terça-feira, 17 de julho de 2007

Conflito pode levar à morte dezenas de seringueiros no Amazonas

Desmates e queimadas ameaçam floresta do sul do Amazonas

“As ameaças de morte agora são constantes, com o uso de armas de fogo, queima de casas e barracas, depredação do material de corte e coleta da seringa, proibição do direito de ir e vir pelas estradas de corte da seringa e na própria gleba. A situação atual configura a turbação e o esbulho das posses extrativistas, zeladas e cuidadas há décadas”.

A situação descrita acima parece o Acre na final da década de 70 e início da década de 80, quando líderes sindicais acreanos, como Wilson Pinheiro, em Brasiléia, e Chico Mendes, em Xapuri, foram perseguidos e assassinados por defenderem os seringueiros e trabalhadores rurais do estado da ação de pistoleiros contratados pelos pecuaristas do Centro-Sul que, incentivados pelos governos da Ditadura Militar, compravam um hectare de terra pelo preço de um cacho de banana.

Mas a trágica situação relatada é atualíssima e vem ocorrendo quase diariamente no meio rural do município de Boca do Acre, no sul do Estado do Amazonas, região onde ocorre uma das frentes de devastação mais intensas e violentas da Amazônia brasileira. É por ali que a borda oeste da maior floresta tropical do mundo vem sendo comida pelas beiradas, ameaçando se espalhar nos próximos anos pelo maior estado florestal brasileiro devido a ação de madeireiros, pecuaristas e sojeiros.

O grave conflito social em Boca do Acre, onde o governo do Amazonas pouco atua devido à distância de sua sede administrativa, está sendo denunciada pelo Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Associação dos Seringueiros e Agricultores do Baixo Acre (Asabra), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Acre (Fetacre) e a Ong Greenpeace.

A denúncia das cinco entidades fala das ameaças de morte que estão sendo praticadas contra 170 famílias de seringueiros e ribeirinhos que preservam a floresta vivendo da produção de borracha, de castanha e da agricultura de subsistência. Segundo as entidades, liderados por Raimundo Nonato do Nascimento, Dedê, Dalva e James, os fazendeiros da região já teriam desmatados áreas de floresta ocupadas por 10 famílias de extrativistas, que tiveram seus bens danificados ou queimados.

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