Raimundo Cardoso de Freitas *
Sem inverdades e manipulação... ao diálogo! É de uma desonestidade intelectual gritante a forma como certos intelectuais, a maioria de fora do Acre, estão encaminhando o debate sobre a questão da prospecção de gás natural e petróleo no estado.
Metidos a porta-vozes dos índios, dos seringueiros e de outros povos da floresta acreana, tais intelectuais insistem em ganhar ibope escrevendo e reescrevendo mentiras de que haverá prospecção das duas matérias-primas energéticas em áreas indígenas e em unidades de conservação.
É o que fizeram no último Papo de Índio, do jornal /Página 20/, Marcelo Piedrafita Iglesias, Mauro Barbosa de Almeida e Edilene Coffaci de Lima, que alardeiam o fim do mundo para a floresta e os povos que nela habitam caso haja exploração de gás ou de petróleo na região do Vale do Juruá.
Sutis e maliciosos, chegam ao absurdo de usar de "hipóteses" para reverberarem novamente a mentira com que alimentaram determinados blogueiros e jornalistas da capital para tumultuarem o início dos debates sobre essa mais nova perspectiva econômica para o Acre. Além disso, procuram satanizar o senador Tião Viana, autor da idéia, responsabilizando-o por hipotéticos prejuízos socioambientais naquela região acreana.
Traçam, através de hipóteses, um quadro tenebroso e nebuloso de prejuízos que a pavimentação de estradas e a exploração energética vão causar àquela região acreana, que eles querem fazer crer, estar muito bem como se encontra, com sua população isolada e carente de tudo, desde a saúde, a educação, a comunicação e outros benefícios da vida moderna.
Apenas baseados em suas suposições passam por cima até do longo histórico de vontade e intenção manifestadas secularmente por todo o povo juruaense de se integrar econômica e socialmente ao restante do estado.
Escrevendo em ar condicionado de salas modernas do Centro-Sul maravilha, estes intelectuais ditam regras e impõem o terror que, segundo eles, irão viver as populações indígenas e o meio ambiente caso haja exploração de combustíveis fósseis na região, até mesmo se essas vierem a ocorrer fora das áreas protegidas pela legislação brasileira, que não permite nessas áreas, em lugar nenhum do país, a exploração comercial de recursos naturais, muito menos de riquezas existentes em seu subsolo.
Sem procuração alguma para falar de índios, seringueiros e outros povos da floresta, os três intelectuais querem fazer crer que eles serão massacrados justamente por um senador que há muitos anos não mede esforços para melhorar a vida de toda a população do Juruá, através de programas como o Saúde Itinerante, além de ser um batalhador sempre pronto a ampliar os investimentos em saúde indígena.
Vale lembrar ainda que foi exatamente Tião Viana um dos que mais lutaram junto aos ministérios e órgãos federais pela implantação da Universidade da Floresta em Cruzeiro do Sul, principal projeto com que o antropólogo Mauro Almeida desfila de bom mocinho nas rodas intelectuais do Sul maravilha, onde o luxo é "ajudar" índios, mesmo usando-os apenas como cobaias de estudos que se destinam, quase sempre, a angariar apenas notoriedade intelectual.
Mas os índios permanecem lá, vivendo seus problemas diários, sem ver a cor da fama e do dinheiro que boas teses costumam gerar no meio da intelectualidade nacional.
Aqui, por exemplo, vale a pena perguntar ao antropólogo Mauro Almeida o quanto ele e outros participantes deram até agora de retorno financeiro aos índios acreanos da venda esgotada (ver www.submarino.com.br) da luxuosa Enciclopédia da Floresta, que eles editaram pela Companhia de Letras usando de graça a cultura, fotos e desenhos dos índios da região do Alto Juruá.
Também é preciso saber mais sobre o financiamento que ele teve da Fundação MacArthur, de 300 mil dólares, para estudos geológicos, morfológicos e de solo dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor, isto sabendo-se que a fundação MacArthur está envolvida com negócios no mundo* *inteiro inclusive investindo em quase 100 companhias de petróleo e gás. Quer dizer que a MacArthur pode saber, ou melhor já sabe, o que tem debaixo da terra, mas os acreanos não podem saber. E mais: Para que esses estudos fossem feitos, houve licenciamento ambiental? Foi perguntado aos índios e moradores do Juruá se eles queriam estes estudos? Os dados obtidos, foram disponibilizados aos investidores da Fundação MacArthur? O que eles pretendem com esses dados?
