O Ibama acabou. Da mesma forma abrupta como foi criado, em 1990, com uma única medida, foi extinto dias atrás. Fruto da junção de quatro órgãos públicos, o Ibama, nos seus 17 anos de existência, passou por várias turbulências.
Ao congregar a Superintendência do Desenvolvimento da Borracha (Sudhevea), a Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (Sudepe), a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) em um único órgão, a incompatibilidade operacional não deixava o gigante funcionar direito. Era impossível gerir o Ibama e o presidente que se mantinha no cargo por mais de um ano era recordista.
Já em 1995, o modelo de estrutura administrativa do Ibama apresentava fragilidades. As consultorias contratadas para diagnosticar o problema e apontar soluções, não conseguiam sair do lugar comum: incompatibilidade operacional dos quatro órgãos de origem. Afirmavam que o funcionário da pesca queria continuar trabalhando como na Sudepe e assim por diante. Isso queria dizer que, enquanto órgão, o Ibama não existiria para os próprios servidores.
Mas não era bem assim. Os técnicos do Ibama possuem profunda identificação com o órgão e, o mais importante, se não eram, tornaram-se, com o tempo, ambientalistas. Extensionistas e fiscais da pesca, da borracha, da madeira e das unidades de conservação transformaram-se em conservacionistas e preservacionistas.
Os primeiros preocupados com a extensão e acreditando na possibilidade de uma exploração sustentável dos recursos naturais, uma vez que essa exploração fosse realizada sob as técnicas de manejo desses recursos.
Os segundos, por sua vez, preocupados com a degradação ambiental crescente e, incrédulos da possibilidade do manejo sustentável, voltaram seus esforços para coibir as atividades econômicas. Colocaram sua atenção para exercer o poder de polícia e consolidar a fiscalização e o monitoramento ambiental.
O problema gerencial do Ibama talvez seja mais bem explicado como nos dizeres de um pescador residente na Reserva Extrativista do Arraial do Cabo, uma praia paradisíaca localizada no Rio de Janeiro: “órgão que espalha bolim, não pode servir para juntar bolim”.
A metáfora diz respeito ao fato de que apenas a visão do carro do Ibama era motivo suficiente para que o grupo de pescadores se dispersasse na praia. Como era possível que o técnico que desembarcasse daquele veículo pedisse para os pescadores se unirem em uma Associação, criassem uma Reserva Extrativista, para impedir que um Resort (hotel de grande porte) fosse construído.
Mas o tema do diagnóstico gerencial do Ibama ficou para a história. O Ibama foi extinto ou dividido em dois como dizem. Um novo órgão surgirá e o tempo dirá se será mais eficiente para o meio ambiente. No entanto, o mais importante é que:
O novo Ibama precisa ser forte para o Acre não queimar em 2010.
Ecio Rodrigues é professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).
Extraído do site Kaxiana
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