quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Crise e carnaval no Acre

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Sérgio Roberto Gomes de Souza

No dia 02 de março de 1922 o jornal Folha do Acre publicou uma interessante e curta matéria sobre a realização do carnaval na cidade de Rio Branco, capital do Território do Acre. No período a situação financeira não era das melhores, ainda repercutia fortemente na região a crise econômica que tivera início no ano de 1912, quando a borracha nativa, produzida nos seringais amazônicos, perdeu a supremacia no mercado internacional para os seringais de cultivo do sudeste asiático, o que acarretou na falência de vários seringalistas e comerciantes da região. Percebe-se então que, pelo menos aparentemente, o momento não era lá muito propício para festa, principalmente para as elites locais, as voltas com infindáveis notas promissórias que não tinham como pagar, atolados em dívidas e, como disse Márcio Souza em “A Expressão Amazonense”, tendo que empenhar suas cuecas inglesas para não morrer de fome (SOUZA, 1977).

Para minimizar tanto desânimo, o governador do Território a época, Sr. Epaminondas Jácome, decidiu entregar-se as tentações “momescas” e terminou por propiciar um pequeno entretenimento para a “decadente elite tupiniquim”. O fato foi registrado com regozijo pelo jornal Folha do Acre, que afirmou: “não fora o Sr. Epaminondas Jácome ter aberto os portões do palacete de sua residência e ali, numa alegria comunicativa comparecerem muitas famílias, terça-feira, improvisando-se um baile, passava-se friamente os três dias de carnaval em Rio Branco”. Pelo menos algumas poucas horas de alegria foram propiciadas para os mais abastados, afinal, o sofrimento por terem de dispor-se de patrimônios construídos através da exploração de milhares de seringueiros os angustiava.

Mas e o povo? O que faziam os comuns? Já que o carnaval “oficial” terminou por ficar restrito aos mais próximos de Epaminondas Jácome? O povo foi comemorar, ao seu modo, no segundo distrito, ou Distrito de Empresa como era conhecido o lugar. O ambiente de Empresa não era muito bem visto pela “vitoriana” e hipócrita elite de Rio Branco. Abguar Bastos na obra Certos Caminhos do Mundo descreveu o lugar e seus habitantes a partir da seguinte perspectiva:

Empresa é o lado do comércio. Antigo seringal elevado ao poderio de parte oriental da cidade. Pedaço de terra livre, não se apega a preconceitos. Uma excitante vida noturna. Aos domingos funciona um cinema. Vêm-se marafonas enchapeladas nos camarotes e senhoras honestas, afrontadas, timidamente, nas cadeiras de fila. Cruzam-se nas ruas o rebanho e a matula, profissionais do jogo, “camelots”, ganadeiros, marítimos, contratadores de seringa, contrabandistas, vendedores de coca. Ferozes malsinações escapam dos becos e nas vielas há um crescente rumor de escândalo e vícios. (BASTOS, 1936, p. 66).

O lugar escolhido para homenagear “momo” foi o clube “O Rio Branco”, clube popular situado próximo ao “beco do mijo” e que não deve ser confundido com o “aristocrático clube de cores vermelho e branco cuja sede fica situada no primeiro distrito de Rio Branco. O Folha do Acre descreveu a “festa popular” da seguinte maneira:

O Rio Branco foi o ponto procurado pelos foliões que, conservando ainda as ilusões da brincadeira, mal grado o arrocho de “D. Flagelo”, prepararam suas máscaras e, ajustando a face esses pedaços de papelão pintados, vestidos de ganga, fazenda muito usada em tempos passados, quando Adão ainda era rapaz, ao som da música deliciaram-se dançando chorosos tangos.

Como o período era de crise, champagne e “cerveja fria”, bebidas comumente consumidas durante o período de ápice da borracha, foram substituídas por alternativas, digamos, mais regionais: “A rapaziada chupa algumas frasqueiras de aluá, que com muita honra foi eleito substituto local da champagne e da cerveja, destronadas nesta paragem do inferno verde”.

A espontaneidade do “populacho”, que mesmo sem ser convidado para a festa do Epaminondas resolveu, por conta e risco, mas com muita criatividade criar a sua própria, não foi bem vista pelo jornal que sapecou: “Rapazes assentes junto às bancas dos botequins deixavam ver, no meio de suas boemias, as tristezas que lhes iam a alma”, em uma clara discordância com os festejos populares. Para o jornal, bom mesmo foi o carnaval do Epaminondas; “o baile do palacete do governador correu-se animadíssimo, dançou-se a valer”.

O pequeno artigo, se é que pode ser assim denominado, não procura fazer juízo de valor sobre o poder público organizar ou não o carnaval, apenas ressaltar o caráter popular da festa e dizer que, muito provavelmente, ela ocorrerá com o sem patrocínio oficial, mesmo que com muito aluá e em algum botequim de “caráter duvidoso”.

Sérgio Roberto Gomes de Souza é professor da UFAC.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Fim da polêmica

Prefeito de Xapuri volta atrás e fará carnaval de rua na princesinha

Marcinho Miranda

Joseni Oliveira

O prefeito de Xapuri, Marcinho Miranda, não imaginava que a decisão de não realizar em sua cidade a maior festa popular do Brasil fosse causar tanta repercussão. Na semana passada, a prefeitura havia confirmado que não realizaria a festa momesca, depois de concluir que os gastos seriam enormes e que a atual situação financeira da prefeitura inviabilizaria o evento.

Mas, os amantes e adeptos do carnaval, que não são poucos em Xapuri, iniciaram um verdadeiro bombardeio nas redes sociais – principalmente no Facebook - com postagens contra a decisão da prefeitura e pedindo a realização da festa. Também era notório o descontentamento de foliões nas conversas de esquinas e nas chamadas “rodas de amigos”.

Depois de ouvir uma enquete no programa Tarde de Emoções, apresentado por mim na Rádio Educadora 6 de agosto de Xapuri, o prefeito resolveu se manifestar. A pergunta feita aos ouvintes era: você é a favor ou contra a decisão da prefeitura de não realizar o carnaval de rua em Xapuri? Marcinho Miranda escutava o programa em seu carro quando resolveu telefonar e pedir espaço para dar boa noticia à população.

Ao chegar nos estúdios da rádio, o prefeito explicou o porquê de ter voltado atrás em sua decisão:

“Resolvemos não fazer o carnaval por que estávamos e estamos com poucos recursos para a realização da festa. As bandas estavam cobrando muito caro e o aluguel da aparelhagem também não estava em conta. Portanto, iríamos gastar além do que poderíamos nesse momento, e não podemos fazer contas altas para não poder pagar depois. Mas com a não realização da festa em várias cidades do estado, muitas bandas iriam ficar sem trabalho neste carnaval, e foi esse o grande motivo de voltarmos atrás em nossa primeira decisão. Não falarei o valor exato, mas as bandas que tocarão em Xapuri, agora virão pela metade do preço inicial, o que aconteceu também com relação à aparelhagem”, enfatizou o prefeito.

O nome das bandas que irão embalar o carnaval de rua em Xapuri ainda não foram divulgados, mas serão três: uma de Rio Branco, outra de Brasiléia e mais uma de Xapuri.

“Já estamos conversando com as bandas e está quase tudo certo para que elas venham tocar na quina carnavalesca”, disse.

Marcinho Miranda acrescentou que a preocupação agora será com relação à segurança, uma vez que Xapuri será a única cidade do Alto Acre a realizar o carnaval.

“Xapuri vai inflar durante os dias de festejo, pois muita gente vai vir de outras cidades e temos que nos preocupar em oferecer segurança a todos. Vou conversar com o comando da Polícia Militar em Xapuri e vou também pedir apoio ao Governador Tião Viana para disponibilizar um efetivo de policiais de Rio Branco para dar apoio aos de Xapuri”, finalizou.

Joseni Oliveira é locutor da Rádio Educadora 6 de Agosto e repórter do Sistema Público de Comunicação do Acre.

Carnaval em Xapuri

Depois de muita pressão, polêmica e até nervos acirrados, aparenta-se que a novela do carnaval popular de Xapuri se aproxima do fim. O prefeito Marcinho Miranda voltou atrás e afirmou ao vivo, através do programa Tarde de Emoções, da Rádio Educadora, apresentado pelo radialista Joseni Oliveira, que a prefeitura promoverá o evento.

Marcinho Miranda havia anunciado na semana passada que a prefeitura não realizaria o tradicional carnaval de rua organizado na praça São Gabriel. As principais razões apresentadas por ele foram as combalidas condições financeiras do município e o comunicação feita pelo governo do Estado aos comandos da Polícia Militar em todo o Acre de que não haveria reforço de segurança nas cidades do interior que resolvessem realizar carnaval em praça pública.

A decisão causou grande repercussão na cidade e se tornou um dos assuntos mais comentados na última semana por usuários locais da rede social Facebook. Muitos internautas começaram a postar informações desencontradas sobre uma possível mudança de planos por parte da prefeitura e uma chuva de comentários favoráveis e contrários à realização do carnaval tomou conta da rede.

Consultada sobre a situação, a secretária municipal de Cultura, Elisângela Horácio, informou na manhã desta quarta-feira (30) que a prefeitura buscava apoio empresarial para atender aos apelos da população e realizar a tão desejada festa. No entanto, não garantiu que os esforços culminariam com o anúncio esperado pelos foliões.

Logo mais, o repórter Joseni Oliveira vai enviar ao blog um relato da entrevista que fez com o prefeito sobre a nova decisão de promover o carnaval popular, festa que vem sendo realizada desde o segundo ano do primeiro mandato do ex-prefeito Júlio Barbosa. Com o anúncio, a prefeitura de Xapuri será a única do Alto Acre a promover o carnaval em 2013.

