A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou ontem a Campanha da Fraternidade 2008, que é contra a legalização do aborto, a prática da eutanásia, o uso de células-tronco e as práticas de reprodução assistida, entre outros. O tema da campanha é "Fraternidade e Defesa da Vida".
Igreja e governo evitaram polemizar ontem, embora tenham posições antagônicas em relação aos temas, principalmente à descriminalização do aborto. "Vamos chorar por qualquer mulher que morra de um aborto clandestino, mas isso não faz com que seja um problema de saúde pública", disse dom Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da conferência.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou como representante seu chefe-de-gabinete, Gilberto Carvalho. Petista e teólogo, ele afirmou que a questão do aborto não é um assunto do governo. "É um tema da sociedade. Quanto mais informação, mais educação, melhor. É por isso que o governo apóia abertamente essa campanha."
A igreja planeja uma campanha para "desenvolver nas pessoas a consciência crítica" e "propor e apoiar políticas públicas que garantam a promoção e defesa da vida".
A CNBB também fará lobby público contra a aprovação de projetos de lei que ampliem as possibilidades legais de aborto -hoje só permitido em casos de estupro ou quando a gestante corre risco de morrer.
As opiniões da igreja chocam-se diretamente com a avaliação do ministro José Gomes Temporão (Saúde). Ele considera a prática clandestina de aborto -cerca de 1,1 milhão por ano, nas contas do governo - um problema de saúde pública.
O texto da CNBB diz que não há "fundamento ético" para essa freqüência de abortos e que as estimativas são "difíceis de serem comprovadas". A assessoria de Temporão afirmou que ele não daria entrevista, mas ressaltou que qualquer proposta de debate é extremamente saudável. Na campanha, a CNBB não propôs debate público, mas disseminação de seu ponto de vista. "A defesa da vida é inegociável", diz d. Dimas.
A CNBB condenou o que seriam "resultados ainda muito preliminares" do uso de células-tronco -cuja pesquisa será julgada pelo STF neste ano.
Iuri Dantas, Folha de São Paulo.
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