Uma história de amor à música
Na década de 60, as duas maiores bandas de rock do mundo, The Beatles e The Rolling Stones, com seus cabelos grandes e suas guitarras povoaram os sonhos e influenciaram o comportamento e a vida da juventude de todo o mundo. No Brasil, aconteceu da mesma forma com o Movimento Jovem Guarda que trouxe o rock para o nosso país, liderado pelo “rei” Roberto Carlos nas tardes de domingo no Teatro Record.
Os “Anos Rebeldes” não passaram despercebidos pela juventude xapuriense, apesar das dificuldades que haviam, naquela época, de acesso às informações sobre o mundo da música e dos artistas consagrados nacional e internacionalmente. Em meados dos anos 60, um grupo de jovens de Xapuri entendeu que a arte de fazer e executar música era algo necessário e imprescindível para se viver melhor.
Começava, em Xapuri, uma época marcada pelos novos momentos da música popular, pelo ideário de uma sociedade alternativa e pela consciência das crises e problemas que aconteciam em nosso país naquele momento da história. E essa história começa com um pequeno grupo musical chamado bandinha do Ginásio Anthero Soares Bezerra, que tinha os seguintes componentes: Zequinha dos Correios, (Acordeom), Tatu (Cavaquinho e Violão), Manoel Ramos in memorian (Bateria) e Walter Nicácio in memorian (Pandeiro).
Aqueles rapazes sonhavam alçar vôos mais altos e queriam montar um conjunto diferente, com guitarras elétricas e bateria. Foi então que conversaram com a diretora da escola e coordenadora da Bandinha, Euri Gomes Figueiredo que, acreditando naquele sonho, fez um financiamento no Banco da Amazônia, em seu nome, e adquiriu instrumentos que sequer existiam no Estado e foram comprados em Manaus. Nascia ali Os siderais, a primeira banda a fazer sucesso em diversos eventos da vida social de Xapuri.
A primeira formação do conjunto Os siderais, no ano de 1968, tinha os seguintes integrantes: Luiz Carlos (Bateria), Zequinha dos Correios (Guitarra Base), Tatu (Guitarra Solo), Cardosinho in memorian (Voz e Guitarra Base) e Raimundinho Boy (Voz e Guitarra Base). A primeira música executada por este grupo foi “Sentado à beira do caminho” de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Já na segunda formação d’Os siderais, por volta do início dos anos 70, estavam os músicos Luiz Carlos (Bateria), Guilherme Ferreira (Bateria) in memorian, Carlos Koury (Contrabaixo), hoje guitarrista da Banda Mugs II, Zequinha (Órgão), Tatu (Guitarra Solo), Roberto Eluan (Guitarra Base), Hiran Melo (Guitarra Base), Gualberto in memorian (Bateria), Geraldo Leite (Voz), um dos maiores vocalista do estado, que passou pelas maiores bandas do estado como Os Bárbaros, Mugs, Grupo Guimarães e outros, e Fátima Figueiredo (Voz). O grupo era empresariado pelo comerciante Estevão Pereira Castelo.
Com o tempo surgiu o segundo grupo musical Os vibrantes que por duas semanas também foram chamados de Magnatas. Esse grupo era formado pelos músicos Cláudio Ferreira, conhecido como Cadite (Bateria), Luiz Beleza (Contrabaixo), Zé da Pata (Guitarra Solo), Gualberto (Bateria), Zilma Cabral (Guitarra Base e Voz), Cardosinho (Guitarra Base e Voz). Os vibrantes tinham como dono e empresário o Sr. José Cardoso de Oliveira, pai de Cardozinho.
Ainda na década de 70, com a dissolução de Os Vibrantes e Os siderais, surgiu outro grupo: THE SUPER SONIC, composto por Guilherme Ferreira (Bateria) Luiz Cláudio (Bateria), Zequinha (Órgão), Tatu (Guitarra Solo), Zilma Cabral (Guitarra Base e Voz), Arnaldo Moreno (Guitarra Solo e Voz), Alcione (Sax Tenor) e Tchampon (Guitarra Solo).