Uma novela chamada Carnaval

Surpreso com várias postagens feitas no Facebook dando conta de que - ao contrário do que anunciou o prefeito Marcinho Miranda - haverá carnaval popular promovido pela prefeitura de Xapuri, mantive contato com a secretária municipal de Cultura, Elisângela Horácio, que não confirmou o que se tem alardeado pela rede social.

A secretária explicou que a prefeitura está tentando levantar apoio financeiro junto a empresários locais para ceder à pressão da população pela realização da festa em praça pública. Elisângela afirma que não há nenhuma garantia de que essa tentativa resultará em sucesso, apesar de muita gente já estar dando como certa a realização da folia.

A presente nota tem o objetivo de esclarecer que quando se trata de jornalismo ou bloguismo, a informação deve estar ancorada na checagem dos fatos. É isso o que diferencia notícia de boato. E a notícia que temos até o momento é a de que a prefeitura de Xapuri decidiu por não realizar o carnaval popular em 2013.

O fato de estar sendo feita uma tentativa de realizar o carnaval consiste em uma outra notícia que não prejudica a veracidade ou a confiabilidade da primeira, como alguns comentários feitos na rede terminaram, mesmo que inadvertidamente, por insinuar.

Dizem que “palavra de rei não volta atrás”, mas Marcinho Miranda não é rei, mas sim prefeito; e caso seja para o bem do povo e felicidade geral da nação, que ele volte atrás e realize o carnaval. Se estamos com dificuldades para termos o pão, que tenhamos pelos menos o circo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

“Foi Deus quem me deu”

Nada me soa mais ímpio e mundano que a mensagem acima, que costuma ser estampada no vidro traseiro de carros recém comprados. O hábito é comum tanto entre os que se dizem “religiosos”, sejam católicos ou evangélicos/protestantes, quanto em meio aos que não têm com a Divina Providência qualquer tipo de relação ou compromisso.

Revela, antes de tudo, uma devoção maior ao bem material que ao próprio Deus, reduzido à mera condição de premiador de quem faça jus à sua caridade. Por fim, demonstra quão mercantilista se tornou a compreensão do homem para com a sua relação com o Todo poderoso.

“Fui bonzinho e Deus me deu”.

A frase se encaixa melhor no culto que havia, na era pré-cristã, a falsos deuses, entre os quais estava Mamom, entidade pagã relacionada à riqueza e à avareza, que carregava um grande saco de moedas de ouro e subornava os humanos para obter suas almas.

Quanto mais o tempo avança, mais distantes ficam de Deus as igrejas e as religiões.

Inventário Hélio Melo

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) dá início ao inventário das obras do artista Hélio Melo existentes no Acre

Via Blog do Altino Machado.

Artista acreano, pintor, escritor, compositor, músico. Um dos principais representantes das raízes e das identidades culturais do Acre.

- Hélio Melo pode ser definido como um multiartista, que através de sua obra revelou aspectos peculiares da cultura do homem da Amazônia brasileira - afirma o superintendente do Iphan no Acre, Deyvesson Gusmão.

O artista inspirou-se em seu próprio cotidiano: a rotina da floresta, das estradas de seringa, do contato com a fauna e com a flora amazônicas, com as lendas do Curupira, da Mãe da Mata, do Mapinguari. Posteriormente, na tristeza de acompanhar a mudança da paisagem do Acre, causada pela transformação da floresta em pasto para a pecuária extensiva, ocorrida a partir da década de 1970.

O isolamento da vida na floresta não foi impedimento para prosseguir com sua produção artística. Aprendeu a tocar as primeiras notas em sua rabeca, fez uso da rica vegetação presente na Amazônia para improvisar tintas naturais e esboçou seus primeiros escritos.

Da floresta, e com a floresta, nasceu um dos maiores artistas acreanos. Seus escritos, suas telas e seus desenhos expressam o compromisso social com sua região e com sua gente.

Não se tem a dimensão exata da diversidade e volume de sua obra, principalmente quando se trata das pinturas e desenhos. Muitas delas estão espalhadas pelo Acre e por outras partes do Brasil, em coleções públicas ou particulares.

Como colaborar

Inicialmente, o inventário será executado apenas no Estado do Acre. Mas a contribuição de proprietários de obras que estejam em outros Estados também está sendo registrada, para o caso de ações futuras de identificação.

Até o momento, foram mapeadas coleções institucionais e algumas particulares. Assim, os proprietários de obras de Hélio Melo, tanto no Estado do Acre quanto em outros Estados, que queiram colaborar com o estudo, podem fazê-lo enviando e-mail para o endereço iphan-ac@iphan.gov.br.

O inventário é uma ação que busca mapear as obras e as referências culturais do artista, como instrumento inicial de proteção. Esta ação faz parte do projeto “Economia da Cultura” da Rede Acreana de Cultura, que é realizado por instituições que trabalham diretamente ou que tem em suas atividades interface com ações e políticas culturais.

É com base na relevância da obra do artista para o patrimônio cultural acreano, que o Iphan propôs e coordena esta ação com uma equipe multidisciplinar de pesquisadores especializados no campo da Restauração e Conservação de Bens Móveis e Integrados. O resultado final do trabalho deve ser divulgado em uma publicação contendo as fotografias e informações sobre as obras inventariadas.

MP faz mudança de promotores em Xapuri

Ministério Público desloca promotora Diana Soraia para Brasiléia. Bernardo Albano assume Promotoria Criminal de Entrância Inicial de Xapuri

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A promotora de justiça Diana Soraia Tabalipa Pimentel encerrou um ciclo de três anos atuando na Unidade Administrativa do Ministério Público Estadual em Xapuri. Ela foi transferida para Brasiléia, onde assume uma das promotorias de entrância final daquele município.

Oriunda de Ponta Grossa/PR, Diana Soraia costumava dizer que já havia escolhido Xapuri como seu novo lar. No município, travou verdadeiras batalhas contra o déficit na educação fundamental e na saúde e defendeu como ninguém o direito do consumidor.

A promotora também teve atuação destacada na defesa dos direitos da criança e do adolescente, no atendimento dos bancos e na negociação com empresas e órgãos responsáveis pela prestação de serviços públicos, resolvendo muitas questões de maneira extrajudicial.

Em razão de sua atenção à educação, tendo chegado a reivindicar que a Universidade Federal do Acre (UFAC) implantasse cursos regulares em Xapuri, chegou-se a organizar um abaixo assinado por parte de professores locais para que ela continuasse no município.

O substituto de Diana Soraia na promotoria de Xapuri é Bernardo Albano, 32, nascido em Fortaleza/CE e formado na Universidade Federal do Ceará. Antes de assumir o cargo no Parquet acreano, em 3 de outubro de 2009, ele atuou na área do Direito Portuário.

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No município de Feijó, o promotor Bernardo Albano conseguiu grande avanço no combate ao crime organizado, em especial ao tráfico de drogas, onde atuou na Operação Divisor, que desarticulou uma quadrilha que agia em Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Reflitamos!

Não deveria ser assim, mas é comum que a preocupação com a segurança cresça ou que medidas preventivas sejam tomadas sempre que acontece uma tragédia. Eu mesmo, depois de presenciar um incêndio (sem vítimas, felizmente) em uma residência causado por um curto circuito, no ano passado, revisei a instalação elétrica da casa em que moro.

Mas essa preocupação deveria ser constante e as medidas de precaução rotina. O velho clichê que diz ser melhor pecar por excesso que por omissão nunca foi tão correto e jamais necessitou ser tão levado a efeito. O perigo está em todo lugar e o máximo cuidado sempre representa muito pouco ou até mesmo nada.

No dia 3 de março de 2010, escrevi aqui no blog sobre a precariedade da travessia nas catraias entre o centro de Xapuri e o bairro Sibéria, numa postagem que mostrava a dificuldade e os riscos que a população enfrentava ao utilizar um serviço desprovido de qualquer recurso relativo à segurança da navegação fluvial.

“Não tenho a intenção de ser Cassandra, a predizer desgraças, mas não existem coletes salva-vidas para a eventualidade de um naufrágio; e nessa época do ano não se podem negar os perigos do afamado rio Acre”, disse, à época.

No ano passado, o “eventual” naufrágio aconteceu e três vidas se perderam nas águas barrentas do rio. E para quem delira dizendo que os jovens de Santa Maria (RS) morreram por que estavam em uma boate e não numa igreja, as vítimas da tragédia de Xapuri acabavam de deixar um culto evangélico, em um templo onde congregavam.

Hoje, depois da desgraça acontecida e das vidas desperdiçadas, nenhuma catraia deixa o porto sem que todos os passageiros estejam com os coletes salva-vidas devidamente afivelados e sentados nos bancos e não nas bordas da canoa. E as embarcações que transportavam até 20 pessoas por viagem agora não permitem mais que 10 almas por travessia.

Com a tragédia da boate Kiss, o governador do Acre, Tião Viana (PT), determinou que a Secretaria de Turismo convoque reunião para a quarta-feira (30) com os donos de boates de Rio Branco. E ficamos a espera de que a medida se estenda aos municípios, onde a situação de boates, bares e afins são geralmente comprometedoras.

Em Xapuri, as casas noturnas não apenas apresentam problemas de insegurança, mas simplesmente não oferecem qualquer garantia de integridade física aos seus frequentadores em caso de acidentes. Aqui quase tudo o que existe é improvisado, construído em madeira ou dependurado no barranco do rio. Detalhar mais a situação seria preciosismo de minha parte.

Mas não é apenas em casas noturnas que o perigo reside. Na última festa de São Sebastião, o que mais podia se ver na região onde estavam montados o parque de diversões e a praça de alimentação eram ligações elétricas precárias e fios à altura da cabeça do público que ia e vinha.

Em 2010, fui ameaçado de ação na justiça pelo parque “Pequeno Príncipe” porque mostrei as condições em que se encontrava uma peça da roda gigante (veja aqui). E ainda houve conterrâneo meu que “botasse pilha” nos donos da geringonça para que me acionassem no JEC. E eles poderiam até ter feito isso, já que portavam laudos do Corpo de Bombeiros garantindo à parafernália as condições de segurança que habilitam o funcionamento.

Fatores aparentemente banais podem resultar em tragédias como a desse último e nefasto domingo no Rio grande do Sul, na qual mais de 230 vidas se perderam de forma trágica e lamentável. O que não faz sentido é o argumento da “fatalidade” como objetivo de isenção de culpa. Não, nada disso. Acidentes não acontecem, eles são provocados; e podem ser evitados se as leis forem obedecidas, o que não ocorreu em Santa Maria.

A grande verdade é que onde houver a possibilidade, por ínfima que seja, de perda de vidas humanas em caso de acidentes, devem haver medidas preventivas exacerbadas, permanentes e eficazes. E a responsabilidade por isso passa por todos nós: o Estado, como um todo, e a população em geral.

Reflitamos!

“Barris de pólvora”

De acordo com o blog do jornalista Altino Machado, o governador do Acre, Tião Viana (PT), determinou que a Secretaria de Turismo convoque reunião para a quarta-feira (30) com os donos de boates de Rio Branco.

A secretária Ilmara Rodrigues vai comunicar aos proprietários que o Corpo de Bombeiros necessita ter acesso para realizar fiscalização nos estabelecimentos, possivelmente na quinta e sexta-feira.

A decisão é consequência da tragédia em Santa Maria (RS), onde 231 pessoas morreram na madrugada de domingo (27)durante incêndio na boate Kiss.

Também pesou na decisão do governador as manifestações da sociedade contra as condições de duas boates em Rio Branco, que funcionam sob torre de energia de alta tensão e em posto de gasolina, ambas sem saídas de emergência.

Para que as boates continuem funcionando, os proprietários terão que se adequar às exigências estabelecidas na Lei Estadual 1.137, que dispõe sobre a segurança contra incêndio e pânico.

Resta aguardar que os municípios do interior também entrem no crivo das autoridades responsáveis pela segurança dos cidadãos. Como avisou outro blogueiro, o Maxsuel Maia, estamos cheios de barris de pólvora.

“Tenho o curso da vida”

Marcinho Miranda critica antecessor e diz que Tião Viana tem sido amigo de Xapuri

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Na semana passada, antes de viajar a Brasília, onde participa, a partir de hoje, do Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas - Municípios fortes, Brasil sustentável, o prefeito de Xapuri, Marcinho Miranda, foi entrevistado pelo jornalista Antonio Stélio para o jornal A Tribuna.

Na conversa, o tucano criticou enfaticamente o ex-prefeito Bira Vasconcelos (PT) de quem diz ter recebido a prefeitura sucateada, e foi político ao fazer elogios ao governador Tião Viana, que, segundo ele, tem se colocado como “muito amigo do povo de Xapuri”.

Sobre sua diferença de escolaridade com o seu antecessor, disse que não tem curso superior, mas que tem o curso da vida. “Me eduquei trabalhando. E trabalhando no setor privado, que é um pouco diferente do setor público. O setor privado é uma escola de vida e nos dar o diploma para a gente sair no mundo e saber onde está pisando, e gerenciar as coisas com mais cautela”.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

PREFEITURA – Recebemos a prefeitura numa situação meio complicada. A prefeitura de Xapuri com seis inadimplências. Com uma patrulha de máquinas e carros da prefeitura, praticamente 80%, todos danificados. Na frota da prefeitura, até os estepes, macacos, chaves de roda, não têm. Eles sumiram. Perderam-se todos. Enfim, a estrutura da prefeitura, de uma forma muito complicada. Bem danificada. Tudo isto sem nenhuma explicação, parecia até que não tinha gestor público na cidade.

INADIMPLÊNCIA
– A administração pública em Xapuri foi uma calamidade. A prefeitura está inadimplente. Com seis itens de inadimplências. Estamos correndo atrás com contador, advogados, para a gente poder tirar a prefeitura da inadimplência, e isso o mais rápido possível, porque já perdemos muitos recursos agora na virada de 2012 para 2013. Perdemos vários recursos de emendas, convênio federal. Se a gente não tirar o mais rápido possível, algumas emendas e convênios que estão prestes a sair agora, nós vamos perder também.

SITUAÇÃO – Nossa situação é precária. É uma situação difícil. Xapuri não tem renda. Vive praticamente de FPM e FPE. A gente está numa situação muito difícil porque, se você não tem renda, não tem como pagar e nem como custear as despesas. Mas estamos trabalhando muito para que a gente consiga ampliar a nossa receita, e vamos verificar como estar sendo conduzida a nossa receita tributária, para a gente fazer algumas modificações, juntamente com a Câmara de Vereadores, com o nosso procurador jurídico e nosso contador, para que a gente possa ampliar a nossa receita. Antes, porém temos que ver as dívidas que existem com o INSS, FGTS. Dívidas com o servidor e com o fornecedor, não recebi nenhuma. Menos mal. Em relação a Folha de pagamento e a receita, praticamente, é elas por elas. Quando tira a folha de pagamento, o que sobra é muito pouco. Dá para os encargos e não sobra quase nada.

INVESTIMENTOS
- Estamos tentando fazer legalização fundiária do município, e através disso ai, a gente vai conseguir cobrar da comunidade em torno de mais ou menos quase duas mil casas, que vão começar a pagar IPTU. Então ai já é uma forma de aumentar a arrecadação. Mais isso é de médio prazo. A gente não consegue fazer isso com muita rapidez. Enquanto isso, estamos trabalhando de pés e mãos atadas.

PARCERIA - O governador Tião Viana tem se colocado como muito amigo do povo de Xapuri, e tem colocado para prefeitura que vai trabalhar com parceira conosco. E a gente já tem tido algumas parcerias com ele, que tem cumprido a sua palavra. A prova disso são essas máquinas ai que são do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e também em parceira com o governo do estado, e que as prefeituras estão tendo ai a salvação de receber estas máquinas, e que para a gente é muito importante. O governador tem se colocado bem tranquilo, e acredito que vai manter a parceria com as prefeituras. Comigo já tem algumas parceiras firmadas na educação, na saúde. Estamos ampliando essas parcerias.

DESAFIO - O maior desafio da minha administração, hoje, é a saúde pública. Segundo, são os ramais. Xapuri possui 100% dos seus ramais danificados. Nós temos a obrigação imediata de recuperar esses ramais, para que a comunidade, principalmente a comunidade produtiva, seja contemplada, porque é difícil você ter, vamos dizer, produção na cidade, alimento na cidade, sem que o homem do campo chegue até a cidade, com a sua produção.

GOVERNABILIDADE
- A minha base é boa. A minha relação com os vereadores é boa. Espero que em prol da comunidade eu não tenha problema com os vereadores. Temos a maioria. Hoje, eu fiz quatro vereadores. O PT fez quatro, eu fiz quatro e tem o vereador do meio, que é do PSB, mais que também tem se colocado à nossa disposição, e temos trabalhado muito, para que a gente consiga fazer um bom trabalho, e ele tem me mostrado isso. A vontade dele é que Xapuri tenha um desenvolvimento independente de partido e, graça a Deus, nós conseguimos fazer uma boa composição na mesa diretora da Câmara Municipal. A nossa região parece que é a única prefeitura que conseguiu isso. O único prefeito que conseguiu fazer a maioria na Câmara de Vereadores foi o de Xapuri. Então, graças a Deus, a gente está tendo um bom entendimento. Um relacionamento com todos os vereadores. Inclusive, com os vereadores do PT, também.

EDUCAÇÃO - A educação no município, graças a Deus, ela não está muito mal, não. Ela está razoavelmente bem. Inclusive, melhorou muito no Ideb. E nós temos a responsabilidade de reconhecer isso e melhorar cada vez mais, que ainda não é o ideal. E vamos trabalhar para melhorarmos ainda mais a educação no município. Mas, não posso dizer que a educação foi mal, não. Eu acho que é razoável, e que a gente tem que melhorar. O nosso papel é melhorar. Mas foi bom o desempenho da gestão anterior neste quesito, que é muito importante para a comunidade.

TRANSPARÊNCIA
- E com relação à transparência das ações da prefeitura, também temos preocupação neste sentido. Em relação à divulgação dessas ações, a transparência dos pagamentos financeiros. Vai existir um portal de transparência. Primeiramente, é com o Tribunal de Contas. Hoje tudo tem que ser transparente e muito rápida às prestações de contas. Em relação à comunidade, nós vamos está divulgando o nosso trabalho junto aos moradores, através de um portal que a comunidade vai ter acesso, e através de murais também, para que as pessoas mais simples consigam ter acesso às contas da prefeitura de uma maneira simplificada, para que ela entenda os gastos, entenda as receitas, e o que sobrou, o que tem em caixa,  aonde foi gasto e porque foi gasto. A comunidade precisa dessa transparência, porque afinal de contas é dinheiro público, é dinheiro do povo, e ele precisa saber pra onde e como é que está sendo empregado.

