Aníbal Diniz
A chamada operação G7 da Polícia Federal, que resultou na decretação pela desembargadora Denise Bonfim da prisão preventiva de empresários da construção civil e alguns integrantes da equipe do Governo do Acre, teve do governador Tião Viana a mais precisa e justa atitude que um líder político honesto e transparente poderia adotar.
Tião Viana reconheceu a legitimidade do trabalho da Polícia Federal e aguarda os desdobramentos dos fatos para decidir o que fazer em relação às pessoas presas na operação divulgada em tempo real pela imprensa nacional, informada do caso antes mesmo que o Ministério Público, que só tomou conhecimento das prisões pelo noticiário.
Reafirmando o princípio de tolerância zero com a corrupção, o governador garante que se as investigações provarem a culpa de qualquer dos integrantes de sua equipe, a punição deve ser exemplar. A disposição do Governo em colaborar com as investigações fortalecem o acerto desta decisão. Onde há ética e onde há justiça "não se condena antecipadamente e não se pune antecipadamente".
Até aqui as investigações da Polícia Federal e a decisão autocrática da desembargadora Denise Bonfim seguiam interpretadas como procedimentos técnicos, de acordo com os poderes e a vontade de tais autoridades. Mas não tardou surgir a politização dos acontecimentos, agravada por artigo assinado pelo deputado Márcio Bittar, que se desocupa do importante trabalho de primeiro-secretário da Câmara Federal para chafurdar na politicagem e tirar proveito da situação.
Mas no campo político será inevitável comparar a Frente Popular e a oposição que o deputado Bittar representa. A memória do povo lembrará os escândalos que o Acre sofreu quando o governo do PMDB tinha um poderoso Bittar secretário de Planejamento. Em contrapartida, foram os governos do PT e da Frente Popular com Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana que resgataram as instituições basilares do Estado Democrático de Direito no Acre, assim como o presidente Lula foi decisivo para que no Brasil de hoje instituições como a própria Policia Federal possam atuar com total liberdade.
Nosso Governo não é perfeito. Nenhum será. Mas se surgem problemas, temos a humildade de reconhecer para corrigir. Podemos ter erros de natureza técnica, de gestão, de escolhas. Só não temos e não admitimos desvios de ordem moral. O compromisso público, a honestidade e a ética na política são valores que trazemos do aprendizado com gigantes morais como Chico Mendes e dom Moacyr Grechi.
São inegáveis as mudanças e as melhorias proporcionadas pelos governos da Frente Popular à sociedade do Acre, em todos os seus 22 municípios. Melhorou a Saúde, a Educação, a qualidade de vida. A economia cresce e tem um projeto sustentável. Programas como o Ruas do Povo e Cidade do Povo são expressões de novas conquistas, principalmente para as famílias mais pobres. E atrapalhar esses programas é o desejo da oposição quando busca politizar este lamentável episódio chamado Operação G7.
Infelizmente, ao tomar a dianteira das manobras para politizar a prisão de pessoas sem culpa provada, o deputado Márcio Bittar expõe um falso moralismo de alto risco. Afinal, sua própria carreira politica tem o DNA da famosa Conta Flávio Nogueira, escândalo ocorrido no governo Flaviano Melo e que teve Mauro Bittar, irmão de Márcio, como um dos chefões. A tal Conta Flávio Nogueira foi destaque nacional por criar a tecnologia das contas-fantasmas e inovar a prática da corrupção no Brasil.
Se num futuro próximo as próprias investigações podem revelar a inocência de pessoas para quem o deputado aponta o dedo, o passado já condena o senhor Márcio Bittar.
Toda a sociedade acreana deseja que a investigação, amplamente divulgada pela Polícia Federal, resulte em um processo que garanta justiça, não um palanque eleitoral.
Aníbal Diniz é senador da República (PT/Acre).
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