terça-feira, 3 de julho de 2012

Exemplo que vem do Sul

Paranaense radicado em Xapuri é dono de uma das mais interessantes e promissoras experiências de cultivo protegido de hortaliças do Acre.

Alexandre Carvalho

Paranaense de Campo Mourão, o agricultor Alexandre Carvalho, 38, chegou a Xapuri com sua família há cerca de dois anos. Ele veio para o Acre depois de largar o emprego que tinha em Ariquemes-RO, no ramo da pecuária. Aqui, resolveu investir na horticultura depois de verificar que as pessoas da cidade haviam perdido o hábito de consumir hortaliças e que estas, quando encontradas nos mercados, eram de má qualidade e custavam caro.

Dono de uma área de 10 hectares nas cercanias de Xapuri, Alexandre começou a produzir hortaliças de maneira protegida, realizando testes e buscando informações na internet. Desta maneira, desenvolveu uma técnica pela qual - mesmo sendo cultivada na terra - sua alface apresenta características visuais da alface hidropônica, mostrando que é possível se obter um produto com qualidade através de determinadas regras e com quase nenhum agrotóxico.

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Sem revelar detalhes da técnica que utiliza, Alexandre conta que iniciou o seu cultivo sem possuir qualquer experiência com a atividade. Com a ajuda da esposa, se aprofundou nas pesquisas, leu e releu projetos acadêmicos sobre o assunto e construiu as primeiras estufas para o cultivo de hortaliças. Muita gente duvidou do futuro do empreendimento, mas quem visita o lugar na atualidade confirma que é possível sim, produzir verduras em escala comercial no Acre.

“No começo foi difícil. Ficamos quase um ano plantando e arrancando do chão alface sem nenhuma qualidade. A gente via que não tinha condição para ser vendida no mercado. Ouvi de muita gente que estava ficando louco, jogando dinheiro fora porque no Acre seria impossível viver da produção de hortaliças”, afirma.

Com o apoio da Seaprof na elaboração de um projeto apresentado ao Pronaf, Alexandre Carvalho conseguiu acessar recursos para a construção das duas maiores estufas que possui em sua propriedade. Agora, ele está entre os produtores que serão beneficiados pelo Programa de Fortalecimento da Horticultura, do governo do Estado, que distribuirá 15 kits para casas de vegetação a serem construídas em Xapuri.

As casas de vegetação são um instrumento de proteção ambiental para produção de plantas, como hortaliças e flores. Por definição, são estruturas construídas com diversos materiais, como madeira, concreto, ferro ou alumínio, entre outros, cobertas com materiais transparentes que permitam a passagem da luz solar para crescimento e desenvolvimento das plantas cultivadas de maneira protegida.

Com o kit casa de vegetação o produtor poderá ampliar seu negócio, que atualmente atende 11 pontos de vendas em Xapuri e já está chegando a Brasileia e Rio Branco. Nos próximos dias, uma equipe de produtores do município de Bujari estará se dirigindo a Xapuri para conhecer o trabalho realizado por Alexandre Carvalho e trocar experiências com o produtor.

“É importante ter mais pessoas trabalhando com o hortifrúti. Hoje eu forneço para supermercados e chego a entregar até 150 maços de cheiro verde e 120 de alface. As pessoas voltaram a comprar esses alimentos que são tão importantes para uma alimentação saudável”, ressalta Alexandre.

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Vale salientar que o sistema utilizado por Alexandre Carvalho se aplica aos demais tipos de hortaliças que ele cultiva. Cebolinha, couve e coentro são produzidos da mesma maneira e com qualidade altamente superior às das verduras cultivadas no sistema tradicional. A última experiência do agricultor é com o repolho, que a julgar pela imagem acima, em dois estágios de crescimento, e pela imagem abaixo, mais detalhada, também será promissora.

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Alexandre tem plena convicção de que é possível se plantar qualquer coisa no Acre em escala comercial. Para isso, são necessários o apoio estatal e o acesso a técnicas modernas de cultivo. A participação em eventos nacionais também é importante para o produtor. Ele pretendia participar da 19ª Hortitec – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas – realizada nos dias 20, 21 e 22 de junho passado, na cidade de Holambra-SP, mas a falta de recursos para custear as passagens adiou o objetivo de estar em uma exposição tão importante.

Um comentário:

xapuriense disse...

Esse paranaense parece ser o que a literatura chama de PERSONALIDADE EMPREENDEDORA.

Vejamos:

SABE FAREJAR UMA OPORTUNIDADE E POSSUI INICIATIVA

“...depois de largar o emprego que tinha em Ariquemes-RO, no ramo da pecuária...Aqui, resolveu investir na horticultura depois de verificar que as pessoas da cidade haviam perdido o hábito de consumir hortaliças e que estas, quando encontradas nos mercados, eram de má qualidade e custavam caro...

DEDICA-SE PESSOALMENTE A BUSCAR INFORMAÇÕES

“...Dono de uma área de 10 hectares nas cercanias de Xapuri, Alexandre começou a produzir hortaliças de maneira protegida, realizando testes e buscando informações na internet...”

“..leu e releu projetos acadêmicos sobre o assunto e construiu as primeiras estufas para o cultivo de hortaliças...”

“...pretendia participar da 19ª Hortitec – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas – realizada nos dias 20, 21 e 22 de junho passado, na cidade de Holambra-SP, mas a falta de recursos para custear as passagens adiou objetivo de estar em uma exposição tão importante...”

É EXIGENTE POR QUALIDADE

“... mostrando que é possível se obter um produto com qualidade através de determinadas regras e com quase nenhum agrotóxico..."

UTILIZA PESSOAS CHAVES PARA ALCANÇAR OBJETIVOS

“...Com a ajuda da esposa, se aprofundou nas pesquisas...”

SABE SE LIVRAR DAS INFLUÊNCIAS NEFASTAS DAS OUTRAS PESSOAS, PORQUE POSSUI METAS CLARAS

“...Muita gente duvidou do futuro do empreendimento, mas quem visita o lugar na atualidade confirma que é possível sim, produzir verduras em escala comercial no Acre...”

AGE DIANTE DE OBSTACULOS SIGNIFICATIVOS E NÃO DESISTE DIANTE DOS RESULTADOS INICIAIS NÃO ANIMADORES (PESISTÊNCIA)

“...No começo foi difícil. Ficamos quase um ano plantando e arrancando do chão alface sem nenhuma qualidade. A gente via que não tinha condição para ser vendida no mercado. Ouvi de muita gente que estava ficando louco, jogando dinheiro fora porque no Acre seria impossível viver da produção de hortaliças...”

CONSULTA ESPECIALISTAS PARA OBTER COLABORAÇÃO

“...Com o apoio da Seaprof na elaboração de um projeto apresentado ao Pronaf, Alexandre Carvalho conseguiu acessar recursos para a construção das duas maiores estufas que possui em sua propriedade...”

QUESTÕES PARA REFLEXÕES:

Os xapurienses nativos poderiam se comportar dessa maneira par obter resultados, para eles e para a sociedade?

Estariam os xapurienses acomodados, esperando que o setor público resolva tudo?

Comportamentos como os desse sujeito social seriam relevantes para mudar o atual “estado de coisas” no município? Que atualmente sobrevive das transferências federais e estaduais.

Carlos Estevão Castelo
Xapuriense acima de tudo.
Por certo periodo da vida estudou comportamentos empreendedores na UFSC