Ser alvo de ações na justiça não é novidade para nenhum blogueiro cujo objeto de trabalho seja resenhar o cotidiano de uma cidade pequena como Xapuri. No campo político ou na área policial, sempre há alguém insatisfeito com o que relata o blogueiro e também não falta quem queira unir essa insatisfação à possibilidade de angariar alguns trocados.
Já sofri algumas ações na justiça, assim como também impetrei outras, tendo, em ambos os casos, ora como demandante ora como demandado, obtido vitórias e derrotas. Mas devo dizer que jamais havia visto alguém acionar outro na justiça com base em tanto cinismo como fez recentemente o policial civil Franciberto José Carneiro de Lima.
O agente acima citado acaba de registrar reclamação contra este blogueiro no Juizado Especial Cível da Comarca de Capixaba-Ac, queixoso de que causei a ele danos morais ao ter noticiado e opinado sobre um fato ocorrido no dia 15 de janeiro de 2011, quando o policial se envolveu em uma confusão com Manoel Nogueira do Nascimento, mais conhecido como “Má do Peroba”.
Clique aqui para reler as informações sobre o caso postadas neste blog.
O episódio aconteceu no Bar do Damião, na entrada de Xapuri, onde tanto Franciberto como Má do Peroba bebiam na companhia de amigos. Em síntese, o policial se desentendeu com Manoel Nogueira, jogando um copo de cerveja em seu rosto. Como reação, o agredido atirou um copo de vidro cujos estilhaços causaram ferimentos no agente civil e em um companheiro seu.
O que se seguiu foi um grande tumulto ocasionado pelo fato de que Franciberto sacou de uma pistola em meio a uma multidão que frequentava o local e empreendeu perseguição, com a arma em punho, ao desafeto que na fuga caiu se machucando no asfalto. A atitude foi testemunhada por dezenas de pessoas, tendo muitas chegado a vaiar o policial.
Cheguei ao local no momento em que Franciberto, já desarmado, se negava a acompanhar a guarnição da Polícia Militar que atendia à ocorrência. Fora de controle, o policial civil discutia com os militares precisando ser dominado e colocado à força na viatura que o conduziu à delegacia, onde o plantonista era o delegado Cristiano Bastos, da cidade de Brasiléia.
Ao relatar esses fatos, com base em várias testemunhas e também naquilo que vi com meus próprios olhos, fiz alusão ao grupo de policiais civis que na década de 90 se autodenominavam “Paquitos”, sendo do conhecimento de toda a sociedade acreana que eram truculentos e costumavam agir de maneira cinematográfica.
Foi a referência aos “Paquitos” que gerou, em tese, a insatisfação do policial Franciberto, alegando que com tal alusão o tachei de criminoso, uma vez que, segundo ele, os “Paquitos” eram criminosos. Ora, me referi ao famigerado grupo pelo comportamento que lhe era peculiar ser parecido com a maneira com a qual o policial civil se comportou naquele dia.
Ademais, nem sei se todos os que se intitulavam “Paquitos” eram criminosos, mas quero novamente deixar claro que a referência que fiz naquele momento não teve por objetivo rotular o policial civil de criminoso, como expliquei em postagem ligeiramente posterior aos fatos (leia aqui), quando o então delegado Thiago Fernandes enviou nota à imprensa sobre o caso.
E é com base na nota do delegado Thiago Fernandes que vou rebater algumas afirmações que o policial apresentou ao defensor de justiça de Capixaba para embasar a reclamação contra este blogueiro, cujos fundamentos, além de conter enorme quantidade de erros gramaticais, não se atenta em elencar o conjunto de fatos que a priori pretenderia negar com a genérica expressão “é tudo mentira”.
Primeiro, o policial afirma que na época dos fatos “estava próximo ao Bar do Damião”, quando deveria dizer que estava NO BAR, bebendo assim como todos os demais frequentadores, como confirmarão, caso necessário, uma dezena de testemunhas consultadas por mim sobre o episódio ocorrido naquele dia.
Outra mentira cabeluda ocorre quando o policial diz que foi encaminhado à delegacia como vítima e seu desafeto como agressor. Nada disso é verdade, depois de ser conduzido à força pela PM, na delegacia foi lavrado Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), que foi enviado ao Poder Judiciário na mesma semana dos fatos, figurando ele, o policial, como autor do feito.
Disse, à época, o delegado Thiago Fernandes: “Ao tomarmos conhecimento dos fatos, no dia de hoje, foram ouvidas as partes, sendo feito o TCO de ameaça, e encaminhado ao Poder Judiciário, onde o envolvido irá responder criminalmente. Ainda, quanto à esfera administrativa, todas as peças serão encaminhadas à Corregedoria Geral de Polícia Civil, para os procedimentos cabíveis”.
O delegado também encaminhou cópias das peças à representante do Ministério Público na cidade, Diana Soraia, afim de garantir e demonstrar a imparcialidade aplicada ao caso em questão. Ele ressaltou também o esforço da Polícia Civil do Estado do Acre na repressão da criminalidade no Estado, não medindo esforços para, com total isenção, investigar e responsabilizar as pessoas que infringirem a lei, sobretudo as condutas de seus profissionais.
É bem provável que ele, Franciberto, também tenha representado a vítima Manoel Nogueira por ter jogado nele um copo de vidro, mas no caso em epígrafe foi ele, sim, o agressor que deveria ter respondido por crime de ameaça. Não tomei conhecimento do resultado dessa questão na esfera judicial, se ouve acordo ou não, e muito menos tive notícia de pronunciamento da Corregedoria de Polícia Civil sobre o caso.
Ignorando o fato de o episódio em que se envolveu ter ocorrido em meio a quase uma centena de pessoas, Franciberto termina por afirmar que todas as notícias veiculadas na reportagem em questão são inverídicas, sendo que nunca existiram, se tratando apenas de invenção de minha mente com a intenção de atentar contra a sua honra.
Franciberto se esquece também que já se envolvera em episódio parecido, quando sacou uma arma dentro do “Bar do Chicão”, localizado em frente à Delegacia de Xapuri. Este episódio não gerou grande repercussão pelo fato de na ocasião o policial estar em pleno exercício da função, averiguando uma denúncia de tráfico de entorpecentes, mas o ato de sacar desnecessariamente uma arma no meio do público causou revolta das pessoas presentes, gerando tumulto.
Encerro dizendo que como todo e qualquer profissional estou sujeito ao erro e, da mesma maneira, passível de responder na esfera judicial por meus excessos. Acrescento, no entanto, que mesmo errado o homem deve estar sempre com a consciência assentada sobre a verdade. É ela a grande responsável por permear a justiça terrena e fazer com que os cidadãos de bem possam dormir o sagrado e por que não divino sono dos justos.
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