sexta-feira, 22 de março de 2013

O adeus de Tia Vicência

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Foi marcada pela emoção dos familiares a chegada do corpo de dona Vicência Bezerra da Costa, às 15 horas de ontem, a sua antiga casa, no número 59 da rua Major Salinas, onde ela pediu para ser velada. Tia Vicência, a maneira carinhosa como era chamada por todos que a conheciam, morreu às 7h30 da manhã dessa quinta-feira, no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) no último domingo.

A morte da pioneira nordestina foi repercutida por toda a imprensa estadual e se tornou um dos assuntos mais comentados pelos usuários locais do Facebook. Através da estatal Agência de Notícias do Acre, o governador Tião Viana prestou solidariedade à família e manifestou “profundo pesar” pela partida da mulher que simbolizou como ninguém os Soldados da Borracha esquecidos pelos dirigentes do país que os arregimentou para uma guerra paralela ao segundo grande conflito mundial.

O programa Gente em Debate, apresentado pelo radialista Washington Aquino, fez uma homenagem especial à heroína xapuriense. Aquino havia se encontrado com Vicência fazia menos de duas semanas em seu famoso restaurante, em Xapuri. “Percebi que ela já não era a mesma. Tinha uma aparência cansada e reclamava de problemas de saúde. Mas jamais imaginei que estava tão perto de partir”, disse o jornalista. 

Em setembro do ano passado, Tia Vicência certamente sentiu umas das maiores emoções de sua vida ao ser homenageada, junto com outros Soldados da Borracha, e ter o nome inscrito no Panteão dos Heróis e Heroínas da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O reconhecimento tardio se deu através da aprovação da Lei nº 12.447/11, de autoria da deputada federal Perpétua Almeida, do PC do B acreano.

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Na imagem acima, na capital federal, Tia Vicência posa com os colegas Soldados da Borracha de outros estados brasileiros e a deputada Perpétua Almeida. Naquela ocasião, disse: “Cheguei ao Acre para fazer borracha com 14 anos de idade, sem saber o que o destino me reservava. Hoje, eu me sinto privilegiada por ter feito parte da história e sinto que estou sendo reconhecida pelo meu esforço e trabalho durante tantos anos”.

O corpo de Tia Vicência irá à sepultura no dia em que a cidade com a qual tanto se identifica completa 108 anos de fundação. De todo esse tempo, a retirante cearense que fincou raízes no Acre tem participação em nada menos que 7 décadas. Xapuri perde um de seus maiores símbolos, mas ganha um legado imensurável de luta, um enorme exemplo de coragem e uma demonstração cabal daquilo que o Brasil tem de mais precioso: a sua gente simples e guerreira.

O sepultamento está marcado para o começo da tarde desta sexta-feira.

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