O signatário da coluna Na minha opinião, Evandro Cordeiro, que escreve no site Notícias da Hora, anotou na manhã deste sábado (29) que o PT estaria se rendendo ao bom desempenho do PSB em Xapuri e que deveria apontar o candidato a vice-prefeito na chapa de Manoel Moraes. “Leonardo Brito, o presidente do partido no estado, viaja hoje cedo até lá para fechar a aliança”, afirmou o colunista.
Leonardo Brito realmente esteve na cidade no sábado. Em visita a alguns municípios da regional, se inteirou da conjuntura política local sem tocar em assunto ligado à relação entre PT e PSB. De Xapuri se dirigiu a Epitaciolândia, quando se reuniu com a direção do partido naquele município, onde o PT tentará chegar à prefeitura com a pré-candidatura já definida do diretor da Rádio Aldeia de Brasiléia, Marcos Fernando.
Efetivamente, quem veio a Xapuri neste sábado participar de um ato oficial da agremiação foi o ex-deputado federal Marcos Afonso, representando a Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores, e o que se viu foi algo bem diferente daquilo que vaticinou o colunista do Notícias da Hora. Em um ato de filiação que reuniu mais de 300 pessoas, às 20 horas, no pequeno salão do Mirantes Bar, o partido deu mais uma demonstração de que não abrirá mão da candidatura própria.
Em clima de início de campanha e de ratificação do nome do engenheiro agrônomo Francisco Ubiracy como pré-candidato único do partido, o PT homologou, no encontro, 122 novas filiações. Grande parte dos novos filiados é de jovens, segmento que andou um tanto esquecido pela sigla nos últimos anos, mas que, pelos discursos, promete ser um tempero a mais na luta do PT para retomar uma das prefeituras mais ambicionadas do estado.
Convidado para ser o palestrante da noite, o ex-deputado Marcos Afonso exaltou os avanços obtidos pelo governo Lula, lembrou a derrota para a prefeitura de Rio Branco em 1996 (para Mauri Sérgio), quando, segundo ele, ocorreu a maior compra de votos da história do Acre. Utilizou Xapuri como exemplo para mostrar o resultado de uma opção mal feita na hora de escolher aquele que vai administrar a cidade por 4 anos, e com relação ao prefeito Vanderley Viana como adversário do PT nas eleições, provocou: “Praga crescida é mais fácil de ser combatida”.
Já falando como nome único a ir à convenção municipal, Ubiracy agradeceu aos concorrentes internos (o suplente de vereador José Selmo Dantas e o gerente local da Seaprof José Nilberto Menezes) que abriram mão de suas candidaturas em nome da dele. Para ele, o PT já conquistou a primeira grande vitória dessas eleições: garantir a unidade partidária, tida como o maior trunfo para a disputa que promete ser dura.
O que o PT precisa mostrar em Xapuri é se realmente superou o trauma da derrota para Vanderley Viana nas últimas eleições municipais que levou o partido a um processo de desunião e disputas internas que o levaram a cometer o fiasco de lançar dois candidatos à Assembléia Legislativa nas eleições passadas. Se a tão falada unidade se mostrar restaurada, seus dirigentes mostram que lições foram tiradas da última derrota e o partido seguirá como uma das principais forças locais. Caso contrário, só o futuro poderá dizer sobre os destinos da sigla na terra de Chico Mendes.
Daqui para frente
A expectativa agora é para a reação do PSB às demonstrações seguidas do PT de que não cogita composição de chapa com o aliado de FPA, abdicando do cargo de prefeito. O partido tem se mantido taciturno neste início de ano sobre a confirmação da candidatura de Manoel Moraes. Somente em alguns setores da imprensa seu nome é citado como certo na disputa eleitoral. O próprio Manoel não afirma publicamente se será ou não candidato, apesar de garantir trabalhar com base em levantamentos periódicos que sempre lhe apontam vantagem sobre Ubiracy e Vanderley.
Por outro lado, aguardam-se também os desdobramentos das possíveis candidaturas de Elenira Mendes (PV) e Marcinho Miranda (PSDB). A primeira, envolvida nas atividades do Instituto Chico Mendes - que ela preside - para as comemorações dos 20 anos da morte de Chico Mendes, que acontecem este ano, parece não ter tido tempo para se dedicar ao assunto. Além disso, a divulgada união entre PV, PP, PC do B e PMDB parece já ter azedado. Alguns militantes influentes dos três primeiros não concebem uma aliança com os peemedebistas. É esperar pra ver no que vai dar.
Já Marcinho Miranda, que segue apostando em chances reais de ser eleito, resta saber se terá realmente cacife para sustentar sua participação no jogo. Com uma densidade eleitoral certamente baixa, o tucano de Xapuri não conta sequer com nomes expressivos entre os possíveis candidatos de seu partido à câmara, com exceção do vereador Clemilton Lima, o segundo mais votado nas últimas eleições municipais. Vale lembrar que o bom desempenho de Clemilton não se repetiu quando tentou uma vaga na Assembléia Legislativa no último pleito estadual.
Quanto a Vanderley Viana, comenta-se que corre o risco de não ter legenda para disputar a reeleição. A demissão de um apadrinhado de Márcio Bittar, que ocupava um cargo na prefeitura de Vanderley parece ter colocado farinha azeda na cumbuca dos dois. Pela tranqüilidade que o prefeito aparenta ao divulgar aos quatro cantos uma popularidade ilusória de 63%, é muito improvável que o PPS lhe bata com a porta na cara, afinal de contas o inquieto e sempre imprevisível Vanderley Viana é a última tábua a que o finado MDA tenta se agarrar.
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