sábado, 28 de abril de 2007

Caiu a máscara

Desde que estourou o escândalo da compra de votos, denunciado pelo deputado Roberto Jefferson, e outras falcatruas que envolveram a cúpula do PT em nível nacional, principalmente no Estado de São Paulo, que o neologismo ‘mensalão’ vem sendo enfadonhamente utilizado para atacar políticos, militantes, e até mesmo simpatizante dos partidos, de esquerda ou não, que apóiam os governos do Partido dos Trabalhadores. Ser petista virou sinônimo de não ser honesto, ético ou honrado. Pessoas comprovadamente idôneas, mesmo condenando as atitudes dos ‘aloprados’, foram marcadas pelo estigma político produzido pela crise.

Em Xapuri não foi diferente. Dia após dia, representantes do governo do Estado e filiados do partido no município foram acuados pelos membros da situação, que a qualquer confronto ideológico se reportavam à velha ladainha do mensalão para acusar esse ou aquele de ladrão, desonesto ou corrupto. A novidade fez até mesmo esquecerem o episódio do incêndio na prefeitura, ocorrido na gestão passada, principal arma eleitoreira do atual prefeito na última eleição. Na câmara de vereadores o expediente foi usado à exaustão, principalmente pelo vereador Clemilton Lima, na tentativa de desmoralizar adversários, mesmo sendo do conhecimento de toda a cidade e dele mesmo, é claro, a existência de uma relação promíscua entre o chefe do poder executivo e boa parte dos vereadores que o apóiam.

Um claro exemplo dessa relação, no mínimo antiética, é o fato de alguns vereadores possuírem dezenas de parentes dependurados nos cabides de empregos provisórios, cujo exemplo maior é o próprio atual presidente em exercício da câmara, Raimundo Gondim "França", que tem filhas e sobrinhas, só para citar os mais próximos, engrossando o quadro dos servidores inúteis e perfeitamente dispensáveis que se esbarram uns nos outros pelos corredores e pátios das repartições municipais. Isso sem contar os claros indícios de pagamentos de propinas a vereadores, que algumas vezes não fizeram questão de esconder que recebiam vantagens para votar certas matérias.

Na semana passada, quando foi duramente criticado pelo vereador aliado, Pedro de Aquino, o prefeito Vanderlei Viana fez uma afirmação esclarecedora: “O vereador está sem dinheiro”. Se para o bom entendedor, meia palavra basta, como apregoa o velho adágio popular, imaginem uma frase inteira. A partir daí já se notou um sintomático silêncio da parte daqueles que defendendo uma causa mercenária, se dedicam incansavelmente a atribuir aos petistas, predicados a eles mesmos historicamente pertencentes, eximindo seus ordenadores dos muitos defeitos e desmandos vistos às claras por todos. Alguns mais exaltados, no afã de achincalhar os adversários de seus patrões, esqueceram até do fato de que beijam mãos e pés de cobradores de “mensalinhos” de pobres funcionários de escritórios políticos.

Pois bem. Agora com a queda da máscara de corrupção que acortinava a administração atual, a população espera por respostas relacionadas aos últimos acontecimentos que foram escondidos sob a fumaça do tiroteio recente que fez ruir o império do todo-poderoso ex-assessor especial do prefeito Vanderlei Viana, o professor José Everaldo Pereira. Os comentários não confirmados oficialmente que se ouvem da boca de funcionários, vereadores e do povo indignado, pelas ruas da cidade, não podem deixar de ser esclarecidos, a exemplo do fatídico incêndio que, criminoso ou não, feriu de morte a administração do ex-prefeito Júlio Barbosa.

Mesmo sem ser devidamente explicado, o episódio da administração passada não ficou impune, pelo menos do ponto de vista da justiça do eleitor, como acredito que impunes não ficarão os aloprados do mensalão e dossiê. Mas a população de Xapuri tem que ficar atenta para que não se deixar enganar mais uma vez. É possível que queiram agora utilizar os últimos acontecimentos, que foram insistentemente profetizados por aliados abandonados pelo prefeito ao meio do caminho, para se atribuir à atual administração a virtude de ter o zelo pela moralidade que em realidade não possui, pelo menos enquanto não colocar as coisas a limpo. Nesse momento, em meio ao silêncio, o povo aguarda que os aloprados de Xapuri mostrem a cara e falem abertamente sobre as suspeitas que recaem desde longa data sobre suas pessoas.

Caiu a máscara. E junto com ela a falsa moral daqueles que se escondiam atrás do incêndio e do mensalão para posar de éticos e puros. Caíram na mesma vala da indecência onde estão todos os que não prestam, sejam petistas ou peemedebistas. Só não cai a moral e a honra das pessoas de bem de Xapuri, que lutam diuturnamente por uma cidade melhor e mais humana, a despeito dos muitos problemas, intrigas políticas e outras dificuldades que enfrentamos.

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