da dança.

Dança que se segue aos gols, muitos gols, que Frederico Chaves Guedes vem marcando, especialmente no segundo turno da competição mais equilibrada da era dos pontos corridos. Ele já soma 20, e está a apenas 3 do artilheiro do campeonato, o santista Borges.

Depois dos 4 gols marcados na rodada passada, contra o Grêmio, o artilheiro dançarino do Flu deixou, neste domingo, mais 3 na rede do Figueirense, time invicto há 14 jogos e uma das sensações do certame, até encontrar com o melhor time do returno do campeonato, é claro.

Neste domingo, depois do 4º gol do Fluminense, Fred homenageou o cantor de funk Claudinho, da dupla Claudinho e Buchecha, falecido em 2002. Na próxima rodada, contra o Vasco, o jogador entrará em campo com a deficiente visual Clara, 6 anos. Que venham danças para ela.

No embalo da dança do artilheiro, o tricolor das Laranjeiras segue vivo na competição. O sonhado bicampeonato é improvável, sim; mas a classificação antecipada para a Taça Libertadores do ano que vem enche o coração de uma torcida que não tem medo de ser feliz.

Jiu-Jitsu Xapuri

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Acompanhei, neste sábado (19), a participação da equipe de Jiu-jitsu da Fênix Academia, de Xapuri, no seminário de graduação e troca de faixas promovido pela Academia Atitude, de Rio Branco, dirigida pela faixa preta Cláudio Roberto Souza da Silva, o Peteleco.

No evento, realizado no auditório da Biblioteca da Floresta, o professor José Roberto Brito da Silva, o Jacaré, recebeu a Faixa Preta depois de 12 anos de prática do esporte. Outros jiujiteiros xapurienses (foto abaixo) também trocaram de faixa ou foram graduados.

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Tenho adquirido simpatia e proximidade com a prática do Jiu-jitsu em Xapuri por incentivo de meu filho, Matheus Cardoso (na foto abaixo após receber a faixa laranja), que dá seus primeiros passos no esporte disseminado no Brasil e no mundo pela lendária família Gracie.

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Viva o esporte.

sábado, 19 de novembro de 2011

Um bulliyng a mais é demais

Bulliyng

José Cláudio Mota Porfiro

As bebidas amargas são, realmente, muito difíceis de tragar, numa alusão ao poeta Chico Buarque de Holanda, em Cálice. Fica-se logo entorpecido devido à ingestão brusca de doses maciças de realidade. Depois, a boca trava pelo que há de injusto na situação vivida e, enfim, os dias, os meses e os anos que se seguem são tristes, cinzas, nebulosos, desestimuladores mesmo. Dá até vontade de largar tudo e ir morar na Coréia do Sul, onde a dignidade e o respeito são cultivados e germinam mui belos, notadamente, entre os que produzem e transmitem conhecimento.

Numa definição sucinta, o bulliyng compreende atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos. É praticado por um indivíduo  -  do inglês bully, valentão  -  ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia, sendo executados dentro de uma relação desigual de poder. Em outras palavras, é como aquele aluno gordinho, ou aquela aluna que tem o cabelo pixaim, de quem todos fazem chacota e até maltratam fisicamente, e nenhum dirigente percebe ou não quer perceber.
E os fatos foram sendo tratados dentro daquela rotina lerda das escolas brasileiras. Estas vinham caminhando naquela pseudo normalidade já histórica. O problema existia, certamente, mas não era percebido. Todavia, para piorar, nos últimos anos, a prática recrudesceu e, agora, passa a existir um bulliyng a mais, o que já é mais que demais.

O novo bulliyng é também perverso porque não maltrata apenas uma vítima, mas toda uma comunidade que deixa de tirar proveito dos estudos e dos conhecimentos transmitidos nas escolas porque alguns alunos se acham no direito de agredir, física ou psicologicamente, pessoas que nada mais querem que dar algumas luzes que iluminem caminhos tão escuros, tão íngremes e tão tortuosos.

Entretanto, antes das críticas mais direcionadas, mais concretas, e que estão acima da letargia abstrata da vida escolar, é preciso afirmar que, felizmente, as escolas brasileiras conseguem, hoje, tirar muitos dos problemas das pautas de resoluções porque têm buscado recursos e saídas plausíveis, inclusive a curto prazo, apesar de algumas questões ainda não solucionadas, como o item que versa sobre a ordem e a disciplina, estes, ainda considerados fatores que levam o pavor aos dirigentes, antes de mais nada.

Há material didático em quantidade suficiente. A aquisição das novas tecnologias é uma realidade e cada aluno finalista do ensino médio dispõe de um palm top de última geração. Muitos livros foram adquiridos e até sobram. Há laboratórios bem montados. Os professores são selecionados através de concursos públicos e os diretores fazem cursos onde se especializam para a administração das escolas. Há avanços e não se pode negar.

E o novo bulliyng? A origem do problema recentemente identificado tem base em muitas famílias que perderam o controle sobre as suas crias - meninões e meninonas  -  e as deixam à solta instilando ácidos venenosos contra os muitos que ainda querem ensinar alguma coisa e contra outros que vão às escolas para aprender o algo mais que lhes pode tirar da situação adversa comum a boa parte da população.

Observemos que, infelizmente, a alçada que seria relativa aos dirigentes educacionais - como o meu ex-aluno Daniel Queiroz de Santana, hoje Secretário de Educação  -  passa a ser, nos dias que correm, uma inquietação dos setores da segurança pública. Em outras palavras, uma preocupação a mais para o respeitável Reni Graebner.

É, senhores do Ministério Público do Estado! Os professores estão sendo também chacoteados, ridicularizados, desrespeitados, ameaçados, sim, inclusive, fisicamente. Senão vejamos.

Este cronista assíduo (e professor desrespeitado), que vos deixa estas mal traçadas linhas, soube, de fonte fidedigna, em uma reunião de professores, através de mensagem do dirigente escolar, que estaria entre os jurados de retaliações físicas pelo fato de me impor em sala de aula e zelar, incansavelmente, pela ordem e pela disciplina.

E não são tantas as exigências. Peço-lhes que, sempre por gentileza, não deixem de se concentrar, pois é esta uma atitude necessária em qualquer atividade que você desenvolva, caso queira tirar algum proveito dela. Digo aos meus estudantes que a conveniência maior é sempre levar a escola muito a sério porque esta forma para a vida e a vida é algo de muito melindroso que requer cuidados demais, do contrário, os longos dias que levam ao momento final  -  o fim da vida  -  serão repletos de infelicidades e dissabores. E isto não é filosofia barata, como poderiam afirmar os meus críticos eternamente atrás das cortinas.

Aos respeitáveis dirigentes da estrutura estatal, inclusive, aos membros dos ministérios públicos, afianço, sem nenhum medo de retaliações por parte de quem quer que seja, que uma laranja ruim apodrece todo um saco repleto de duzentas delas. Apenas um insubordinado consegue prejudicar o rendimento de uma turma de quarenta alunos e o trabalho do sacrificado professor.

Certo é que, depois da notícia transmitida pelo dirigente, os receios não se abateram sobre mim, uma vez que não sou de andar por aí tendo medo de qualquer firula. O problema é que, enquanto pagador de impostos altíssimos, sinto-me na obrigação de representar, aqui, alguns dos meus pares e requerer do dito Estado de direito todas as garantias de segurança, para que nós possamos levar o nosso trabalho a bom termo. Não vou azeitar as armas que eu não tenho. Não vou contratar uma cabroeira, que está disposta a intervir, por não achar necessário responder violência com valentia. Seria até fácil usar este tipo de expediente atirando ao léu trinta moedas de ouro.

Ademais, para efeito de ilustração das palavras aqui apostas, lembro-me que, há uns três anos, o pai de um aluno invadiu a escola e quis agredir fisicamente um professor de língua portuguesa que trabalha pela manhã. Um exemplo monstruoso para os alunos. Há pouco mais de um ano, vi escrito em algumas carteiras uma mensagem segundo a qual nós vamos matar a professora Graça Fadul. Na mesma época, o professor de matemática do matutino registrou queixa no distrito policial por ter sido agredido. Agora, muitos professores são violentados nos seus direitos à segurança e sentem ser chegada a hora de arranjar profissão que não lhes coloque à mercê de tantos riscos.

Um dos alunos musculosos perguntou, no mês passado, se o professor de matemática do noturno não tinha medo de morrer. A coordenadora pedagógica foi ameaçada fisicamente. A outra está morrendo de medo. A pequenina professora de história está sendo desafiada a manter-se em sala de aula sem recuar, sem cair, sem tremer. Alguns professores mais velhos se aposentaram ou se licenciaram por não mais suportarem as vicissitudes de um tempo dividido entre os estudiosos e os insubordinados que prejudicam, simplesmente, a comunidade como um todo.  

Ponderemos, então. A Secretaria de Educação tem, já, as fórmulas para remediar situações como esta. Eles podem contar com um pequeno grupo de patrulheiros escolares da Polícia Militar que passa a cada dois meses nas escolas. Todavia, havemos de convir que as delegacias de polícia funcionam vinte e quatro horas, o que é altamente alentador. É também muito fácil registrar um boletim de ocorrência com endereços que podem ser fornecidos pela própria escola onde os vândalos abundam.

Daí, cá de minha parte, penso que o passo seguinte e mais sensato será requerer um salvo conduto de Sua Senhoria, o Senhor Delegado de Polícia, e qualquer dano que ocorra a mim ou ao meu automóvel (um bem sob a guarda do Estado, posto que pago impostos) terá como responsabilizados, na forma da lei, alguns alunos maiores de idade que se enchem de músculos nas academias com o objetivo único de amedrontar os professores mais novos que, no mais das vezes, arrependem-se da profissão que escolheram, como aquela mestra decepcionadíssima que, aos prantos, foi socorrida pelo jornalista Rutemberg Crispim quando, na banca de jornal, buscava um daqueles manuais que aprovam qualquer um em qualquer concurso público, desde que o esforço seja a tônica do candidato.

Recorrendo e uma crônica de minha lavra, reafirmo que a melhor nova cultura de paz que poderíamos instalar nas escolas é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade, para o bem geral da Nação progressista que deve estar na cabeça e nos planos futuros de cada um, inclusive, dentre os mais determinados. Por Deus!

Tartaruga do Acre

Antes proibida, carne de tartaruga chega a São Paulo

Prato preparado com carne de tartaruga pela chef Ana Luiza Trajano, do restaurante Brasil a Gosto, em São Paulo

Luíza Fecarotta, jornal O Nortão.

Para entender a tímida, rara e recentíssima presença da carne de tartaruga em endereços da alta gastronomia é preciso ir longe. Precisamente, a Xapuri, cidade a duas horas de Rio Branco, no Acre. Lá, na fazenda Três Meninas, há um programa de auxílio ao repovoamento e de comércio do animal.

Com proposta semelhante, o projeto Tamazon, primeiro criatório do Acre, é responsável pela chegada a São Paulo de um lote de 60 kg dessa carne. Pela primeira vez, um criadouro daquele Estado comercializa o lombo da tartaruga nessa quantidade.

A caça no Brasil foi proibida em 1967 e houve campanha de órgãos públicos para sua conservação na natureza. "Hoje não é um animal ameaçado e é facultada sua criação comercial", diz Messias Costa, do museu Emilio Goeldi, o mais importante órgão de pesquisa sobre a Amazônia, em Belém (Pará).

"O aumento das comunidades [ribeirinhas e indígenas] e a agressão ao ambiente haviam levado ao declínio das populações de tartaruga-da-Amazônia", diz Costa.

Para Caloca Fernandes, autor de "Viagem Gastronômica Através do Brasil", não faz sentido a caça ser proibida no país. Para ele, deveria ter sido feito um trabalho de prevenção, com a caça restrita a determinadas épocas do ano.

Após quase 30 anos de proibição, a carne ficou de fora até dos cardápios do Norte do país. Para reintroduzi-la, será preciso superar um "conflito cultural", já que as tartarugas são consideradas animais domésticos.

Em 1992 houve liberação de criatórios. E foi somente em 1996 que a comercialização foi regularizada --hoje, ainda é burocrática e depende de certificados do Ibama.

É quando entram em cena figuras como Valmir Ribeiro, do projeto Tamazon, e Miguel Fernandes de Araújo, da fazenda Três Meninas, que sustentam programas de auxílio ao repovoamento da espécie, antes ameaçada de extinção, e começam a dar vida ao comércio dessa carne.

Segundo Costa, os investimentos são altos para sustentar os açudes e a ração --e é preciso aguardar cerca de cinco anos para que as tartarugas atinjam o peso para abate e outros 15 para reprodução. "Muitas espécies se perpetuaram com domesticação e uso alimentar", diz.

Prato preparado com carne de tartaruga pela chef Ana Luiza Trajano, do restaurante Brasil a Gosto, em São Paulo

SABOR

A chef Ana Luiza Trajano, do Brasil a Gosto, servirá o lombo, a parte "mais sutil da tartaruga", a partir do dia 22. Servida como entrada fria no cardápio que homenageia o Acre, essa carne passará a noite em marinada de azeite e especiarias. Depois, será cozida em baixa temperatura. Completa o prato uma emulsão de leite de castanha, alfavaca, chicória e um crocante de mandioca (R$ 49). Alex Atala, que estuda a introdução da tartaruga no seu menu-degustação, inspirou-se em uma receita clássica, que conheceu no Japão, para fazer o consomê que serviu no D.O.M. na semana passada.

Ele mesclou sabores brasileiros, como ervilha-torta, hortelã, limão, cogumelo e tapioca, a um caldo denso feito com patas e pescoço de tartaruga (as partes que têm mais pele) e alga kombu. A carne foi cozida por oito horas em baixa temperatura.

Em outro prato, explorou o jeito amazonense: da carne cozida aproveitou o caldo, para um pirão. Do fígado, de sabor potente, fez base para a farofa. Da pele, torresmo.

Os chefs usam tartarugas certificadas pelo Ibama, de criatórios regularizados.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Compra Antecipada

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O PAA (Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar), iniciado em 2009, é uma das ações do Fome Zero que adquire alimentos por preço justo e distribui para famílias em vulnerabilidade social e alimentar. Leia mais no blog Xapuri em Destaque.

Foto: Haroldo Sarkis.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Audiência Pública

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A prefeitura de Xapuri realizará na manhã desta sexta-feira, dia 18 de novembro, às 8 horas, na Câmara Municipal, uma audiência pública para discutir junto à população emendas de iniciativa popular.

A iniciativa contempla municípios de até 50 habitantes e discutirá propostas no montante de até R$ 500.000 (Quinhentos mil reais) para o orçamento de 2012. A participação popular é de fundamental importância para aquisição desse recurso.

Entre as sugestões estão a estruturação da rede de serviços de atenção básica de saúde, implantação de melhorias sanitárias domiciliares, apoio a recuperação da rede física e escolar, implantação de escolas para educação infantil, apoio ao pequeno e médio produtor agropecuário, aquisição de máquinas e equipamentos para recuperação de estradas e outros.

As informações são do blog Xapuri em Destaque.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tardio castigo

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Em Xapuri, onde foi vereador e esportista, Jânio Maia Ribeiro Maciel sempre foi conhecido por sua suposta atração por garotos. Eram comuns na cidade os comentários sobre o desvio sexual do indivíduo, filho de família tradicional, que apesar de sua constante proximidade com pré-adolescentes nunca foi denunciado por atos de pedofilia.

Jânio Maia deixou a cidade há cerca de 20 anos, mas não se livrou da perversão. A imagem acima é do site agazeta.net, que noticia a prisão do ex-vereador depois de ser condenado a 7 anos de prisão por abusar de um menino de 9 anos de idade. O crime foi cometido há 10 anos e a vítima tem hoje 19 anos de idade. Um tardio, mas merecido castigo.

Blitz

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Achei familiar o motoqueiro abordado pela PM no centro de Xapuri.

Fonte: Blog Xapuri Amax.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Lamentável

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O taxista Antônio César Rodrigues de Oliveira, 27, foi mais um a se dar mal ao preterir o trabalho honesto pela suposta facilidade do transporte de entorpecentes da fronteira para Xapuri. Ele foi preso em flagrante neste final de semana portando cerca de 200 gramas de maconha.

Junto com o taxista estava Alisson Ferreira dos Santos, 18, que também portava quantidade semelhante da mesma substância. Resultado lamentável da opção que parte da juventude xapuriense está fazendo: se aventurar no mundo às vezes sem volta do mundo das drogas.

O pio de tudo é que parte dessa, digamos, garotada, nem chega a ser traficante de fato. A maioria é peixe miúdo, a serviço de tubarões a quem nem sempre o braço do Estado tem conseguido alcançar por essas bandas. Esse é o triste destino das mulas.

Estúpidos e alienados

José Cláudio Mota Porfiro

Pensei que jamais conseguiria ver muito além do que a minha vã poesia poderia permitir. Não. Fui muito além, apesar de viver na maioria das vezes embalado pelos versos dos outros. Entre divertir-me e buscar perfis para a minha conduta quase ilibada, venho tateando em meio aos escombros de uma vida brusca, que sempre precisa ser legitimada por pessoas que sequer sabem a que vieram, mas dão ordens em meio aos desvãos de uma democracia em podres pedaços, como já deixei anotado em uma crônica da minha triste lavra.

Melhor é que antes, aos dezoito, eu aprendia uma coisa a cada dia. Hoje, aos cinco ponto quatro, estou quase desasnado e já consigo aprender cinco ou seis absurdos no decorrer do mesmo período.

Por isto, me vem à memória William Hazlitt, livre pensador inglês dos séculos XVIII e XIX. Ele deixou alguma coisa parecida com a máxima segundo a qual o preconceito é filho da ignorância. Em palavras mais claras, jamais uma atitude preconceituosa partirá de uma pessoa racional, que consiga deslindar-se das armadilhas das paixões. Um homem inteligente é sempre comedido. Não que seja proibido ao humano apaixonar-se. Sim, que o equilíbrio não nos deixe tomar atitudes intempestivas que demonstrem tamanha estupidez. Pessoas racionais engolem a discriminação em seco e não se perturbam com as diferenças próprias da natureza.  

Então, dia desses, o Júnior Alab, meu primo, consertador e montador de antenas de televisão por assinatura, foi indicado pelo patrão a fazer visita técnica a uma certa vivenda, ali pros lados do bairro São Francisco. Lá chegando, foi recebido por uma madama gorducha com cara de burguesa; só a cara. Era sábado manhãzinha, aí pelas onze, e a nobre paulista acabara de acordar com um humor do cão, bocejando e rosnando palavrões em grande estilo, posto que ela se sente educada. A última flor de plástico do randevous de Tião Medonho.

- Porra, moleque, a essa hora?

- Ora, tá! Foi a senhora que ligou.

- Entra aí!

No quarto do apêzinho miudinho, havia um guarda-roupa fixado à parede e era por ali que a antena deveria chegar ao televisor dos anos 70. Só que era impossível. O móvel estava embutido.
- Ô garoto lerdo! É só passar a antena por trás do móvel.

- Mas não dá, minha senhora. Eu teria que quebrar a parede, o que não posso fazer, uma vez que o seu apê é alugado. Seria necessária uma autorização do dono do imóvel. - Foi o que o nosso herói, equilibradamente, ainda aconselhou.

- Mas que merda! Esses acreanos são tudo sem noção! Como é que pode? – Uivou a dama.

E vinha entrando, então, uma moça, filha da bruaca, com uma camiseta da Ufac onde se lia: Curso de Matemática. Como bom descendente sírio, o acreano tascou-lhe uma resposta lancinante por cima do lombo da porca:

- Então, os acreanos são tudo sem noção, né? Sem noção é a senhora e é a sua filha que vem lá da casa do cacete para fazer um Curso de Matemática aqui. Os acreanos são muito bonzinhos, sim, porque toleram gente do seu tipo. Se a sua filha fosse realmente alguma coisa, teria passado no vestibular da USP ou da Unicamp... Vá se lascar!...    

Depois, eu estava na concessionária que me vendeu o bólido que dirijo por aí. Eis, então, que aparecem, como que saídos do nada, uma loura com cara de sanguessuga e um crioulo com jeito de mandrião, rufião, do tipo caça dotes. Usavam umas roupas estranhas, tipo sertanejo afetado. Eles se acercaram da mesinha das revistas e, de repente, olharam para a televisão onde uma moça apresentava um jornal aqui da terra. O sujeito cabotino foi quem primeiro abriu a boca fedida, como para bajular a xinóca:

- Essa moça fala errado demais. – Disse ele.

- Também, é do Acre! – Obtemperou a fêmea forte de feições.

Ocorre, todavia que, em seguida, depois de um telefonema urgente, garantiram a mim que a apresentadora de TV é de Goiás e, por questões relativas ao bom desempenho das funções televisivas, rapidamente fez adaptações bem interessantes e passou a falar com sotaque desta terra querida, que dá sombra e água fresca a tantos estúpidos e alienados daqui e dali deste rincão pátrio.

Disse-lhes, então, poucas e boas, agora em alto estilo mesmo. Para eles, eu expliquei a abrangência dos sotaques pelo Brasil afora e os convenci, facilmente. Também, eram tão ignorantes nas suas fivelas e quadriculados e botas e unhas tão demodês!

Eles passaram a perceber que os seus erres arrastados são muito estranhos para os acreanos, mas não podem ser considerados erros. Os puristas do estudo da linguagem, hoje, já não consideram desvio o paulista falar pobrema, nós vai, nós fica, nós fumo... Segundo eles, tratam-se de efeitos dos sotaques regionais. Ora, vá lá!...  

Aí, um cidadão que faz parte hoje dessa magna horda de forasteiros alienados, dessa rasa elite composta pelos novos ricos de mentirinha, chegou ao bom e velho Acre arrastando a magérrima cachorra Baleia  -  a do Graciliano Ramos  -  e a apresentou como se fosse uma perdigueira. Pousou por aqui tirando onda de ás no ramo da produção de textos bem alinhavados, segundo ele próprio. Bajulou e bajulou. Babou, sim. Entrou para o ramo da publicidade, fatura uma grana preta, mas ainda não aprendeu a escrever. Conta, sim, com um revisor acrea-no pago regiamente, a soldo, ao custo de trinta moedas de ouro sujo, e só.

Numa segunda-feira das brabas, depois de um rega bofe dominical à base de uísque escocês e pato ao tucupi, chegou o grande mentecapto à redação de um dos nossos jornais e passou a ler a Gazeta do dia anterior. De repente, chamou a um canto o solenizado bardo Beneilton Damasceno e lhe afirmou, com todas as suas letras menoscabadas, que um texto dos de minha lavra não poderia ter sido escrito por um acreano, ao que o festejado jornalista respondeu:

- Esse é acreano, sim, e dos de Xapuri... De boa cepa!

