segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sempre, Sebastião!

P1200079_thumb2

Em que pesem as tragédias que assolaram o município nesse fim de semana, Xapuri realizou mais uma grandiosa procissão de São Sebastião. É evidente que o bárbaro crime cometido contra uma criança de 4 anos de idade, ocorrido na véspera, mexeu com o espírito da festa e tocou profundamente o coração da população da antes pequena e pacata “princesa do Acre”, mas a força que o santo padroeiro exerce sobre seus devotos fez com que o brilho da maior manifestação religiosa do Acre se mantivesse vivo e pujante.

A despeito da crise, do baixo preço da castanha e da borracha, produtos extrativistas que sempre foram o oxigênio da movimentação de pessoas e de dinheiro durante o período festivo, novamente milhares de pessoas tomaram as ruas de Xapuri promovendo um espetáculo ímpar de fé e devoção no santo padroeiro da cidade. Independentemente do credo, é impossível que cada um dos xapurienses não seja tocado de alguma maneira pela manifestação religiosa que, antes de tudo, é um patrimônio da história do município.

Neste ano, a paróquia de São Sebastião fez algumas mudanças na rotina das últimas festas. A primeira foi quanto ao horário da missa, que sempre antecede a grande procissão pelas principais ruas da cidade. Em razão do forte calor e do sol intenso, o início da celebração, que tradicionalmente ocorre às 15 horas, foi adiantado em uma hora, começando pontualmente às 16 horas. A procissão saiu da igreja matriz às 17 e 27 minutos e contou com a colaboração de São Pedro, uma vez que não choveu no domingo.

A outra mudança foi relacionada à condução da imagem de São Sebastião, que depois de um século de sua chegada a Xapuri, começa a apresentar fragilidade na sua estrutura. Como medida de segurança, o andor do santo padroeiro fez, talvez pela primeira vez na história da procissão, o percurso sobre um carro em vez de ser carregado pelos fiéis como tem sido a tradição de 111 anos da celebração. Nada, porém, que interferisse na alegria e na disposição que os romeiros fizeram os cerca de 7 quilômetros do percurso da caminhada.

A festa foi encerrada com aplausos e gritos de “Viva, São Sebastião” em frente à igreja do santo, no centro de Xapuri, terra que tem a sua história construída paralelamente à história de uma celebração religiosa. Na despedida aos romeiros e visitantes, o padre Francisco das chagas, pároco de Xapuri, dedicou a festa deste ano à garota Maiquele Nonato de Oliveira, que na noite do sábado foi vítima de um crime hediondo que comoveu a cidade. “Sempre, Sebastião”, gritou alguém próximo ao carro de som.

Amém! E que ele dê à cidade a capacidade de superar suas dores e se reinventar. 

Nenhum comentário: