quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Uma questão de justiça

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O secretário-adjunto de Segurança Pública do Acre, Ermício Sena, tem sido vítima de uma história mal contada que criou pernas e se espalhou pelas esquinas e mangueiras de Xapuri em forma de exemplo da propalada “perseguição petista”. A mentira chegou ao Facebook e induziu ao erro até mesmo pessoas que primam pela correção e pela justiça, como é o caso do blogueiro Maxsuel Maia, que reproduziu o que ouviu em seu blog.

A versão que transforma o assessor do governo em demônio dá conta de que durante a campanha eleitoral ele se dirigiu ao Quartel da Polícia Militar de Xapuri para pedir que os militares votassem no candidato do PT à prefeitura. Na ocasião, um sargento teria se recusado a atender a solicitação de Ermício, sendo punido com três dias de detenção sob a justificativa de haver desrespeitado um superior hierárquico.

O fato que originou a versão inverídica ocorreu, na verdade, durante uma atividade política realizada pela Frente Popular de Xapuri no seringal São Pedro. Ao chegar ao local o secretário cumprimentou todos os membros da guarnição que fazia a segurança do comício. Ao se dirigir ao sargento Delmo Nicácio este se recusou a apertar a mão que Ermício Sena lhe estendeu, alegando que não era obrigado a cumprimentá-lo.

Questionado sobre o motivo que teria para agir daquela maneira, o militar afirmou que não tinha nada a dizer. Apenas ressaltou que não era obrigado a apertar a mão do secretário-adjunto de Segurança Pública. O episódio foi relatado pelo chefe da guarnição ao comando da Polícia Militar em Xapuri, que tomou a medida de punir o sargento com um dia -  e não três – de prisão disciplinar em razão do comportamento descortês com um superior. 

Esclareço que não tenho a intenção de julgar se foi correta a atitude do militar ou injusta a punição recebida. Também desconheço se existiram problemas anteriores entre o policial e o secretário ou se o segundo interferiu na punição do primeiro. Meu objetivo é o de apenas e tão somente oferecer ao público uma descrição real dos acontecimentos baseada no relato de membros da própria guarnição da qual o sargento fazia parte na noite dos fatos.

E também deixo bem claro àqueles que não perdem tempo em me apedrejar que não estou advogando em favor de Ermício Sena, que é bem crescido e competente para se defender e resolver sozinho seus problemas. Faço isso por uma simples questão de justiça e por não me conformar em ver a contumácia com que mentiras são apregoadas como verdades absolutas com o vil objetivo de solapar a moral e a dignidade das pessoas.

Em tempo: Não ouvi nenhum dos lados envolvidos na questão, uma vez que o objeto do post é a distorção dos fatos e não o episódio em si. Mas coloco o blog inteiramente à disposição de ambos caso desejem se manifestar sobre o episódio ou sobre minhas considerações.

Um comentário:

nader disse...

Há mais de vinte anos conheço o Ermício Sena, à época éramos universitários e participamos juntos com outras dezenas de alunos da UFAC do congresso nacional da UNE, em junho de 1992, no Rio de Janeiro, aliás, foi com ele que tive mais convívio durante a viagem e nos três dias do congresso e de lá até esses dias continuamos nosso contato, ou seja, tempo suficiente pra conhecer um pouco sua história e a maneira como ele trata qualquer um que dele se aproxima. Sei com a irrestrita certeza que jamais ele terá esse perfil.
Também concordo que ninguém seja obrigado a estender a mão retribuindo um simples cumprimento, ali não estava o superior, mas um ser humano que usou de sua cordialidade para saudar a guarnição do evento. De igual forma entendo que um funcionário público, sargento de uma instituição tão importante para o Estado, à polícia militar que recebe o soldo pra garantir a segurança e o bem estar da sociedade não pode usar do contrário, a grosseria, com ninguém, sobretudo a um secretário-adjunto estadual de Segurança Pública, mesmo que haja diferenças partidárias. Precisamos saber separar as coisas. Sobre tudo isso está o respeito pelo ser humano.