Este mesmo grupo teve uma segunda formação, com os seguintes integrantes: Luiz Cláudio (Bateria), Magão (Guitarra Base, Bateria, contra baixo, teclado e vocal), Adalcimar (Guitarra Solo, Sax Tenor e Contra Baixo), o primeiro músico a ser “exportado” para Rio Branco para servir a Banda de música do 4º Bis do Exército Brasileiro - hoje conhecido a nível nacional como Maestro de Música, passando pelas cidades de João Pessoa (Paraíba), Bela Vista (Mato Grosso do Sul) Marabá (Pará), Santo Ângelo (Rio Grande do Sul), Guajará Mirim (Rondônia), Servilla (Paraná) - Almir Santana (Voz), Duplanir (Voz), Zequinha (órgão), Luiz Brejeira (Guitarra Solo e Voz), Simões (Voz), Nonato Cruz (Voz) e Aurélio Ferreira (Guitarra Base) Valdecir Nicácio (Voz).
Nesta mesma década os músicos: Magão (Bateria), Luiz Beleza (Contrabaixo e Voz), Adalcimar (Guitarra Solo), Zilma Cabral (Guitarra Base e Voz), Tatu (Guitarra Solo), Almir Santana (Voz), Douglas, conhecido como Federal (Voz), Mauro Figueiredo (Contra Baixo), Odilon Beleza (Voz e Contra Baixo) formaram o grupo musical THE NEW STOP (A NOVA PARADA).
Com o fim da banda The New Stop, no ano de 1979, alguns de seus integrantes voltaram a compor a banda The Super Sonic: Magão, Nonato Cruz, Luiz Brejeira, Buda, Carlinhos Castelo, Pedro Moura, Edimar Moura, Manoel Aquino, Luiz Beleza, Getulinho, Delmo Nicácio, Raimundo Nunes, outro astro na música, hoje Contra Mestre da Banda de Música da Polícia Militar do Acre, Náder Sarkis e Éden Mota, banda esta que teve esses músicos como componentes até o ano de 1986, com alterações no decorrer dos anos.
Já na segunda metade da década de 80 foi formada a Banda Xapuri composta dos seguintes músicos: Magão (Bateria), Luiz Beleza (Contrabaixo e trompete), Luiz Brejeira (Guitarra Solo), Aurélio Ferreira (Guitarra Base), Raimundo Nunes (Teclado), Severino (Contrabaixo), Náder Sarkis (Voz) e Éden Barros (Voz). Era a última banda do tipo “pau e corda” a fazer sucesso em Xapuri, até ali.
Com o fim da banda Xapuri, deu-se a invasão dos teclados arranjadores (eletro ritmos). As bandas completas perderam seu espaço e os grupos da capital e de outras cidades como Grupo Guimarães, Vitória Régia de Rio Branco e o grupo boliviano L 4, de Cobija, Pando, tomaram o mercado musical de Xapuri. Logo em seguida, o vocalista Náder Sarkis, Carlinhos Castelo, o Baratinha, como era chamado pelos seus colegas (Teclados), Carlos Ciro (Teclados) e o técnico em eletrônica Mauro José formaram o Grupo Impacto Três que, sem o devido apoio, logo se desfez.
Em1991, o músico Magão teve a idéia de formar também um grupo “eletrônico”, o H-UELEM, que era composto por: Magão (contrabaixo, teclados, violão e vocal), Carlos Ciro (teclados), Éden Barros (voz) e Náder Sarkis (voz) e Vânia Mendonça (voz). Por muito tempo o H-UELEM foi considerado um dos melhores grupos do Estado.
Na trilha grupo H-UELEM surgiram outros, como Babilônia, Força Jovem Grupo Cidade, Grupo Havaí, Grupo Revelação e Grupo Sedução. Com o tempo uma nova mudança no mundo da música do Acre fez ressurgir com muita força as bandas completas. Então o músico Magão dá uma nova roupagem a BANDA H-UELEM tornando-a a mais jovem banda do Estado e juntou um grupo de garotos com idade entre 12 a 16, alguns sem nunca terem tocado e os ensinou a arte.
