Nessa última semana tomei conhecimento da intenção de alguns entusiastas do desporto municipal em fundar uma liga independente, nos moldes da antiga LXD – Liga Xapuriense de Desportos, extinta depois que a condução do esporte local – em especial o futebol – caiu nas mãos das administrações municipais a partir do final da década de 70. De lá para cá, o futebol e demais modalidades esportivas praticadas no município foram definhando ano a ano até chegar à atual situação em que pelo segundo ano seguido não ouve-se sequer boatos sobre a realização do campeonato xapuriense de futebol de campo.
O futebol xapuriense, que já foi um dos melhores do estado, senão o melhor, hoje sobrevive de campeonatos de várzea, realizados nos bairros periféricos, isso, quando a prefeitura não destrói os campinhos com a retirada de barro, passando com seus caminhões por dentro das áreas de lazer, como é fato nos bairros Cerâmica e Mutirão. Os atletas são os próprios organizadores, fazendo o papel de jogadores e dirigentes, contando apenas com o apoio de alguns poucos empresários e candidatos em época de campanha eleitoral. A participação do poder público é quase nenhuma.
A única competição esportiva de caráter oficial, realizada no ano passado, foi um campeonato de futsal, financiado pela Lei de Incentivo ao Esporte da Fundação Elias Mansour. O estádio Álvaro Felício Abrahão, antigo Góis e Castro, palco de grandes epopéias do futebol local - que não é nenhuma Arena da Floresta, mas seguramente é bem melhor que o velho José de Melo, do Rio Branco Futebol Clube - é utilizado apenas para a prática de ‘peladas’ matinais de jogadores “aposentados”.
No velho Góis e Castro desfilaram grandes nomes do futebol xapuriense, como Mário Mota, Vaisquerê, Dínes, Erivélton, Paulo Japonês, Penca, Ermínio (irmão do Dadão), Pirruchinha, Tadeu do Gia, Mirim e Curica (de acordo com opinião do Zé Cláudio Mota Porfírio, que foi contemporâneo desses jogadores). O Curica é tido até os dias atuais, por muitos, como o maior de todos. Chegou a jogar em Belém, e conta a história, que só não foi para o Fluminense por causa do alcoolismo.
Num tempo mais recente, se destacaram jogadores como Manduquinha, Pipiúna, Paulo Mocotó e outros que extrapolaram as fronteira do município, como Julinho Figueiredo, que jogou nas principais equipes de Rio Branco e chegou a jogar no Equador, e o garoto Geovane, neto do Sr. Zé Manduca, tradicional morador da cidade. Geovane passou por grandes clubes brasileiros como o Vasco da Gama (Rio) e Cruzeiro (BH), entre outros de menor expressão.
Clubes tradicionais do futebol local, como América, Vasco da Gama, Santiago, Brasília, além de outros que vinham da zona rural para participar do certame municipal, faziam das tardes de domingo em Xapuri, no estádio municipal, momentos de muita festa e muita torcida, que produziram algumas figuras emblemáticas do futebol xapuriense, como o Ai, ai, ai e a Chiquinha Jacaré. Advirto que essa última não aprecia o apelido, que só aqui publico pelo motivo de se tornar impossível citá-la de forma a que todos lembrem, sem a menção da alcunha que a tornou popular.
Mas, voltando ao tema que deu origem a este artigo, apesar de não ter a garantia de devolver ao nosso esporte os momentos de glória de um passado distante e, certamente, essa não a intenção, a possibilidade de criação de uma entidade independente para resgatar, pelo menos, o campeonato municipal e outras competições importantes pode trazer um novo ânimo para a juventude local, atualmente desprovida de opções. A idéia está sendo pensada pelo bancário Rubensleno Moreira e pelo Osvaldão da Cooperalto, mas deve ganhar adeptos e incentivadores, caso saia do embrião.
A discussão tem que ser ampliada e envolver o maior número de pessoas possível. Não somente atletas, mas, também, empresários, políticos (com ou sem mandato), funcionários públicos, torcedores, a própria prefeitura e o governo do Estado. O esporte tem que ser feito por quem entende de esporte e tem tempo e disposição para se dedicar a isso. O poder público pode ficar com a parte de destinar recursos, pagar despesas, administrar o estádio, se muito. E nada mais além disso.
Esse espaço está aberto para sugestões sobre o assunto.
3 comentários:
É de extrema importância essa iniciativa do Rubens e do Osvaldão, pois o esporte de Xapuri já sofre ha alguns anos na UTI do descaso; Além de exaltar a importância, me coloco a disposição dos colegas para ajudar na criação dessa liga, pois assim poderemos reinvindicar recursos junto às federações e recuperar um pouco o atraso que estamos vivenciando.
Xapuri hoje passa por dificuldades não somente na área de esporte,
Sofre também por falta de lazer e de praticas desportivas.
Desta forma nos colocamos também a disposição dos eventuais organizadores desta liga para tentar levantar a estima esportiva de Xapuri.
O Instituto Chico Mendes na pessoa da Sra: Elenira Mendes já esta iniciando
Algumas atividades para o ano de 2007. E se põem a disposição para essa idealização.
Liga Independente é?
Pode ser uma boa alternativa. É uma pena que o "futebol Xapuriense" tenha acabado. Sou do tempo do Pipiuna, Julinho, Paulo Mota, Alcimar (mar). Mas vi também o Mirim, Piruchinha, Dines, e outros.
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