As autoridades do estado do Rio de Janeiro admitiram, após terem insistentemente negado, a existência de uma epidemia de dengue, que, segundo números divulgados hoje, avança ao ritmo de um caso reportado por minuto.
Até hoje, segundo os últimos números oficiais, em modificação hora após hora, eram 23.555 os casos registrados na cidade do Rio de Janeiro, mas ao somar com os detectados em localidades vizinhas, chegavam a mais de 35.902 desde janeiro último.
O número de mortos, ao longo do ano, girava em torno de 49, mas o número poderia ser muito maior, pois os médicos ainda esperavam pelo resultado de exames de outras 49 pessoas que faleceram com suspeitasde possuir a doença.
Segundo relatório da Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil, dos incluídos na lista de falecidos, 29 casos ocorreram na cidade do Rio, onde, segundo alguns especialistas, uma combinação de fortes chuvas e deficiências de saneamento básico criaram o habitat perfeito para a reprodução do mosquito "Aedes aegypti", que transmite a doença. Segundo dados oficiais, a metade dos doentes corresponde a crianças de até 14 anos de idade, dos quais 25 já faleceram.
O último caso confirmado foi o de um bebê de oito meses que morreu durante a madrugada de hoje em um hospital da zona norte da cidade. A situação é a pior vivida desde 2002, quando a dengue matou cerca de 90 pessoas em solo fluminense; 54 delas viviam na capital.
Só nesta quinta-feira foram confirmados 2.053 novos casos, o que supôs uma alarmante média de 1,4 por minuto. Apesar do alerta de muitos médicos, na semana passada, sobre as novas dimensões do assunto, somente na quinta-feira as autoridades estaduais aceitaram que estão diante de uma dura epidemia, uma qualificação à qual o prefeito do Rio, Cesar Maia, ainda resiste.
O secretário de Saúde do governo, Sergio Cortes, admitiu a existência da epidemia e pediu "desculpas" aos doentes pela autêntica "Via-Sacra" sofrida nos dias atuais em hospitais abarrotados que não são suficientes para atender a enorme profusão de pacientes.
Embora ainda não reconheça a epidemia e assegure que a situação começou a ser controlada, a Prefeitura do Rio recomendou hoje que, apesar das intensas temperaturas, próximas a 37 graus, as crianças usem calça comprida, meias e sapatos fechados.
A idéia é minimizar a possibilidade de as crianças serem picadas nas pernas pelos mosquitos, que, segundo os especialistas, têm o hábito de voar a poucos centímetros do solo. À delicada situação nos hospitais, que tiveram que pedir, esta semana, camas adicionais ao Exército, se somou agora a ameaça de que se esgotem as reservas de plaquetas, necessárias para se tratar os doentes.
O Hemorio fez hoje uma chamada a possíveis doadores, pois a demanda por plaquetas aumentou 50% e calcula-se que, caso o ritmo atual seja mantido, as reservas existentes se esgotarão no próximo domingo.
Para tratar de impedir que se chegue a esse extremo, um ônibus equipado com aparatos usados na extração de sangue começou a percorrer, hoje, a cidade, em busca de possíveis doadores.
O Governo federal também estendeu o alerta e o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, criou um "gabinete de crise", que se reunirá na próxima segunda-feira, após as festividades da Semana Santa, a fim de estudar uma forma de auxiliar as autoridades regionais.
Uma medida que com certeza será adotada é a convocação das Forças Armadas para auxiliar na tarefa de fumigação, tal como foi feito em Brasília no começo do ano. A capital federal registrou na ocasião um surto de febre amarela, doença tropical transmitida pelo mesmo "Aedes aegypti".
Fonte: Agência EFE
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