No artigo, os três intelectuais também tentam satanizar o senador acreano Tião Viana como se ele fosse um ente político isolado, um aventureiro que caiu de pára-quedas no Acre nos dias das eleições. A desonestidade no texto do artigo é flagrante por não considerar, em momento algum, que Tião Viana faz parte de um projeto de um grupo político acreano que vem dando respostas para os mais variados problemas socioambientais do estado. Um grupo que pegou o estado destroçado e entregue nas mãos do crime organizado, com um povo sem esperanças de cidadania e melhores condições de vida.
Mentiras deslavadas
Em determinado trecho do artigo, os intelectuais dão a entender que, depois de idealizar o projeto de prospecção (estudos, viram?) de gás e petróleo, o senador fez tudo na surdina, escondido, tramando com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Petrobras algo desconhecido da sociedade acreana.
Neste caso, é de se perguntar ao meticuloso e auspicioso guardador de arquivos do grupo, o antropólogo Marcelo Piedrafita Iglesias - que repete entre aspas até detalhes das matérias da assessoria de imprensa do senador sobre o assunto – se ele não viu publicado no Diário Oficial da União os atos de aprovação, nos Programas Plurianuais (PPAs) da União de 2000-2003 e 2004-2007, das emendas colocadas pelo senador destinando recursos para prospecção de gás e petróleo no Acre e em outros locais do país.
Como bom arquivista, Iglesias deveria lembrar que também foi o governo da floresta integrado pelo senador Tião Viana que lhe permitiu participar dos estudos etnoambientais sobre os índios dentro do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do estado.
Os intelectuais chegam ao cúmulo de acusar o senador de não ter respeito aos cuidados ambientais previstos em lei exigidos para projetos como os de pavimentação de estradas e de exploração energética. Mas esquecem que foi o governo integrado pelo senador que vem tomando todas as precauções para minimizar o impacto socioambiental, na área dos índios Katukina, da pavimentação da BR-364 no Vale do Juruá.
Sem argumentos sólidos e calcados na fantasia do mal, os três intelectuais, entre as quais se encontra Edilene Coffaci de Lima, uma ilustre desconhecida dos acreanos, vão divagando em hipóteses absurdas e acusatórias contra o projeto de Tião Viana de pedir a realização de estudos para saber se há possibilidade de o Acre dispor de uma fonte de energia (como o gás natural, por exemplo) menos poluente do que o óleo diesel que é transportado hoje pelos rios e igarapés acreanos que cortam as aldeias e as unidades de conservação do estado com segurança duvidosa.
Isso, esses intelectuais nada comentam, assim como não falam em relação aos prejuízos causados a esses mesmos rios e igarapés pelo assoreamento provocado por fazendas de gado que vêm se instalando na região do rio Juruá. Da mesma forma, eles nada comentam da participação decisiva que os desmates em fazendas na Amazônia vêm tendo para a emissão de mais de dois terços de gases poluentes do Brasil que contribuem para o aquecimento do planeta.
Um bom desafio para esses intelectuais ocuparem seu tempo seria eles, que temem tanto o progresso econômico e social na Amazônia, se debruçarem em dados para explicar por que o Parque Industrial da Zona Franca de Manaus (AM), junto com a exploração de gás e petróleo de Urucu, têm sido apontado como os principais responsáveis pela contenção do avanço do desmatamento naquele que é considerado hoje o maior estado florestal do planeta.
Talvez descubram que é graças justamente a esses dois projetos que o percentual de desmate no Amazonas não passou ainda dos 5%, pois a geração de empregos e renda que eles representam, além da responsabilidade socioambiental com que são executados, tem evitado que a população amazonense parta para os desmates e as queimadas de sua floresta.
A Zona Franca de Manaus e a exploração de gás e petróleo em Urucu são receitas que estão dando certo, embora necessitem de alguns reparos, e elas não partiram de nenhum desses três ambientalistas, que não defendem o ambiente com os pés no chão, antes estão vagando no espaço sideral. Sem essas receitas, o que seria hoje da floresta do Amazonas?
É um bom começo para eles ocuparem seu tempo pelos próximos meses, em vez de ficarem apregoando hipóteses diabólicas, infames e mentirosas sobre quem, como o senador Tião Viana, passa 24 horas de seu dia pensando e trabalhando em favor de um Acre econômico, social e ambiental sustentável.
* Engenheiro agrônomo, com especialidade em ecologia e manejo de florestas tropicais
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