PARLAMENTARES
- Olha, a minha perspectiva é boa. Eu acho que os nossos deputados e os nossos senadores, eles estão ai envolvidos no processo, independente de partidos e de qualquer que seja a prefeitura. Eles têm se colocado à nossa disposição. E eu sei que são muitas prefeituras. Eu acredito que os novos deputados vão estar à disposição de colocar recursos, não só para mim, mas para todas as prefeituras do Acre, para que a gente consiga ter um bom desenvolvimento. Agora tem uma coisa, eles estão preocupados com a situação das inadimplências. Eles têm colocado a preocupação, porque hoje a gente não está conseguindo ficar inteiramente legal, e assim, eles não podem colocar recursos na prefeitura por causa dela ser inadimplente. Os prefeitos têm que chamar o responsável pelas inadimplências. Resolvendo isso, todos eles têm sim o interesse e a vontade de desenvolver a região.

CHOQUE DE GESTÃO
- Eu quero pedir que, nesse momento de transição, que a população tenha paciência. Estamos trabalhando. Já estão vendo o nosso trabalho na recuperação das ruas. A Operação Tapa-Buraco que nós estamos fazendo. E com a festa do dia 20 de janeiro, tentamos melhorar a cidade, com limpeza pública. Estamos com uma equipe grande correndo atrás de fazer limpeza pública, para que possamos fazer com que a comunidade, daqui a 90 dias veja a diferença, aonde foi feita a diferença, e como essa diferença apareceu. De uma forma simples e barata, mais que chega até a casa do morador, com a limpeza pública. Que chegue até os postos de saúde e nas escolas de seus filhos. Eu acho que Xapuri precisa de um choque de gestão, temos que sermos diferentes, pra mostrar pra comunidade que somos diferentes. E que vamos administrar com pouco dinheiro, para  o povo e de uma forma barata, mas bem eficiente.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Heresias

Espantosa a quantidade de baboseiras que um punhado de fanáticos derramam nas redes sociais por conta de qualquer fato que se entenda por esses desvairados como desígnio divino.

A tragédia de Santa Maria (RS), em que pese o sentimento de luto e comoção que tomou conta do país, se tornou mote para uma saraivada de idiotices e asneiras veiculadas pelo Facebook.

Houve quem dissesse que o incêndio foi castigo divino contra quem estaria desfrutando dos prazeres mundanos, ou seja, bebendo, fumando e se drogando.

Afirmou-se também que se estivessem numa igreja ao invés de uma boate, os jovens mortos estariam no céu, o que sugere claramente que estejam no inferno. 

Até mesmo o cancelamento do carnaval popular em Xapuri, motivado por razões bem humanas, foi considerado por alguns “ungidos” como obra da vontade divina.

Ora, durma-se com um barulho desses.

É hora de ajudar e de pensar

Em meio a tantas baboseiras que fanáticos religiosos e idiotas afins semeiam no Facebook sobre a tragédia que enlutou o Brasil, é possível encontrar também comentários lúcidos e reflexivos como o da internauta Arathana Monteiro:

“Pra ti, o que significa o número 245? Eu vou dizer o que significa pra mim.

São 245 sonhos a menos. 245 realizações a menos. 245 lutadores a menos. 245 sorrisos a menos.

Duzentos e quarenta e cinco. Um número que muita gente reclama quando se trata de dinheiro, mas e quando se trata de pessoas? De vidas? De gente que saiu pra se divertir e acabou nem voltando pra casa? De famílias desesperadas e desoladas que não sabem mais o que fazer senão chorar, rezar e pedir a ajuda de qualquer pessoa que apareça na frente.

São pais que criam os filhos pra ter uma vida digna, uma vida repleta de alegria, e longa. E agora, já nem mais podem vê-los. Não são mais 245. É um país inteiro, um mundo inteiro em choque, em dor, em desespero.

E agora eu te pergunto: Tu já sorriu hoje? Tu já agradeceu hoje?

Quem nunca foi pra uma balada e deixou os pais preocupados? Quem nunca chegou em casa depois das 3 da manhã e a tua mãe ainda ‘tava’ acordada esperando tu chegar?

Agradeça por poder chegar e ver o sorriso dela e dizer: 'Graças a Deus, agora vamos dormir'.

Não é hora de julgar, de xingar ou de dar lição de moral. É hora de ajudar e de pensar. Tu ganhou uma vida, agradeça. Agradeça e respeite. Tu não queria estar no lugar deles, e acredite, eles menos ainda”.

A maior tragédia de nossas vidas

Por Fabrício Carpinejar, via Blog do Altino.

Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.

A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30h, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos e quarenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

As palavras perderam o sentido.

Fabrício Carpinejar escreve no Zero Hora.

Roupa suja!

*JOSÉ CLÁUDIO MOTA PORFIRO

A memória esguia busca refúgio numa frase judaica antiga segundo a qual um homem corrupto é um indivíduo fraco que perdeu as qualidades do homem equilibrado e justo.

Em qual das órbitas haveremos de estar ou permanecer, então? Essas galáxias tantas já não suportam o peso da alma brasileira arrogante e metida a burguesa. Estamos, certamente, buscando heróis que marcam gols de placa, como o Romário, nas páginas amarelas de certa revista. Mas por que palavras tão bem colocadas não saíram de um monge de nome Pedro Simon? Porque não teriam eco. Nenhuma reverberação haveria em meio à grande mídia, posto que ele é apenas um intelectual que se posta acima da altivez das palavras sempre pomposas e muito bem colocadas em frases de estilo elaborado.

Colocações tão contundentes não poderiam sair da têmpera de um ex-jogador de futebol sem berço e sem letra. Mas o Romário vai muito além com o dedo apontado em riste para as nossas coisas e para as cabeças de líderes espertalhões, notadamente, políticos com vínculos com o Estado do Rio de Janeiro.

Falo-vos de um herói de subúrbio formado nas favelas cariocas, versado em educação física e diplomado num curso de moda da Cidade Maravilhosa.

Nascido numa favela, o pai e a mãe trabalharam de sol a sol para poderem lhe oferecer além de comida. A ele foram dadas instrução, educação e consciência crítica. Não apenas jogou futebol. Frequentou ainda dois anos de um curso superior de educação física. E dois de moda. Sim, moda. É que ele sempre gostou muito de roupa boa, de se vestir bem. Queria entender como as roupas eram feitas. Mas isso é o de menos. O que importa é que esta vontade de conhecimento lhe deu preparo para ser uma pessoa consciente, forjada para a vida.

É conveniente observar a consistência do Romário, hoje Deputado Federal, em um discurso, em Brasília:

O Brasil só deixará de ser um país atrasado quando a educação for plenamente valorizada. O professor é uma das classes que menos ganha e é a mais importante. O Brasil cria gerações de pessoas ignorantes porque não valoriza a educação. As pessoas que comandam o País precisam passar a enxergar isso. A Saúde é importante? Lógico que é. Mas a Educação de um povo é muito mais.

Observemos, então. A ignorância, como consequência da desinformação, é amiga íntima da corrupção.

Por isto, esclareçamos o que aconteceu depois da realização dos Jogos Pan Americanos do Rio de Janeiro. Primeiro, gastaram quase quatro bilhões de reais.

Ademais, o próprio Romário deixa muito claro que teve de se livrar de um imbróglio que lhe traria prejuízos financeiros. Havendo comprado alguns apartamentos na Vila Pan Americana do Rio, como investimento, teve que se desfazer urgentemente dos mesmos porque todo o conjunto de edifícios está erguido por sobre um grande charco. Está afundando.

O velódromo, caríssimo, está abandonado. Assim como o complexo aquático Maria Lenk. É uma vergonha! Todos fingem não enxergar. Mas alguém ganhou muito dinheiro com o Pan Americano do Rio. E a ignorância da população é que deixa os corruptos tranquilos. Eles sabem que ninguém vai cobrar nada das autoridades.

Pior é que a população não sabe da força que tem. Por isso, Romário defende os professores, uma vez que o brasileiro, segundo o ex-jogador, não tem base cultural nem para entender o que acontece ao lado. E muito menos para perceber a força que tem.

Os mandatários não querem a população conscientizada? O Pan do Rio custou quatro vezes mais do que o do México, não deixou legado algum e ninguém abriu a boca para reclamar.

Por tudo isso, já dá para notar o tamanho da farra dos corruptos com a realização da Copa do Mundo. Dos quarenta e dois bilhões previstos, já temos chegado à casa dos 100 bilhões de reais. Pior é que as arenas que estão sendo construídas não terão uso constante e sequer haveria a necessidade de serem construídas. Na verdade, tem muita coisa errada, propositalmente, para favorecer poucas pessoas. Tão somente os construtores se beneficiarão com tantas arenas a serem utilizadas apenas para três jogos da Copa.

E então aparecem os dirigentes mancomunados com os empreiteiros. As promessas são muitas. Eles garantem, mas não há transparência nas contas públicas. Nunca. 

Estão empurrando buchas de tamanho descomunal na boca aberta do povo apalermado. O Engenhão, no Rio, foi construído com recursos públicos   - dos impostos pagos pelo povo, mesmo - e foi entregue ao Botafogo, um time sem arrimo e carregado de espertalhões que lucram com a paixão do torcedor. O mesmo acontecerá com o Itaquerão. Os custos iniciais seriam da ordem de um bilhão. Mas será entregue também a um clube particular, o Corinthians Paulista.

É imoral demais lançar mão dos recursos públicos - do povo, mesmo - para a construção de estádios particulares e não haveria como a população mais consciente aceitar. Mas aceita passivamente.

Por isto, é conveniente afirmar que ao populacho falta compreensão. Não frequentaram boas escolas. Não tiverem professores bem preparados e condignamente remunerados. Poucos, dentre os menos favorecidos, têm consciência dos absurdos cometidos no Brasil para que a Copa se efetive.

