quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

“Se não fosse…”

Carlos Estevão Ferreira Castelo

Uma de minhas paixões, sem dúvidas, é a música. Pode ser coisa de DNA, pois tenho vários familiares que tocam algum instrumento. Eu toco violão (meu instrumento preferido) e, também, teclado.

Certa noite estava eu acompanhando, do palco, os “The Supersônicos” na antiga boate São Sebastião (aquela do “Seu Flauzino”), quando aconteceu algo que jamais vou esquecer. Na época, os supersônicos tinham a seguinte formação: Zequinha do correio no velho Yamaha (dono do conjunto), Luiz Brejeira na guitarra, Delmo Nicácio na bateria, e meu tio Carlinhos (irmão de meu pai) no contrabaixo.

Nesta noite, em particular, o conjunto estava sem vocalista, por isso Brejeira arranhava nos vocais ajudado por Zequinha. Observa-se que nesse período, anos 80 do século passado, eu ensaiava meus primeiros acordes. Como queria aprender a tocar algum instrumento, ficava no palco a festa toda acompanhando os músicos. Além do aprendizado através da observação, tinha a prática. Para mim era o momento mágico, exatamente quando  Zequinha, ou Carlinhos, cediam o instrumento para eu “levar uma” (o Luiz nunca  deixava). Nesta noite, lembro perfeitamente, toquei Rádio Pirata do RPM. Rádio Pirata era uma música que estava estourada na época, música simples, de dois acordes apenas. O salão fervia, e euzinho tirando uma no contrabaixo.

Depois da Rádio Pirata fazer ferver o salão, aconteceu o intervalo. Nesse momento, Zequinha percebeu que seu velho Yamaha apresentava problemas. E agora? a festa teria que continuar. Eu sugeri, então, que poderia ir buscar meu teclado em casa para substituir o que havia apresentado defeito. Seria rápido, pois estava naquela noite motorizado. Meu pai havia cedido seu velho Corcel II. Assim se deu.

O Carro estava estacionado em frente da antiga “A limitada”. Eu liguei o velho amarelinho e resolvi seguir em frente, objetivando fazer o contorno pela rua do mercado passando em frente da casa do “prezado”. Em seguida, pegaria a Floriano na primeira esquina rumo à minha residência.

Quando passava em frente da casa onde já funcionou a agência dos Correios pensei: “vou cruzar direto a rua vinte e quatro e entrar na garagem lá de casa para ganhar tempo”. Sabia que a preferência era dos veículos, e motos, que poderiam aparecer de um dos lados da rua “vinte e quatro de janeiro” (ainda hoje é assim), mas Xapuri quase não tinha carro nessa época. Além disso, era quase uma da manhã...

Puro engano, quando acelerei pela Floriano cruzando a Vinte e Quatro, na esquina da Maçonaria, percebi um barulho intenso de freio. Depois vi uma moto no chão. Logo percebi que o velho Corcel II de meu pai não havia colidido com a moto, mesmo assim o motoqueiro caiu. Acho que da “freiada” que deu para evitar a batida e, principalmente, devido o susto que tomou.

Percebi o motoqueiro levantando e seguindo em frente. Pequei o teclado e rumei novamente para o “Flauzino”. Entretanto, quando me aproximava da casa de Guilherme Zaire notei que o mesmo motoqueiro, parecendo me aguardar, estava em baixo do velho pé de mangueira. Parei o carro. Ele veio em minha direção. Olhou fixamente para mim e disse: “tu é filho do Estevão né? Se não fosse .......”.

O rapaz era um dos filhos de Darli Alves.

Carlos Estevão é xapuriense. Clique aqui para ler seu blog.

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