domingo, 28 de fevereiro de 2010

“Acre-Doce”

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“Onde estás rio Acre?
Por que rio Acre
se suas águas são doces como "alfinim"
no mapa de minha infância?”

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Sinfonia da infância:

rumor de chuva no telhado de zinco,
tão bom para dormir!
- rumor de chuva na floresta, besourada distante,
rumor das águas escachoando nas ruas,
caindo das calhas nas barricas cheias,
(que banho gostoso!)
- sinfonia da infância!

Música da banda passando na rua: do grande trombone
rebrilhante, caramujo de cobre
gorda espiral soprando rolos de "dobrados"
que eu ouvia embevecido e curioso, trepado no gradil
do coreto da praça.

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Sinfonia da infância:

- o apito das "chatas" na curva da cadeia, rompendo a madorra
dos dias parados, iguais;
o tchá-tchá dos remos das catraias
chapinhando na água do rio, ritmados dentro da noite,
indo e vindo, Penápolis-Empresa, - Empresa, do outro lado
as luzes tremendo em fieiras nas águas do rio, -

(ó meus barcos de sonho, em rios de sombra
que ainda hoje correm sem margens, no tempo).

Onde estás
rio Acre, de Rio Branco,
rio vermelho que o tempo azulou,
que corres para a distância
e que foges de mim?

Rio Acre da minha infância
que sempre vais
de onde vim...”

Trecho do “Poema Acre-Doce”, de J. G.  de Araujo Jorge 
in " O Poder da Flor  " – 1969.

PS.: As fotos são do Rio Acre em frente a Xapuri, tiradas por este blogueiro.

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