O seringueiro Nilson Mendes, 44 anos, primo de Chico Mendes e uma das principais referências da prática do manejo florestal comunitário do município de Xapuri, é um homem acostumado com a vida na mata e com os mistérios da floresta.
Não são poucas as narrativas em que ele relata casos em que fenômenos no mínimo estranhos à compreensão humana amedrontaram a ele mesmo e a uma outra boa quantidade de seringueiros afamados pela habilidade em percorrer as estreitas estradas de seringa e as “batidas” de caça em fuga.
O fato a seguir foi contado ao jornalista Élson Martins, que o publicou em sua coluna Almanacre, no jornal Página 20:
Bom caçador, Nilson tinha muita carne de caça em casa. Mesmo assim, sentiu “cuíra” para ir matar um veado “de espera” na madrugada. Levou uma espingarda calibre 12, com cinco cartuchos, uma lanterna, banana e farinha para comer. Armou sua rede a três metros do chão numa árvore, junto ao “barreiro” (local de comida do veado) e permaneceu quieto, atento aos sons do seu “paraíso perdido”.
Por volta das 3h30, o bicho apareceu. Calmamente, Nilson engatilhou a arma, acendeu a lanterna e... pum! - disparou o primeiro tiro. O veado deu saltos, rodopiou e berrou feio, mas não caiu. Nilson deu um segundo tiro, um terceiro... o bicho continuou rodopiando e berrando. Num dado momento olhou para cima, para o foco da lanterna, de um modo apavorante. “Não é possível”, pensou Nilson. “Não posso ter errado três tiros... e não vou gastar cinco cartuchos com um veado só.”
Intrigado e temeroso, desceu da rede com a espingarda e a lanterna na mão, mirou a jugular do bicho e bem de perto disparou o quarto cartucho. Mas o animal não só não caiu, como se voltou para ele transformado em pura assombração.
O caçador voltou a subir na árvore devagarzinho, agora no escuro e tonto de medo. Ao enfiar a mão na rede, topou com alguma coisa dentro dela:
“Era uma coisa estranha, peluda, não tive coragem de acender a lanterna para ver. Preferi descer, devagar e no escuro, e passo a passo fui me distanciando daquela agonia sem olhar para trás. Nunca mais voltei ao local. Eu poderia ter morrido naquela noite!”, diz o caçador.
Na semana passada, Nilson Mendes esteve em Xapuri relatando um fato novo e igualmente estranho: em algumas colocações do seringal Cachoeira, as árvores têm aparecido envergadas e amarradas uma nas outras em forma de arco. O fato, segundo Nilson, está chamando a atenção de seringueiros e desafiando a curiosidade de muita gente.
O seringueiro afirma que o fenômeno não pode ser de autoria humana, mas não pode imaginar o que estaria por trás dos misteriosos acontecimentos. Nilson nos fez um convite para ir até um desses locais para fazer registro fotográfico das inusitadas ocorrências que, segundo ele, não são criação da mente supersticiosa de moradores da região. Iremos até lá na próxima semana.
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