Ao triste zé-povinho, desinformado, caberá apenas a obrigação de contribuir para pagar a conta. É por isso que, segundo o Deputado Romário,

nós precisamos virar a cara para esses eventos literalmente sujos e mafiosos. Quem teve a ideia de promover o evento em nosso País, alguém sabe? O Brasil é uma farsa e, como sempre, irá jogar a sujeira toda para debaixo do tapete.

Então, fazendo uma reapreciação sobre a questão dos royalties, convém observar que os membros da república federativa de espertalhões, notadamente os ricos cariocas da Zona Sul, amigos do Cabral, do César e do Cavendish, que se autoproclamam produtores de petróleo, apesar de as jazidas estarem em alto mar, rirão à boca larga porque o seu patrimônio nas Ilhas Virgens, acondicionado e apertado em pequenas gavetas de bancos também ladrões, será aumentado substancialmente, significativamente. Depois da Copa do Mundo, eles não mais serão milionários, mas biliardários, como diria Ibrahim Sued, o porta voz morto das elites cariocas que jamais haverão de se misturar à ralé rude da periferia local ou nacional.

De minha parte, é uma grande lástima ter que ponderar sobre tanta iniquidade, tanta perfídia, tanta sacanagem contra o meu povo desprovido de informação e educação para a vida real, corriqueira, rude, difícil, dura, cheia de tantos vis enganadores e ladrões nada sutis.

__________

*Cronista: www.claudioxapuri.blog.uol.com.br. Diretor de RH/Ufac.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Aula de português

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade in "Poesia Completa", Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2002, pág. 10089.

Na crise, crie!

Carlos Estevão Ferreira Castelo

Realizar um carnaval em Xapuri é a coisa mais simples do mundo. Mas exige criatividade, só criatividade. Sem gastar um centavo dos cofres públicos inclusive. Na CRISE, CRIE. Vejamos algumas ideias:

a) Xapuri possui uma banda de música, com músicos que recebem salário da Prefeitura. Até onde sei, a banda "Dona Júlia", mesmo sucateada pelas administrações passadas, ainda existe. A banda poderia fazer "o carnaval como antigamente". Ranchos, etc.;

b) O Prefeito poderia buscar patrocínio na iniciativa privada do próprio município. Segundo alguns comentadores aí de Xapuri, o crescimento da cidade pode ser comprovado pelas lojas de materiais de construção que foram criadas. Bem, caro Prefeito, busque alguns trocados com esses empresários;

c) Venha em Rio Branco e busque apoio com empresários da capital que nasceram em Xapuri. Faça parcerias. Poucos apoiarão, mas pode consegui algum...Também é possível encontrar apoio com xapurienses ilustres que ocupam funções de destaque na capital. É só contatá-los. Você vai se surpreender, prefeito;

d) Mobilize a população que gosta da festa. Xapuri possui foliões históricos. Faça reuniões com alguns deles e forme blocos, como antigamente. Pode ser que surja alguma proposta interessante;

e) Chame "os de baixo" para ajudar, incentive que façam festas populares nas ruas;

f) Xapuri é reconhecidamente terra de músicos, faça parcerias com eles. Convoque-os para a festa;

É isso, prefeito de Xapuri; não fique no quadrado (fazer carnaval como todos fizeram) saia do quadrado, faça diferente, CRIE.

Carlos Estevão Ferreira Castelo, xapuriense, é professor da UFAC.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Cápsula do tempo

IFAC dá início à reforma e ampliação do Campus de Xapuri

Sérgio Flórido

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre – IFAC – realizou nesta sexta-feira, 25, às 10 horas, a solenidade de lançamento da pedra fundamental da reforma e ampliação do Campus Xapuri, obra na qual serão investidos R$ 5,8 milhões.

Com os serviços que deverão ser concluídos em 450 dias, o prédio que foi doado ao IFAC pelo Município e pelo Estado em dezembro de 2010 ganhará mais salas de aulas, banheiros, auditório para 250 pessoas, biblioteca, espaço criança e estacionamento.

No ato desta sexta-feira, entre apresentações de um coral organizado pela instituição e discursos de convidados, foi enterrada uma “cápsula do tempo” - recipiente contendo mensagens de professores e alunos, fotografias e outros registros, que será aberto em 2120.

O diretor-geral do IFAC, professor Sérgio Guimarães Flórido (foto), que se emocionou bastante durante a apresentação do coral, afirmou que o objetivo do instituto é atender cada vez melhor a uma quantidade cada vez maior de pessoas em Xapuri.

O IFAC tem causado uma revolução na oferta de conhecimento no município de Xapuri, que até 2010 não possuía qualquer alternativa regular de formação para quem concluísse o ensino médio. Hoje, o alunado local está tendo acesso a cursos técnicos, superiores e formações iniciais e continuadas.

Biotecnologia (integrado), Meio Ambiente (subsequente), Agroecologia (subsequente), Química (proeja), Administração (EaD) e Serviços Públicos (EaD) são os cursos técnicos que estão sendo ofertados atualmente.

No nível superior, o IFAC está oferecendo os cursos de Gestão Ambiental (tecnólogo) e Ciências Naturais/Química (licenciatura). A instituição de ensino não para nem mesmo nas férias. Atualmente, O IFAC está oferecendo 11 cursos de verão com mais de 360 vagas oferecidas.

Para pessoas que trabalham com restaurantes, padarias, lanchonetes, pizzarias, ambulantes, cantinas ou locais afins está sendo oferecido o curso de “Boas Práticas Para Manipuladores de Alimentos”, com a professora de Engenharia de Alimentos, Guiomar Almeida S. Diniz.

Para docentes da rede pública municipal e estadual de Xapuri está sendo ministrada a oficina “Como melhorar o IDEB da escola: Uma discussão pertinente para a melhoria da qualidade da Educação” com as professoras Maria Anunciata Fernandes e  Sandra Santos da Costa.

Pessoas que estão cursando o 3º ano do Ensino médio ou os que já concluíram estão aproveitando o curso “Redação para o ENEM” com a Prof.ª Milena da Silva Carvalho.

Para quem tem o ensino fundamental completo estão sendo oferecidos os cursos de “Raciocínio Lógico”, com o Prof. Paulo José S.Pereira, “Operador de Computador”, com Thiane Marques Torquato, e mini curso de Inglês com a Prof.ª Norma Sueli.

Quem sabe ler e escrever pode também participar da oficina “Introdução a Teoria Musical”, com o Prof. Raildo Brito Barbosa. “Leitura e  Conversação em Língua Espanhola” com a Prof.ª Wilianice Soares Maia.

Estão sendo aplicados ainda os cursos de “Princípios Básicos da Nutrição Animal” com o Prof. Liandro Torres Bezerra, “Curso Básico de Libras” com a Prof.ª Cibelle Eurídice A. Souza e  “Brincando com a Física” com o Prof. Pedro Henrique da Conceição Silva.

Com a reforma e a ampliação do Campus Avançado de Xapuri, a expectativa é de que a oferta de cursos aumente significativamente nos próximos anos. Da mesma maneira que a cápsula do tempo enterrada na solenidade de hoje, o IFAC está plantando conhecimento e transportando qualificação para o futuro.

Xapuri não terá Carnaval Popular

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O prefeito Marcinho Miranda acaba de informar ao blog Xapuri Agora que, a exemplo de outros municípios acreanos, também não realizará o chamado Carnaval Popular este ano. A decisão veio depois de uma reunião com os assessores mais próximos, onde se concluiu que a atual situação da prefeitura somada a outros fatores torna inviável o investimento na festa momesca.

Um das razões que contribuíram para o cancelamento do Carnaval em Xapuri foi o ofício circular encaminhado pela chefe do gabinete civil do governador Tião Viana, Márcia Regina, aos comandos da Polícia Militar em todo o estado informando que nenhum gasto será feito em reforço de segurança nos municípios do interior que decidirem por realizar carnaval em praça pública.

Caso a prefeitura resolvesse promover o Carnaval, a Polícia Militar de Xapuri teria que fazer a segurança do evento e do restante da cidade contando apenas com o seu efetivo, que hoje não é muito superior a 50 policiais. Diante da situação, o 1º Tenente Sílvio Araújo da Silva, comandante da PM em Xapuri, informou ao prefeito que não tem como garantir uma estrutura de segurança adequada para o Carnaval.

Marcinho Miranda afirmou que além de levar em conta a questão relacionada à segurança, resolveu abrir mão da realização do Carnaval para garantir o pagamento da folha dos funcionários e de fornecedores. Segundo ele, a prefeitura não tem como gastar sequer R$ 50 mil sem colocar em risco as suas já combalidas finanças.

O prefeito afirma que a queda de receita tem sido a grande preocupação da sua administração, que recebeu um município financeiramente quebrado e cheio de problemas para equacionar. “Não vou ser irresponsável de priorizar o Carnaval, que mesmo sendo uma festa importante, não está acima das muitas necessidades e dificuldades que Xapuri enfrenta”, disse.

Diante de um desfecho que não era esperado pelos foliões, resta aos promotores de festas noturnas de Xapuri assumir a responsabilidade pelo Carnaval 2013. Basta dar uma arrumadinha nos salões, caprichar na ornamentação e inserir as marchinhas e os axés no repertório das boas bandas locais. Carnaval, quem faz é o povo.

Boatos

pitbull

Essa história de que o famigerado Pitbull foi morto na Penal é puro boato. Pelo menos não há qualquer confirmação, até o momento, de que isso seja verdade. O jornalista Altino Machado consultou o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, que checou a informação junto à coordenação do presídio e a negou em seguida.

Em Xapuri, cidade envolvida por sentimentos de revolta e desejo de vingança, comenta-se em tudo o quanto é esquina que o Freddy Krueger xapuriense foi espancado, sodomizado com um cabo de vassoura, castrado e degolado por detentos. Talvez os boatos sejam a manifestação daquilo o que deseja parte da população com relação ao assassino.

Jaisson Moreira de Moura, 27, o Pitbull, estuprou e matou a garota Maiquele Nonato de Oliveira, de 4 anos, no último sábado (19), em um barraco localizado no conjunto Armando Nogueira, bairro Constantino Melo Sarkis. Preso em flagrante, ele chegou ao presídio Dr. Francisco de Oliveira Conde na última segunda-feira (21).

Enquanto estava na delegacia de Xapuri, fazia barulho, batia palmas e cantava: “Essa cara sou eu”, o último megassucesso do rei Roberto Carlos. Não merece que dispensemos tempo lhe desejando coisas ruins. Não é digno de qualquer sentimento que demande energia humana, mas apenas do esquecimento e do menosprezo. O resto é como O lá de cima.

Comandante Batista

Comandante Batista

Senador Jorge Viana, via Facebook.

Esta foto nós tiramos em Xapuri, no último dia 20 de Janeiro, na procissão de São Sebastião. Nela, eu estou ao lado do Batista, sua mulher e as duas filhas do casal. Não sei vocês sabem, mas muita gente que voa de Rio Branco para Brasília ou de Brasília para Rio Branco pela TAM, provavelmente estará em um avião levado pelo comandante Batista. Ele faz a opção sempre de voar para o Acre.

Ele é acreano de Xapuri, apaixonado pela aviação e um dos mais competentes comandantes de avião do Brasil que eu conheço. Já voou para a China e muitos outros países. Batista é apaixonado pelo Acre e pela aviação. Mas o mais bonito é a sua determinação em vencer na vida. Ele saiu do seringal, determinado a estudar para ser piloto de avião. Fez de tudo que uma criança pobre tem que fazer para viver, sobreviver e vencer numa cidade. Pra juntar o dinheiro de pagar o curso para ser piloto, passou por todo tipo de privação, inclusive fome. Mas, a maior batalha que ele enfrentou foi o preconceito de alguns que diziam sempre pra ele que alguém que saiu do seringal de Xapuri, vivia de favores nas cidades aonde viveu e tentava sobreviver em Brasília, juntando algum dinheiro pra pagar o curso de piloto, não ia ser piloto nunca.

Em Brasília, quando era garçom, alguns achavam que ele estava pirando quando falava que trabalhava pra juntar algum dinheiro, mas que o que queria ser na vida era comandante de avião, e dos grandes. Tenho a maior admiração pelo Batista e tenho orgulho de ter amizade com ele que é um dos maiores exemplos de ser humano que eu conheço.

Batista, que bom que a gente pôde rezar por Xapuri, pelo Acre, pelo Brasil e pelo mundo nesse dia de são Sebastião. Que Deus continue cuidando da tua família e da tua vida, e que você continue nos ajudando a voar com segurança!

Sede ao pote

De acordo com levantamento feito pelo portal G1 junto às câmaras municipais do Brasil, os salários dos vereadores do país aumentaram, da legislatura passada para a atual, em até 96,6%, como foi o caso de Rio Branco, a capital do Acre, onde o subsídio pago ao Legislativo passou de R$ 6.129,00 para R$ 12.050,56.

Juraci Nogueira (PP), presidente da Câmara Municipal de Rio Branco na época da votação do reajuste e atualmente vereador reeleito, disse que "só houve uma atualização do valor porque a Casa ficou 12 anos sem aumento". "A lei também diz que, em uma cidade de mais de 300 mil habitantes, o vereador deve ganhar 60% do que ganha um deputado estadual", afirmou.

O atual presidente da Câmara de Rio Branco, Roger Correa (PSB), disse que o valor é constitucional. "Tivemos o cuidado de contrabalancear com alguns cortes", diz Correa, sobre a redução de 30% da verba indenizatória e de 70% da verba de gabinete.

Entre todas as capitais, a maior remuneração para vereadores é paga em Natal (RN), onde o valor passou de R$ 15.019, no ano passado, para R$ 17 mil em 2013. Os menores salários são dos vereadores de Vitória (ES) e Porto Velho (RO), que recebem R$ 7.430,40 e não tiveram reajuste no último ano.

Em Xapuri, o subsídio dos vereadores teve aumento de 50%, passando de R$ 3.000,00 para R$ 4.500,00. No entanto, atualmente, por conta da baixa arrecadação do município, a Câmara não consegue pagar esses valores aos parlamentares da atual legislatura. Eles receberão em janeiro deste ano o mesmo valor que lhes coube em dezembro passado: R$ 3.000,00.

Um dado que chama a atenção na “Princesa do Acre” é quanto ao salário do prefeito. Nos últimos 8 anos, o subsídio do chefe do Executivo aumentou mais de 162%, passando de R$ 4.000,00 em 2005 para R$ 10.500, 00 em 2013. Fazendo uma inevitável comparação com o avanço dos salários do funcionalismo público, os servidores não conseguiram chegar a 20% de reajuste em seus vencimentos nos mesmo período.

Ainda para efeito de comparação, o salário do prefeito do Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes (PMDB), é de R$ 13. 964,94 - apenas R$ 3.464, 94 a mais que o prefeito de Xapuri. O prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), tem o salário de R$ 16.437, 40. Os salários dos prefeitos é fixado pelas Câmaras Municipais de cada município.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Mito atualizado

roma

Rômulo e Remo são, segundo a mitologia romana, dois irmãos gêmeos, um dos quais, Rômulo, foi o fundador da cidade de Roma e seu primeiro rei.

Segundo a lenda, um animal, a loba capitolina, teria amamentado os gêmeos.

Verdade ou não o mito foi atualizado e hoje a loba atende pelo nome de prefeitura.

Aqui.

PSDB divulga nota contra o governo Dilma

Do UOL Notícias.

Após o pronunciamento em cadeia nacional da presidente Dilma Rousseff na noite de quarta-feira, o PSDB, principal partido de oposição ao governo, emitiu nota oficial nesta quinta (24) criticando o PT e a postura da presidente. "O governo do PT acaba de ultrapassar um limite perigoso para a sobrevivência da jovem democracia brasileira", diz a nota, assinada pelo presidente tucano, deputado Sérgio Guerra.

A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem a antecipação do desconto na conta de luz e descartou ainda qualquer necessidade de racionamento de energia "no curto, no médio ou no longo prazo". Ela criticou fortemente a oposição e a imprensa.

"Surpreende que algumas pessoas, por precipitação, desinformação ou outro motivo, tenham feito previsões sem fundamento quando os níveis dos reservatórios baixaram e as térmicas foram normalmente acionadas. Como era de se esperar, essas previsões fracassaram. O Brasil não deixou de produzir um único quilowatt que precisava. E agora, com a volta das chuvas, as térmicas voltarão a ser menos exigidas."

Dilma endereçou, em seu pronunciamento, os que, segundo ela, "são sempre do contra". "Nesse novo Brasil, aqueles que são sempre do contra estão ficando para trás. Pois nosso país avança sem retrocesso em meio a um mundo cheio de dificuldades. Hoje, podemos ver como erraram feio no passado os que não acreditavam que era possível crescer e distribuir renda, que pensavam ser impossível que dezenas de milhões de pessoas saíssem da miséria e não acreditavam que o Brasil virasse um país de classe média".

"Durante os oito minutos de divulgação obrigatória por parte das emissoras de rádio e TV brasileiras, a presidente Dilma faltou com a verdade, fez ataques a seus adversários, criticou a imprensa e desqualificou os brasileiros que ousam discordar de seu governo", rebate o PSDB.

Leia abaixo a íntegra da nota do PSDB:

"O governo do PT acaba de ultrapassar um limite perigoso para a sobrevivência da jovem democracia brasileira.

Na noite desta quarta-feira, o país assistiu à mais agressiva utilização do poder público em favor de uma candidatura e de um partido político: o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, em rede nacional de rádio e TV, sob o pretexto de anunciar, mais uma vez, a redução do valor das contas de luz, já prometida em rede nacional há quatro meses e alardeada em milionária campanha televisiva paga pelos contribuintes.

O caráter político-partidário do pronunciamento oficial da presidente pode ser constatado inclusive pela substituição do brasão da República pela marca publicitária do atual governo na vinheta de abertura da "peça publicitária" veiculada em cadeia nacional.

Durante os oito minutos de divulgação obrigatória por parte das emissoras de rádio e TV brasileiras, a presidente Dilma faltou com a verdade, fez ataques a seus adversários, criticou a imprensa e desqualificou os brasileiros que ousam discordar de seu governo.

O conceito de República foi abandonado. A chefe da Nação, que deveria ser a primeira a reconhecer-se como presidente de todos os brasileiros, agora os divide em dois grupos: o "nós" e o "eles". O dos vencedores e o dos derrotados. Os do contra e os a favor. É como se estivesse fazendo um discurso numa reunião interna do PT, em meio ao agitar das bandeiras e ao som da charanga do partido.

O PSDB denuncia o uso indevido feito de um instrumento reservado ao interesse público para promoção pessoal e política da presidente, e alerta os brasileiros para a gravidade desse ato que fere frontalmente os fundamentos do Estado democrático.

No governo do PT, tudo é propaganda, tudo é partidarizado. Nada aponta para o equacionamento verdadeiro dos problemas do país ou para uma solução efetiva.

