domingo, 25 de outubro de 2009

Sem tempo para viver

Márcio Tonetti

O rádio faz parte do cotidiano das pessoas e consiste num dos veículos de maior penetração por chegar aos lugares mais distantes. Singular prestígio se atribui evidentemente a quem faz a notícia acontecer: o jornalista. Todavia, aqueles que participam do dia-a-dia das redações sabem quão árdua e intensa é essa tarefa. E nesse vai e vem, o profissional acaba até mesmo sem tempo para viver.

O jornal "Unidade", do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, na edição de março, publicou uma pesquisa confirmando que o jornalismo é "uma profissão estressante. Não ter tempo, é a máxima do jornalista".

De acordo com Eduardo Carinta, roteirista da Rádio Transamérica de Mogi Mirim, o estresse dentro do rádio decorre, em parte, da pressão constante para encontrar a notícia. Além disso, ele acredita que o jornalista acaba mantendo também um vínculo comercial, pois é estimulado constantemente pela equipe para correr atrás da informação e fazer girar dinheiro para cobrir as despesas do próprio grupo".

Em decorrência, as saídas são os vícios. O radiojornalista, na sua maioria, tem uma vida desregrada. É muito crítico e como tal, sujeito a questionamentos filosóficos e sociais. "A sua rotina prejudica os relacionamentos e isso faz com que o jornalista do rádio se sujeite aos problemas familiares, psicológicos e que, conseqüentemente, o levam à ingestão de bebidas alcoólicas, cigarro e café", comenta Amarildo Augusto, professor no curso de Comunicação Social no Unasp e ex-produtor da Rádio CBN São Paulo.

Conforme relata Humberto Butti, chefe de jornalismo da Rádio CBN Mogi Mirim, que atua na profissão há aproximadamente 25 anos, no início da década de 80 o profissional do rádio era considerado pela sociedade como um boêmio. "O seu próprio ritmo de vida o instigava a isto", relembra Butti.

Mas nem tudo é malefício neste veículo. O profissional é poupado de outros tipos de estresse devido à agilidade em que a notícia vai ao ar. Se algo fora do previsto ocorreu, basta que ele vá até o lugar e transmita tudo pelo telefone, sem se preocupar com equipamentos, sinais de satélites ou redigir um texto rapidamente para ainda ser editado, como acontece em outros meios de comunicação. Para o radiojornalista é muito compensador ver o resultado de seu trabalho instantaneamente. Portanto, para continuar colhendo os frutos de seu trabalho, os profissionais do rádio que se cuidem.

Texto extraído do Canal da Imprensa.

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