A Cooperativa Agroextrativista de Xapuri – realizou durante o último final de semana a sua Assembléia Geral Ordinária do ano de 2008. O objetivo foi apresentar aos sócios a prestação de contas referente ao exercício de 2007 e avaliar a atual safra da castanha, que ainda está em andamento. O resultado do encontro, no entanto, não foi o esperado pelos dirigentes da entidade.
Com pouquíssima participação dos associados – apenas 25 de um total de 386 compareceram à assembléia – a cooperativa não conseguiu sequer apreciar a prestação de contas do exercício passado. O presidente da entidade, Luiz Íris de Carvalho, explica que diversas irregularidades, ocorridas no exercício de 2006, impediram o fechamento das contas deste ano.
A prestação de contas de 2006 contém uma infinidade de erros e não foi registrada na Junta Comercial do Estado do Acre. Entre as irregularidades apontadas pelo atual presidente estão a concessão de empréstimos a terceiros, realizados sem a assinatura de papéis, e a movimentação desastrosa do capital da empresa, atestada por balanços confusos e relatórios financeiros incompreensíveis.
Outro fato que agravou a situação da Caex foi a perda, em 2006, de 86 toneladas de castanha, no valor de 1 milhão e 65 mil reais, levadas para a Bolívia, como pagamento de uma dívida contraída junto à empresa Tahuamanu, daquele país. Luiz Íris afirma que não pode garantir se aconteceu desvio de dinheiro da cooperativa nos últimos anos, mas considera que houve, no mínimo, intensa irresponsabilidade na administração dos recursos públicos disponibilizados pelo governo federal.
Há dois anos a Caex não tem acesso aos recursos referentes ao Programa de Compra Antecipada da Castanha, liberados todos os anos para as cooperativas do estado. O motivo é a inadimplência herdada da gestão passada da entidade, que não pagou o dinheiro recebido da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento – em 2005.
A dívida de 1 milhão de reais com a Conab pode levar a Caex a ter todo o seu patrimônio penhorado, inclusive a sua sede. Uma carta precatória ordenando o levantamento e a avaliação de bens da cooperativa já foi expedida pela justiça. De acordo com o presidente da entidade, só as usinas de castanha e de borracha ficam fora da penhora porque ainda são patrimônio do Ibama. A Caex detém apenas a concessão de uso das usinas.
O atual presidente conta que quando assumiu a direção da instituição, em maio de 2007, a cooperativa agonizava com dívidas que superavam a marca de 1,5 milhão de reais, devendo impostos municipais e estaduais, com a folha de pagamento atrasada há quase 5 meses e com o seu estabelecimento comercial praticamente sem nenhuma mercadoria nas prateleiras.
Para se manter em funcionamento, sem dinheiro para a compra da castanha, a cooperativa passou a sobreviver da fatia de 20% do mercado da borracha deixado pela fábrica de preservativos masculinos, sendo que a Caex ainda tinha que dividir essa parcela com outro comprador da região. Com as dívidas sendo aos poucos colocadas em dia, a Caex tenta se habilitar a receber os recursos do governo do estado para o pagamento da produção do látex destinado à fábrica de preservativos, que atualmente está sendo feito através da Cooperacre - Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre.
Criada em 1988, ainda sob a coordenação do líder sindical Chico Mendes, morto naquele mesmo ano, a cooperativa tinha o objetivo de eliminar do processo de comercialização da borracha a figura indesejável do atravessador (marreteiro) e viabilizar o desenvolvimento econômico dos seus associados. Passados quase 20 anos de sua criação, a Caex nem de longe parece ser aquela instituição sólida que recebia apoio e financiamento de ONGs e Fundações de governos internacionais.
O gerente da Caex na gestão passada, Salustiano Diogo, foi contatado por telefone. Ele informou que se pronunciaria a respeito das afirmações do atual presidente após ler esta matéria. O ex-presidente, Luiz Pereira, não foi encontrado.
A safra da castanha
A boa notícia da assembléia deste final de semana ficou por conta dos bons números da safra de castanha deste ano. A Caex divulgou que já comprou mais de 17 mil latas do produto, quase o triplo do volume negociado no ano passado que foi de 6 mil latas. A expectativa da cooperativa é de que até o fechamento da safra sejam compradas mais de 25 mil latas de 10 quilos, o que corresponde a 250 toneladas de castanha.
Em Xapuri, a lata de castanha está sendo comprada do produtor ao preço de 10 reais para o associado da cooperativa e de 9 reais para o não associado. Luiz Íris de Carvalho afirma que apesar da alta do preço no mercado internacional, a cotação do produto no mercado local ainda continua relativamente baixo no mercado local em virtude da supersafra ocorrida no país e da compra antecipada do produto.
“Apesar da alta do preço da castanha no mercado exterior, que regula o preço da castanha no Brasil, houve uma supersafra no país, o que tornou a oferta maior que a procura, deixando a cotação da castanha em baixa para o produtor”, explica ele.
Está prevista para o mês de maio a realização de uma assembléia geral extraordinária, quando a Caex pretende, enfim, resolver de forma definitiva as questões relacionadas às duas prestações de contas pendentes. Quanto ao destino tomado pelo dinheiro da compra da castanha, o conselho deliberativo da entidade resolveu solicitar ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público Estadual a abertura de investigação. O TCU se manifestou na semana passada, requerendo informações e documentos à cooperativa, e o MPE não se pronunciou até o presente momento.
