Os servidores municipais de Xapuri, diante da fragilidade e nenhuma representatividade do seu sindicato estão, agora, depositando suas fichas na disposição do vereador e atual presidente da Câmara, Ronaldo Ferraz, (afastado da presidência) em ajudá-los na difícil missão de convencer o prefeito de que eles são gente, possuem famílias para sustentar e necessitam dos reajustes garantidos por lei, negados por dois anos (a serem completados em 2007) de forma intransigente.
Não fosse o vereador, os pobres funcionários estariam até agora esperando de caras para cima no Semux, durante a última tentativa de diálogo, na semana passada, enquanto o prefeito tomava umas geladas em determinado bar da cidade, de acordo informação dos próprios servidores. Segundo eles, o vereador conseguiu autorização do prefeito para anunciar que o dirigente receberia uma comissão de cinco representantes do sindicato para discutir o assunto.
Desde o início do mandato é a mesma ladainha. Servidores se reúnem, protestam, professores ameaçam greve e nada. Em 2005, a prefeitura concedeu um mísero reajuste de forma unilateral. No ano seguinte, nada de reajuste. Prometeu 4% para janeiro desse ano e, até agora, nadica de nada. Botaram a culpa no recesso da Câmara, conversa pra boi dormir, quer dizer, pra funcionário dormir.
A verdade é que nem Semux, nem Sinteac-Xapuri têm coragem para peitar o prefeito ditador. Só fazem barulho. Resmungam, resmungam, mas correm à primeria batida de pé do prefeito e sua trupe. Há deles que preferem nem mesmo reclamar e calam diante da certeza da falta de combatividade da categoria. Aceitam inertes as gastanças desnecessárias com shows e pirotecnias em detrimento do bem estar dos operários da municipalidade.
Mas, aguardem, logo, logo os porta-vozes da omissão vão se manifestar, dizer que governo também não faz, xingar, desqualificar, patati e patatá, e mais uma vez desviar a atenção dos problemas locais, tão sérios e, muitas vezes, tão fáceis de resolver. É só abrir mão da prepotência e dar voz para que o povo diga onde está doendo.
Só isso.
Um comentário:
Quem negar apoio à emenda de Donald é antiético e imoral
Edinei Muniz
A sociedade está ganhando o debate sobre a aposentadoria de ex-governadores. Ontem, o deputado Donald Fernandes, na mesma sessão que aprovou a redução em 15% do vencimento do governador e de seus secretários, apresentou proposta de Emenda Constitucional visando suprimir o Art. 77 da Constituição Estadual acreana, aquele que prevê o pagamento de subsídio mensal e vitalício a ex-governadores do Estado do Acre.
Cabe ressaltar que a manutenção do pagamento desse tipo de pensão fere o princípio da ética e da moralidade administrativa, já que confronta com cláusulas inapeláveis da Constituição da República Federativa do Brasil, a quem o Acre deve obediência. O bom senso coletivo acreano não admite mais esse tipo de aberração.
A derrubada dessa excrescência tem um significado moral de infinitas proporções frente ao estágio de concentração de renda e conseqüentemente de miséria que vive o estado do Acre. Nossos pobres não admitem mais tamanha injustiça. O dinheiro que é gasto para manter essas ilegalidades, faz falta para “manter a dignidade e a vida” de milhares de crianças que padecem das maiores mazelas que um ser humano pode suportar e que alimentam assustadoramente o já crescente “caos social” acreano.
Além disso, o governo do Acre, para ser coerente com a própria retórica, precisa assumir, em efetivo, a bandeira da ética e da moralidade, para poder fazer frente a tais demandas. Se o governador se calar agora, será taxado pela sociedade de antiético e imoral, por ir contra o art. 37 do maior instrumento político e jurídico da nação brasileira.
Quanto á Assembléia Legislativa, reconhecemos que o Parlamento estadual começa a dar sinais, bastante positivos por sinal, de que a gestão do deputado Edvaldo Magalhães irá contribuir significativamente para retirar a pecha de “parlamento da vergonha”, absurdamente impregnada no salão “Milton Bezerra de Matos.
Tá passando da hora de um “banho de ética” para retirar a lama da mediocridade, deixada por aquele cidadão que conseguiu, sabe lá como, a façanha de dirigir a instituição por quatro legislaturas e que acabou por transformá-lo no Parlamento da inconstitucionalidade da “cartilha da imoralidade petista”.
O Parlamento tem agora, oportunidade única de mostrar para a sociedade o seu “real compromisso” com o resgate do seu próprio espaço de poder, enquanto instituição basilar e fundamental para o equilíbrio das forças políticas, tão salutar no regime democrático.
O governador Binho, por sua vez, deve ser o primeiro a apoiar esse processo de independência. Sabe que é no contraditório que a democracia se fortalece. Não temos dúvidas, o debate irá florescer.
Ainda quanto a Binho, reafirmamos o que já foi dito anteriormente: “A sociedade espera uma manifestação sua sobre o pagamento de pensão a ex-governadores”. Numa questão como essa, é indispensável que o governador se manifeste. Calar-se agora é pôr em dúvida o valor da própria ética, a qual, verdadeiramente, o Acre espera que seja de 100% e não de 15%, como aprovado ontem na assembléia.
A sociedade civil, por sua vez, precisa vir ao debate, exigindo ética dos agentes políticos. Convocamos os formadores de opinião a estarem juntos, estimulando a sociedade com argumentos sólidos, no sentido de mudar o rumo da política no Acre, exigindo respeito à maior Instituição do regime democrático, o Povo.
Edinei Muniz é professor.
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