A matéria do repórter Leonardo Coutinho, da revista Veja (leia), que há bastante tempo tenta, incansavelmente, desqualificar a gestão do ex-governador Jorge Viana quanto à sua política de preservação da floresta acreana, provocou a reação imediata do governo do Acre.
Em nota encaminhada à redação da revista, o governador Binho Marques acusa o repórter de Veja de fazer avaliação apressada e inadequada dos dados relativos a estudo do Imazon encomendado pelo próprio governo do Acre para servir de base à sua política ambiental, para de posse dessas informações manejadas, atacar de forma injusta, segundo o governador, a política praticada no governo de Jorge Viana para controlar os desmatamentos. Veja a íntegra da nota:
Em respeito aos leitores da revista Veja, o Governo do Estado sente-se obrigado a esclarecer as informações apresentadas pelo jornalista Leonardo Coutinho na matéria publicada no último final de semana.
Não é a primeira vez o jornalista busca atacar o ex-governador Jorge Viana. Em setembro de 2003, Veja utilizou dados preliminares do INPE para afirmar que na gestão de Jorge Viana teria ocorrido o maior desmatamento da história do Acre. Depois de esclarecimentos, inclusive do próprio INPE, sete meses depois, a revista publicou nota reconhecendo o erro.
Na última edição de Veja, novamente o jornalista se apressa em afirmar, baseado em pesquisa do IMAZON - contrata pelo próprio Governo do Estado para servir de base à política ambiental - que o desmatamento do Acre aumentou na gestão de Jorge Viana, buscando desqualificar novamente os trabalhos em defesa da floresta no estado do Acre.
De forma apressada, faz uma soma simples das áreas desmatada nos oito anos do Governo da Floresta e chega à conclusão de aumento de 42% de área desmatada. Com este dado bruto e sem uma avaliação adequada, o jornalista decreta a suposta incapacidade da política praticada nos últimos oitos anos para conter o desmatamento no Acre.
Primeiramente, é preciso esclarecer que, para realizar uma avaliação mais precisa, devemos levar em consideração não o valor bruto de desmatamento, mas o valor do incremento anual e compará-lo com a média da Amazônia. O incremento do desmatamento no Acre, nos últimos oitos anos, foi abaixo da média da região. Tanto é assim que a contribuição do Acre no desmatamento da região é de apenas 3%.
A média baixa do ritmo do incremento do desmatamento do Acre é ainda mais significativa (0,40 % - média anual nos últimos oito anos), se levarmos em consideração que neste mesmo período no Acre, ocorreu um dos maiores investimentos públicos de toda a história com melhoramento da infra-estrutura rodoviária (asfaltamento da BR-317 e obras de pavimentação na BR-364), ampliação do crédito rural (de 89 a 98, R$ 56,4 milhões e de 99 a 2006 mais de 314,5 milhões), crescimento do rebanho bovino no mesmo período em 416% (de 900 mil reses para 2,4 milhões) e crescimento da população rural em 14,9%: mais de 24 mil pessoas buscaram a área rural. Mesmo com este incremento econômico, a interferência no ritmo do desmatamento foi menor que em outras regiões da Amazônia.
Foram criados planos de desenvolvimento sustentável para as áreas de abrangência das estradas pavimentadas: as áreas de unidades de conservação aumentaram mais que o dobro (2000 a 2006 houve ampliação de 2,7 milhões de hectares, um incremento de 105% na área de conservação). Foram criadas três florestas estaduais para manejo sustentável (85% das madeiras comercializadas hoje no Acre são manejadas).
A afirmação sobre o Seringal Nova Esperança e sobre a Reserva Indígena precisa ser melhor detalhada ao leitor. O Seringal Nova Esperança é uma área recentemente incorporada às unidades propostas pelo Zoneamento Ecológico onde o percentual de desmatamento de 36% refere-se à área desmatada antes de se tornar uma unidade de conservação. Em relação à terra indígena, é preciso dizer que ela foi criada há décadas como uma Colônia Rural Indígena com apenas de 200 hectares e com uma população de mais de 60 pessoas: cerca de menos de 3 hectares por pessoa.
A floresta é uma referência importante para o desenvolvimento econômico no Acre. É com ela que o povo aprendeu a ter um novo olhar na relação entre o homem e a natureza. Foi com a floresta que surgiram nossas maiores lideranças: Marina Silva, Chico Mendes, Wilson Pinheiro, Jorge Viana. É preciso que o Brasil saiba isso e que os comunicadores revelem essa verdade.
Binho Marques
Governador do Acre
Carlos Edgard de Deus, secretário de Meio Ambiente e presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre durante os dois mandatos do governador Jorge Viana, também se pronunciou sobre as acusações da revista Veja. Ele nega que o governo do Estado tenha escondido o resultado do estudo como acusa a revista (leia no blog do Altino).
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