A população do município de Senador Sá (CE), a exemplo de Xapuri, também não dá a mínima bola para as sessões da câmara de vereadores. E não é para menos, o desinteresse do povão. Clique aqui se quiser ler a lacônica resenha de uma reunião semanal daquele parlamento mirim que guarda tantas semelhanças com o nosso. Vejam que até mesmo o plenário é bastante parecido.
Muitos podem dizer, com uma certa dose de razão, que não há nada de mais nisso, nenhuma novidade. Na grande maioria das pequenas cidades do Brasil, os representantes mais próximos do povo não são cobrados de perto pelos grandes interessados em suas atuações. Povo e vereador tem algo em comum: só lembram um do outro na época de eleições.
E como estamos em ano eleitoral, está mais do que na hora de o eleitor refletir sobre essa situação. O vereador que não é fiscalizado fica muito à vontade para não corresponder às suas obrigações. Se não é cobrado também não cobra ninguém, não faz valer suas prerrogativas. Se não não é provocado, estimulado, se acomoda, vai pescar, jogar sinuca. Vereador é empregado do povo, não o seu patrão.
Um plenário lotado pressiona o edil preguiçoso e descompromissado a mostrar trabalho. Exigir do vereador que disponibilize um e-mail para sugestões e cobranças também pode ser útil. Cada um deles, deveria criar uma página na internet, um simples blog já serve, para divulgar suas ações, seus esboços de propostas de projetos e encaminhamentos.
Está passando da hora de a câmara de Xapuri dar um salto de qualidade. O município não pode progredir com um parlamento meia-boca. O executivo jamais funcionará de maneira correta se os vereadores passarem os quatro anos do mandato despachando receitas médicas e organizando torneios de futebol. Uma câmara forte não atrapalha a prefeitura, mas a ajuda.
E o salto de qualidade a que me refiro não está na troca de nomes, mas na mudança de atitude, de comportamento. É certo que alguns dos vereadores que aí estão precisam urgentemente procurar outra coisa para fazer, mas a maioria termina por ter os mesmos defeitos e qualidades daqueles que se propõem a substituí-los. O diferencial está no compromisso.
Já conversei com vários candidatos a vereador nestas eleições e de apenas um ouvi que está estudando o Regimento Interno da Câmara e a Lei Orgânica Municipal. As duas matérias são essenciais para que o marinheiro de primeira viagem não seja enrolado e manobrado pelos dinossauros que sempre dão um jeitinho de abocanhar mais um mandato.
Os toques acima não são proctológicos, mas apenas uma modesta e sincera contribuição para que tenhamos uma próxima legislatura bem mais produtiva que as que têm se arrastado nas últimas décadas. Também não há crítica individualizada, mas ao conjunto. Na esperança de que, num futuro próximo, toda e qualquer semelhança seja mera coincidência.
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