Faz duas semanas que tenho sido alvejado por uma saraivada de indiretas e até mesmo ofensas via Facebook pelo simples fato de emitir uma opinião sobre um aspecto relacionado ao resultado das últimas eleições. Em quase 25 anos acompanhando a política paroquiana da posição de radialista, 5 dos quais também como blogueiro, essa maneira modernosa de pisar no calo dos outros, poucas vezes fui tão “elogiado” por expressar o que penso e o que sinto sobre os fatos e a realidade da terra em que nasci e vivo até hoje.
E pensar que até pouco tempo muitas das mesmas pessoas que me espezinham hoje me rasgavam elogios e deferências que extrapolavam meu modesto merecimento. Como toda a vida desconfiei de rasgação de seda e nunca me considerei bom em nada, me mantive, como sempre, sem me impressionar com loas e bajulações desmedidas que, não raro, têm algo de suspeito. Dito e feito. Quando minha opinião desagradou, passei a mentiroso, baixo, vulgar e desqualificado.
E vejam que minha modesta opinião não precisou ir além do óbvio para ferir os brios de quem, pelo visto, opta por encobrir o astro-rei com uma enorme peneira a, pelo menos, fazer uma reflexão serena e profunda das mensagens emitidas pelas urnas nessas últimas eleições em Xapuri. Curto e grosso, o recado dado agora terá reflexo líquido e certo no pleito de 2014, quando, além dos candidatos, até este blogueiro será colocado à prova.
Afirmei que a inexpressiva votação obtida pela chapa majoritária da coligação PSB-PSC representa a queda do prestígio político de quem, entre os líderes da aliança política, já o deteve, como é o caso do deputado estadual Manoel Moraes, e mantém "in statu quo ante bellum" a aceitação dos ex-candidatos a prefeito e vice-prefeito, Wagner Menezes e Oséias D’Ávila de Paula, cuja votação não superou os 9 por cento. Muito pouco para quem aparecia, no caso PSB, como a segunda maior força política individual de Xapuri.
É possível que o deputado socialista contrarie minha análise e se reeleja com um caminhão de votos nas próximas eleições estaduais? Sim, é possível. Em política, como no futebol, tudo pode acontecer. No entanto, não é isso o que as urnas disseram nessas eleições, e não é isso o que o atual momento indica. E análise política é feita com base nos indicativos da conjuntura atual, cuja voz das urnas é um dos principais elementos. Se será assim ou não, só o tempo dirá.
O desempenho catastrófico do PSB pode ser analisado de diversas maneiras e com base nos mais diferentes pontos de vista. Minha opinião, insistindo no direito constitucional de emití-la, é de que faltou envergadura política ao maior nome do partido para transferir votos a um candidato que ele carregava nas costas e sobrou falta de talento ao núcleo pensante do grupo, que permitiu transformarem uma campanha eleitoral promissora em um fracasso quase total.
O primeiro grande erro se deu na estratégia de coligação. Não se sabe por que cargas d’água os dois partidos se uniram apenas majoritariamente. Certamente cada qual achou que estava bem demais na fita e resolveram sair “nenhum por todos e todos por nenhum”. O resultado foi o naufrágio do PSC, que ficou sem vaga na Câmara tendo o quarto candidato mais bem votado, e o esfacelamento do PSB, que de três vereadores, manteve apenas um, a duras penas.
Recorrendo-se aos números do TSE se constata que PSB e PSC obtiveram 2188 votos. Teriam feito, com sobras, dois vereadores, Gessi Capelão e Fernando Lopes (Cocada), e não apenas um. Penso que a coligação no campo proporcional teria fortalecido a votação de Wagner Menezes, considerando que os candidatos do PSC obtiveram quase 900 votos de eleitores que não tinham nenhuma motivação para votar no candidato majoritário.
A desorganização e a falta de liderança que imperou embaixo fez um efeito devastador em cima. Sem contar que o candidato a vereador Vanderley Viana (PSC) fez do palanque da coligação um verdadeiro circo de horrores, colocando em xeque a reputação das principais lideranças dos dois partidos. Quando se resolveu enquadrar o “Doido da Baladeira”, a casa já havia caído e o barco já funcionava os motores, a todo vapor, rumo a Manacapuru, destino para qual alguns ainda relutam, com todas as energias, em partir.
Afirmar que os eleitores que visitou nessas eleições “negaram o voto ao candidato Wagner Menezes, mas garantiram-lhe o apoio quantas vezes ele seja candidato” não parece ser o argumento mais convincente que o deputado Manoel Moraes possua para ressaltar seu prestígio e para minimizar a derrota acachapante que, inegavelmente, sofreu em Xapuri. Principalmente, porque deprecia o candidato que ele defendeu a ponto de causar um racha importante dentro de seu partido, com a saída do vereador Erivélton Soares, que vai fundar no município o PEN – Partido Ecológico Nacional – com a promessa de ser candidato a deputado daqui a 2 anos.
Outro ponto é que ao se recusar a assumir os ônus pelo revés sofrido, o parlamentar deixa transparecer para sua aguerrida militância e para seus apaixonados correligionários que continua bem na foto e força o entendimento de que qualquer opinião acerca de sua perda de força eleitoral no município não passa de mera precipitação. Esse temerário ponto de vista pode levar a uma consequente acomodação das bases e do próprio estafe do deputado, que pode não estar entendendo que o próximo pleito bate à porta para uma disputa que promete reavivar antigas divergências e tomar contornos dramáticos.
Pelo que se pode avistar com base no calor do momento pós-eleitoral, que é sempre emocionalmente traumático e por isso mesmo se mostra bastante revelador, uma quantidade acima do normal de políticos locais vai brigar pela condição de candidato a deputado nas próximas eleições. Uns com a real intenção de conquistar uma sonhada vaga no parlamento estadual; outros com o manifesto objetivo de derrubar da cadeira o único deputado que o PSB possui. Para todos eles, sem exceção, o porto de Manacapuru é logo ali.
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