- Pô, ele tem um nível bem razoável. Parece um daqueles articulistas da grande imprensa do sul e sudeste.

Trata-se de um elogio, sim. Mas a carga preconceituosa o destitui de qualquer gentileza que pudesse existir por trás do mesmo. Eu conheço uma penca de acreanos muito simples que engendram textos melhores que os meus. Não é porque o texto seja bom que deva ter sido escrito por alguém de fora. Ou será que esse cabra está me acusando de plágio? É muito fácil buscar a verdade através de certas ferramentas eletrônicas. Mas é preciso ter um pouquinho de discernimento, substância, talvez, faro.

Então, como bom xapuriense, não poderia esquecer uma fatídica e miserável prole de expatriados vindos do Paraná que, nos anos 70, foi ao juizado de paz do Padre José, em Xapuri, onde eu trabalhava como datilógrafo, e tirou todos os documentos, pela segunda ou terceira vez e, depois, deu sumiço ao bom Chico Mendes, a tiros. Se essa corja fosse do bem, muitos dos seus descendentes não teriam cometido tantos crimes como depois houveram por mal fazê-lo.

Desses que vieram há um tempão no rumo de cá, um grupo sanguinário assassinou o grande presidente da câmara dos vereadores da maior Araçoiaba do Brasil. Coitado do Pinté! Felizmente, a Justiça os enfiou na cadeia por quarenta e oito primaveras, mas os liberará daqui a um ano e meio, no máximo. E não são os juízes os culpados, meros mortais. São as leis eternas sancionadas ao bel prazer de legisladores obtusos, sem eira nem beira, muito menos quengo suficiente para os afazeres que lhes são destinados.

Aperfeiçoando o José Chalub Leite  -  que dizia que ninguém vem para o Acre impunemente  -  mais uma vez o festejado vate Beneilton Damasceno deixa lição contumaz ao dizer que nenhum ser humano, que faz no mínimo as três refeições diárias na sua terra natal, terá motivos suficientes para fixar-se nesta terra inóspita que tão bem acolheu os nossos avós cearenses famintos de antanho.   

Hoje, a maior parte dos que vêm do Paraná assume a pobreza que lhes maltratava lá na terra natal. Não mais dizem ser ricos desde sempre. Já chegam por aqui mais leves. Praticam ilícitos mínimos. Comportam-se no trânsito, como donos do mundo, tão mal quanto os acreanos. Casam-se com as nativas de cá. Cumprimentam-nos com um meneio de cabeça em comedida polidez. Deixaram o ar de colonizadores em Umua-rama, Campo Mourão ou Rolândia, e não mais têm a grilagem como uma espécie de esporte predileto praticado com tanto afinco e tanta maldade pelos que chegaram antes por aqui. E isso é bom!

Aos forasteiros mal-educados, é preciso deixar muito claro que, quando se é chegado à terra alheia, as primeiras categorias a serem observadas para uma convivência harmoniosa são a do respeito e a da consideração para com aqueles que lhes fazem acolhida tão boa, como os acreanos, exemplo ímpar de uma hospitalidade daquele tipo que dorme no chão para que o visitante lhe ocupe o maltrapilho catre.
É preciso repetir um comentário que venho fazendo há vinte anos. Nunca é demais. Nenhum forasteiro inculto tem tirocínio suficiente para fazer crítica alguma aos meus, aos nossos. Eu, sim! Não apenas tenho o direito, mas me sinto na responsabilidade de falar mal, ou corrigir, ou apontar as falhas, mas, acima de tudo, corroborar as soluções porque sou daqui e já enxergo um palmo além do meu nariz afilado.

Preconceitos à parte, eu também nutro grande desprezo pelos muitos que aqui chegam para fazer o mal, assim como tenho grande respeito e admiração pelos que vêm para construir.
Está registrado nas Sagradas Escrituras, no Eclesiastes: o preconceito extraviou a muitos e as más suposições desviaram os pensamentos dos homens. Por Deus!