domingo, 2 de setembro de 2012

Apuizeiro social

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A post Apuizeiro foi mencionado pelo botânico Evandro Ferreira, em nota solicitada pelo Blog do Altino. Evandro é acreano, pesquisador do Inpa e do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre, com mestrado em Botânica no Lehman College, New York, USA, e Ph.D. em Botânica Sistemática pela City University of New York (CUNY) & The New York Botanical Garden (NYBG).

"O apuí pertence ao gênero botânico Ficus, da família Moraceae. Nesta família estão incluídas espécies muito conhecidas dos acreanos, como a jaqueira, fruta-pão, caucho, caxinguba, gameleira, guariúba, manitê, inharé, pama. Mas nenhum gênero na família Moraceae é tão grandioso como Ficus. São cerca de 850 espécies amplamente distribuídas por todas as regiões tropicais do planeta na forma de árvores lenhosas, arbustos, trepadeiras, epífitas e hemiepífitas”, explica Evandro.

O apuizeiro da imagem está localizado na margem esquerda do Rio Acre, em frente ao Museu Casa Branca. É gigantesco e já “engoliu” completamente o seu hospedeiro. Como mostra Alberto Rangel na obra Inferno Verde, de 1908, o apuizeiro é um polvo vegetal. Seus tentáculos, raízes que surgem de todos os lados, envolvem num abraço mortal o infeliz hospedeiro, que ao fim dessa tragédia silenciosa sucumbe completamente para dar lugar ao tronco do apuí.

Altino Machado escreveu: “Tem gente que nem apuí”. É verdade. A metáfora de Alberto Rangel cunhou o termo “apuizeiro social”, que se refere às relações de dominação (parasitismo) que são tão comuns na sociedades humanas quanto na natureza. O mau político é um exemplo de apuizeiro social, o parasita da sociedade. O povo é o hospedeiro que alimenta essa súcia que nesta época aboleta os palanques de todo o país.

Mesmo que o rigor científico diga que o apuizeiro não é uma espécie parasita, pois “não suga a seiva da árvore que o hospeda, mas mata-a por um longo e contínuo estrangulamento", a comparação continua a ser perfeita para retratar a maneira como os políticos pilantras sobrevivem no nosso meio: estrangulando e asfixiando lentamente o cidadão trabalhador e pagador dos impostos que nutrem o grande apuizeiro social.

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