sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O todo e as partes

Rubens Menezes de Santana

Depois de um longo período de férias, eis que xapurionline está de volta, e por conta de uma questão ainda distante de findar e que envolve a empresa que nos prestava serviços de hospedagem, nosso domínio está modificado, não apresentando o BR final. Somos agora um domínio internacional.

Neste período de hibernação, tomei ciência, através do blog Xapuri Agora, de responsabilidade de nosso irmão Raimari Cardoso, que o estado de abandono administrativo iniciado há décadas, insistentemente permanece em nossa cidade.

Vi as labaredas da justa indignação, nos argumentos alinhavados por Éden Mota ao questionar a falta de investimentos em obras de pequeno porte nas ruas do entorno da casa de Chico Mendes – principal destino de nossos visitantes.

O problema ali, não é apenas estético; mas sim, ambiental: toda a área constitui-se em desaguadouro de praticamente toda a drenagem de Xapuri.

Entre as ruas Major Salinas e Dr. Batista de Morais, desde o Hospital Epaminondas Jácome, passa a rede de drenagem de uma área baixa e alagadiça.

A esta, se junta outra rede que passa por baixo da praça em frente à igreja.

E finalmente, toda baixada por trás da rua Pio Nazário é drenada na mesma direção das duas anteriores.

Na época em que foram construídas – administração de Júlio Figueiredo ou Édson Dantas – não havia a disponibilidade das manilhas de concreto armado. Toda obra foi feita utilizando-se apenas tijolos e argamassa. Pindoba ainda aí está prá confirmar. Se outra rede foi construída ou esta sofreu melhorias, não é de meu conhecimento.

Mas o que importa mesmo é o volume de água que é despejado sobre as margens nuas de um rio jovem como o Acre, que ainda nem mesmo definiu seu curso que vagueia sobre sedimentos pouco consolidados.

A junção das três redes de drenagem – que coletam também esgotos residenciais - é exatamente na área atrás da casa de Chico Mendes.
Há alguns anos, durante aula de campo com meus alunos de Hidrografia fomos abordados nesta área por Ildefonso Praxedes, o Gastura, que me perguntou sobre medidas a ser tomadas para minimizar os efeitos da erosão em seu terreno.

Mostrando a ele as dimensões dos ravinamentos e voçorocamentos causados pelo escoamento das águas, respondi-lhe:

- Que terreno?! Você já não possui mais nenhum terreno!

Com isto quero alertar que, se não houver uma intervenção imediata e eficaz, a erosão dissolverá toda a área final do sistema de drenagem. Ali, não cabem mais paliativos!

Também li a opinião de Mestre Baratinha sobre a ausência de protagonismo por parte da população xapuriense. Assino embaixo. Temos que tomar nosso destino nas próprias mãos, juntar com quem pensa parecido ou tem os mesmos objetivos, ideais, sofre com problemas semelhantes. Olhar mais para o que nos une e menos para o que nos separa. Perfeitamente alinhado com a visão de Mestre José Porfiro.

Vamos começar por resolver os problemas mais comuns e simples; depois os mais complexos. As nossas diferenças podem ser minimizadas, pelo menos por enquanto.

Um bom exemplo desta atitude proativa é a reedição do Resgate Cultural – O Baile que se realiza no próximo dia 05 de dezembro por iniciativa do bom xapuriense Magão e colaboração de muita gente boa que se importa com sua terra. É simples, basta querer fazer e tirar um pouquinho de seu precioso tempo. Vale o esforço!

Pode vir a ser um festival anual de música, e como sugere Mestre Porfiro, poderíamos cooptar outros músicos das cidades vizinhas, e em vez de uma noite, o evento poderia estender-se final de semana adentro e com vários estilos e gêneros musicais. Tem prá todo gosto!

Outro exemplo é o de Mariete Costa, que ano após ano, encarrega-se da ornamentação do andor de São Sebastião no dia de sua festa. Parece coisa à toa; mas não é. Precisa ter compromisso, gasta com transporte, com os enfeites. Mas é feito com tanta alegria e desprendimento, que me deixa encabulado: Porque não fui ajudar?

Professora Aurélia Castelo juntou seus esforços a Otávio e juntos reergueram a capela do Entroncamento, sem alardes, à surdina. São atitudes como estas que merecem nosso reconhecimento.

- Pode fazer? Então faça!

Os Filhos e Amigos de Xapuri, por enquanto é apenas uma abstração, uma idéia, um sonho. Só se materializará quando congregar o máximo de mentes e braços dispostos a mudar os destinos de nossos irmãos.

- Você é filho ou amigo? E tá esperando o quê?!

Finalmente, devemos ter sempre em mente, que o poder público terá sempre seus parceiros preferenciais, independentemente de matiz ideológica! Tem donos e obedecerá sempre a eles.

Portanto, a sociedade é que deverá organizar-se a fim de tornar visíveis seus anseios e problemas. Observemos o grupo da Sibéria que trabalha com sabão. Vamos beber da mesma água que Carmita. Esta pode ajudar, e muito!

O somatório de tudo isto será muito grande; mas ainda será menor e menos rico que suas partes componentes.

Rubens Menezes de Santana, o Rubinho, é xapuriense, professor e editor do site Xapuri Online.

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