sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

"Se ela dança, eu danço"

Nesse mês de fevereiro, o Grupo de Teatro Poronga se prepara para retornar aos palcos, após a dura perda da sua estrela maior, Daliana (na foto com a atriz Letícia Spiller), que passou para o outro plano em dezembro do ano passado. O retorno, certamente não será fácil. A ferida aberta pela partida da garota saída do interior do seringal, simples, pobre, mas de um talento e capacidade de emocionar surpreendentes, não vai cicatrizar de um instante para o outro. É certo, porém, que onde estiver nesse momento, o espírito de Daliana, que em vida sonhou intensamente ser uma atriz reconhecida, clama para que, como a vida, o show deva continuar.

A retomada dos espetáculos, com certeza, será cheia de emoção. Talvez não seja possível controlar as lágrimas, mas o importante é que ela estará presente nas atuações do restante do grupo, fazendo aquilo que parecia ser o que ela mais gostava: fazer as pessoas sorrirem. A Daliana, a quem eu não tive a oportunidade de conhecer de forma próxima, na realidade só a vi por umas duas vezes, tinha um dom natural de fazer sorrir. Ela ria dos outros, com sua pureza, ria do mundo, de si mesma, de sua realidade. E fazia com que os outros rissem também. Dela, com sua arte; de si mesmos, ao serem apresentados às suas próprias ridicularidades, peculiares a todos nós.

O blog deseja toda a sorte e todo o sucesso ao grupo Poronga nesse reinício de caminhada. Essa idéia de valorizar a cultura e a memória da nossa terra, através do teatro, foi uma das melhores iniciativas que Xapuri teve nos últimos anos.


* O Grupo de Teatro Poronga é fruto de uma iniciativa quase que pioneira de alguns jovens sonhadores de Xapuri, considerando-se os tempos mais recentes da história da cidade, que há muitos anos não possuía um grupo organizado que se dedicasse à pratica de atividades culturais como o teatro e outras formas de valorização da cultura local. Recentemente, o Poronga teve aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura um projeto que consiste em levar para outras cidades do estado a arte teatral xapuriense, através da peça "Se ela dança, eu danço", de autoria do próprio Poronga.

2 comentários:

Unknown disse...

É, com certeza a Daliana era e sempre sera a nossa fonte de inspiração para a continuação do nosso espetáculo que ela, o Clenes e eu (Maricildo, seu marido) fizemos.
Com serteza não será fácil a retomada do nosso trabalho mas era a vontade dela, e com sertaza onde quer que esteja vai estár nos iluminando para continuação do que ela mais gostava de fazer que era fazer os outros rirem, nem que fosse dela mesmo!!!
E o que aconteceu com ela podem ter a convicção de que vamos, juntos com a justiça, punir os culpados por essa perda.

Clenes Poronga disse...

Nussss Raimari... parece que vc conseguiu a difícil tarefa de ler os nossos pensamentos, entender as nossas mágoas e compreender nossas tristezas... pois vc traduziu em palavras tudo aquilo que a gente é, tudo que a Daliana era (e certamente continua sendo do outro lado)...
É, estamos realmente muito abalados ainda. Hoje já conseguimos lembrar dela de uma maneira melhor, da parte alegre, como ela um dia chegou a comentar sobre morte... queria a felicidade das pessoas que ela amava... e que a amavam (e continuamos amando!) tb!!
Mas às vezes, tipo hoje, bate uma tristeza... sei que a missão dela continua em planos superiores... acredito na vida além de um corpo físico! mas é duro aceitar a partida, o desencarne, de uma pessoa tão querida, tão amada...
É como se faltasse um pedaço de mim... e o Grupo de Teatro Poronga tb está em frangalhos... perdeu não só uma atriz... perdeu uma escritora, coreógrafa, dançarina, maquiadora, figurinista, cenógrafa, diretora... palhaça... perdeu um ser de luz (e que a terra está precisando tanto...)
Vamos demorar a nos recuperar... mas ela quer, onde ela está, que o show continue... não podemos deixar morrer essa arte que ela lutou tanto para criar aqui em Xapuri...
continuamos, sim! mas só pq ela tb queria... a minha caminhada, agora, adquiriu uma carga a mais nas costas... a perda da Daliana é como um peso enorme colocado à força nas minhas costas... perdi uma prima, amiga, alma-irmã... tínhamos uma ligação além do físico... uma ligação que chegava (e chega!) a ser espiritual... certamente de outras vidas!!!
Deus, os mentores espituais (meus, dela, do Cildo e do Amarildo), assim como toda a espiritualidade amiga, estão a guiar o Espírito Dallyanna do outro lado da vida... e lá ela tb vai arrasar!!!
(Não tenho dúvidas disso!)
E é isso que nós tb vamos tentar fazer aqui...
Em homenagem a nossa luz (que é ela!)
Obrigado pelas palavras (tocaram a minha alma!)