Atribuir aos bares e festas noturnas a responsabilidade pelo aumento de ocorrências policiais em Xapuri se equipara a dizer que afogamentos acontecem por culpa das praias e piscinas. Ao se propagar esse pensamento age-se preconceituosamente e burrifica-se o debate sobre as questões relacionadas à segurança pública.
Primeiro, não se pode discriminar dessa maneira pessoas que pagam seus impostos e geram empregos em atividades legais; segundo, a relação entre criminalidade e venda de bebidas alcoólicas não pode ser tratada de maneira isolada de outros fatores, como a falta de prevenção e policiamento nos locais de risco, por exemplo.
Outro ponto é que a garantia de segurança não pode estar atrelada a restrições da liberdade da população. Frequentar bares e festas é um direito que não pode ser tolhido em nome da segurança do cidadão. Não se pode, enfim, pretender o fim ou a redução dos pontos de venda de bebidas alcoólicas como solução para a ocorrência crimes.
Até mesmo as leis criadas no Brasil para proibir a venda de bebidas alcoólicas nas margens e proximidades das rodovias nacionais não pegaram porque estão constantemente indo de encontro a liminares cuja principal fundamentação é a inconstitucionalidade da proibição da venda de produtos legais que pagam impostos.
Também não existe nenhuma garantia de que a proibição da venda de bebidas resultaria na redução de crimes. Nos Estados Unidos, entre os anos de 1920 e 1930, a fabricação e o consumo de bebidas alcoólicas foram banidos nacionalmente, numa medida conhecida como The Noble Experiment, popularmente chamada de Lei Seca.
Em um primeiro momento houve um grande apoio à medida, mas depois o comércio e o consumo ilegal de bebidas se tornaram corriqueiros, com o governo fazendo vistas grossas. Traficantes e comerciantes ilegais, como Al Capone, em Chicago, montaram grandes esquemas que lucravam com o consumo ilegal. Não adiantou.
Voltando para a atualidade, em Xapuri tem se recorrido a subterfúgios para se explicar uma situação que neste começo de ano está fugindo aos padrões normais. Talvez estejamos longe de uma situação de insegurança ou de um explosão de criminalidade, mas que algo está errado é evidente, e quem denuncia isso é a própria população.
De acordo com a Constituição, segurança pública é um direito do cidadão, dever do Estado e responsabilidade de todos. Penso que a parte que cabe ao povo já esteja contemplada pelos escorchantes impostos pagos pelo contribuinte. E deve ser lembrado que segurança também significa proteção às liberdades individuais de cada cidadão.
2 comentários:
O debate sobre segurança precisa romper esse pensamento nanico de que a causa da violência registrada ultimamente em nossa cidade seja exclusivamente atribuída ao excesso de bares ou casas noturnas.
Lembrando o fatídico episódio da boate Kiss, no Rio Grande do Sul, em um único lugar morreram mais de 200 pessoas e a bebida alcóolica não foi o fator decisivo para a tragédia, antes de qualquer pensamento ingênuo, sem essa de apologia à bebida. Os motivos daquele funesto acontecimento são inúmeros: Alvará vencido, falta de inspeção pelos órgãos competentes, acústica inadequada, artefato incendiário. Vejam, não era faca, tão pouco revolver na mão de ninguém, mesmo assim muita gente morreu em um único ambiente. E por tudo isso, muitos irão responder judicialmente, não apenas os donos da boate.
De volta pra terrinha, compreende-se que nenhuma instituição colocou faca na mão de nenhum agressor pra tentar contra a vida de ninguém, mas há de se compreender que os donos de bares e casas noturnas que pagam seus impostos pra venderem legalmente bebidas alcóolicas também não colocaram faca na mão de ninguém, muito menos a população xapuriense.
Ora, sabemos que existem inúmeros fatores que cooperam para uma cidade do porte de Xapuri ter, lamentavelmente, frequentes ações de violência. Talvez essa discussão passe pela família, escola, falta de geração de emprego, falta de efetivo policial, enfim têm vários.
Espera-se que brevemente a sociedade, autoridades, polícias proponham esse debate sem melindres, sem os proprietários da verdade, sem receio de críticas, ou seja, de forma civilizada para que nossa cidade tenha dias melhores.
O debate sobre segurança precisa romper esse pensamento nanico de que a causa da violência registrada ultimamente em nossa cidade seja exclusivamente atribuída ao excesso de bares ou casas noturnas.
Lembrando o fatídico episódio da boate Kiss, no Rio Grande do Sul, em um único lugar morreram mais de 200 pessoas e a bebida alcóolica não foi o fator decisivo para a tragédia, antes de qualquer pensamento ingênuo, sem essa de apologia à bebida. Os motivos daquele funesto acontecimento são inúmeros: Alvará vencido, falta de inspeção pelos órgãos competentes, acústica inadequada, artefato incendiário. Vejam, não era faca, tão pouco revolver na mão de ninguém, mesmo assim muita gente morreu em um único ambiente. E por tudo isso, muitos irão responder judicialmente, não apenas os donos da boate.
De volta pra terrinha, compreende-se que nenhuma instituição colocou faca na mão de nenhum agressor pra tentar contra a vida de ninguém, mas há de se compreender que os donos de bares e casas noturnas que pagam seus impostos pra venderem legalmente bebidas alcóolicas também não colocaram faca na mão de ninguém, muito menos a população xapuriense.
Ora, sabemos que existem inúmeros fatores que cooperam para uma cidade do porte de Xapuri ter, lamentavelmente, frequentes ações de violência. Talvez essa discussão passe pela família, escola, falta de geração de emprego, falta de efetivo policial, enfim têm vários.
Espera-se que brevemente a sociedade, autoridades em segurança pública e as polícias proponham esse debate sem melindres, sem os proprietários da verdade, sem receio de críticas, ou seja, de forma civilizada para que nossa cidade tenha dias melhores.
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