quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A arte de fazer rir

Archibaldo Antunes

Acho que se levar a sério demais é um bom atalho para a insanidade mental. Conheço pessoas sem um pingo de senso de humor, que justo por isso parecem levar a vida afogadas em melancolia e depressão. Eu mesmo, durante a minha adolescência, sofri desse mal que, acredito, é menos comum nas gerações que sucederam à minha.

Atribuo à maturidade a mudança de perspectiva sobre o que deve ou não ser levado a sério nesta vida. E em última análise, acho que há algo de muito errado com quem transpõe a faixa dos 20 anos sem vencer os trejeitos próprios da mocidade. Trocando tudo isso em miúdos, quero dizer que é candidato a doido quem se leva a sério demais, e que na melhor das hipóteses o sujeito que faz isso chegará a suplente de bobo.

Esse preâmbulo todo é para falarmos sobre a reação desproporcional do professor Joscíres a artigo do Raimari neste blog e a um comentário meu. Vi apenas pilhéria e bom humor onde Joscíres vislumbrou demônios do menosprezo, do escárnio e da persecução.

Em troca de uma brincadeira inocente, a partir de um trocadilho com o nome da coluna (“rapidinhas semanais”) que o professor mantém em seu blog, recebi uma rajada de xingamentos. Já no começo do texto ele chegou ao ponto de dizer (pasmem!) que tenho um nome “esdrúxulo” – coisa que eu entenderia se ele se chamasse Pedro, José, Paulo ou João. Como se chama Jos-cí-res, é o caso de indagarmos de seus pais se ele não caiu do berço quando era criança.

Mas vejamos o seu arsenal de maledicências. Joscíres me chamou de “energúmeno”, “seresma” (confesso que tive de ir ao dicionário para saber o significado desse vocábulo), “pseudo jornalista”, “incompetente”, “bajulador”, “intragável”, “ignorante”, “incoerente”, “parcial” e “vil”. Ufa!

Não creio, sinceramente, que uma só pessoa reúna tantos defeitos – mesmo que essa pessoa seja eu. E estou certo de que assim, avulsas, essas injúrias parecem bem piores do que no contexto original, onde me soaram antes engraçadas que ofensivas.

Prova de que até para insultar alguém é preciso algum talento.

Antunes é jornalista e escreve no Blog do Archibaldo.

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