“A prospecção pode nos levar a uma indenização para que o Acre não explore o seu petróleo”
O deputado Moisés Diniz (PC do B) concedeu entrevista ao jornal A Tribuna sobre a proposta do senador Tião Viana de realizar prospecção de petróleo e gás no Acre. Opondo-se ao maniqueísmo dos que são contra ou são a favor, o parlamentar diz que a confusão entre prospecção e exploração está ferindo de morte a possibilidade de o Acre ter acesso a outras fontes de riqueza.
“Se houver petróleo no Acre, nós podemos negociar uma compensação para a não exploração dessas riquezas e ganhar dinheiro sem ferir o meio ambiente”, afirma.
Leia trechos da entrevista.
Qual é a sua opinião em relação à proposta de prospecção e exploração de petróleo e gás no Acre?
Nós só temos opinião sobre a prospecção! Quem está opinando sobre a exploração de petróleo e gás no Acre faz como um pai que compra o enxoval antes de saber se a mulher vai parir menino ou menina. Como é que eu vou ficar a favor ou contra a exploração de algo que a gente nem sabe se existe?
E a prospecção?
O nosso partido vai defender o direito inalienável do povo acreano de conhecer as riquezas que possam existir no subsolo do Acre. Assim, a idéia do senador Tião Viana, acerca da prospecção, pode nos trazer robustos recursos, sem precisarmos ferir o meio ambiente.
Como isso se daria?
Comprovada a existência de petróleo, o Acre negociaria uma compensação equivalente à produção anual, de acordo com as reservas estimadas. Dessa forma, teríamos nossos royalties sem precisar explorar o petróleo. Outras regiões do planeta já estão fazendo isso.
O senhor pode dar um exemplo?
O Equador está negociando com os países ricos e organismos internacionais uma compensação de cerca de 400 milhões de dólares anuais para não explorar a sua maior reserva de petróleo, de cerca de 950 milhões de barris.
Qual o argumento dos equatorianos?
Essa magnífica reserva está situada no Parque Yasuní, de grande riqueza ambiental e presença de povos indígenas, muita parecido com a nossa região do Parque Nacional da Serra do Divisor. Se os povos amazônicos não tiverem uma compensação para que preservem os seus recursos naturais, nós vamos morrer de fome. Não dá para brincar com a mudança do clima e com a fome.
O cerco está fechando?
No futuro, a destruição do meio ambiente será considerada crime hediondo. Os povos amazônicos, proprietários pobres da maior riqueza do planeta, precisam se insurgir contra a histeria dos ‘eco-ricos’, que destruíram as suas principais fontes de vida e nos submetem à mais vil miséria. O nosso caminho não é destruir, é preservar cobrando compensação.
Voltando à prospecção, há impactos ambientais?
Do que eu tenho estudado sobre prospecção de petróleo na Amazônia, estou convencido de que as queimadas do Acre são milhares de vezes mais nocivas. O que há é muita desinformação e, mais grave, confusão entre prospecção e exploração. Apesar disso, acho o debate salutar, desde que se tenha a ciência como matriz.
O senhor defende, então, um pacto a favor da prospecção?
Com certeza. Acredito que devemos construir um amplo consenso a favor da prospecção e que não coloquemos a carroça à frente dos bois. Isso significa dizer que debater exploração de gás e petróleo agora é um jogo perigoso, colocando de lados opostos pessoas que podem se juntar a favor do Acre.
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