Por Raymond Colitt (Reuters)
A consolidação de projetos de pequeno porte de coleta de frutas e castanhas é a melhor maneira de atenuar a pobreza e proteger a Amazônia e outras florestas tropicais, mas a estratégia costuma ser ignorada pelos governos, mostrou um estudo na segunda-feira.
As comunidades que coletam produtos naturais geram mais renda de longo prazo que muitos parques nacionais ou grandes madeireiras, disse o levantamento da Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO), divulgado numa conferência realizada em Rio Branco, Acre.
"Quem depende da floresta para obter renda e habitat vai tomar conta dela", disse Andy White, um dos autores do documento. "Precisamos de gente nas florestas."
O relatório, de 200 páginas, baseia-se em 20 estudos de caso em três continentes, da criação de abelhas na África à fabricação de pauzinhos (hashis) de bambu na China.
A ITTO, um grupo intergovernamental que promove a conservação e o comércio da madeira tropical, diz que as comunidades que vivem nas florestas têm um "horizonte de tempo maior para a gestão dos recursos" que as grandes madeireiras.
A gestão comunitária das florestas vem crescendo nos últimos anos, com a descentralização política e o reconhecimento de direitos históricos sobre a terra em vários países. Mas esses esforços precisam superar a burocracia, a concorrência das grandes empresas e a indiferença governamental, afirmou o documento.
No Brasil, as comunidades florestais frequentemente são desalojadas por madeireiros, grandes proprietários de terra e garimpeiros, e muitas não têm infra-estrutura para fazer seus produtos chegarem ao mercado.
Trabalhadores rurais e líderes indígenas entregaram no domingo uma carta à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pedindo ao governo que ajude a financiar esse tipo de projeto comunitário nas florestas.
"Se o governo dedicar uma pequena fração de sua ajuda agrícola à gestão florestal, teria uma revolução na conservação da Amazônia", disse o diretor-executivo da ITTO, Manoel Sobral Filho.
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