Em vez de assumir suas responsabilidades de gestora, fazendo o governo produzir, o que se vê é o lançamento prematuro de uma campanha à reeleição, às custas do uso da máquina federal e das prerrogativas do cargo presidencial.

Deputado Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB"

Retroescavadeiras

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Foto: Albino Oliveira/MDA

Prefeitos de 13 municípios do Acre, entre eles o de Xapuri, receberam nesta quarta-feira (23) as chaves das retroescavadeiras doadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Com a entrega dos equipamentos concretizada, os municípios poderão investir na abertura e reestruturação das vias existentes entre as cidades e as áreas rurais, que ficam comprometidas na época da chuva. As máquinas foram adquiridas com os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2). O investimento total foi de aproximadamente R$ 2,5 milhões.

“Com as retroescavadeiras, os municípios poderão liberar as estradas para ter trânsito o ano todo, o que potencializará a comercialização dos produtos cultivados pelos agricultores familiares, sem atravessadores no meio, e aumentará a renda do campo”, avalia a delegada federal interina do MDA no Acre, Fátima Duck, que conduzia a solenidade de entrega das máquinas na capital do estado, Rio Branco.

Os municípios que receberam a retroescavadeira na tarde desta quarta-feira são os de Acrelândia, Bujari, Epitaciolândia, Feijó, Jordão, Manoel Urbano, Plácido de Castro, Porto Acre, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira, Senador Guiomard, Tarauacá e Xapuri.

Em junho de 2012, outros sete municípios do estado também receberam retroescavadeiras para fomentar a agricultura familiar local. Com a doação desta quarta-feira (23), o MDA universalizou a entrega das máquinas para os municípios do Acre com até 50 mil habitantes.

Foto histórica

Mensagem enviada por Jorgewan Hadad

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Olá Raimari, tudo bem?

Estive em Xapuri entre os dias 16 e 21 de Janeiro, mas infelizmente não tive a oportunidade de encontrá-lo dessa vez.

Tirando os acontecimentos trágicos que envolveram a criança de 4 anos e o casal de trabalhadores, os dias na terrinha natal foram ótimos. Apesar também do abandono de alguns setores como limpeza, saneamento, ruas, barrancos (resultados da ultima alagação) e iluminação, estar em Xapuri entre família e amigos é sempre muito bom.

Fiquei impressionado com a quantidade de gente na procissão, que parece aumentar a cada ano. Engraçado que pela quantidade de gente nas festas de sexta e sábado e de marreteiros, eu imaginei que a procissão fosse ter bem menos gente, mas parece que a grande maioria só vai a Xapuri no dia 20 mesmo. Que bom que pelo menos a devoção tem aumentado.

Vou te enviar algumas fotos que tirei durante o evento em comemoração aos 40 anos da Banda Dona Júlia Gonçalves Passarinho e outras, onde alguns ex-prefeitos foram homenageados, inclusive meu pai Jorge Hadad, que também discursou, juntamente com o Ivonaldo Portela.

Grande abraço, parabéns pelo blog e fica com Deus!

Jorgewan Hadad é filho do ex-prefeito Jorge Akel Hadad, o Jorgito, o primeiro na imagem, da esquerda para a direita, junto a Ivonaldo Portela, Juarez Maciel, Júlio Barbosa e Bira Vasconcelos. Com a exceção do ex-prefeito Vanderley Viana, aí estão todos os ex-prefeitos vivos de Xapuri desde a década de 1970. A foto é histórica.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Dor e culpa: “Acabou-se a minha vida”

Usuário de drogas, pai da garota Maiquele, 4 anos, estuprada e assassinada em Xapuri, diz que em memória da filha abandonará o vício para se dedicar à família.

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O trabalhador braçal Antônio Nonato de Oliveira, 37 anos, é uma das muitas vítimas da mazela social chamada tráfico de drogas. Sua aparência esquálida e sofrida é característica daqueles que por anos a fio se entregam à escravidão do vício, deixando exposto aos perigos da sociedade embrutecida em que vivemos o seu bem mais valioso: a família.

Antônio Nonato já não sabe dizer há quanto tempo faz uso de substâncias entorpecentes, mas se recorda bem de quando foi a última vez que fez isso. Foi há cinco dias, um pouco antes de sua filha de apenas 4 anos de idade ser brutalmente estuprada e assassinada por um conhecido de infância, o maníaco sexual Jaisson Moreira de Moura, o Pitbull. 

Em uma conversa em “off” no estúdio principal da Rádio Educadora 6 de Agosto, na manhã desta quarta-feira (23), o pai de Maiquele contou um pouco de seu drama, da luta contra as drogas e o do sentimento de perda e culpa depois da tragédia que, segundo ele, poderia ter sido evitada. Antônio tem mais 4 filhos, com idades que vão desde 11 meses a 14 anos.

Morador de uma das regiões mais pobres de Xapuri, o conjunto Armando Nogueira, e sem qualquer escolaridade, Antônio tira o sustento da família do trabalho em uma pequena colônia, localizada às margens do Rio Acre, e de serviços de diarista que presta em propriedades rurais do município como, por exemplo, “bater veneno” em pastagens de gado.

Com os olhos marejados, ele diz que sempre teve vontade de não mais usar drogas para poder oferecer mais conforto e proteção à sua família. Afirma que tentou por diversas vezes, por conta própria, abandonar o vício, mas suas condições de vida e o apelo dos entorpecentes sempre foram mais fortes, o empurrando de volta para aquele mundo.    

Mesmo negando que sua relação com o assassino de sua filha tenha se dado em razão do uso de drogas, Antônio Nonato reconhece que jamais poderia ter permitido que Pitbull tivesse tanta proximidade com sua família. Ele afirma que era conhecedor do histórico do criminoso, que inclusive já tinha assediado a filha mais velha do casal, que tem 14 anos de idade.

Perguntado pelas razões de não ter denunciado Pitbull à polícia no episódio do assédio, ele cala, respira fundo e balança a cabeça negativamente, num gesto que demonstra desorientação e falta de senso de realidade. Com 4 filhas dentro de casa, o casal Antônio e Marinalva tolerava a presença de um monstro de índole conhecida e lhe punham a mesa.

Numa postura diferente, motivada pela morte da filha, Antônio alerta que no seu bairro reside outro indivíduo que tem atração por crianças. O homem, que atende, segundo ele, pela alcunha de “Jack”, já teria desaparecido com uma menina de 11 anos tendo sido encontrado antes que tivesse tempo de cometer alguma violência contra a garota.

Uma rápida reflexão sobre o comportamento de Antônio, um homem dominado pelo vício, leva-me a crer que sua relação próxima com pessoas envolvidas em diversos tipos de malfeitorias o submetia a uma condição de medo e submissão. Sabia que o perigo espreitava a sua casa, mas se sentia acovardado ou então imune aos riscos por fazer parte daquele grupo de pessoas perigosas.

Antônio Nonato disse que sua vida está destruída e garantiu que agora abandonará as drogas em memória de sua filha. “Acabou-se a minha vida. Minha filha era uma menina alegre, cheia de vida, que corria para me receber quando eu chegava em casa de moto-táxi. Nunca mais usarei drogas em homenagem a ela e vou me dedicar mais aos outros filhos”, prometeu.

É claro que não existe qualquer garantia de que o homem abandone as drogas e ofereça mais atenção à sua família apenas porque foi impactado por essa tragédia terrível, mas provavelmente sua vida não será mais a mesma. Carregará para sempre em seus ombros o peso da culpa e no coração a dor irremediável da perda.

E certamente ninguém em Xapuri será mais o mesmo depois dessa barbárie; e talvez nem mesmo a cidade, não habituada com tanta selvageria, seja mais a mesma depois do martírio vivido pela pequena Maiquele, um anjo de apenas 4 anos, que tinha como maior diversão brincar na rua com seus amigos. Pode até parecer clichê, mas sua morte não foi em vão.

Comentário do professor Beneilton Damasceno, jornalista dos bons, como poucos no Acre:

Amigo Raimari!

Primoroso texto, dotado de um conteúdo social isento, diferente da prática execrável do sensacionalismo hodierno que exalta o "mundo cão", preocupando-se apenas com o aqui-e-agora, e dane-se o ontem... Seu ponto de vista analisa o "day after" de uma família despedaçada pelos malefícios da droga - a mesma que arruinou para sempre a vida do assassino, que também tem família. Parabéns, e que seus comentários sirvam de paradigma a tantos quantos se perdem nesse mundo tenebroso do vício e, ainda, a muitos profissionais da imprensa, nossos colegas de ofício, infelizmente influenciados pelo dever de divulgar - às vezes com indisfarçável sadismo - o que a sociedade tem de mais condenável.

Marina anuncia criação de novo partido

A ex-ministra do Meio Ambiente e ex-candidata à presidência da República fala durante encontro em São Paulo para discutir formação de novo partido político

Marina Silva fala durante encontro para discutir formação de novo partido político

Natália Peixoto, Uol São Paulo.

De olho na disputa presidencial de 2014, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva reuniu-se na noite desta terça-feira com apoiadores em São Paulo para discutir a criação de um novo partido político.

O encontro reuniu cerca de 350 pessoas, segundo estimativa dos organizadores, em um auditório na zona oeste da cidade. Ao chegar ao local, a ex-ministra, que foi candidata ao Planalto em 2010 pelo PV e recebeu quase 20 milhões de votos, foi recebida aos gritos de "Marina presidente".

Leia também: Apoiadores de Marina fazem 'plebiscito' por nome de partido.

O evento foi organizado pelo Movimento por uma Nova Política, que surgiu em 2011, quando Marina deixou o PV após desentendimentos.

A ex-ministra falou ao público ao lado de apoiadores como o empresário Guilherme Leal, que foi vice em sua chapa em 2010, o vereador Ricardo Young (PPS), João Paulo Capobianco e o deputado Walter Feldman (PSDB).

O nome e o programa do partido ainda não foram definidos e serão discutidos em reunião marcada para o dia 16 de fevereiro, em Brasília. Para que a nova sigla participe da disputa em 2014, será preciso reunir 500 mil assinaturas até outubro.

Durante o encontro, Marina descartou fazer concessões para receber em sua nova sigla lideranças partidárias que não se alinhem com o ideário do movimento que a apoia. "Não se está fazendo adaptação de discurso para integrar pessoas de qualquer forma", afirmou.

Questionada especificamente sobre o tucano José Serra, que avalia deixar o PSDB, Marina disse que dificilmente ele se enquadraria no perfil do novo partido.

"Essas lideranças têm tido muita dificuldade de entender a questão do desenvolvimento sustentável, e não é pelo que se diz, é pelo que se faz. A postura dessas lideranças em relação ao Código Florestal e outros retrocessos que estão acontecendo hoje. Dificilmente acho que teriam identidade programática", disse Marina.

Feldman, que disse ter avisado o PSDB sobre seu apoio à nova sigla de Marina, afirmou que o processo de criação do partido será diferente da de outras siglas, pois a busca será por apoiadores dos ideais. "500 mil assinaturas são fundamentais, mas se forem 500 mil numéricos [sem apoio ideológico], não vale à pena", disse.

O vereador Ricardo Young, que em 2010 estava no PV ao lado de Marina, disse não estar preocupado com o calendário eleitoral, mas pediu aos apoiadores que "arregacem as mangas para levantar a legenda".

Imagem: Zé Carlos Barretta/Folhapress.

Leis brandas

Senador Jorge Viana diz que relatará no Congresso Nacional o caso da garota Maiquele Nonato, estuprada e morta em Xapuri aos 4 anos de idade.

O crime absurdo cometido contra a garota Maiquele Nonato de Oliveira, de apenas 4 anos, nos leva de encontro às atrasadas e benevolentes leis penais brasileiras, que com o princípio de recuperar indivíduos irrecuperáveis findam por contribuir para que pessoas inocentes sejam barbarizadas por criminosos que deveriam estar atrás das grades.

O senador Jorge Viana (PT), que esteve no velório de Maiquele, depois de participar da procissão de São Sebastião, em Xapuri, no último domingo, afirmou que neste ano o Senado, através de uma comissão da qual faz parte, vai discutir o novo Código Penal.

“Sinceramente, eu não sei para onde vai uma sociedade embrutecida como a nossa! Vou relatar esse caso na tribuna do Senado no próximo mês, quando os trabalhos recomeçarem. Vou debater isso no Novo Código Penal. E espero que o Brasil possa modificar a sua lei penal e encontrar um jeito de tratar com toda a dureza possível pessoas que ameaçam a sociedade e que cometem atos como esse”.

Resta aguardar que a manifestação do senador ganhe eco no Congresso Nacional para que algo de novo aconteça. A justiça brasileira não pode permanecer refém de um código penal atrasado, que não cumpre com sua principal missão: proteger a vida dos cidadãos.

Mas também é importante lembrar que o problema não está apenas no Código Penal, mas também na Lei de Execução Penal, que enche de benefícios quem comete crimes dessa natureza.

Pelo menos 2.416 presos do regime semiaberto que tiveram direito à saída temporária nas últimas festas de Natal e réveillon no país não retornaram às celas no início de 2013 – em datas definidas por cada estado. O número representa 5,1% do total de 47.531 detentos que receberam o benefício da Justiça. No Acre, no fim do ano passado, 213 detentos tiveram o benefício e 11 não voltaram às celas. Em 2011, 187 presidiários foram beneficiados e 5 não voltaram.

O levantamento acima foi realizado pelo portal G1 com base nos dados enviados pelas secretarias responsáveis pelo sistema penitenciário de todos os 26 estados e do Distrito Federal.

Jaisson Moreira de Moura, o famigerado Pitbull, não era detento beneficiado por indulto nenhum, mas já tinha estuprado uma criança em Brasiléia e duas em Xapuri. Já havia ficado preso durante três anos. Se a lei fosse mais dura com bandidos dessa natureza, certamente a pequena Maiquele ainda estaria brincando com os colegas de sua rua.

Imagem: Veja.com.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Os intestinos da imprensa do Acre

Altino Machado

Monografia de conclusão do curso de ciências sociais com habilitação em sociologia, de autoria do ex-repórter Jozafá Batista, se constitui em documento imprescindível para quem quer se informar além do que é publicado pela imprensa do Acre.

"A imprensa acreana na batalha por hegemonia: estratégias de 1969 a 2006", defendida em dezembro, com nota 10, na Universidade Federal do Acre, é o primeiro estudo sistemático sobre os jornais acreanos em circulação na cidade (O Rio Branco, A Gazeta, A Tribuna e Página 20).

Jozafá Batista anexou no final da monografia observações da banca de examinadores, formada pelos professores Nilson Euclides e Letícia Mamed. A orientadora foi a professora Eurenice Oliveira de Lima.

- Informo que a versão física terá um DVD com fotografias em alta resolução das capas dos jornais acreanos entre 1969 e 2006 - promete Batista.

Ele analisa o caráter ideológico da imparcialidade jornalística como ferramenta de produção de consensos dos grupos que controlam os jornais na disputa por hegemonia ao longo da história.

Também analisa a cobertura jornalística dos quatro diários, com ênfase nas campanhas eleitorais, delineando as estratégias adotadas para valorizar grupos políticos e seus respectivos candidatos.

E demonstra como a propaganda se insere socialmente disfarçada de informação objetiva, segundo afirma, utilizando-se do conceito positivista de neutralidade do discurso informativo.

O melhor da monografia são as entrevistas, digamos, bombásticas, entre outros, dos proprietários Sílvio Martinello (A Gazeta), Ely Assem (A Tribuna), Narciso Mendes (O Rio Branco) e Antônio Stélio (ex-Página 20).

Veja o que respondeu um deles quando o ex-repórter perguntou:

- O que são agências?

- De propaganda. Na época do Orleir era a Asa, hoje é a Companhia de Selva. Bem, eles tiram 20% de 2 milhões, por exemplo. São R$ 400 mil. Desses 20% eles dão R$ 50 mil para a agência e o resto é esquema de distribuição. Nas cotas de distribuição para os jornais eles dão, por exemplo, R$ 80 mil para A Gazeta, mas não chega a ser R$ 80 mil, lá chega somente R$ 60 mil. No caminho come-se R$ 20 mil. É a roubalheira que os espertos, os espertalhões da área chamam de “capação”. Vão capando. Capa de um, capa de outro, é assim que acontece na verba de mídia ainda hoje. Capam tanto dos 20% da agência quanto das cotas para os jornais. Nisso eles pagam a mídia e tiram dinheiro para reserva de campanha eleitoral, fundos de campanha eleitoral, tiram dinheiro para pagar deputados, para dar para secretário, para vários esquemas. De modo que a corrupção continuou no governo Jorge Viana, não mudou nada.

Na verdade o entrevistado se equivoca: a Companhia de Selva já era a agência de propagada durante o governo Orleir Cameli, pois havia sido contratada para a campanha eleitoral do então candidato. A Asa, de Minas Gerais, ficou um curto período no primeiro mandato do governador Jorge Viana, que depois contratou a Companhia de Selva, que também é detentora da conta da prefeitura de Rio Branco e faz as campanhas eleitorais do PT.

Clique aqui e leia a monografia, que o ex-repórter poderia ter guardado para mestrado ou doutorado.

Recorde de acessos

Visitas2

Esse modesto blog xapuriense atingiu a marca de 4.117 visitas únicas no fim da noite dessa segunda-feira (21), batendo o seu recorde pessoal que não era superior a 1.000 acessos diários.

Entre as razões para a explosão de visualizações estão as tragédias ocorridas em Xapuri durante o último fim de semana e o fato de o maior blogueiro do Acre, Altino Machado, ter linkado o Xapuri Agora por diversas vezes nos últimos dias, inclusive no Blog da Amazônia, que ele assina na revista eletrônica Terra Magazine.

O compartilhamento das postagens através do Facebook também têm contribuído para o crescimento dos acessos ao blog, ampliando, evidentemente, a responsabilidade do blogueiro. A rede social tem, inclusive, proporcionado que os leitores de Xapuri e de outros lugares participem mais das discussões e comentem com mais frequência os assuntos que entram na pauta da página que é voltada para o público local, mas aberta para o mundo.

Acessos ou visitas únicas significam que o endereço de IP (Internet Protocol) de um computador só é registrado uma única vez pelo contador do Sitemeter, mesmo que essa mesma máquina acesse uma determinada página da internet diversas vezes num período de 24 horas. Na manhã desta terça-feira (22), o tráfego do blog ainda continua bem acima da média. Até o horário das 9:45, a página já havia recebido 400 visitas.

Resta agradecer aos que, assídua ou eventualmente, visitam o blog em busca de informações confiáveis sobre Xapuri. Nesse quesito, a página, sem falsa modéstia, tornou-se referência no estado, pautando, em determinadas ocasiões, boa parte da imprensa acreana. O blog não me dá retorno financeiro, mas apenas o prazer de fazer dessa ferramenta digital um veículo de informação e debate democráticos, além de me render processos na justiça, é claro.

Clique aqui para acompanhar as estatísticas do blog.