Paolo Almeida
Depois de mais de dez anos de espera, o Festival Acreano de Música Popular – FAMP - retorna aos palcos acreanos gerando uma grande expectativa na classe artística e, é claro, na galera que curte boa música. E se tratando de música acreana, podemos afirmar de quão grande riqueza musical o nosso estado dispõe. Infelizmente, a produção e a valorização musical estão muito aquém do merecido.
O FAMP, que em décadas passadas revelou tantos nomes importantes para a música brasileira, retorna em 2012 causando descontentamentos para muitos artistas, bem como para a população de algumas regiões de nosso estado. Se tratando da pré-classificação das músicas escolhidas, podemos afirmar que a comissão que analisou as inscrições não agiu de forma democrática, é bem verdade que existe uma supervalorização para os artistas da capital, dando assim uma atenção maior para os mesmos.
Não queremos discriminá-los, mas o povo do interior, no qual me incluo muito bem, precisa ter seu espaço devidamente respeitado e valorizado, não falo aqui pela região do Juruá, que foi muito bem representada por grandes artistas vencedores de outros festivais, mas na região do Alto Acre fomos prejudicados, onde uma região com tanto potencial musical só pode contar com a representação do maestro Magão de Xapuri com a música “20 anos sem Chico”, sendo esta uma bela composição para a disputa no festival, sendo eliminada na primeira noite de apresentação.
Nossa indignação é pela falta compromisso e respeito da parte da organização do evento em não pluralizar, preferindo destacar artistas da capital e do Juruá (Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Rodrigues Alves e Mâncio Lima). Essas regiões tiveram mais de quinze artistas classificados representando seus municípios. A nossa pergunta é por que o Alto Acre teve apenas um artista classificado, onde tínhamos outros artistas inscritos com ótimas condições de participarem do festival?
O lamentável é ver o dinheiro público financiado pelo governo através da FEM em um evento que não abrange todo o estado, a desorganização dos ensaios e passagens de som, deixando os artistas do interior a mercê de suas vontades dos organizadores, trazendo assim um desgaste para os participantes.
O que me parecia tão inspirador e relevante para a música acreana não passou de uma “panelinha”, empobrecendo assim a nossa arte. Durante alguns meses eu me preparei para esse festival, onde compus com a inspiração de Deus uma canção com o título “Caminho das Águas”, retratando a importância vital dos nossos rios e da responsabilidade que nós temos em preservar e usufruir de forma racional essa riqueza que aos poucos é destruída pelas nossas ações irracionais, mas infelizmente fiquei de fora, sem nenhum argumento que me desclassificasse ou que me impedisse de participar do festival.
Esperamos que os próximos festivais que virão se possa de forma efetiva valorizar os artistas genuinamente acreanos com representatividade de todas as regiões de nosso estado tão abençoado por Deus.
Paolo Almeida é músico xapuriense.
Nota do blog: Por telefone, a produtora do FAMP 2012, Alcinete Damasceno, a Cecé, da empresa Ciranda - Cultura, Comunicação e Meio Ambiente – respondeu não haver recebido nenhuma comunicação formal por parte do músico dando conta de ter sido impedido de participar do evento. Segundo ela, a ideia central do Festival é incluir e não excluir as pessoas que fazem música no estado. Sobre a organização, Cecé afirmou que, apesar das dificuldades comuns à realização desse tipo de evento, foram feitos todos os esforços para que o FAMP 2012 obtivesse o sucesso planejado. A produtora prometeu analisar melhor a crítica do músico para se posicionar mais detalhadamente sobre suas reivindicações.
Um comentário:
O meu conterrâneo e músico compositor jovem de muito talento amigo Paolo, tem toda razão de está falando e desabafando seu repúdio sobre esse festival o qual como ele já falou antes ficou 10 anos dormindo pra depois voltar totalmente desorganizado. Eu falo isso porque ainda nem sei por quer fui pra 1ª eliminatória na qual fui desclassificado de primeira. Mais podem pensar há.. ficou chateado porque não ganhou, não é isso claro que ganhar é muito bom, até falei antes numa postagem no face que ganhar é bom, mais o mais importante é participar, mais não da forma que eu vi, uma desorganização total. e meus colegas só pra passar o som levamos 4 horas de molho na espera, faltava estrumentos, faltava luz no palco uma bagunça e pra quem vc perguntava as coisas ninguém sabia de nada, dizia o problema é do fulano, é do siclano, e isso te tira a concentração vc fica estafado isso é cansado. Eu acho bom que os organizadores sejam mais responsáveis no que se diz que sabem fazer. E OLHA QUE ESSE EVENTO É NÍVEL DE ESTADO. Na verdade quero eu saber dos jurados o que estava mesmo sendo julgado nesse festival? Pelo o que eu vi a melodia, armonia, rítimo interpretação, afinação foi pro beleleu.
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