segunda-feira, 18 de março de 2013

Estudante que matou desafeto acusa PM de omissão

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Antônio Elio dos Santos Silva, o Elinho, 22 anos, não se enquadra no perfil da maioria dos autores de crimes de homicídio registrados em Xapuri nos últimos tempos. Calouro do curso de Química do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Acre (IFAC), o estudante não tem passagem pela polícia nem histórico de violência ou envolvimento com drogas. Essa condição, no entanto, não impediu que ele matasse pelas costas, com duas facadas, o seu desafeto Valmir Monteiro da Silva, de 21 anos, que não teve qualquer chance de defesa, indo a óbito no local dos fatos.

O crime aconteceu na madrugada do último dia 10 de março, um domingo, nas proximidades do Bar da Vivi, onde se realiza uma das festas noturnas mais conhecidas da cidade. A reação de extrema violência se deu depois de uma confusão na qual Elinho foi esbofeteado por Valmir, segundo relatou o próprio acusado ao se entregar à polícia depois de ficar foragido por dois dias. O motivo do crime estaria ligado a uma rixa antiga motivada por uma disputa amorosa cujo pivô é uma garota que havia namorado a vítima e que atualmente se relaciona com o acusado.

Conversei com Elinho na tarde da última quinta-feira (15) em uma das celas da Delegacia Geral de Polícia, onde foi recolhido depois de se apresentar acompanhado pelo advogado Silvano Santiago. Ao se apresentar, encontrou um mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz Luiz Gustavo Alcaide Pinto, da Vara Criminal de Xapuri. Numa conversa de oito minutos, Antônio Elio afirmou ter se arrependido de maneira imediata do crime cometido e acusou a Polícia Militar de haver se omitido com relação à agressão que ele sofreu da vítima que ele mataria instantes depois.

Elinho acusa uma guarnição da Polícia Militar de haver lhe negado atendimento quando solicitou ajuda depois de receber um tapa no rosto desferido por Valmir. Ele afirmou que, sentindo-se desassistido, resolveu fazer justiça com as próprias mãos. “Eles poderiam ter evitado essa tragédia se pelo menos dois policiais tivessem descido do carro e me atendido”, afirmou ao blog o que já havia dito em seu depoimento ao delegado Sérgio Lopes, da delegacia de Epitaciolândia, que substituía o titular de Xapuri, Antônio Carlos Marques Mello, no dia do crime.

Antônio Elio afirmou que já havia apanhado outras vezes de Valmir pelo mesmo motivo. Falou também que acredita ter sido o excesso de bebidas alcoólicas consumido naquele dia um dos principais motivos para tamanho desatino. Com uma Bíblia na mão, disse: “Acho que foi o diabo que tomou conta de mim naquele momento. Fui tomado por uma ira que jamais havia sentido na vida”. E completou: “Entreguei-me para que isso possa servir de um mínimo consolo para a mãe dele, que perdeu mais um filho dessa maneira”. Um irmão de Valmir Monteiro também foi assassinado, há dois anos, de maneira semelhante, em um bar no centro de Xapuri.

Através do blog Xapuri Amax, da Associação dos Militares e Amigos de Xapuri, o comandante da 2º Cia. PM de Xapuri, Silvio Araújo da Silva, divulgou Nota de Esclarecimento sobre a acusação feita por Antônio Elio. Segundo ele, uma guarnição da Polícia Militar realmente passava pelo local onde o acusado foi agredido por Valmir, mas esta não pôde atender o caso naquele momento porque estava levando para o hospital local um homem ferido com um corte profundo em um dos braços. Tratava-se de uma ocorrência de violência doméstica na qual o autor teria levado a pior.

De acordo com o comandante Sílvio, foi dito a Elinho que permanecesse no local e que não revidasse à agressão sofrida, pois a guarnição retornaria para atendê-lo depois de prestar assistência ao homem que sangrava muito no interior da viatura. Depois de aguardar, no hospital, o atendimento médico referente à ocorrência anterior, a guarnição da PM foi informada via rádio dos novos fatos. Ao chegar ao local, os policiais já encontraram a vítima morta, tendo o acusado tomado rumo ignorado em uma motocicleta. 

Silvio Araújo diz ainda que no dia em que aconteceu o homicídio haviam cinco pontos de festa dançante em Xapuri, todas com farta vendagem e consumo de bebidas alcoólicas. Segundo ele, nas condições em que a Polícia Militar se encontra atualmente é impossível proporcionar segurança pública em todos esses locais. “A segurança tem que ser feita em todos os locais, e não apenas nas festas”. O militar concluiu a Nota de Esclarecimento isentando a guarnição da PM de qualquer responsabilidade sobre a conduta do autor do crime. “A Polícia Militar não pôs faca na mão de ninguém”.

2 comentários:

Rangel Salim disse...

tambem acho que que essa tragedia poderia ter sido evitada se a policia tivesse dado importancia,quando o acusado os procurou.não conheço nenhum dos envolvidos,não estou tomando parte de nenhum dos dois,tambem repudiu qualquer ato de violencia, pra mim, nada justifica o que o garoto fez,mais,da mesmo uma insatisfação quando vc procura justiça as autoridades e o mesmo não é dado avc...e o fato de ter 5 pontos de festa no dia tambem não justifica,sou um pouco leigo quanto a isso,mais,se o batalhão não tem contigente suficiente,porque que liberam o acontecimento dessas festas ?dei minha humilde opinião no blog do xapuri amax,não entendi o porque deles não terem publicado,já que este é um veiculo onde opiniões mesmo que diferentes,são debatidas certo?mais sei que o xapuri agora é bem democratico quanto a isso.
um forte abraço desse que é muito fã do blog DEUS ABENÇOE A TODOS!!!
RANGEL SALIM

... disse...

Nobre jornalista, vejo nesse caso uma maneira absurda que este jovem encontrou para se justificar. O rapaz detentor de ótimos antecedentes criminais não passa de um assassino cruel que matou uma pessoa de maneira premeditada e covarde em uma ação plenamente evitável levado por um motivo fútil. Assim como o cometimento do crime banal não o condena de imediato, seus bons antecedentes não o inocenta. Culpar a polícia por isso é ignorar a educação insuficiente desse homicida, assim como sua cultura e, mais ainda, o teor alcoólico que não o exime das responsabilidades penais. Quanto à ação da PM, mesmo sendo este comentarista militar suspeito ao falar, vejo que agiu de forma correta em prestar socorro e preservar a vida daquele ferido, não cabendo então sopesar entre uma vida e uma honra supostamente ofendida. O suspeito em questão deveria ter ido à delegacia e procurado os meios legais ao invés de fazer a justiça própria. Imaginemos se todos nós pensarmos desta forma vingativa, reagindo assim a toda falta de atendimento do Estado a um serviço essencial seja qual for o motivo da não prestação? Um pai ao perder o filho por falta de médico estaria habilitado a fazer o quê?