Jornal A Tribuna (18/04)
População avalia medida tomada pelo governo do Estado como uma prova de compromisso com o projeto de desenvolvimento do governo por meio da Educação. O apoio à redução salarial de Binho Marques e seu secretariado é total. Veja o que dizem os entrevistados sobre a questão:
“Já estava na hora de rever os valores pagos aos secretários, governador e vice-governador.
Essa diferença tem que ser bem aproveitada. Existem várias famílias carentes, crianças e idosos que precisam de mais atenção. Os outros Estados deveriam tomar o Acre como exemplo”. Marlene Oliveira Firmino, funcionária pública.
“A proposta do governador Binho é bastante coerente. Essa decisão reflete nos cargos de confiança. Acho que ele deveria investir esse dinheiro na área de produção para que tivesse mais retorno, e só depois investir na educação. A redução dos salários foi um ato humanitário que deveria refletir na prefeitura, na assembléia legislativa. Se todos os altos salários do Estado fossem reduzidos, sobraria mais dinheiro para investir em repasses para prefeituras e convênios”. Jorge Henrique Melo – microempresário.
“É uma atitude louvável, mas acho que a população deveria ter participado do processo de decisão. Essa proposta abre margem para reduzir o salário de deputados e vereadores”. Regiane Cristina, funcionária pública.
“Espero que isso sirva de exemplo para outros lugares do país. E que essa diferença de 15% seja usada para ajudar a população”. Clovis Ribeiro de Souza, garimpeiro.
“Enquanto alguns Estados propõem aumento de salários para o poder executivo e funcionários de primeiro escalão, o Acre está diminuindo. Isso mostra que o Estado tem uma política diferenciada em relação ao que está sendo praticado no país. É mais louvável ainda, pelo fato de que o governador não usou esse argumento durante a campanha eleitoral. Trata-se de uma iniciativa inovadora que vem ao encontro da necessidade de reformular políticas públicas”. Cândrica Silva, estudante de Direito da Universidade Federal de Rondônia.
“É interessante o fato de o governador baixar o próprio salário. O governador não ganha quase nada se for analisar a responsabilidade que ele tem”. Ismael Ferreira Costa, designer gráfico.
“Vamos esperar que ele realmente invista na educação. O fato de diminuir o próprio salário e também dos secretários mostra a preocupação do governo com boa parte da população. Se tanta gente consegue sobreviver com apenas um salário mínimo é de tirar o chapéu que alguém que tem o direito de ganhar mais decida por receber menos”. Edinéia de Lima Silva.
Um comentário:
Criança “educada com qualidade” não anda em pau-de-arara.
Nesses oito anos que o PT governa o Acre, muitos investimentos de ordem material foram feitos na educação. As escolas, a maioria localizadas na capital, sofreram um choque de modernidade arquitetônica, que de fato, causa uma impressão positiva ao olhar despreocupado.
Por outro lado, porém, se assumirmos uma postura mais crítica diante do próprio olhar, mirando mais de perto, veremos o quanto é perigosa a confusão que se faz quando o conteúdo do presente é confundido pela importância menor da embalagem. A qualidade da educação no Acre precisa ser repensada! Será a conclusão a que todos, “de olhos arregalados”, irão chegar.
O governo que findou, apesar de ter todos os instrumentos políticos nas mãos, esqueceu de dar uma identidade própria à rede de ensino. Existem sim, muitas falhas na gestão da Secretaria de Educação que precisam ser evidenciadas. Assim, quem sabe, aquele que as deixou, agora com segunda chance e com a mão na caneta, possa agir para sanar.
O maior débito do “Secretário” é não ter enfrentado a educação com um olhar realmente revolucinário, impactante, arrebatador e semeador, com força de transformar e de plantar idéias, construindo um geração crítica determinada e ativa.
Nossos alunos nunca foram ensinados a transformar “conhecimento” em “ação”. O impacto aos jovens é tão forte que eles já começam a esquecer que são os “guardiões da semente dos sonhos”. Nosso dever é cuidar, a vida inteira se possível, dessa semente. Não é dado ao educador o benefício da desistência.
Muitos educadores, críticos, porém mais tímidos (não falam, só sofrem), reclamam diariamente da dificuldade que sofrem quando tentam superar a blindagem da “prepotência intelectual” da equipe gestora da Secretaria de Educação.
Quem educa, aprende cedo a dar valor à oportunidade. Educador é o que liberta, que faz lembrar sempre que saídas, apesar de difíceis, existem sim. A rede de ensino, para isso, deve vibrar na mesma frequência da comunidade, transformando-se num canal permanente de trocas de boas idéias.
Admitir que a educação venha a ser governada pela economia, sem influenciá-la, não é visão de educador revolucionário e muito menos atende às exigências de sustentabilidade tão corriqueiramente defendida pelo governo.
O bom gestor para a educação será sempre o “educador ideológico” e não o “educador técnico burocrata” que temos visto.
Mas a culpa não é só do governo. A elite intelectual da educação, bastante burocrática por sinal, decidiu parar de bater pestanas, como se ao educador fosse dado o direito de recuar diante da luta. Educação é luta, sempre foi assim e não deve deixar de ser tão cedo. Quanto mais silenciarmos hoje, mais problemas iremos ter que corrigir no futuro.
A Secretaria de Educação, arrogante diante dos próprios equívocos, recusou, por razões políticas, a opinião da maioria dos educadores do Acre. Eles, por sua vez, não insistiram na opinião. Recuaram e meio que sem jeito foram cuidar da vida pessoal. Eu defino o atual modelo de educação do Acre: "mecânico, desestimulante, sem energia e sem brilho. Por fim, para iniciar o debate, levantamos um problema grave da Secretaria de Educação e chamamos seus interlocutores ao debate. Vejam abaixo:
Ontem, denunciamos, com absoluto respeito à verdade, a situação lamentável que nossas crianças da zona rural enfrentam na luta diária para chegar às escolas. O governo que mais gastou dinheiro em toda a história do Acre não lembrou de reservar alguns milhões de reais para garantir uma chegada tranqüila à escola para as crianças da zona rural. Pelo contrário, nossas sementes de sonhos, são obrigadas a enfrentar, além do perigo de morte, a chuva o sol e a poeira. Não está certo! As comunidades exigem providências.
Edinei Muniz
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