A prestação de contas de 2006 contém uma infinidade de erros e não foi registrada na Junta Comercial do Estado do Acre. Entre as irregularidades apontadas pelo atual presidente estão a concessão de empréstimos a terceiros, realizados sem a assinatura de papéis, e a movimentação desastrosa do capital da empresa, atestada por balanços confusos e relatórios financeiros incompreensíveis.
Outro fato que agravou a situação da Caex foi a perda, em 2006, de 86 toneladas de castanha, no valor de 1 milhão e 65 mil reais, levadas para a Bolívia, como pagamento de uma dívida contraída junto à empresa Tahuamanu, daquele país. Luiz Íris afirma que não pode garantir se aconteceu desvio de dinheiro da cooperativa nos últimos anos, mas considera que houve, no mínimo, intensa irresponsabilidade na administração dos recursos públicos disponibilizados pelo governo federal.
Há dois anos a Caex não tem acesso aos recursos referentes ao Programa de Compra Antecipada da Castanha, liberados todos os anos para as cooperativas do estado. O motivo é a inadimplência herdada da gestão passada da entidade, que não pagou o dinheiro recebido da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento – em 2005.
A dívida de 1 milhão de reais com a Conab pode levar a Caex a ter todo o seu patrimônio penhorado, inclusive a sua sede. Uma carta precatória ordenando o levantamento e a avaliação de bens da cooperativa já foi expedida pela justiça. De acordo com o presidente da entidade, só as usinas de castanha e de borracha ficam fora da penhora porque ainda são patrimônio do Ibama. A Caex detém apenas a concessão de uso das usinas.
O atual presidente conta que quando assumiu a direção da instituição, em maio de 2007, a cooperativa agonizava com dívidas que superavam a marca de 1,5 milhão de reais, devendo impostos municipais e estaduais, com a folha de pagamento atrasada há quase 5 meses e com o seu estabelecimento comercial praticamente sem nenhuma mercadoria nas prateleiras.
Para se manter em funcionamento, sem dinheiro para a compra da castanha, a cooperativa passou a sobreviver da fatia de 20% do mercado da borracha deixado pela fábrica de preservativos masculinos, sendo que a Caex ainda tinha que dividir essa parcela com outro comprador da região. Com as dívidas sendo aos poucos colocadas em dia, a Caex tenta se habilitar a receber os recursos do governo do estado para o pagamento da produção do látex destinado à fábrica de preservativos, que atualmente está sendo feito através da Cooperacre - Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre.
Criada em 1988, ainda sob a coordenação do líder sindical Chico Mendes, morto naquele mesmo ano, a cooperativa tinha o objetivo de eliminar do processo de comercialização da borracha a figura indesejável do atravessador (marreteiro) e viabilizar o desenvolvimento econômico dos seus associados. Passados quase 20 anos de sua criação, a Caex nem de longe parece ser aquela instituição sólida que recebia apoio e financiamento de ONGs e Fundações de governos internacionais.
O gerente da Caex na gestão passada, Salustiano Diogo, foi contatado por telefone. Ele informou que se pronunciaria a respeito das afirmações do atual presidente após ler esta matéria. O ex-presidente, Luiz Pereira, não foi encontrado.
A safra da castanha
A boa notícia da assembléia deste final de semana ficou por conta dos bons números da safra de castanha deste ano. A Caex divulgou que já comprou mais de 17 mil latas do produto, quase o triplo do volume negociado no ano passado que foi de 6 mil latas. A expectativa da cooperativa é de que até o fechamento da safra sejam compradas mais de 25 mil latas de 10 quilos, o que corresponde a 250 toneladas de castanha.
Em Xapuri, a lata de castanha está sendo comprada do produtor ao preço de 10 reais para o associado da cooperativa e de 9 reais para o não associado. Luiz Íris de Carvalho afirma que apesar da alta do preço no mercado internacional, a cotação do produto no mercado local ainda continua relativamente baixo no mercado local em virtude da supersafra ocorrida no país e da compra antecipada do produto.
“Apesar da alta do preço da castanha no mercado exterior, que regula o preço da castanha no Brasil, houve uma supersafra no país, o que tornou a oferta maior que a procura, deixando a cotação da castanha em baixa para o produtor”, explica ele.
Está prevista para o mês de maio a realização de uma assembléia geral extraordinária, quando a Caex pretende, enfim, resolver de forma definitiva as questões relacionadas às duas prestações de contas pendentes. Quanto ao destino tomado pelo dinheiro da compra da castanha, o conselho deliberativo da entidade resolveu solicitar ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público Estadual a abertura de investigação. O TCU se manifestou na semana passada, requerendo informações e documentos à cooperativa, e o MPE não se pronunciou até o presente momento.
2 comentários:
Raimari,
Li recentemente um artigo de autoria da Prof. Nazira Camely, professora do Departamento de Economia da UFAC que atualmente cursa Doutorado no Rio de Janeiro, onde a mesma apresenta uma reflexão sobre o "onguismo estadunidense". Neste artigo, a professora apresenta uma tabela sobre a CAEX indicando que, somente no período de um ano, a cooperativa de Xapuri recebeu mais de 1 milhão de dolares (a maioria a fundo perdido).
Ela conseguiu os dados quando escrevia sua dissertação de mestrado.
No artigo, a Profa apresenta, em detalhes, os valores, as fontes, etc.
Infelizmente, nesse momento não estou com o artigo no meu micro, mas vou recuperá-lo para enviar para vç.
Vale a pena ler.
Raimari,
Gostaria de saber informações sobre a venda de castanhas pela cooperativa de xapuri.
Se tiver e puder passar dados como telefone e possível site, ficaria muito agradecido!
Muito Obrigado,
Leonardo Techio
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