A BANDA H-UELEM “Nova Geração” como foi chamada, teve início com uma pequena reunião na varanda da casa do músico Magão, no dia 11 de novembro de 2001, com os seguintes componentes: Lennon Rocha (Guitarra Solo), Elias Sarkis (Violão Base) Uendel Diego (Contrabaixo), Linequer (Teclado), Luan (Bateria), Helen Zíbia (Voz), Batista, hoje vocalista do grupo Babilônia (Voz), Pereira (Voz), Paulo (Percussão), Michele Rocha (Teclado), Thiago Ferreira (Voz), Douglas Vidal (Guitarra Base), Náder Sarkis e Magão.
Outra elite da música de Xapuri também não pode ficar esquecida: a geração de maestro Zeca Torres, de Félix Pereira, Elaís Meira, Manoel Ramos, Sargento Lira, Walter Nicácio, Rubin Sodré, Chico do Paulo, dentre outros como o cantor e compositor Carlos Calf, Jorge Cardoso, o carnavalesco e promotor de eventos e bailes sociais Hélio Rodrigues, a senhora Carmem Mota, Negro Éti, o “Hércules” como era chamado, com suas belas fantasias dos carnavais de rua, Joaci Matos, também promotor de baile e grande apresentador de desfiles como baile de debutantes, baile das flores, baile das nações e etc. Professor Marinho da Costa Galo, proprietário do Bilhar, hoje Assemux, Raimundo Nonato Uchôa, conhecido como “Caboclo da Morena”, proprietário de um dos maiores clubes de Xapuri, o Clube Municipal (Casa Branca) que além de bailes também realizava a tradicional boate aos domingos.
Faz parte também desta história, a Banda de Música Municipal Dona Júlia Gonçalves Passarinho, criada pelo Maestro Tenente Ruy Francisco de Melo, Mundico Augustinho, sanfoneiro, Zé da Porca e seu conjunto, Monterinho e seu conjunto, Alício do Pedro Velho, José Peres, o Prego, como é mais conhecido, Bigode de Ouro, Nestor e seu Cavaquinho, Os Candirus, Forró do Juvenal, Tabocal, e tantos outros que talvez não estejam sendo lembrados, mas que contribuíram de forma importante para que Xapuri possua uma história tão bonita a ser contada.
Toda essa história será contada e cantada no próximo dia 1º de março, sábado, no espaço Caleb do Nascimento Mota, quando muitos desses músicos se reencontrarão para tocar e cantar no Baile Show do Projeto Cultural “De Siderais a H-UELEM, a partir das 20 horas. Será um momento de recordação e de resgate daquilo que Xapuri produziu de bom na arte musical nos últimos 40 anos.
2 comentários:
Grande Raimari,
Seu artigo, confeso, me emocionou. Principalmente quando lembrei dos ensaios do "Impacto 3".
Me emocionou, também, quando descobri que meu pai (Estevao), patrocinou um grupo musical em Xapuri. Ele nunca me contou nada sobre isso.
Lembri do Mauro,nosso técnico de som, flho do Sr. Aliardo, que cconstruiu uma mesa de som artesanal (isso mesmo, ele construiu uma pequena mesa de som para o Impacto 3).
lembrei-me também quando eu, Nader e Carlos Ciro, tocamos uma festa de debutantes com, apenas, um teclado casio 210 e um violao velho.
Olha, o verdadeiro nome do meu querido tio "Cadite" nao era Luis Claudio, era apenas Claudio Ferreira, filho do Guilhermao Ferreira. Ele tocava bateria e foi uma fera nas "pepetas", bons tempos.
Infelizmente nao poderei rever os amigos na festa do dia 1º. Apesar do convite do Magao, estive viajando e nao foi possivel ensaiar.
Grande abraço
Carlos Estevao ferreira Castelo (o baratinha)
Hoje professor de Teoria Economica da UFAC e músico nas horas vagas
Caro xapuriense,
Pena que não poderá participar do evento que, certamente, ficará na história de nossa cidade. O nome do saudoso "Cadite" já foi corrigido. Perdoe o lapso. Grande abraço.
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