segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Breve história da nulidade bípede

Sérgio Roberto Gomes de Souza

Todo período eleitoral repete-se um fenômeno em Xapuri. Após um interstício caracterizado pelo olhar cabisbaixo, Bíblia debaixo do braço e, o melhor de tudo, calado, com poucas palavras pronunciadas, o ex-prefeito Vanderley Viana reaparece, a mudança então é total. Guardada a pele de cordeiro em um armário, passa a xingar, indiscriminadamente, todos os que encontra pela frente e não se submetem a seus caprichos. O método é sempre o mesmo, espalhafate, gritos, palavrões e ofensas das mais diversas.

Fiquei me perguntando os motivos do camaleônico senhor ter essa postura e depois de pouco pensar, não mais que alguns segundos, cheguei a uma óbvia conclusão: o ex-prefeito necessita desviar a atenção da população, não para que não se perceba o que já fez, mas, fundamentalmente, para que não se perceba o que não fez. Parece ser esta a grande questão: o ex-prefeito nunca fez nada de marcante, suas administrações sempre foram caracterizadas pelo mais excepcional vazio de conteúdo, realizações e governabilidade. Em suas gestões, se é que podemos usar o termo, a cidade regrediu: ruas escuras, sem iluminação, buracos tomando conta da cidade e o prefeito a arrotar “valentia”, gritar e xingar. A princípio, um ou outro desavisado pode achar “engraçado”, mas isso acaba quando sente na própria pele a fúria do ex-prefeito.

Importante ressaltar que, pela ênfase com que levanta o dedo e acusa o outro, parece ser um sujeito de comportamento irretocável e isso parece não ser a tônica. No caso, não me refiro ao que faz com sua vida, isso pouco me interessa, mas o que deixou de fazer como administrador. Gostaria muito de saber, afinal, o que fez o ex-prefeito por Xapuri além de tornar a cidade um espaço tenso, mal cuidado e objeto de pilheries? Qual foi mesmo a grande obra do ex-prefeito? Teria sido a operação tapa-buraco com cascas de castanha? Ou o trapiche que fez ao lado da estação rodoviária, batizado como “centro cultural”? Nada, o ex-prefeito não fez absolutamente nada, talvez por isso grite tanto. Mas tem um problema: não é possível, mesmo que faça todo o barulho que seus pulmões sejam capazes, tornar imperceptível que nada fez, que personifica a verdadeira representação da nulidade, da inércia.

O ex-prefeito não é engraçado, mas risível em seus atos, não tem um “jeito peculiar” de fazer política, mas é extremamente mal educado, vazio de conteúdo e tosco. O ex-prefeito não vai mudar, não por não ter sido educado para tanto, o problema está longe de ser esse, o ex-prefeito vai continuar sendo assim devido ser “atazanado”, cotidianamente, pelo seu grande mal: não ter feito nada. O ex-prefeito tem que conviver com sua dolorosa nulidade e talvez por isso, precise tanto ser notado. Isso o torna cada vez mais risível.

Obs.: Ao escrever esse pequeno desabafo, não guardo nenhuma relação com as disputas políticas para prefeito que ocorrem em Xapuri. Delas estou distante e assim vou permanecer. Que vença quem a população do município achar que melhor lhe convém, o escrito guarda relação com as ofensas que são feitas à pessoas que nada devem ao ex-prefeito, nem mesmo a cordial obrigação de lhe desejar um bom dia.

Sérgio Roberto é professor.

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