A mais mundialmente conhecida cidade acreana está completando hoje seu 108º aniversário de fundação sem muitos motivos para comemorar.
Dona epítetos gloriosos como "Berço da Revolução Acreana" e "Princesinha do Acre", Xapuri vive do passado, que a cada ano vai ficando mais distante e esquecido pela tradicional falta de apego à memória.
A revolução já tem mais de 100 anos, e a cidade respira muito pouco desse tempo de glória; o seu melhor período de progresso e desenvolvimento, que lhe rendeu a nobre e carinhosa alcunha, remonta da primeira metade do século passado, talvez.
Até Chico Mendes, derradeiro de uma lista de grandes vultos que a cidade se acostumou a produzir - e este o grande responsável por toda a notoriedade que Xapuri possui no Brasil e no mundo -, já faz parte de um tempo que parece muito distante. Apesar de fazer pouco mais de 20 anos, apenas, que seu corpo e seus ideais foram enterrados no aparentemente longínquo dezembro de 1988.
"Terra do já teve" é outra designação, essa pessimista, da realidade de xapuriense. A cidade teve, realmente, muita coisa que hoje já não existe. Cinema, desfile de escolas de samba, comércio esplendoroso, um futebol recheado de craques e uma das melhores instituições educacionais da região Norte - o colégio Divina Providência. Mas fazer voltar o calendário não seria uma solução. Vivia-se muito pior naqueles tempos que na atualidade. Contrassenso? Reclamem com o Sérgio Roberto Gomes de Souza.
Assolada por sucessivas administrações que não funcionaram - algumas chegaram a oscilar entre o ridículo e o catastrófico - a cidade aparenta haver parado no tempo. Está feia e maltratada. Os visitantes, quando retornam ao lugar, sempre encontram a mesma coisa, e quando há mudanças visíveis, geralmente estas são para pior.
Tenho ouvido falar que Xapuri é a terra das revoluções. A armada, com Plácido de Castro; a ambiental, com Chico Mendes; e a ética referida pelo ex-prefeito Bira Vasconcelos. Sugiro, então, que seja feita mais uma revolução: a da transformação da cidade em um lugar que corresponda minimamente à grandeza da história que possui.
Esse, sem dúvidas, será o grande presente que a população espera receber nos próximos aniversários da nossa cidade. Indelicadeza falar assim de tão ilustre aniversariante? Talvez, mas abri os olhos nesta manhã de 22 de março mais realista que o próprio rei.
A prefeitura comemora a data como pode, com uma programação modesta, envolvendo escolas e população. O blog homenageia essa boa terra com a bela imagem acima, do repórter fotográfico Sérgio Vale, e com a letra do hino, de autoria de Fernando de Castela. A música foi composta por José Lázaro Monteiro Nunes.
Página viva da história acreana
Recebe o nosso afeto e gratidão
Reverente o teu povo se irmana
Neste hino que é hino e oração
Terra formosa, terra gentil
És Princesa do Acre
Glória dos acreanos (refrão)
Orgulho do Brasil
Teus bravos filhos, afoitos e pioneiros
Deste amado e glorioso rincão
Xapuris que se armaram guerreiros
Neste berço da Revolução
Que o exemplo de tanta afoiteza
De indomável coragem e ardor
Seja aos novos lição de grandeza
E esperança de paz e de amor
Xapuri nosso berço e agasalho
Nós herdeiros de herança viril
No teu chão plantaremos trabalho
Para a glória do nosso Brasil.
Parabéns a Xapuri e à sua gente honesta e trabalhadora, que labuta todos os dias para ver tempos melhores em um futuro que não esteja tão distante quanto está o seu passado de glórias.
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