Aterro Sanitário se transformou em pasto para gado
Margens da Estrada da Variante estão virando lixão
Um problema ambiental dos mais graves continua sendo ignorado pelas autoridades em Xapuri. Trata-se do aterro sanitário do município, que desde o início do ano vem sendo alvo de denúncias feitas pela comunidade e por alguns vereadores, em virtude dos perigos que o local destinado a receber o lixo da cidade está oferecendo à saúde pública.
O problema mostra que em Xapuri, a experiência do Projeto de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para a Amazônia foi um completo fracasso. O projeto, lançado em 2003, se propunha a executar experiências-piloto em nove municípios, sendo um em cada Estado da Amazônia, para testar processos e formas adequadas para enfrentar os graves problemas ambientais e de saúde pública resultantes do lixo urbano gerado.
Os municípios selecionados pelo projeto foram: Cururupú, no Maranhão; Guajará-Mirim, em Rondônia; Juína, em Mato Grosso; Laranjal do Jari, no Amapá; Manicoré, no Amazonas; Porto Nacional, em Tocantins; Xapurí, no Acre; Breu Branco, no Pará e Caracaraí, em Roraima. A esses municípios se juntou, posteriormente, Tucuruí, no Pará.
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, de acordo com o MMA, é a maneira de conceber, implementar e administrar sistemas de Limpeza Pública considerando uma ampla participação dos setores da sociedade com a perspectiva do desenvolvimento sustentável. Para isso, vários setores da sociedade local foram envolvidos na discussão e na responsabilidade pela implantação e andamento do projeto. Em Xapuri foi firmado um pacto entre prefeitura, Ministério Público e Ibama.
Passados alguns anos, parece que todos esqueceram suas responsabilidades. O que era para ser o aterro sanitário voltou a se tornar o mesmo lixão que existia na entrada da cidade causando transtornos à população e ameaça à aviação, já que se localizava nas proximidades da pista de pouso da cidade. A diferença, agora, é que o lixão está localizado na Estrada da Variante a cerca de 10 km da zona urbana. Atualmente, no local, o lixo encontra-se a céu aberto, sem o menor tratamento, e o que é pior: o gado das fazendas vizinhas está se alimentando do lixo exposto.
As atuais condições de funcionamento do aterro são as piores possíveis. A prefeitura parece ter perdido completamente o interesse pelo projeto e o resultado disso foi que em 2005, por falta de cumprimento de prazos para a apresentação de projetos, não acessou os recursos relativos à segunda fase do programa. Esses recursos seriam destinados à construção do sistema de combustão dos gases produzidos pelo lixo enterrado.
Diariamente, dezenas e dezenas de bois disputam o lixo com ratos e urubus, fato que pode representar um grave perigo para a saúde pública no município, pois o gado da região, por ser de corte, seguramente vai parar na mesa do consumidor. A situação tem gerado reclamações da população e algumas denúncias por parte de alguns vereadores. O Ministério Público ameaçou, mas até o momento não tomou nenhuma medida quanto ao problema.
Como se tudo isso não fosse bastante, os funcionários responsáveis pelo transporte do lixo até o aterro, por pura preguiça (se houver outra razão, por favor, me informem), estão jogando os resíduos nas margens da Estrada da Variante como é possível perceber nas fotografias. Entulhos, restos de construção, tudo espalhado por quase toda a extensão da estrada, entre o prédio do Sesc e a entrada do acesso ao bairro Laranjal. Uma verdadeira imundície, resultante de um trabalho vergonhoso e repugnante de pessoas que não prezam sequer pelo lugar onde vivem.
Nas oportunidades em que se pronunciou sobre o assunto, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente alegou a falta de equipamentos para processar a correta destinação do lixo. O único trator existente para execução desse serviço estava quebrado, sem previsão de conserto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário