Agentes de endemias não têm pilhas para as lanternas e faltam até mesmo os coletores de larvas do mosquito Aedes aegypti.
A Secretaria Municipal de Saúde de Xapuri realizou nesta semana uma ação educativa de combate à dengue, nos bairros periféricos da cidade, que durou dois dias seguidos. Na ocasião, a secretária Simone Oliveira afirmou que o município não registra nenhuma ocorrência da doença desde o ano 2006 e que os casos aqui notificados neste período foram importados de outros municípios. "Pessoas contraíram a dengue em outros lugares e retornaram para Xapuri doentes", explicou ela.
Espero que essa situação positiva informada pela secretária seja única e exclusivamente resultado do trabalho educativo e de conscientização feito por sua secretaria. Fontes da Funasa – Fundação Nacional de Saúde –, cujas ações de combate às endemias são gerenciadas pelo município, informam que o trabalho de combate ao mosquito transmissor da dengue está parado em Xapuri por causa da falta de pilhas, para as lanternas dos agentes, e de coletores para as larvas do mosquito, apelidados de “pesca larvas”.
Consultado por telefone sobre essas informações, o gerente de endemias da Funasa, Élson Fadúl, pediu tempo para explicar a situação, sem negar ou confirmar a veracidade da falta do material básico para o trabalho de combate à doença. Minutos depois o gerente retornou a ligação telefônica informando que não havia sido autorizado pela secretaria de saúde do município a falar sobre o assunto. É isso mesmo. O gerente maior da Funasa no município foi impedido de prestar informações de total interesse da população.
Além de gravíssimo, esse fato denuncia a maneira irresponsável como a saúde pública vem sendo tratada em Xapuri. É inaceitável que as ações de um órgão federal como a Funasa, que trata de problemas de saúde tão sérios como a malária, que mata milhões todo ano no mundo, e a dengue, que já levou mais de 50 à sepultura no Rio de Janeiro, sejam condicionadas aos humores de uma prefeitura capenga como esta.
Funcionários da Funasa, que temem se identificar, já haviam informado, em outra ocasião, que recursos destinados ao trabalho de combate às endemias poderiam estar sendo desviados para outras finalidades. Outro desvio de finalidade seria quanto a um funcionário contratado para o combate ao mosquito e que exerceria outras funções, totalmente distintas das atribuições da Funasa. Estaria esse servidor, em determinada oportunidade, trabalhando como pintor.
Subordinados ao prefeito, via secretaria de saúde, a maioria dos funcionários da Funasa se mantêm em silêncio sobre as péssimas condições em que o trabalho é executado. Outros, ocupantes de cargos cujas gratificações dependem da vontade do prefeito, preferem calar para não perder parte da remuneração. Essa é a grande verdade da relação entre Funasa e prefeitura de Xapuri, após a grande bobagem que foi a municipalização das ações do órgão.
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