terça-feira, 24 de março de 2009

Xapuri não pode mais esperar

“A maior revolução do nosso tempo é a de que os seres humanos, ao mudarem as atitudes internas de suas mentes, podem mudar os aspectos externos de suas vidas” (William James).

Carlos Estevão Ferreira

Xapuri, que completou 104 anos no ultimo 22 de março, foi berço da revolução acreana e, por muito tempo, reconhecida com méritos como a “princesa do Acre”. Hoje, infelizmente, a “princesa virou plebéia” e os cidadãos xapurienses encontram-se em compasso de espera, novamente. Agora a espera é por “Bira”, Prefeito petista que assumiu no início de 2009. De longe, me parece que os cidadãos se acomodaram. Esqueceram o passado de lutas e, atualmente, vivem a esperar que os outros resolvam seus problemas (governos principalmente).

Eu defendo que Xapuri não pode mais esperar, por ninguém. Chega!! É preciso mudar as coisas e, para isso, o primeiro passo é modificar atitudes. Só assim o futuro dos xapurienses poderá ser reinventado. Defendo que Xapuri necessita iniciar, urgentemente, um processo de construção de sua “visão positiva de futuro”. É hora de para de reclamar, esquecer o Wanderley, o “já teve”. O momento é de iniciativa. Pena que o processo de criação de visão necessita de lideres (visionários) e Xapuri está carente dessas criaturas.

Incomodado com a situação sugerir em artigo recente, publicado no blog “Xapuri Agora”, um modelo de administração societal para a “velha princesa”. Uma maneira de administração com radical participação popular, onde as práticas comuns da gestão privada teriam pouca importância e o foco seria no cidadão, não no cliente. Infelizmente, muitos não entenderam a mensagem. Nessa maneira de gerir a “coisa pública”, inventada por teóricos ligados a partidos de esquerda (se é que existe isso), um planejamento verdadeiramente participativo seria o ponto de partida. Como seria bom se “Bira” saísse do escritório e convocasse a população para que os próprios cidadãos decidissem sobre o futuro da cidade, com certeza estariam mais comprometidos. “Bira” não pode repetir erros passados de passar a decidir sozinho (ou com poucos “iluminados”) todas as coisas pela população.

Concordo com Raimari quando sugere que seja feita mais uma revolução: “a da transformação da cidade em um lugar que corresponda minimamente à fama e à grandeza da história que possui”. Só acho que para a revolução acontecer, a população deverá ser protagonista, não os Governos.

Para reforçar o argumento, relato o seguinte caso: certa vez, um amigo nordestino que trabalha no SEBRAE/RN resolveu visitar Xapuri. Sempre sonhou em conhecer a terra de Chico Mendes, figura que ele admirava muito, principalmente pelo que tinha ouvido falar sobre o “grande líder dos seringueiros”. Após rápidas pedaladas e muito papo (convidei-o para conhecer a cidade de bicicleta), meu amigo confidenciou que a situação da “velha princesa” parecia com uma cidade nordestina que ele havia visitado.

Intrigado com a comparação solicitei que fosse mais específico, foi então que contou-me o seguinte: certa vez, visitando a trabalho duas cidades nordestinas, verificou que o grau de desenvolvimento em ambas era bastante diferente. Em uma, o comércio crescia e existiam indústrias, as famílias possuíam mais renda e o dito “desenvolvimento” parecia acontecer. A cidade até exportava frutas para a Europa. Na outra cidade, que ficava “do outro lado do rio”, a situação era completamente diferente. Pouca renda e muita pobreza, comércio fraco, indústrias nem pensar. A cidade dependia quase que exclusivamente de transferências do Governo. Para ele, a situação era intrigante principalmente porque somente um rio separava as duas localidades. O que poderia está acontecendo para graus de desenvolvimento bastante diferentes?

Investigando, meu amigo percebeu que no lado mais pobre, localizada no Estado da Bahia, todos esperavam o “painho ACM” resolver as coisas. Eram completamente dependentes do velho político. Na outra, diferentemente, os cidadãos eram os protagonistas. Sem um “painho” para resolver, tomavam a iniciativa e realizavam. Guardadas as devidas proporções, a situação pode trazer grandes lições para Xapuri.

◙ O xapuriense Carlos Estevão Ferreira é professor da Ufac e colaborador deste blog.

2 comentários:

Rubens disse...

Matou a pau Baratinha! Duas correções: 1) A sua dissertação sobre administração societal foi publicada em xapurionline.
2) Não pode ser a população de lá; tem de ser TODOS OS XAPURIENSES. De lá, de cá, de alhures. Abraços xapurienses (e preocupados) do Rubinho.

xapuriense disse...

1) Foi mesmo, acho que primerio publiquei no Xapurionline e, depois, foi publicado um texto parecido no Xapuri Agora.


2) Concordo, todos os xapurienses devem participar, de lá, de cá, etc...